The Criminal escrita por Marquise Spinneret Mindfang


Capítulo 3
O Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um! Espero que gostem :)



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– Você é Jhonatan Palhares... - Eu me afasto lentamente, e então elevo o tom de voz, quando a ficha finalmente caí, e eu tomo consciência do que fiz.- Você é o subchefe da DEMON. - Bato as costas na parede. Ele me encara, ainda se aproximando. - Você é o subchefe da máfia de Derwood.

Ele me encara. É impossível saber o que ele está pensando.

Um celular toca. Jhonatan o pega e atende sem desviar o olhar de mim.

– Alô? Ah, Alexander.

Olho para a porta. Sei que não está trancada, eu o ouvi destrancar antes. Eu só preciso de um pouco de sorte e um momento de distração.

– Uma hora? Tudo bem. Pode vir me pegar? Não, não. Meu carro está aqui. Depois eu explico.

Começo a me mover lentamente em direção a porta. Preciso estar o mais perto possível para me meu plano completamente ilógico ao menos tenha chances de dar certo.

– Ah, que bom que é menina, agora será que dá para vir para cá? Ok, dez minutos. Tchau. Mande beijos para Belona por mim.

Jhonatan olha para o celular. É a única chance que eu tenho. Corro, abrindo a porta e descendo as escadas o mais rápido que posso. Meu coração nunca bateu tão forte, e sinto a adrenalina em minhas veias. Estou perto da saída quando Jhonatan me alcança.

Ele segura meu braço e me puxa, colocando-se atrás de mim e impedindo-me de atingi-lo, além de tampar minha boca para que eu não grite.

Com uma facilidade que me irrita profundamente, me carrega até o apartamento de novo, até que eu mordo a mão dele. Ele solta um palavrão e me empurra em direção ao sofá, fechando a porta logo a seguir.

Levanto-me, mas ele é mais rápido e pega uma arma dentro de uma gaveta do armário da sala.

– Sabe o que é isso? - Ele diz, referindo-se a arma.

Arregalo os olhos e prendo a respiração. Não ouso me mexer.

– Essa é uma deagle. É conhecida como canhão de mão. - Ele ainda me encara, a voz mostrando mal contida irritação. - Maior calibre de pistola. Um tiro dela atravessa um muro. E atravessa três pessoas de uma vez. - Começo a suar frio. - Dizem que o buraco que entra é do tamanho de uma moeda, e o que saí é do tamanho de uma laranja. Portanto você vai se sentar nesse sofá e ficar quieta, ou eu resolvo testar em você.

Engulo em seco.

– Você disse que não ia me machucar. - sussurro, e não tenho certeza se ele me ouve ou não.

Balanço a cabeça e me sento. Poucos minutos depois alguém surge a porta.

– Cheguei, Jhon. Você não vai acreditar no que... Ah... Hm... Olá... Jhon, porque está apontando a pistola para a moça? - Ele congela na porta e alterna o olhar entre mim e Jhonatan.

– Alex, entra e tranca a porta. - Alex tranca a porta. - Agora, pegue aquele pano ali em cima, de secar a louça. O que não está molhado. Amarre os pulsos dela.

Só quando Alexander faz isso é que Jhonatan abaixa a arma e volta a colocá-la no armário.

– Ok, será que dá para me explicar o que está acontecendo aqui?

Jhonatan se joga em uma poltrona, fechando os olhos e apoiando o rosto nas mãos e os cotovelos nos joelhos. Ele respira o fundo várias vezes.

Volto minha atenção para Alex. Ele não parece ser tão alto quanto Jhonatan, deve ter a minha altura mais ou menos. E tão branco quanto eu. Tem um bigode grosso e negro, assim como o cabelo curto e arrumado. Usa calças sociais castanhas, camisa branca e um paletó da cor das calças, além de um chapéu Fedora, também castanho, que ele tira quando se senta no sofá, a meu lado.

– O nome dela é Ísis Nightblade.

– Olá Ísis. - Ele sorri discretamente para mim.

– Ela é ex-namorada de Paul White.

– Ah. Isso é ruim.

– Ele está nos investigando. Ele tem suspeitas de que eu sou o subchefe da DEMON.

– Ok. Isso é muito ruim.

– Paul sabe sobre você. Ele ainda não o prendeu apenas por falta de provas. - Falo, baixinho, encarando meus pés.

– Tudo bem. Isso é péssimo. Será que não tem nenhuma notícia boa?

– Matei Jacob Peterson ontem.

– Pelo menos isso, não é?!

– O que você acha que Vincenzo vai fazer com ela?

Alex não responde. O silêncio se instala entre nós por algum tempo. Jhonatan consulta o relógio. Levanta-se e vai ao quarto, voltando com um paletó preto e escondendo uma arma.

– Melhor irmos andando. Faltam 20 minutos. Ela vem conosco. E não ouse tentar fugir. - Ele fala, a ameaça explícita na voz. Reviro os olhos, mas me levanto e sou levada por Alex.

