Para a Eternidade escrita por DannyBourbon


Capítulo 2
Capítulo I: Lar, doce lar.


Notas iniciais do capítulo

Então queridos,
Agradeço profundamente pelos reviews que eu recebi. Vocês são demais!!
Espero que gostem do capítulo, tentei escrever da melhor maneira possível para vocês.
É bom dizer que eu realmente adoro escrever, então os meus capítulos são relativamente longos... Espero que não me odeiem >.
Mas acho que já falei demais, então..... Bom Proveito ;*
Ps: Acho que não comentei, mas eu vou começar a escrever desde o momento em que eles se conheceram no Egito e depois partiremos para New York baby ;*

~*~
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PARTE I - Antes


Ela

Acordei com a luz do sol sobre o meu rosto. Lentamente abri os olhos e então fitei o céu que aos poucos clareava, parecia que o sol que há muito pouco se levantara do leste. Ele ainda brilhava fraco devido à hora da manhã, mas sabia que o brilho já demonstrara que o dia seria longo e muito quente sobre as areias do deserto.

Deixando para trás os últimos resquícios de sono me levantei rapidamente. O nosso dono estaria batendo na porta em mais ou menos uns vinte minutos, e quando ele chegasse deveríamos estar prontos para o nosso trabalho. Isso incluía a vestimenta e a alimentação.

Enquanto colocava as minhas vestes puídas pelo tempo - uma longa túnica que um dia fora branca com um cinto para segurá-la e sandálias de couro desgastadas, - e arrumava meus longos cabelos castanhos – em um coque para que não interferisse no meu trabalho e jogava um lenço verde por sobre este – eu pensava comigo sobre o meu status de escrava: O meu dono era Diefankh, como ele gostava de nos lembrar todos os dias, ele era um alto comerciante no Egito que se não fosse respeitado devidamente ele poderia arrumar novos servos com um estalar dos dedos e nós seríamos jogados da forca. Ele ganhara a minha servidão hereditariamente já que os meus pais o serviam desde o tempo em que foram capturados na nossa terra natal. Avimelek, um homem parrudo com cabelos e a barba negra e olhos castanhos esverdeados de quase dois metros de altura, nascido livre tornara-se escravo quando desafiou a “autoridade” dos egípcios. Já Tanya, uma mulher esguia e baixa de cabelos dourados e olhos castanhos, tentara fugir de um dos cercos com as mulheres da tribo, mas acabou sendo capturada para despistar os batedores egípcios.

Talvez a única coisa boa nisso, foram os dois terem se conhecido e então se casado. Da sua união vieram quatro filhos, dois meninos e duas meninas – Malkiahu, Elishebba, Hillel e Tammar – todos escravos também.

Após estar pronta, sacudi levemente o ombro de minha irmã. Ela era a mais jovem de nós, tinha apenas sete anos, e por isso deixávamos que ela se aprontasse um pouco depois de todos.

– Liz... – Falou entre um bocejo. – Já está na hora?? – Dei um beijo no topo de sua cabeça e disse:

– Sim, querida. – Sorri afetuosamente e ela fez aquele bico de pirraça. – Se vista com aquele lenço azul ele realça a cor dos seus olhos. – E era a verdade, ao contrário da maioria do nosso povo ele tinha herdado olhos de um azul tão claro quanto o céu era, já Papai dizia que era a cor exata dos olhos da mãe dele.

Enquanto ela se vestia, fui em direção à cozinha ajudar a minha mãe a terminar o café. Ela não estava em condições de fazer tanto para nós ou ainda para trabalhar, eu achava. Porque depois de sete anos e muitas dores do seu trabalho ela engravidara novamente! Eu e meus irmãos apostamos se o bebê era menino ou menina, eu sinceramente achava que fosse mais um menino, mas todos eles achavam o contrário. Veremos...

