Já passava da meia-noite e eu ainda estava na floresta. Caminhava a passos longos e pesados, era visível meu cansaço. Mas eu precisa continuar, dei mais alguns passos, e ouvi um barulho muito familiar, uma buzina. Isso eu estava ouvindo barulhos de carros. Eu estava perto da rodovia.

Fechei meus olhos e respirei fundo, precisa de concentração. Me concentrei nos sons a minha volta e percebi que os barulhos de carros vinham do leste. Suspirei e mudei minha direção para leste.

Um minuto parecia uma hora naquele lugar, o meu cansaço e a minha fome não aliviavam em nada o fato de eu já não conseguir dar mais nenhum passo. E para completar era noite de lua cheia, ou seja, eu precisa de mais concentração para não me transformar. Eu já não aguentava mais.

E no momento em que eu pensei em desistir, eu ouvi novamente os barulhos de carro na rodovia. Suspirei mais um vez e continuei a andar. "Só falta mais um pouco Malia, se acalme, você vai conseguir", eu murmurava para mim mesma.

Mais um tempo se passou e eu finalmente cheguei ao acostamento da rodovia. Um pequeno sorriso se formou em meus lábios, finalmente tinha conseguido chegar.

Dei alguns passos para fora da floresta e olhei mais atentamente a rodovia. Tinha poucos carros e nenhuma pessoa a vista. Suspirei pela terceira vez aquela noite, e olhei para os lados. Nenhum carro estava vindo.

–Que incrível -Murmurei para mim mesma.

Eu precisa de uma corona. Eu não conseguiria dar andar mais.

Passou mais de uma hora e nenhum dos carros parou para me dar uma carona. Suspirei novamente e me levantei.

Dei alguns passos no meio da rodovia, olhei a minha direita e não vi nada, mas quando olhei a minha esquerda, já era tarde de mais.

Um carro vinha em alta velocidade, se aproximava de mim com extrema rapidez. Arregalei meus olhos, e tentei me mexer, mas o pânico já havia me dominado por completo e meu corpo não respondia mais aos impulsos da minha mente. O carro se aproximou mais, e colidiu contra mim.

Meu corpo caiu no meio da pista. Um sentimento me preencheu por completo. Dor. Era apenas isso que eu sentia naquele momento. O gosto de sangue invadia minha boca. Minha visão estava desfocada, meus olhos estavam marejados. A dor era insuportável. Olhei em volta e tudo que eu vi foram destroços. Mais um acidente de carro, e mais uma vez eu estava no meio. Lentamente a inconsciência me tomou, e a dor se amenizou. Eu ouvia vozes distantes, gritos de alguém desesperado, ouvia sirenes abafadas. De repente fui tomada novamente pela dor, e assim a inconsciência me levou por completo.