Shades Of Blue escrita por Lana


Capítulo 3
Capítulo II - "Sad Girl"


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Gostaria de agradecer de todo o meu coração por estarem gostando da fic. Adorei os comentários. Boa leitura! Beijos.



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Domingo nunca fora um dia tão tedioso. As horas arrastavam, eu não tinha sono por causa delas então havia pegado meu caderno pequeno de anotações e buscava a letra que havia feito mais cedo. Palavras soltas e desordernadas. Droga, xingo mentalmente. Tudo que queria era apenas escrever até Stefan chegar.

Havia exatamente quatro horas e vinte dois minutos que Stefan havia passado pela aquela porta, até agora tudo se passava como um flash em minha cabeça, a esperança que ele iria voltar era uma das coisas que não me fazia desistir de tudo e simplesmente jogar minha vida fora. Meu coração contorcia, ele não iria voltar, e essas foram suas palavras, talvez até fossem, mas diante de todo o meu sofrimento tudo que podia pensar era que eu precisava delas para me acalmarem.

O único desejo que ele poderia me dar ele havia realizado, havíamos nos divertido a noite inteira, e logo de manha fizemos amor, mas então porque fugir? Ele não havia me prometido que seriamos para sempre? Que eu seria sua mulher? Eu preciso do meu homem. A tristeza me invade de uma forma intensa, tudo o que eu queria era que ele estivesse ao meu lado, me amando como ele fazia no seu estranho jeito de ser. Será que ele teria outra? Esse pensamento me faz estremesser, pensar que meu homem havia me trocado por outra mulher era o pior dos meus desejos. Diante disso me jogo no chão e encaro o teto, tudo girava devagar. Fecho os olhos, encaro de novo, minha cabeça brinca com minha visão. Retiro minha blusa por conta do calor que invadia meu corpo, tudo se refresca, porém assim que penso em Stefan meu corpo encolhe e o frio domina minhas entranhas. Fumaça tampa a minha visão e logo adormeço.

Tudo se passou lentamente e minha cabeça apenas pensava nele diante de todas as circunstancias. Segunda se arrastou, alguns caras apareceram em minha porta perguntando sobre Stefan, eu havia dito que ele saíra - Para sempre - Eu me permitia em minha mente. Terça foi entediante, apesar do sofrimento minhas idas até a varanda eram cada vez mais automáticas, lembrava de quando Stefan chegava em seu carro rápido e assobiava o meu nome, eu já sabia que queria uma boa cerveja, eu ansiava a sua volta. Quarta foi um dia choroso, quando finalmente percebi que ele provavelmente não iria voltar mesmo. Quinta um dia de merda, porém a noite liguei o radio me permitindo a dançar, sozinha. Sexta eu havia tentado me matar, uma vez que elas estavam acabando e minha tristeza estava me consumindo. Sábado foi o dia que fui expulsa de casa por uma gangue de bandidos, eu estava na sala ouvindo um bom blues e eles entraram gritando, eu não conseguia me lembrar de todos os detalhes pois eu estava chapada demais para conseguir observar o momento, a única coisa que me lembro era eu sendo puxada de casa, jogada no quintal e eles me ameaçando a me matar caso não sumisse dali, eu logo me mandei. Domingo, bem, estava na rua novamente como Stefan me encontrou. - Ele havia me deixado. - Ele não iria voltar - Era o que meu subconciente insistia em repetir como um manto em minha cabeça perturbada. Meu homem me deixou.

Nas ruas, o frio era bem pior que qualquer sensação que podia sentir no momento, eu estava sem casa, sem comida, sem grana e sem elas. Eu estava totalmente louca, meu corpo vagava por um lugar comodo. Eu sentia a morte aproximando cada vez mais, porém eu não tinha medo dela, eu já não tinha nada mesmo. Meus pés falhavam, e meu coração se rompia com cada passo que eu dava. Andando pelas ruas frias, sinto-me sozinha numa noite de sexta feira, pessoas se divertem, eu daria tudo pela aquela diversão e não me sentir uma sem lar novamente.

Amar Stefan para sempre não devia ser errado, mesmo que ele não esteja aqui eu não vou deixa-lo passar. Lembro das minhas musicas que eu planejava, era só olhar para ele que tudo vinha, facilmente. Eu estava totalmente apaixonada por ele, perdidamente. Infelizmente não havia remédio para memória, meu homem tinha um rosto como melodia, não vai sair da minha cabeça, meu pensamento diz que está tudo bem, porém o meu maior desejo é estar morta.