Entramos no carro de Alex. É prateado, mas também tem os vidros escuros. Ele vai dirigindo, Jhonatan vai no banco do carona e eu fico no banco de trás. Ainda estou com os pulsos amarrados, então me encosto no banco, temendo o que virá a seguir.

– Jhon, é uma menina! - Alex se lembra de repente e seu rosto se alegra rapidamente. - Uma menininha!

– Bem que a você dizia, mas Belona teimava que ia ser um garoto.

– Eu sempre estou certo, no fim das contas, não é? - Os dois começam a rir. Alex olha para mim pelo espelho do retrovisor. - Belona ia gostar de você, Ísis. Vocês iam se dar bem. Ela está grávida de 8 meses. Só agora resolveu que queria saber o sexo do bebê. É uma garotinha!

Eu sorrio.

– Já sabem o nome dela?

– Ah, é, verdade! Obrigada por me lembrar! Jhon, nós ainda não escolhemos um nome para ela, e Belona exige que você nos ajude.

– Ah... não sei... Depois penso nisso.

– Vocês são casados? - Digo, pensando tristemente se essa tal de Belona sabe que ele é um mafioso.

– Somos sim, vamos fazer quatro anos de casados daqui a três meses.

– Parabéns adiantados, então!

– Obrigado! Chegamos.

Meu sorriso some de repente, e meu coração começa a bater forte.

Alex faz o carro entrar no estacionamento subterrâneo de um supermercado. Quase não tem vagas, mas Alex estaciona em um canto afastado, onde a iluminação não é tão boa. Saímos do carro, e sinceramente penso em gritar, mas Jhonatan parece ler meus pensamentos e sinto a pistola nas minhas costas.

Eles me levam em direção a uma... parede? Só reparo que tem uma porta quando eles a abrem, por causa da pouca iluminação no local. Descemos uma escada, e no fim dela, uma porta de metal.

Alex bate três vezes e fala algo baixo, que não entendo. Jhonatan desamarra minhas mãos, jogando o pano no chão.

A porta se abre. Ele volta a guardar a arma e coloca a mão dele nas minhas costas, empurrando-me delicadamente. Entramos, e vejo que quem a abriu foi um homem baixo, com cara de mau, e um charuto na boca. Ele me encara. Tem olhos azuis.

Desvio o olhar e observo a sala. Está cheia de homens de roupa social. A sala tem paredes brancas, alguns armários, sofás, mesas com baralho espalhado e uma porta na parede oposta. Os homens olham para mim.

– Quem é essa belezinha? - Um deles fala, está esparramado no sofá. É loiro, olhos castanhos, pele clara e uma cicatriz na bochecha. Barba por fazer, roupa preta.

– Tira o olho, Pete. É a garota do Jhon! - Diz um outro. Os homens da sala riem, mas Pete apenas revira os olhos. Sinto o sangue subir as minhas bochechas.

– O Dan tem razão, Jhon? Tá namorando com uma beleza dessas e nem conta pros amigos? - Todos começam a falar ao mesmo tempo. Ouço coisas como “Ela tem irmã?”, “Palhares pegador!” e “Ah, se eu não tivesse a minha Mary...”

– Cala a boca, Pete. - Jhonatan responde simplesmente, e olho para ele, tentando não deixar transparecer minha indignação. - Onde Vincenzo está?

– O don está na sala de reunião, com o Luigi e os outros capos. Só falta vocês. Onde a moça vai ficar? Sabe que ela não pode entrar.

– Leo vai cuidar dela. Leo! - Alex grita. O tal Leo aparece. Ele vem pra perto de nós. Tem olhos violeta, é a primeira coisa que eu noto. Cabelo castanho, batendo no ombro, um sorriso amigável. - Ísis, pode confiar nele, ele vai te proteger. Eu confiaria minha mulher a ele, portanto não precisa ter medo. - Ele sorri para mim. Todos os homens da sala começam a discutir e a perguntar porque o Leo foi o “sortudo”. Alex responde rindo. - Porque ele é o único gay aqui, e não acho que o nosso querido subchefe gostaria que abusassem sexualmente da garota dele.

Eu ia dizer que não sou a garota do Jhon, mas entendi que eles estavam falando aquilo para me proteger. Resolvi deixar para lá, afinal, apesar de não gostar disso, sou solteira agora (Paul, aquele filho da mãe ordinário!).

Leo segura meu braço e me arrasta para um sofá mais afastado, onde não tem quase ninguém. Alguns homens se reúnem na mesa para jogar, e outros ficam assistindo TV.

– Olá, meu nome é Leonardo Barbieri. Pode me chamar de Leo. - Ele sorri, e o sorriso dele é tão contagiante que mesmo eu estando em pânico pelo meu “julgamento”, acabo sorrindo de volta.

– Ísis Nightblade.

– Seu sobrenome parece de personagem de vídeo game. - Ele pisca o olho.

– E o seu me lembra bonecas Barbie.

– Touchê. - Ele ri, mas depois fica sério e sussurra. - Você e o Jhonatan não estão juntos, não é?

