Meu fato Real escrita por Criminal


Capítulo 4
Nem tudo são rosas




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Realmente, nem tudo são rosas. Ele sofria de uma doença chamada Transtorno de Bipolaridade, não é frescura que nem os de hoje em dia ele realmente sofria disso, foi quando o amor me trouxe a vontade de ser estudada em Psicologia tenho até hoje os livros que eu lia pra tentar entendê-lo, não era fácil pra mim nem pra ninguém, quando ele tinha seus "ataques" ele simplesmente se revoltava contra tudo e todos, não falava comigo, não me cumprimentava na rua nem se quer tinha paciência de falar comigo, as vezes dizia que eu estava atrapalhando ou que ele estava muito ocupado, me tirava certas vezes de uma forma que me fazia chorar por horas a noite.

Sabe dói bastante quando você dá o melhor de si e não ganha se quer reconhecimento em troca, eu não sei se outra pessoa pensava como eu mas eu tinha esperança no cara que ele era por dentro de verdade, naquele homem engraçado que adorava fazer as pessoas sorrirem, naquele cara cabeça que me tirava sorrisos bobos quando eu precisava, ele era simplesmente a melhor coisa que havia me acontecido e mesmo mudando comigo eu estava lá todas as vezes esperando que ele voltasse e ele sempre voltava mas acho que não por mim mas por ter uma pessoa que o apoiasse depois de tudo.

Me recordo de que eu ficava horas na janela de casa esperando ele buscar as filhas, depois da separação a mulher dele passou a morar em frente de casa depois que os pais saíram, e todos os dias ele estava lá para buscá-las depois quando a mãe começou a trabalhar ele começou a passar a tarde inteira com ela, eu o ouvia cantar o tempo inteiro só esperando um segundo para ter a chance de vê-lo sorrir mesmo quando não estava bem, ele me olhava mas me ignorava, as vezes saía pra fumar na varanda e eu ficava lá como uma trouxa o olhando tentando manter contato e ele só me fitava de longe me provocando depois entrava sem dizer nada, eu ligava pra ele mas ele deixava o telefone tocar e tocar até eu quase desistir e ele atender, seu "oi" ao telefone era inconfundível não sei se ainda é mas tenho vontade de ligar, saber se ele continua com o mesmo número, tenho certeza que sim, mas hoje já não posso, é complicado.

Depois de nove meses namorando terminei meu relacionamento foi quando começamos a nos falar novamente até mesmo antes de eu terminar, as crises dele sempre iam e vinham e entre as dores e as lágrimas eu estava lá firme tentando negar a mim mesmo que eu o estava amando. Começamos a nos ligar de noite quando todos já estavam dormindo, não falávamos nada demais então basicamente eu só queria saber se ele estava bem, quando já não tínhamos papo ele me chamava de "mala", maldito apelido que não me canso de lembrar quando me chamam assim sem querer é como me fazer voltar á tudo, principalmente as conversas no MSN, lembro que a fonte dele era a padrão, negrito e na cor vermelha, aquele Oi no cantinho da tela fez meu coração pular tantas vezes...

Um dia pelos históricos do meu computador minha mãe descobriu que trocávamos mensagens mas nunca o que elas diziam e então simplesmente me proibiu de falar com ele, mas sabem como é mãe é mãe só que meu coração não queria saber, ele queria seguir seu curso normal imaginando que poderia passar o resto dos seus dias com ele, iludido, enganado e começando a se quebrar.

Quando brincávamos e ele estava junto sempre tinha que entrar pra dentro pois minha mãe mandava, cheguei a até brigar com ela algumas vezes por causa dele dizendo que não tinha nada a ver mas um dia dei mole e perguntei à ele por sinais quando ele iria entrar no MSN mas então minha mãe atrás de mim viu, perguntou com quem eu estava falando mas não podia negar pois somente ele estava na rua, foi horrível, até ela foi falar com ele dizendo coisas como: Não chegue mais perto dela, não fale com ela, coisas do tipo, meu mundo caiu.

Ele ficou um bom tempo sem falar comigo e eu não podia correr atrás, eu olhava para o prato de comida e tinha vontade de chorar, sozinha em casa eu o via no quintal as vezes sorrindo pra mim enquanto eu tinha vontade de abraçá-lo forte e dizer tudo o que sentia, eu já estava cansada de dizer a mim mesma que não o amava quando o que eu sentia era evidente demais, me entreguei aquele sentimento.

Eu comecei a fazer um curso onde eu ia para o centro sozinha e marcamos de que eu iria à casa dele naquela tarde, mataria o curso e assim fui, me recordo de estar ouvindo Holiday - Green Day, essa foi a banda que ele me apresentou no dia 23/05/2009 com Boulevard Of Broken Dreams e Wake me Up When September Ends. Meu coração pulsando forte, minhas pernas bambas quase me jogaram no chão algumas vezes e quando dobrei a esquina o vi, estava de shorts xadrez bege, uma regata branca e óculos pois ele usava óculos, o que eu achava lindo.

"- O que eu não faço por você".

Disse eu sorrindo e ele também sorriu me dando um selinho, foi o segundo contato que tive com ele desde que nos conhecíamos há um ano, eu não ouvia o barulho dos carros passando, nem das motos e muito menos das pessoas conversando eu parecia me focar nele e no que conversávamos, eu ensaiava cada palavra temendo bobear para não magoá-lo ou deixá-lo com raiva, afinal eu já tinha quatorze anos e ele dezessete anos mais velho.

Entrei e perguntei se o cachorro mordia (?), me perguntei mentalmente se não era melhor eu ficar em silêncio pois abrir a boca seria um desastre total, eu entrei em sua casa e me lembro perfeitamente da localização dos móveis, sofás, raque, TV, janela. Ele se aproximou de mim e minha respiração naquele exato momento falhou, eu não poderia entrar em pânico naquela hora pois seria vexame demais achei que desmaiaria mas ele me segurou com as duas mãos no meu rosto e me beijou, foi como se um LSD estivesse correndo na minha corrente sanguínea, como se milhões de imagens estivessem passando pela minha cabeça, ele me ignora , simplesmente pisa em mim mas eu continuava lá, eu continuo lá é burrice, é insano mas é verdadeiro.

Infelizmente não aconteceu "nada" demais, eu estava naqueles dias mas deu até para nos divertirmos juntos, meu All Star vermelho balançando na cama dele, eu sem nada na parte de cima ainda sem corpo nenhum envergonhava o fitava "-Você é linda" disse ele, meu sorriso imbecil se abriu no meu rosto , tão estranho que pude sorrir da mesma forma nesse exato momento.


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