The Criminal escrita por Marquise Spinneret Mindfang
Notas iniciais do capítulo
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Ele pega a arma do cinto. Fecho os olhos com força, e, antes de sentir, escuto o tiro.
Grito quando um corpo cai sobre mim. Abro os olhos rapidamente e o afasto. Meu quase estuprador jaz no chão, com um buraco vermelho e pegajoso no meio da testa.
Começo a tremer. Lágrimas e sangue se misturam em meu rosto. Tento me levantar, mas não tenho equilíbrio no momento. O sangue escorre da testa dele, formando uma poça no chão.
– Você está bem? - Viro o rosto e vejo um homem se aproximar. Ele guarda uma arma sob o paletó. Afasto-me em pânico, mas ele levanta as mãos. - Calma, não vou machucar você. Vem, eu te ajudo a levantar.
Ele tem um tom de voz gostoso de ouvir. Ele segura minha mão e me puxa devagar. Fecho os olhos, ainda estou tremendo.
– Ei... pronto, está tudo bem agora. - Ele fala. Eu começo a balançar a cabeça negativamente. - Calma, ele não vai te machucar.
Sem pensar, me jogo no pescoço dele e o abraço. Ele me abraça também. Uma mão fica espalmada nas minhas costas, e outra fica na minha nuca. Ele fala alguma coisa, mas não entendo. Em parte porque ainda estou perdida de bêbada, em parte porque estou em choque e em parte porque estou soluçando alto contra o pescoço dele.
–É melhor nós sairmos daqui. - Dito isso, ele leva a mão que estava na minha nuca às minhas pernas e me pega no colo, levando-me em direção a um carro. Não entendo nada de carros, mas posso dizer que é preto e tem vidros escuros. Ele abre a porta do carona e me coloca lá, prendendo o meu cinto. Estou bêbada demais para me importar com o que está acontecendo.
Ele entra no carro também, colocando o próprio cinto, e então olha para mim.
– Onde você mora?
– Não quero ir para a minha casa.
– Por que? - Ele pergunta em um tom de irritação. Imagino-o pensando “Estou tentando ajudar, mas ela não está colaborando”.
– Porque meu namorado está transando com uma vagabunda.
– Ah. - Ele parece entender. - Você não tem nenhum outro lugar para ir?
Balanço a cabeça.
– Ok. Vamos para a minha casa. Meu nome é Jhonatan. Jhonatan Palhares.
– Ísis. E preciso de um banho. Tem sangue na minha cara.
***
Só me lembro de ter cochilado quando o homem me pega no colo. Ele sobe algumas escadas e abre uma porta com certa dificuldade. Entra em um apartamento, e me coloca com cuidado em um sofá negro, trancando a porta em seguida.
Ele acende a luz e entra em um cômodo, voltando em seguida com uma toalha vermelha e algumas roupas.
– Toma. Você é capaz de tomar banho, não é?
– Claro. - Levanto-me, mas me desequilibro e caio no sofá. Começo a gargalhar.
Ele suspira e resmunga algo sobre gente bêbada.
***
Acordo, mas permaneço de olhos fechados. Estou deitada confortavelmente sobre alguma coisa. Essa “alguma coisa” respira. Abro os olhos, confusa.
1ª Constatação: Eu estou sem roupa em uma cama.
2ª Constatação: “Alguma coisa” é um homem.
3ª Constatação: Ele também está sem roupas.
Estou deitada com a cabeça em seu braço, que me segura em um abraço carinhoso contra seu corpo. Arregalo os olhos e o empurro, me levando rápido, e puxando o lençol para me cobrir. Ele acorda também, confuso.
Estou em pânico. Não me lembro de nada da noite anterior. Então me lembro, dos acontecimentos de ontem, até a parte em que ele me entrega uma toalha.
Ele parece entender também, se levanta e pega uma cueca no chão, vestindo rapidamente. Leva a mão ao cabelo e respira fundo.
– Olha, eu sei que parece estranho...
– CALA A BOCA!
– ... mas em minha defesa tenho que dizer que...
– NÃO QUERO SABER!
– ... foi você quem me atacou.
– EU DISSE CALA A... pera... O que?!
– O que você se lembra da noite anterior?
– Lembro de tudo, até a parte em que você me entregou uma toalha.
Ele respira fundo novamente, e solta um palavrão. Olho para ele, indignada.
– Lembre-se de tudo de ontem. Em algum momento eu tentei alguma coisa com você?
É verdade. Ele até que foi bem legal comigo o tempo todo.
– Hmm... não. - Falo, a desconfiança evidente em meu tom de voz.
Ele se aproxima de mim. Afasto-me, alarmada, segurando o lençol ainda mais forte.
– Calma, Ísis! Vou só pegar uma roupa para você... - Ele sorri, divertido. - ... a não ser é claro que você queira ficar só de lençol. Eu não vou reclamar. - Encaro-o. Ele levanta as mãos. - Ok. Sem piadas, entendi. - Ele pega alguma coisa dentro do armário e no chão, e deixa em cima da cama e sai após pegar algo para ele.
Respiro fundo. O dia anterior me atinge. Fui traída, fiquei bêbada, quase estuprada, vi um homem morrer na minha frente e transei com o assassino, que por acaso é um cara que nem conheço. Mas o nome dele me soa familiar. Jhonatan Palhares.
Olho em volta. O quarto é um cômodo pequeno. Paredes brancas, chão de madeira e uma janela com cortinas azuis escuras. Um armário de quatro portas de madeira escura, tapetes da cor da cortina e uma cama de casal com duas mesinhas de cabeceira da cor do armário. Um quarto... agradável.
Ele bate a porta e abre, entrando só o bastante para me entregar algumas roupas. Agradeço-lhe mentalmente por estar de olhos fechados.