A cozinha tinha aquele cheiro agradável de pão que acabou de ser assado e um leve toque amargo da cevada que fervia.

– Mãe, você não fez tudo novamente não é?? – Perguntei brava.

– Ah, meu bem – Sorriu ela se virando e mostrando a sua barriga protuberante. – Você dormia como um anjo. Não poderia ter te acordado!! - Continuou. – E você trabalha tanto para que possamos ter provisões extras... - Com o mesmo tom de antes eu respondi.

– Mãe, com certeza o meu trabalho é o mais fácil entre os que todos temos. – Olhei para ela. – Onde estão papai e os meninos? – Disse enquanto caminhava na direção dela.

– Eles foram ver se conseguiam um pouco mais de leite e manteiga. – Sorriu. – O bebê adora pão com manteiga. – Disse por fim com um sorriso cansado.

Ela postou-se próxima a janela e eu a observei em silêncio. Com certeza o meu trabalho era o mais fácil naquela casa. As suas costas eram ligeiramente encurvadas e a pele era totalmente bronzeada e quebradiça por causa do seu trabalho de lavandeira. Ouvimos um barulho no meu quarto que nos surpreendeu e viramos para ver o que acontecia.

Tammar tinha acabado de quebrar a tigela de água sem falar que a sua túnica estava do lado contrario e o lenço em sua cabeça insistia em cair a todo momento. Minha mãe foi em direção a ela, mas a impedi antes que chegasse na metade do caminho.

– Deixe que eu a ajude. – Arrastei a única cadeira que havia ali na casa. – Sente-se. – Caminhando novamente para o meu quarto olhei para a menina que estava parcialmente acordada. – Mar... Como você consegue fazer essas coisas?? – Disse com um sorriso no rosto. – Venha aqui deixe que eu te ajude com isso. – Primeiramente a ajudai a se vestir novamente e então trancei o seu cabelo colocando o lenço por cima deste. – Vai comer – Disse quando acabei. Enquanto eu ouvia um pequeno alvoroço na cozinha, os garotos haviam voltado. Então comecei a limpar a bagunça que Tammar havia feito, dois minutos mais tarde fui em direção à cozinha e todos estavam ali comendo e conversando.

– Mamãe, a senhora deveria ter visto a cara dele quando papai disse que não. – Disse Hillel com um sorriso no rosto e um pedaço de pão nas mãos. – Foi hilário.

– Qual a graça? – Disse me aproximando e pegando um pedaço do pão.

– A minha garota finalmente acordou? – Perguntou meu pai me abraçando afetuosamente e ignorando o comentário anterior.

– Só estava limpando uma pequena bagunça. – Falei olhando para minha irmã que me olhou com culpa e soltou.

– Desculpa!! – Continuou. – Prometo que hoje faço uma vasilha nova para o nosso quarto! – Então começaram a conversar sobre o acidente de Tammar. Eu comia silenciosamente em um canto e voltava para os pensamentos que tivera aquela manhã. Olhando de um para outro vi as profundas marcas do nosso trabalho servil em cada um: Papai servia na construção de novas casas ou galpões para Diefankh então seus ombros eram largos e encurvados e seu rosto era magro por de baixo da barba, mamãe era uma lavandeira, Malki trabalhava com a pesca deste modo a sua mão era calejada e sempre coberta por bandagens, Hill com a agricultura tinha a pele toda quebradiça, Mar com a confecção de cerâmicas tinha as mãos sempre pintadas de um tom forte e eu na tecelagem tinha apenas as mãos furadas por agulhadas.

Quando tínhamos acabado de comer, os restos foram rapidamente guardados e logo uma voz severa foi ouvida de fora:

– Saiam!!! Hora do trabalho! - Em silencio fomos em direção à saída. A partir do momento que éramos chamados não tínhamos mais o direito de falar entre si até a noite quando nos encontrávamos em casa. – Na rua estreita enquanto o nosso senhorio chamava os outros eu olhei para trás. Em direção a nossa casa: Era minúscula, uma pequena casa com dois quartos e uma cozinha, mas com certeza ali era um lar. O meu lar.

