Coração de Elástico escrita por DarlingMamacita


Capítulo 3
Somos mágicas


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, essa é mesmo a Fanfic Meu primeiro amor, só que mudei o nome ^^
Coração de Elástico~Me inspirei na letra da música da Sia Purler;
O porque desse título: Hayley é como um elástico se você puxar muito forte ela estoura e age rápido, mas ninguém pode a fazer desmoronar, porque ela tem um coração de elástico.

Espero que tenham gostado, esse titulo tem um significado importante para mim, assim como esse capítulo, então espero que vocês o apreciem pois escrevi com a alma.

Boa Leitura!



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17 de janeiro de 2015


As coisas em casa estão estranhas, quase não tenho tempo para escrever. Meus pais estão brigando muito. Ontem papai teve uma briga feia com mamãe, ele pegou suas coisas e partiu. Ela começou a chorar, e implorar para que ele ficasse. Eu não sei expressar o sentimento que tive ao ver minha mãe ajoelhada nos pés de papai, meu mundo simplesmente desmoronou. Aquilo era culpa minha, toda minha. Era para mim ter unido nossa família, e olha o que eu causei. Destruição, dor, sofrimento...

Estava aos pés da escada, quando eles me viram ficaram paralisados. O olhar de repulsa do homem que se diz meu pai se virou para mim. Minha mãe soltou suas pernas e se rendeu ao chão, ela colocou as mãos na cabeça e encolheu o corpo. Como se alguém fosse a proteger, e eu...bem, eu fiquei apenas ali, observando o que um dia fora minha família.

Subi correndo para o quarto, como se fosse uma intrusa, uma ladra naquela cena. Me joguei na cama macia, fazia tempo que não chorava.

Quando era pequena, meu pai me ensinou a nunca chorar. Ele disse que eu era um super-heroína. Como a mulher elástico dos Incríveis, ou como a Mulher Maravilha da Liga da Justiça. Ele disse que não tinha os mesmo poderes que elas, pois eu era especial. Eu não podia me esticar ou voar, eu podia ir muito além. Eu era mágica. Tinha o poder do amor, não precisava sofrer porque era indestrutível, não precisava chorar porque no final eu sempre ganharia. Ele me ensinou a viver, ele me ensinou a nunca chorar.

Quando a dor e o sofrimento batia eu me lembrava de suas palavras:

“Você é mágica, Hayley, pessoas mágicas não choram”

Para muitos mágica são as pessoas com cartola nas mãos retirando de dentro um coelho de forma inesperada, ou então como alguns dizem ser uma feitiçaria do submundo. Mas não é nada disso que se trata a palavra mágica, pelo menos não para papai. Mágica era uma pessoa natural, aquela que traz paz nos dias de diluvio. Uma pessoa pura, amada. Aquela que consegue fazer a sua magia com um simples sorriso. Mágica era amor.


Ele me ensinou a ser forte, eu estava conseguindo, estava no caminho certo. Mas bandeiras vermelhas apareceram e me barraram, não me deixaram ultrapassar aquele ponto. Na vida não basta apenas ser mágica.

As pequenas lágrimas que se confundiam com gotas de chuva rolaram pelo meu rosto, ela era salgada. Fiquei pensando, as pessoas choram por coisas inúteis. Seu personagem fictício favorito morreu e você está chorando, você não pode comprar A roupa* e você chora, você não conquistou o coração de seu amado e você chora. Á pessoas que estão morrendo neste exato momento e não são fictícias como a do seu livro. Á pessoas que não possuem nem um misero centavo e você está chorando pela roupa que não pode comprar. Á pessoas que não tem família, não existe um pai e uma mãe para lhe amar e você chora por um simples término de namoro.


Eu estava perdendo minha família naquele exato momento. Eu poderia chorar por isso, não? Eu não era mágica.

Ouvi um barulho forte vindo do andar de baixo, logo em seguida tudo se silenciou. Eu temi sobre o que poderia ter acontecido. Os minutos iam se passando e várias conclusões formavam-se em minha cabeça, balbuciei em descer para ver o que havia acontecido, mas não foi preciso. A porta do meu quarto foi aberta, de lá surgiu a sombra de uma mulher.

Desajeitadamente ela caminhou até minha cama e senti o colchão afundar ao meu lado esquerdo. Naquele momento tive medo de olhar ao lado e encontrar minha mãe, ver ela acaba e partida. Acho que ninguém quer ver a pessoa que ama assim.

Sequei as lágrimas que haviam fugido dos meus olhos, me virei para o lado, para a sombra da mulher. Ela estava encolhida, seu choro era calmo e silencioso. Engraçado, as lagrimas são tão pequenas e delicadas mas possuem tamanha força. Aproximei meu corpo ao dela, aninhei-a sobre o meu peito tentando de alguma forma protegê-la.