Fecho os olhos e me permito a dormir no meu cantinho preferido da praia, o barulho das ondas me relaxavam. Eu não quero acordar jamais, toda vez que fecho os olhos é como se eu estivesse em um paraíso com ele ao lado, me abraçando, de novo, assim como aquele dia que ele me deixou. Eu vejo ele em meus sonhos e eu posso sentir ele me tocando dizendo que está tudo bem. Porém não está.

O sol da manhã coça os meus olhos e quando finalmente os abro após muitas tentativas, eu vejo que o mar estava longe em comparação a noite. Ajeito os meus cabelos embarassados, eu havia perdido a contagem do sol nascer. Penso. Olho para o meu corpo e vejo um casaco em cima de mim, assusto-me. Como diabos aquilo estava em meu corpo? Talvez seja Stefan, logo penso e sorrio com a hipótese. Será que ele havia me observado e logo partido? Balanço a cabeça tentando afastar qualquer tipo de pensamento ligado a ele. Levanto-me e retiro minhas poucas roupas, aquela agua estava me gritando então sigo até sua direção. Com os pés na areia, sigo livre para o mar sentindo a agua gelada contra minhas pernas até o ultimo fio dos meus cabelos. Com os olhos fechados tentava afastar o pensamento de fome já que não como faz dias, afundo meus cabelos me preparando para retirar-me da água.

Durante o dia eu havia procurado comida por todos os cantos, fiquei levemente alegre quando uma senhora me ofereceu alguns biscoitos enquanto eu passava perto da loja de alimentos. Aquilo me satisfez até a noite quando aquele barulho horrível incomodou em minha barriga. Eu vagava por uma rua pouco movimentada e aquilo me dava um certo medo, meus pés estavam descalços e a minha fina blusa não me protegia de nada, inclinei minha cabeça levemente para frente a fim de fazer o meu cabelo esquentar meus braços e proteger minha face dos estranhos que estavam perto de mim.

“Docinho” Alguém assobia, penso em virar o rosto e saber quem me chamava, porém o medo não deixava. Após alguns minutos de caminhada, sinto meu corpo todo pesado, logo rolo os olhos, agora não era uma ótima hora para eu passar mal. Tento seguir em frente, mas tudo o que mais desejava era sentar em qualquer lugar. Minhas pernas falham, então apoio em um poste perto de mim e deslizo sobre ele até atingir ao chão. Meus olhos se tornam uma escuridão.

Em meio de gritarias, acordo alerta diante do susto. Eu consigo identificar uma mulher em minha frente, cabelos curtos e negros, ela estava em uma pose em cima de seus saltos altos e vestido colado no corpo.

“Então vadia, não vai sair do meu ponto?” Ela grita, assusto-me novamente. Oh, droga. Levanto-me com dificuldade. E a olho melhor, sua expressão estava raivosa.

“Desculpa-me, eu…” Penso em minha palavras, devo contar a verdade. “Estava passando mal, não tive escolha.” Ela analisa minhas palavras, e muda de posição. Seus olhos estavam vivos diante da luz ao lado.

“E como vai ser?” Pergunta em sua língua debochada. “Não vai sair?” Apresso em me retirar dali então trocamos de lugar. Ela parecia uma prostituta, eu não havia trocado palavra alguma com alguém naquele dia, talvez ela poderia me ajudar.

“Eu estou perdida.” Declaro. Seus olhos não mais interessados em mim, voltam. Sinto medo quando ela faz uma expressão entendiante. “Fui expulsa de casa, eu…” Travo. “Estou sem lar, estou na rua, preciso de ajuda.” Diante do que disse, a mulher aproxima de mim.

“Amorzinho, eu sou uma prostituta, não posso te dar nada.” Afasto-me dela. “Se tivesse como te ajudar eu não estaria aqui, esperado por um cara imundo me pegar.” Ela havia dito a verdade, ela não poderia fazer nada. Eu estava perdida, tenho que admitir que devo me virar. Porém naquela época antes de Stefan tudo era um pouco mais fácil, pois digamos que tinha amigos e eu ganhava uma miséria para entregar elas pela Nova Iorque.

“Realmente” Comento. “Eu te entendo.” Viro-me caminhando com certa dificuldade, meus pés doíam tanto que eu podia vacilar a qualquer momento.