Ele

Quando os servos me chamaram, o sol já estava alto e o calor começava a despregar do solo do deserto. Lentamente, fui me levantando da imensa cama de dossel e olhei para o único servo que me chamara e ainda estava ali. Era Bitiah, a minha velha ama e amiga.

– Queres mais alguma coisa? – Perguntei formalmente para ela, do jeito que ela havia me ensinado, mesmo querendo ser totalmente o contrário. Ela sorrindo em aprovação continuou:

– Meu príncipe, - Fiz uma pequena careta. – Devo acrescentar que seus pais estão preocupados com o seu irmão. – Fez uma pausa diminuindo a voz. – Ele não anda muito são ultimamente. – Disse olhando para os lados e então para o chão. – Então se prepare rápido que eles querem lhe falar alguma coisa. – Com uma reverência se afastou.

Com uma revigorada curiosidade, me lavei e troquei de roupa rapidamente. Não me lembrava de haver alguém especial no palácio, então coloquei algo que não exagerasse, mas mesmo assim lembrasse a todos que eu era o príncipe. Como Bitiah tanto gostava.

Caminhando pelo corredor olhei pelas paredes tão finamente esculpidas com histórias dos deuses e pintadas da cor do Nilo. Lembrava de quando criança adorava correr pelos corredores fingindo estar em um desses contos pintados ou quando estava fugindo de um dos tutores que tanto me enchiam ou ainda quando ainda brincavam com Kahmunrah.

Na antecâmara de refeições encontrei minha mãe que caminhava pensativamente. Seu cabelo antes totalmente negro, agora tinha umas mechas cinza que apenas realçavam a sua beleza atemporal. Um grosso Kohl contornava os seus olhos de maneira que este deixava seus olhos evidentes. Mesmo baixa, ninguém chegaria a confrontar uma senhora que se vestia tão ricamente e com um brilho de autoridade que emanava do andar. Com um sorriso no rosto a alcancei.

– Minha adorada mãe, - Ela se virou em minha direção. – Poderia acompanhar-lhe? – Retribuindo o meu sorriso ela disse:

– Seria uma honra, meu querido – Dando-me o braço continuou. – Ahkmenrah, descansou bem eu suponho?

– Tive uma ótima noite, mãe. – Pensativo disse. – Na verdade, sonhei que estava no deserto no meio da noite e ali encontrara alguém. – O sonho ainda estava fresco em minha mente. No começo eu não o entendera...

O meu eu do sonho caminhava para fora dos portões do palácio sem guarda ou sem armas e passava em frente das casas dos egípcios, servos e escravos que permaneciam no breu total. Ao longe, havia uma pequena chama em uma das casas de escravos, da casa uma pessoa coberta por um manto saiu com uma vela nas mãos e andou em direção ao deserto parecia que não queria que ninguém a seguisse. Mas como se ela era a única segurando uma vela? Andava silenciosamente, parecendo um vulto. Eu não queria segui-lo mas necessitando de luz caminhei na direção dele. Em uma duna, não muito longe da casa que saiu, o vulto tirou o manto que caiu em seus pés. Uma ventania começou e levou o lenço que este levava na cabeça em minha direção que como por reflexo o apanhei e o analisei: era um lenço verde tecido toscamente, ou seja, era de um escravo.