Delicadamente limpei as gotinhas gêmeas da chuva de seu rosto, fiz ela me encarar. Ela cuidou de mim quando eu precisava, ela me deu amor quando eu precisava. Era hora de retribuir.

―Não chore, mãe. Eu irei te contar um segredo, mas você não pode chorar.

Meus sussurros saiam como um refúgio, minha voz estava calma. Mamãe parou de chorar, mas continuou encolhida sobre meus braços.

―Nós somos mágicas.

Seus olhos violeta se direcionaram para mim, seu rosto estava vermelho por conta do choro, naquele momento eu queria protegê-lá de tudo. Ela era tão frágil, eu deveria protegê-la, ela não tinha ninguém para fazer aquilo, só a mim.

―Somos como as super-heroínas, combatemos o mal e passamos o bem. Ninguém irá nos derrotar porque nós somos o amor, nós somos mágicas.

Meus dedos acariciavam seu rosto de forma leve e carinhosa. Ficamos horas naquela posição, ela finalmente acreditava que era mágica, ela era o amor. E quando pegamos no sono ouvi-a se aproximar. Suavemente ela acariciou meu rosto e sussurrou apenas para mim:

―Nós somos mesmo mágicas Hayley, eu e você.

Papai estava errado. Chorar não te torna fraca, ao contrario, significa que é especial. Única em seu próprio mundo. Todos nós somos mágicos, todos lutamos em nome do amor.



X-X-X


Na manhã seguinte, parecia que um trator havia passado em cima de ambas. O rosto de mamãe estava inchado e vermelho por conta do choro de ontem à noite, o meu não ficava para trás.

Mamãe estava triste, quase não falava. Pensei em ligar para papai e perguntar onde ele passou a noite e porque havia nos deixado daquela forma, mas fiquei com medo da resposta, então desisti.

Propus a mamãe que fossemos a um café perto de casa e que depois poderíamos dar uma passada no Spa, eu não gostava daquilo mais se fosse fazê-la sorrir o sacrifício valeria a pena.

O café era a duas quadras de casa, de forma que acabamos indo a pé. O ambiente era naturalista, sendo então ao ar livre. Pedimos nossos pedidos e ficamos observando as pessoas que passavam pela rua.

Nova York era uma cidade muito agitada, eu preferia a calma de Jacksonville, mas por conta da minha doença nos mudamos muito.

Minha mãe é italiana, puxei a ela os cabelos retos e loiros. Papai é brasileiro, interior de São Paulo. A história dos dois é engraçada, papai conseguiu um emprego nas indústrias San Francisco*, naquela época mamãe veio passar as férias com as amigas e eles se esbararam justo na empresa do meu avô. No começo mamãe o esnobava por ser um simples assistente, até que ela começou a passar mais tempo com ele, e foi aí que nasceu o tal amor.

Os dois adoravam― no verbo passado―contar repetidamente a história de como os dois se conheceram e se apaixonaram. Eles se mudaram para a Itália, e papai começou a trabalhar em um cargo efetivo na empresa de vovô. Anos vão e anos vem, mamãe fica gravida de August, papai resolveu abrir uma nova empresa. E depois de quase 11 anos mamãe descobre que está gravida de novo.

Acho que deu para perceber que minha família mudou muito. Não me importava com isso, até ontem à noite quando papai nos deixou. Será que se eu tivesse chorado ou esperneado na frente dele, ele ficaria?

Olhei para mamãe, ela observava atentamente um jovem casal a nossa frente, a doce melodia de The Turtles* melodiava o ambiente.


Eu não me vejo amando ninguém que não seja você

Por toda a minha vida
Quando você está comigo
"Baby" os céus serão azuis
Por toda a minha vida


O homem com cabelos claros admirava a mulher em seus braços, como se ela fosse a sua vida. Á acariciava como o vento nos incendeia, seus toques pareciam únicos e privado, parecia que havia apenas eles ali.


Eu e você
E você e eu
Não importa como lancem o dado
Isso tinha que existir
A única pra mim é você
E você pra mim
Tão felizes juntos



Eles eram únicos um para o outro, eram felizes. Assim como um dia meus pais também foram...

Com amor,
Hayley.


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Notas finais do capítulo

*A roupa: a onda do momento; sucesso; repercussão com os jovens...
*San Francisco: Não existe está empresa, eu a inventei.
*The Turtles: Banda norte-americana de pop e Folk rock, conhecida pela canção Happy Together (Trechos no capítulo)

Espero que vocês tenham gostado, eu vou estar ocupada amanhã por isso postei hoje.
Agradeço a todos que estão acompanhando a Fic. Muito Obrigada, Bjs :*

Obs: Todos os capítulos terão pelo menos uma frase contextual ou trechos de alguma música.