–Acho que secaram o bastante para você vestir.
Pego a roupa na mão dele e ele volta a fechar a porta.
Suspiro frustrada. Eu queria tanto que isto fosse só um pesadelo. Que eu acordasse de manhã e fosse fazer panquecas, e eu e Paul nos sentássemos para comer, e ele me elogiasse como sempre.
Faço uma careta ao lembrar-me dele. Paul. Só o pensamento já me dá vontade de estrangular alguém. Como ele pode fazer isso comigo?
Resolvo olhar as roupas que Jhonatan me entregou. Reconheço-as, e sinto meu rosto queimar imediatamente. Meu sutiã, minha calcinha e minha camiseta do Sex Pistols rasgada.
Visto minha roupa íntima, e olho para o que ele deixou sobre a cama. Um vestido preto de alças, com a saia meio rodada e bem marcado na cintura, além de um decote bonito, não exatamente discreto, mas que também não é vulgar. Não sou fã de vestidos, mas esse me parece bonito. O visto, e é exatamente meu número.
Então arregalo os olhos. Cama de casal, roupa feminina no armário... Não acredito que eu fiz aquilo com um cara que tem namorada! E ele não parece nem ligar para o que aconteceu!
Lembro da traição de Paul no mesmo instante, e dessa vez sou eu quem se sente a vagabunda da história.
Saio do quarto, me sentindo derrotada, e querendo sair desse maldito apartamento. Mas então, lá vem ela! A raiva de novo! Sinto-me usada.
– Você não disse que tinha uma namorada! - Fuzilo-o com o olhar. Ah, como eu queria que essa expressão realmente acontecesse.
– Não disse mesmo. Eu não tenho. - Ele diz simplesmente, me encarando de volta, mas sem raiva.
– Ah, então você dorme sozinho em uma cama de casal e coleciona roupa feminina em casa. - Cruzo os braços.
– Na verdade sim, durmo sozinho em uma cama de casal. E as roupas são da minha irmã que vem dormir aqui de vez em quando. Será que dá para acreditar em mim? - Ele resmunga por fim, ao ver minha cara.
– Ok... - Suspiro, e me sento no sofá da sala. Pela primeira vez, analiso-o. Tem a pele morena, cabelo preto e olhos também escuros. É um pouco mais alto que eu, e parece ser forte. Usa uma calça preta e uma camisa branca. - Então, o que aconteceu ontem?
– Bem, você estava tão bêbada que nem ao menos era capaz de ficar em pé. E estava cheia de respingos de sangue DEPOIS FALAMOS DESSA PARTE! - Ele exclama, vendo que eu ia interrompê-lo. Jhonatan senta-se no sofá a meu lado. - Sua blusa estava rasgada e sua calça estava cheia de sangue daquele cara. Tive que me livrar da calça, desculpe, depois te compro outra. Continuando. Levei você para o chuveiro. Não me olhe assim, você estava de calcinha e sutiã, e eu juro que tentei não olhar para você. - Não acredito. - Tá, então você começou a falar do seu ex-namorado Percy e...
– Paul. O nome dele é Paul.
–Bem, você disse Percy ontem. E depois disse que eu era gostoso e me beijou. Aí uma coisa leva a outra e... ah, você sabe. Até ser acordado por uma garota em pânico.
–Ai. Eu não acredito. - Tampo o rosto com as mãos, completamente vermelha. - Me desculpe, eu nunca tinha bebido tanto antes. Nem ao menos conheço você.
– Meu nome é Jhonatan Palhares. - De novo, a sensação de que o conheço. - Tenho 25 anos. Moro aqui, e... não tenho um trabalho fixo. - Ele estende a mão.
– Ísis Nightblade. 23 anos. Atualmente não tenho casa, e sou garçonete do Walker’s. - Eu digo, apertando a mão dele com firmeza. Ele levanta uma sobrancelha.
– Encantado em conhecê-la.
– Você matou aquele cara.
– Olha, ele não era uma boa pessoa.
– Eu sei, mas matar...
– Ísis. Você não entende. Ele ia estuprar você, assim como já estuprou muitas outras. Ele bate na mulher com frequência, e engana os clientes dele no trabalho. Além disso, eu tinha que matá-lo. Mas eu prometo que não vou machucar você, entendeu? Agora, me fale sobre o Percy.
– Paul... - Corrijo-o. - Paul White. Ele era meu namorado. Estávamos juntos a um ano e seis meses, e morávamos na mesma casa a oito meses. Ontem eu cheguei mais cedo em casa e peguei-o na cama com outra.
– Paul White? Hm... Ele trabalha em quê?
Jhonatan parece muito interessado de repente.
– Ele é policial.
– E está trabalhando em algum caso atualmente? - Ele diz, tentando parecer casual.
Estreito os olhos.
– Na verdade sim, ele...
De repente, me lembro de onde eu sei o nome dele. Jhonatan Palhares! Claro! Palhares! Paul vivia falando nele ultimamente!
– E-eu conheço você... - Sussurro e me levanto. - Eu conheço você... - Repito, um pouco mais alto. Começo a tremer. Ao contrário de ontem, quando o álcool me impedia de ver o mundo a minha volta, dessa vez sinto aquele frio na espinha. O medo finalmente dá as caras.
– Ísis... - Ele também se levanta. Sua expressão é de desconfiança.
– Eu sei quem você é...
– Do que você está falando?
– Você é Jhonatan Palhares... - Eu me afasto lentamente, e então elevo o tom de voz, quando a ficha finalmente caí, e eu tomo consciência do que fiz.- Você é o subchefe da DEMON. - Bato as costas na parede. Ele me encara, ainda se aproximando. - Você é o subchefe da máfia de Derwood.
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Perdoem algum erro de ortografia, meu teclando anda bugado.