– O que? - Pergunto, me fazendo de desentendida. Pensa rápido, pensa rápido!

– Ísis, conheço o Jhon. Vocês não estão juntos, tenho certeza, e sei que ele disse aquilo para te proteger dos soldati. Mas então por que ele te trouxe?

– Eu...

– Ok, não precisa falar. Vou saber de qualquer forma. - Ele sorri, eu engulo em seco. Tento trocar de assunto.

– O que é Don, capo, soldati?

– Bem. Don é o Vicenzo Montanari, o chefão da famiglia. Famiglia é a máfia, por exemplo a nossa. O Don é o manda-chuva, entende? O Alex é o consigliere. É o conselheiro. Ele resolve disputas internas, e aconselha o Don, entre ouras coisas. Jhon é o sottocapo, ou o subchefe. Ele é o segundo em comando, e lidera quando o Don não está. Capos são os capitães. Eles lideram os soldati, mas obedecem ao Don e ao Sottocapo. Os soldati são os soldados, e cerca de 30% deles estão aqui nessa sala. - Começo a contar, mas desisto quando chego em 27 e volto a prestar atenção em Leo. - Eu sou um soldatto. A maioria dos capos eram soldati antes de subirem na hierarquia. A maioria é parente do Don, mas alguns são apenas homens de confiança.

– Jhonatan é parente de Vicenzo Montanari?

– Sim. Quer dizer, não de sangue. O Jhon tinha 5 anos quando foi adotado por Montanari. Luigi é o único filho de sangue. Ele é meu capo.

– Hmm... Entendi. Mas o que vocês fazem?

– Hm... Os soldati são a força da famiglia. Os capos nos comandam, e “gerenciam” determinadas regiões. Eu não sei de todos, mas Luigi comanda o tráfico ilegal de armas, além de fornecer proteção para várias pessoas. Você veio com o Alex?

– Sim, viemos de carona com ele.

– Ele por acaso mencionou alguma coisa sobre o bebê da Belona? Eu finalmente a convenci a saber o sexo do bebê, e comprei algumas coisinhas, mas tenho medo de ter comprado errado...

– Ah, sim! - Sorrio. - Ela foi, e Alex disse que é uma menina!

– Uma menina? Ah, que maravilha! Acertei nas compras então! Vai ser a primeira garotinha na famiglia! Até agora só nasceram garotos. O Ben ali - ele aponta para um homem negro jogando cartas. - teve gêmeos, ambos garotos, a um ano atrás. O Fred, um dos capo, tem um garotinho também. Ah, essa menina vai ser o xodó de todos aqui... - Ele sorri. - Já sabem o nome?

– Ainda não. Alex disse que Belona exigiu que Jhon os ajudasse. - Rio, usando a mesma expressão que Alex usou no carro.

– Claro que exigiu! - Ele ri também. - Ele já deu alguma sugestão? - Eu balanço a cabeça. - Eu acho que poderia ser Claire. É bonito, não? Vou falar com Belona assim que tiver tempo.

Nesse momento a porta se abre, e um homem aparece. Ele é ruivo, barba por fazer, olhos verdes, pele clara e... bem... muito gato.

– Aquele é o Luigi... - Leo sussurra para mim.

Luigi procura alguém na sala, e seu olhar caí em mim. Ele levanta uma sobrancelha, sorrindo discretamente. Então balança a cabeça, voltando a ficar sério e me chama. Eu o sigo, e entro em uma espécie de sala de reunião.

Um homem de aparentes 50 anos está em uma ponta. Do lado direito, Alex, e do esquerdo, Jhonatan. Luigi senta-se em seu lugar ao lado de Alex. Mais cinco homens estão lá, me encarando.

– Sente-se, Srta. - o homem, Montanari, convida, e eu sento no único lugar disponível, na oura ponta da mesa. - Você sabe que é muito grave para nós que você saiba tanto sobre a nossa famiglia, principalmente agora que já conhece até nossa “casa”. Mas era necessário trazê-la aqui, já que você sabe que foi Jhonatan quem matou Jacob Peterson. A questão agora é: não posso simplesmente deixá-la livre, ou você correrá para a polícia e contará tudo o que sabe. Eu só consegui imaginar uma forma disso não acontecer, que é matá-la. - Gelo na cadeira. Meus olhos começam a arder, mas não deixo uma lágrima sequer sair. - No entanto, o sottocapo me deu uma sugestão, que foi bem aceita por meu consigliere. Você será nossa refém.

– Eu posso tomar conta dela. - Diz Luigi, olhando para mim, mas falando com Vincenzo.

– Não, meu filho. Jhonatan começou a história toda. Ele ficará responsável pela menina. E é isso. A reunião acabou. Todos os homens se levantam. Eu continuo parada, em choque.

A ficha demora a cair.

Jhonatan se aproxima de mim.

– Está com fome? Belona e Alex sabem cozinhar muito bem.

Balanço a cabeça, e levanto-me, seguindo-o.

Eu sou uma refém da máfia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Perdoem qualquer erro!
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