POV Rose

Acordei com umas dores de cabeça tremendas e as imagens do dia anterior, no elevador fizeram com que algumas lágrimas caíssem.

O café da manhã mais parecia um velório. Nenhuma de nós as quatros estava animada e com disposição pra falar.

Assim que terminei meu café Bella e Nessie me seguiram. Eu iria levar elas para a cidade. Eu as levaria para dar a volta ao mundo, se fosse possivel, de maneira a que eu me demorasse cada vez mais.

Quanto mais tarde eu chegasse na revista, menos tempo eu teria de ficar olhando para Jacob. Eu só rezava para que ele não tocasse no assunto. Se eu pudesse nunca mais que olhava na cara dele e muito menos trabalharia com ele.

Estava atrasada uma hora e quando cheguei no prédio o olhei como se estivesse vendo o lobo mau prestes a me atacar. Entrei sem dar bom dia a ninguém e subi para o sétimo andar. Me dirigi de cabeça baixa até minha sala. Temia que a vergonha que eu passei já estivesse correndo fluentemente na lingua do povo. Assim que entrei na minha sala e olhei para minha secretária meu coração parou.

Estava vazio. Todos os meus pertences tinham sumido.

Não posso crer que aquele pulha me demitiu. Passo a passo fui me dirigindo até o computador, onde tinha um dos malditos post-its que Jacob costumava usar pra me deixar recados. O peguei com as mãos tremendo e o li.

“Saia da sala e entre na sala do lado. Kiss J.”

Fiquei sem entender qual era o propósito. Talvez a sala do lado fosse onde eu tinha de pegar as minhas contas. Mas que contas eu haveria de pegar se eu estava trabalhando cá a tão pouco tempo?

Sem demoras sai da sala e me dirigi para a outra sala. Ergui minha mão pra bater na porta e mais uma vez estagnei. Na plaquinha da porta estava escrito o meu nome. Sim. Custou a acreditar e a assimilar, mas era o meu nome sim.

Abri a porta sem demoras e eu me perguntei quantas mais surpresas eu iria ter.

A sala estava repleta de ramos de flores de várias espécies. Um sem número de beleza e um maravilhoso perfume inebriante enchia aquela sala, que se tornou bem pequena perante tantas flores. Entrei e fechei a porta, pra barrar os curiosos, e fui de encontro aos vários ramos. Em cada um deles continha um cartão. Sempre que abria um, dizia o mesmo que todos os outros. “Me perdoe.”

Eu não sabia mais se chorava ou se ria. Estava sem reação. Mas alegre. O fedelho se esmerou.

O último cartão que peguei estava entre um ramo de rosas amarelas lindas. Era um cartão maior, e portanto com mais dizeres. O abri e li nervosamente.

“Rose, me perdoe por ter sido um autêntico canalha. Mas minhas atitudes tem uma simples razão. Você. Tire o dia de folga e venha almoçar comigo. Falaremos com mais calma sobre este assunto. Me encontre no Chez Emile. Um grande beijo J.”

Será que eu estava lendo direito? Esse garoto tinha disturbios mentais ou era impressão minha. Ok, confesso. Ele sabia como encantar e dobrar uma mulher. Mesmo ele sendo um piralho. Muito do gostoso. Ai meu deus. Que eu tô para aqui pensando? Se controla. Isso é só um almoço, mais nada. Mas que raio ele quis dizer com “minhas atitudes tem uma simples razão. Você”?

Não esperei nem um minuto e sai. Estava perto da hora do almoço e Chez Emile, que eu me lembre, só existe em Port Angels. Ainda tinha um longo caminho de estrada para dirigir.

Meu humor havia mudado muito. Agora eu cantava alegre todas as canções que passavam na rádio.

Fui tão distraida que nem notei quando já estava em Port Angeles, estacionando em frente ao restaurante que Jacob havia indicado. E ele estava lá, na porta, encostado na parede em uma pose bem sexy e com um lindo sorriso torto no rosto.

Respirei fundo. Queria me fazer de dura. E eu iria pregar um valente susto nele.

-Voê veio Rose. – Ele falou num largo sorriso que quase, eu disse QUASE, me desarmou

-ROSALIE! Pra você é apenas Rosalie. Escute aqui pirralho. Quem você pensa que é? Pensa que é com um monte de ramos de flores de cemitério que você me compra? – Gritei e a cara dele de assustado foi hilária

-Eu pensei...

