POV Emmett

Custava acreditar em toda aquela história de Alice. Como meu tio foi capaz de esconder ela da gente? Mas aquelas cartas eram dele. Aquela letra ERA dele. Não havia duvidas sequer que isso pudesse ser mentira. E o sofrimento dela…sim, o sofrimento dela era real. Tal como o meu. O desespero dela ao saber da morte de meu tio era palpável. Mas o que eu faria agora? Minha única opção era prendê-la, mas tê-la ali nos meus braços me deixava com dúvidas ainda maiores que às que eu tinha.

-Alice. – A chamei a segurando pelos ombros pra me olhar nos olhos – Eu não sei o que fazer. – Falei sincero

-Tudo o que você quiser. Me prenda, mas por favor, deixe as meninas fugirem. Elas sofreram tanto, não merecem sofrer mais. – Ela falou em desespero

-Me conte tudo sobre o assalto em Dublin, sua fuga, como conheceu as meninas… - Pedi enxugando suas lágrimas

Ela fungou e se recompôs.

-Assim que eu soube que Aro tinha recebido liberdade provisória devido ao seu bom comportamento, eu soube que ele viria atrás de mim. Ele iria cobrar de mim toda a ajuda que eu lhe neguei por anos. Não havia volta a dar. Eu não queria fugir. – Ela fez uma pausa

-Porque não queria fugir? – Perguntei

-Tinha esperança que Peter soubesse da liberdade dele e viesse me proteger.

-Porque você acreditava que ele ainda estava vivo? – Questionei confuso

-Porque eu julguei que ele tinha fugido de mim depois de eu… - Pausou de novo e respirou fundo – Depois de eu ter…beijado dele. – Falou num sussurro que eu mal pude ouvir mas que ouvi (in)felizmente

-Continue. – Pedi engolindo em seco tentando parecer que eu não me havia importado com o que ela havia dito

-Aí Aro me apanhou e exigiu que eu roubasse o banco ameaçando estragar minha reputação. Acabei por ceder. Não tinha saída mesmo. – Ela falou dando de ombros – E no fundo queria ser apanhada por Peter. Acho que eu fiz de tudo para que ele me apanhasse. Fosse de que forma fosse. – Ela continuou

-E como se juntou as outras? – Perguntei

-Eu tinha fugido pra Itália e de Genebra peguei um voo. Rose e Bella estavam sentadas nas duas poltronas do lado da minha.

-E como daí vocês se tornaram amigas. – Perguntei ainda mais confuso

-Bem. É uma história complicada e comprida. Mas resumindo. No aeroporto a policia mandou parar alguém e nós três paralisamos pensando em fugir. Percebemos que todas fugíamos do mesmo e então acabamos nos juntando.

-E Vanessa. Como ela se juntou a vocês?

-Atropelamos ela. E depois no hospital ela pediu nossa ajuda e abrigo. E então ela se juntou a nós. E bom, o resto…

-O resto eu já sei. – Falei

-Você vai deixar elas escaparem? Teoricamente você só veio atrás de mim, certo? – Ela me perguntou e eu concordei

Então ela se levantou e estendeu seus pulso pra mim esperando que eu tirasse as algemas e a prendesse.

Agora eu tinha de tomar uma decisão. Prendê-la ou não? (N/A: Eis a questão. Kkkkkk)

Sem muito pensar eu tirei as algemas que estavam presas na cós da minha calça e coloquei em seus pulsos.

Guiei-a pra fora de casa e de lá ela ficou olhando em volta numa despedida silenciosa. A fiz entrar cuidadosamente dentro do meu carro e guiei em silêncio para fora dali.

Estávamos quase chegando na pequena cidade Forks quando eu brequei e parei o carro. Esfreguei o rosto respirando pesadamente e lembrando de todas as palavras que eu li de meu tio para aquela garota.

“…Estou aqui, em torno da minha família, brincando com o meu sobrinho e desejando que vocês se conhecessem. Tenho certeza que vocês iriam se dar bem…”

“…Quero que seu futuro seja maravilhoso, minha linda, e do que depender de mim ele será grande…”

“…você me conquistou na primeira vez que eu te vi. Com sua doçura e candura…”

“…Vê se não esquece de mim. Pois eu lembro de você todo o dia…”

“…Te amo princesa”

-O que foi? – Ela me perguntou me olhando

Eu não aguentei toda aquela pressão e chorei. Deitei minha cabeça em seu colo e abracei sua cintura chorando feito um bebezão. Ela acariciou meus cabelos curtos e sussurrou uns “sshuuss” tentando me acalmar.

-Eu não posso arruinar as vontades de meu tio. – Falei

-Como? – Ela perguntou

Eu me ergui limpando as lágrimas e procurando em seguida pelas chaves das algemas.

-Eu não posso te prender. Ele dedicou sua vida pra te proteger e pra te dar um grande futuro. E eu vou dar. Eu vou te ajudar. Eu vou continuar o trabalho de meu tio. Eu prometo. – Falei tirando suas algemas

-Obrigada Emmett. – Falou fazendo um carinho em meu rosto – Você é tão generoso quanto seu tio. E eu te admiro muito. Muito obrigada mesmo por essa oportunidade. – Me abraçou

-Mas vamos ter de fazer tudo legalmente Alice. Eu não vou medir esforços para te ilibar do assalto. Por enquanto você pode ficar aqui escondida com as meninas…mas vai haver uma altura em que você vai ter de prestar contas à justiça. Você e elas.

-Mas eu não posso entregar elas assim. não as posso trair. – Falou descontrolada

-As mesmas medidas que eu vou tomar com você eu tomarei com elas. Não se preocupe. – Falei afagando seu rosto

Nenhuma palavra saiu de sua boca, mas o seu olhar era só agradecimento e carinho. Não importava mais se eu tinha tomado a decisão certa ou errada. Tudo o que importava é que eu iria continuar o trabalho de meu tio em proteger essa menina…e se as outras três garotas agora faziam parte da vida de Alice, eu também as teria que proteger.