Aos meus olhos o tecido verde brilhava e exalava um cheiro tão maravilhoso. Levantei a cabeça para olhar para a pessoa que me fitava com medo. “Meu senhor, desculpe-me!!” fez uma pequena reverência, “Eu vim ver apenas a lua, senhor.” Disse ainda com a cabeça abaixada. “Eu devo me ir.” Ela começou a voltar na direção que viera e eu em um ato irracional segurei-a pelo braço. “Não vá!” ordenei. Ela fitou meu braço que segurava o seu e então me olhou, seus olhos - ao contrário do que eu estava acostumado ver nos servos do palácio – não tinham o traço marcante de nenhuma maquiagem, eram tão limpos e isso realçava a sua beleza. A luz da lua a tocou e ela parecia uma deusa, a mais bela das deusas que um dia existiu. Ela me fitava intensamente e eu retribuía com mais intensidade ainda, com meu coração na mão me aproximei lentamente e quando meu nariz roçou o dela... Eu despertei com a lua invadindo o meu quarto.

Percebi que havia estagnado no lugar e minha mãe apertava o meu braço gentilmente.

– E era uma mulher, querido?? – Sorriu e eu retribuí, o que a fez gargalhar. – Só pode ser um presságio!! Os deuses querem lhe falar alguma coisa, devemos chamar a sacerdotisa que interpretará o seu sonho e então saberemos. – Disse mais excitada. – Aposto que seja uma das filhas dos nobres!! Tu as viste?? São extremamente belas.... – E continuou a dizer as qualidades das garotas até chegarmos na sala de refeições.

A sala era ampla, com largas janelas que permitiam o vento entrar acabando com o calor da sala, tinha também uma mesa no centro, pequenas almofadas no chão, e os escravos na parede completavam o visual. Em uma ponta da imensa mesa estava meu pai, o faraó. Ao seu lado esquerdo estava meu irmão mais velho, Kahmunrah. Guiei minha mãe para o outro extremo da mesa e sentei-me no outro lado de meu pai, fitei a mesa que transbordava os mais diversos alimentos e como se tivesse voltado à infância peguei o cereal que estava um pouco mais distante de mim.

– É uma bela manhã!! – Disse meu pai de repente.

– Revigorante!! – Respondeu minha mãe ainda exaltada com o meu sonho. Meu pai respondendo em um tom bem alto.

– Graças a Rá.

– Com certeza. – Respondeu meu irmão do outro lado da mesa.

– Uhum... – disse vagamente ainda com a imagem da garota na minha mente.

Com um pequeno estrondo a porta da frente do salão é aberta e todos olhamos para o ser que acabara de entrar no salão. Era Userkarf, o mensageiro real.

– Meus senhores, - Fez uma reverência um tanto desajeitada. Acho que ele não devia fazer muitas. – O rei de Simka, chegará esta tarde! Ele manda dizer que trará suas duas belas filhas junto e espera que ele e ambas sejam muito bem-vindos. – Meu pai assentia.

– Avise-os, que a minha casa será a deles. – Ordenou cordialmente. O mensageiro faz uma reverência e com outro estardalhaço sai da sala.

– Pai, do que isso se trata? – Digo um pouco exaltado percebendo de repente o que ele queria tanto falar, olho de relance para meu irmão que tem o mesmo questionamento no olhar.

– Ah querido, - minha mãe diz do outro lado da mesa. – Seu pai os convidou para um jantar festivo...

– Sim, isso mesmo – interrompe meu pai com um sorriso no rosto. – E com tamanhas beldades como filhas, quem sabe ambos não arrumam uma esposa? – A rainha exclamou do outro canto da mesa.

– Quem sabe não era a garota dos seus sonhos, Ahkmenrah? – Diz com um brilho extra nos olhos. – O significado era um alerta dos deuses nos avisando que ela chegaria hoje!!

Eu não a respondi. Continuei apenas comendo o cereal, afinal eu duvidara que a mulher dos meus sonhos fosse uma princesa. Olhei ao redor. Meus pais conversando animadamente, meu irmão no seu lugar com um sorriso malicioso no rosto e eu em silencio... Era mais um dia no meu perturbado lar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D
Críticas & Comentários são sempre bem-vindos.

Saiba você que leu, comentou e favoritou mora no meu coração
Beijos Danny B.



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