Modernidade escrita por Kethy


Capítulo 8
Não é real...


Notas iniciais do capítulo

Oi!!!!! Demorei, não foi? Agora isso vai ficar mais frequente ainda porque meu curso de pré-vestibular começa amanhã. Por isso decidi começar esse capítulo.

Obrigada por esperar e boa leitura!



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Eu tinha conseguido dormir um pouco até que chegamos aos portões da cidade. A primeira coisa que li foi uma placa escrito assim:

“Bem-vindo a Diamantina.”

Por que estou aqui? Não sei direito... Sei apenas que de repente precisávamos nos mudar. Até que é bom. Ainda mais para um lugar como este: colonial, autossuficiente, isolado, tranquilo... Nunca me acostumei com a agitação de onde eu morava lá em São Paulo, um lugar como esse seria melhor. Vai ver foi por isso que nos mudamos, porque não fomos criados para correr. Ou talvez meus pais tenham descoberto o meu “problema”, bullying; eu nunca liguei para essas brincadeiras de mau gosto, mas na boa, doí! Que culpa eu tenho de gostar de um garoto que só vejo nos meus sonhos? Ninguém escolhe essas coisas! Se eu pudesse escolher eu teria ficado com alguém que pelo menos fosse real. Eu odeio gostar dele, isso me atrapalha e muito... Não consigo gostar de mais ninguém por causa do que sinto, é chato! Essa era a minha única reclamação, nunca contei isso para ninguém, mesmo assim eles descobriram de alguma forma... Eu...

— Você?! – Gritei feito uma louca na janela, era aquele garoto do meu sonho; ele tinha um blusão xadrez com uma blusa branca por baixo e calças jeans, o cabelo era comprido e estava preso na nuca com um rabo de cavalo. Fiquei surpresa e meu coração acelerou.

— O que foi, Antônia? – Minha mãe perguntou preocupada.

— Nada... – Menti.

 

Esqueci-me de falar da história dos meus pais; minha mãe é costureira, - Das melhores, modéstia à parte. – e meu pai era militar; era até perder a perna. Não lembro como, só de estar no hospital chorando e olhando através de um vidro ele na cama. Nunca chorei tanto na minha vida, o médico disse que foi por muito pouco que ele não morreu. A partir daquele momento, ele começou a ganhar por invalidez. Mas quer saber? Nada mudou, ele continuou sendo o bobão e brincalhão que faz minha mãe feliz desde sempre. Já minha mãe... Ela já sofreu um aborto. Ela ficou em depressão por um tempo, porém quando passou tudo voltou ao normal; papai e eu demos muito apoio a ela, aguentamos os choros, as mudanças de humor, a falta de vaidade e por ai vai.

Viu porque eu nunca contei sobre a perseguição dos meus colegas? Mas isso foi bom, me fez forte. Não sou nenhuma princesinha frágil que precisa de um príncipe que a salve.

Enfim, chegamos à nossa nova casa, colonial e de três andares. Linda, simples e aconchegante; gostei dela na primeira vez em que a vi. Entramos e arrumamos as coisas, demorou o dia todo, mas quando acabamos fomos direto para os quartos; no dia seguinte, fui dar um passeio, aquele lugar tinha de tudo, desde restaurantes até uma faculdade – Que estava na lista das melhores. – Os moradores eram tão gentis, sempre me cumprimentando. Parei em um restaurante local e conheci uma garota indiana, nós conversamos bastante:

— Você é nova, não é? Nunca te vi aqui. – Falou ela sorrindo.

— Sou sim. Você mora aqui há quanto tempo?

— Desde pequena. Você já fez faculdade?

— Não, mas estou na idade, por quê?

— Porque aqui perto, no centro, tem um cursinho. – Ela me deu um panfleto. – Os professores são ótimos, aparece lá.

— Com certeza. – Eu tinha gostado da ideia, mas ai eu me toquei de uma coisa. – Como sabia que...?

— Nada de mais, é que você não é a primeira pessoa nova que aparece aqui. – Ela sorriu novamente.

Achei estranho, porém não disse mais nada. Voltei para casa e já senti o cheiro gostoso da comida da minha mãe enquanto o papai arrumava a mesa.

— Desculpa, demorei. Fui conhecer a cidade. – Me desculpei achando que iria levar a maior bronca.

— Lemos o seu bilhete. – Minha mãe escondeu a raiva. – Vai pegar seu prato.

Ela não me engana, sei que ficou zangada. Eu e a minha mãe temos uma relação muito boa, ela me apoia, me dá força e tudo, então quando eu a decepciono doí mais do que o normal.

Naquela noite ocorreu tudo bem, nada fora do comum, os mesmos risos e tudo de sempre. O diferente daquela noite foi que a campainha tocou.

— Eu atendo. – Me levantei da mesa e fui até a porta. Abri e me deparei com duas figuras conhecidas: dois dos garotos do meu sonho, fechei a porta rápido e fiquei parada com os olhos arregalados e assustada.

— Filha? – Meu pai se levantou e me despertou do transe.

— Hã...? Eu estou bem... Fala com eles você... – Comecei a passar mal e fui para o meu quarto, minha mãe quis me ajudar, mas eu recusei e continuei meu caminho sozinha.

Chegando ao meu quarto eu nem troquei de roupa e fui direto pra cama, não para dormir e sim para que pensassem que estava dormindo. Fiquei lá com um olhar louco, morrendo de sono, mas sem conseguir pregar o olho. Aquilo não podia ser real.

“É... Eu imaginei... Eles só são muito parecidos... Não foi de verdade.”— Refleti e fechei os olhos.

Mal eu sabia que isso era apenas o começo.


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