Meu nome é Teresa, e estava com quinze anos. Tinha cabelo castanho na altura dos ombros e tentava manter uma franja, estatura normal e olhos escuros. Nunca havia namorado, apesar de duas vezes quase chegar nesse estágio. Um durou duas semanas, o outro, três meses. No quarto mês, quando pensei que ele finalmente me pediria em namoro, sua ex voltou para a cidade e ele terminou comigo. Depois de uma “desilusão” como essa, sendo adolescente naquela idade, já estava farta de compromissos.

Por isso que aquela palpitação no peito repentina me deixou surpresa e me fez agir daquela maneira impulsiva nas frações de segundos que corri em direção à risada.

– Acho que você se confundiu moça. – Ele, Yoan, deu um meio sorriso ao notar minha expressão.

Eu devia estar fazendo alguma careta muito estranha, pois não conseguia sentir mais meu rosto por causa da adrenalina. Após absorver suas palavras, balbuciei:

– Ah.. Perdão... achei que você fosse...

– Dimitri? Já disse que meu nome é Yoan.

– Eu entendi! – Respondi, não entendendo a sua grosseria.

– Não parece.. – Falou baixo, terminado de subir a escadaria e passando com seus amigos por mim, me deixando apenas com uma sensação chata de constrangimento.

Voltei para minha sala. Kate e Debby me olharam preocupadas:

– Está tudo bem, Tess? – Perguntou Kate.

– Sim. Achei que tinha visto um conhecido, mas me enganei. – Com a decepção, soltei meu cabelo que estava preso em um rabo de cavalo alto que, apesar do meu esforço para ficar mais bonita no primeiro dia de aula pós férias, só me deixava com dor de cabeça.

– Falei que ela estava bem! – Debby exclamou e deu um tapa em Kate. Debby era assim, meio monstrinha. Cabelo loiro claríssimo, normalmente preso de alguma forma, olhos azuis, alta e esguia, mas forte o suficiente pra ser mais bem vinda nas aulas de esporte masculinas do que femininas. Enquanto que Kate era baixa, delicada, com seus olhos esverdeados, escondidos por trás de óculos de grau, cabelo castanho escuro enrolados em uma trança escorrida em seu ombro. Ela esfregava o braço que havia levado o tapa, desgostosa, e olhou para mim novamente.

– É uma pena. Isso acontece às vezes.

Eu apenas sorri de má vontade e sentei-me à sua frente, onde ocupava minha classe. Fiquei observando a janela, enquanto minhas amigas conversavam. Kate de vez em quando me olhava preocupada.

Notei que nunca havia perguntado para Dimitri onde ele realmente morava. E nunca me ocorreu de procura-lo aqui. Dimitri para mim era algo como o presente de final de ano. Era algo que eu somava com as férias, e não algo da vida corriqueira. Me senti extremamente idiota por nunca ter este interesse, e meu desejo na hora era de voltar no tempo só para pergunta-lo de onde afinal você era.

A professora entrou na sala, mas eu não ligava. Meus pensamentos e a paisagem na janela eram muito mais interessantes.

– Alunos, estes são os colegas novos de vocês. Kevin e Yoan. Por favor, deem as boas-vindas para eles. – Assim, ela conseguiu chamar minha atenção e me deixar chocada.

“Yoan na minha sala??? Mas ele é dois anos mais velho que eu!!!

Não, espera.. Este é o Dimitri..

Estou tão confusa!!!”

Yoan sentou-se do outro lado da sala, longe de mim, e mais para frente. Fiquei olhando para seu rosto, boquiaberta, porém ele não me viu. Kate então me enviou um bilhetinho discreto:

“Este é o menino que você achou que conhecia?”

Virei para ela e assenti. Quando voltei meu rosto, ele me observava. Como se soubesse que era sobre ele. Como se estivesse lendo meus pensamentos.

“Esse ano vai ser longo..” – Pensei. E estava certa.