-O seu problema é que você acha que pode pensar. Mas você não tem cérebro suficiente para isso! – Atirei mas não consegui segurar mais a risada

A cara que ele estava fazendo era cómica demais. Ri bem alto e ele me olhava assustado. Acho que ele pensa que eu sou louca.

-Jake...eu tô...brincando...com você – Falei em meio a risos

-Aquilo que você falou era brincadeira?– Ele perguntou

-Era. – Falei tentando parar de rir

-Não teve graça Rose. Eu me assustei de verdade. – Ele falou zangado mas gargalhando em seguida comigo – Tudo bem. Agora vamos entrar. – Ela falou assim que paramos de rir e ficamos nos encarando

-Sim.

O restaurante era muito requintado mas ao mesmo tempo simples. Me fez lembrar muito dos restaurantes que eu frequentava em França nas pausas do meu almoço.

O maitre nos indicou uma mesa, que Jacob já havia previamente reservado, bem reservada e longe das outras.

Fizemos nossos pedidos e esperamos eles chegarem antes de iniciarmos uma conversa mais séria. Sim, porque pra mim isso era assunto sério.

-E então? – Perguntei inciando um diálogo

-Então o quê? – Ele perguntou sem entender

-Jacob. O propósito desse almoço. – Lembrei

-Ah sim. O propósito. – Falou desconcertado passando a mão na nuca em sinal de desconforto – Bom...Minha madrinha nunca foi de contratar assim pessoas e então eu achei que você andava ameaçando ela e... – Ele começou falando ao acaso

-Você tá falando sério? – Perguntei de sobrolho erguido – Você achou que eu andava ameaçando Esme? – Perguntei embasbacada

Ele me olhou com o cenho franzido e jogou as mãos para o alto, fazendo sons desconexos e bebendo do seu vinho.

-Isso é um sim ou um não? – Questionei cruzando os braços

-É um...vamos pedir mais vinho? – Mudou de assunto

-JACOB!

-Ok. É um não. – Ela bufou

-Não tô entendendo. Se é não, então porque você falou aquilo? – Indaguei confusa

-Rose...pronto, eu vou parar de enrolar que isso tá acabando com os meus nervos e com certeza com os seus também porque... – continuou divagando

-Jake. – Repreendi

-Eu gosto de você. – Ele falou em um sussurro

-Como é que é? – Perguntei de olhos arregalados

-Escuta. Eu nunca senti isso por ninguém e pensei que se te tratasse mal eu acabaria por esquecer você e porque também eu sabia que você nunca ia dar bola pra mim, porque como você diz eu sou um pirralho. – Falou tudo muito rápido gesticulando sem parar e sem me encarar

-Foi por isso que você me beijou ontem? – Intimei e logo ele me olhou

-Eu não pensei que estava magoando tanto você, mas quando te vi chorar eu me toquei de como eu estava tratando você. Você me perdoa? Sim, porque depois de todos aqueles cartões, e mesmo você tendo aceite vir almoçar comigo, você ainda não falou que me perdoava. – Ele falou aflito

Eu desviei o olhar dele para o copo. Perdoar pra mim era uma tarefa difícil. Sempre que eu perdoava eu me dava mal. Ou o outro acabava morto. Mas que mal pode haver em perdoar ele?

-E depois? – Perguntei

-Depois o quê?

-Depois que eu te perdoar. O que acontece?

-Ficamos...amigos? – Se questionou me questionando

-Então eu te perdoo. – Sorri e ele abriu um sorriso gigante e todo iluminado

Não dava para não achar uma gracinha ao garoto. Ele era um piteuzinho. Uma tentação. Mas no fundo, ele ainda era um rapaz inocente e sincero. E eu via sinceridade em seus lindos olhos.

-Vamos comemorar? – Ele pediu e eu assenti – Garçom. Traga uma garrafa do melhor champagne que tiver na casa. – Ele falou alto e super animado

Não dava para não ficar animada também. Então com champagne. O meu ponto mais fraco. Me cheira que isso vai dar merda. Mas quem liga. Não há nada que eu possa falar a ele que me comprometa. Afinal nós só somos amigos.