“Espera.” Ouço a voz da mulher atrás de mim. Viro-me, ela corre em minha direção. “Olhá só” Ela rola os olhos. “Eu sou mulher, e acho que devemos ajudar uma a outra, não sei porque mas devemos.” Ela me passa paz por um segundo, então relaxo devagar. “Toma” A mulher me passa umas notas. “Eu não te conheço, mas…” Ela me analisa. “Não parece uma pessoa ruim.”

Sorrio com o seu voto de confiança, olho para as notas em minha mão. Eu podia comprar elas com aquele dinheiro.

“Muito obrigada” Agradeço. “Acho que essa deve ser a noite menos entediante que tive desde que sai de casa.” Comento, ela sorri levemente.

“Só peço uma coisa.” Ela retorna com seu tom autoritário, ouço com atenção. “Não quero você no meu ponto.” Sorrio levemente. “Agora me diz, como é o seu nome?” Estremesso, devo ou não contar a ela?

“Elena” Respondo após longos segundos. Ela me olha torto, logo após analisou em volta e me puxou para uma rua escura próxima dali. Senti um leve medo, alias eu havia a conhecido a poucos minutos.

“Como é o seu nome?” Ela insiste quando estamos livres da rua pouco movimentada.

“Elena” Respondo novamente, ela ri alguns segundos e eu a olho desentendida. O que havia de engraçado? “O que está rindo?” A analido.

“Não pode ser, você não pode ser a Elena que estou pensando.” A mulher me olha curiosa. “Como foi expulsa de casa?”

“Eu…” Começo lembrando dos homens invadiando a minha casa. “Eu fui expulsa de casa por uma gangue, eles vasculharam minhas coisas e disseram que se eu não sumisse dali me matariam.” Conto.

“Você morava na casa verde.” Ela conclui. Assusto-me. Como aquela mulher sabia tanto? Será que ela era uma deles?

“Como sabe disso?” Pergunto assustada.

“Como sei disso?” Ela me imita. “Como todo mundo sabe disso, é o certo.” Ela diz e logo me puxa. “Senta aqui, vamos conversar.” Sento-me no chão junto a ela. “Você é a mulher de Stefan.” Estranho quando ela pronuncia o nome de meu homem. Ela o conhecia. Meu coração acelera em um passo.

“Como sabe o nome dele?” Pergunto. Ela rola os olhos.

“Ora, ele ia todos os dias na casa da minha patroa.” A mulher dá de ombros. “Ele gostava do produto que ela oferecia.”

“Elas.” Sussurro. “Sabe onde ele está?” Pergunto em desespero. Por favor, diga que sim.

“Não.” Ela conclui. Meu coração se desaponta. “Não o vejo durante dias, sinto muito.” Abaixo o olhar, talvez nunca o verei de novo. Aquele pensamento me faz trazer tudo a tona, balanço a cabeça deixando isso de lado. Olho para a mulher, não tão mulher, pois ela aparentava ser jovem.

“Bem, qual o seu nome?” Pergunto, ela sorri levemente.

“Qual dos?” Assusto-me, porém logo entendo.

“O verdadeiro.” A analiso, ela puxa seu cabelo revelando uma cabeleira castanha cor mel.

“Victória.” Ela conta, seu nome era simples e forte. Enquanto ela ajeitava seus cabelos volumosos olho para os meus pés frios. “Pode me chamar de Vicky se quiser, vou estar sempre por essa área.” Vicky se levanta.

“Aonde vai?” Pergunto curiosa, ainda sentada. Olhando ela de baixo com os seus cabelos naturais ela parecia menos vulgar.

“Vou me encontrar com um cara, foi bom te conhecer Elena.” Quando menos esperava ela deu as costas e sumiu virando a esquina. Estava sozinha novamente. Deito-me na calçada, relaxando os meus músculos, havia lembrado que tinha mais uma delas em meu bolso, com isso já ganhei o dia. Sorrio sozinha.

Me deite esta noite em meus linhos e pérolas

Me deite esta noite, eu sou sua garota favorita

A lentidão adormece minha alma, meu corpo estava extasiado, uma sensação brilhante. Estou nas nuvens. Ouço passos calmos perto de mim, meus ouvidos vibram. Estou possuída por elas, e não vejo quem aproxima. Suas mãos em minha face. Adormeço com elas dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam!!! Seus comentários são muito importantes para mim! Próximo capítulo em breve! Espero que tenham gostado!



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