Gravado na Pele escrita por Claire


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

NÃO DEIXEM DE COMENTAR!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581541/chapter/7

Era noite quando terminei meu banho e decidi jantar. Mas, assim que desci, dei de cara com Nix na porta, com um vestido preto estonteante e uma maquiagem que eu tinha certeza que não era pra se usar dentro de casa. Seus sapatos altos comprovaram minhas dúvidas: ela não planejava passar a noite ali. Ela parou na porta quando me viu, deveria ter percebido minha expressão confusa.

–Que porra é essa? Não ia nem me avisar?

–A casa é minha, eu saio quando quiser.

–E eu ia ficar aqui que nem um idiota, te procurando? Eu podia pensar que algo aconteceu com você, Nix!

Ela refletiu por um tempo, antes de me desejar boa noite e fechar a porta na minha cara.

–Em que merda eu fui me meter...

Me deixei cair no sofá e estava decidido a esperá-la. Liguei no primeiro programa que achei no mínimo interessante e, totalmente contra as minhas expectativas, me deixei cair em um sono completamente sem sonhos.

Acordei com gritos, e me assustei ao perceber que não vinham de Nix. Levantei os olhos e a imagem de um homem semi-nu ocupou meu campo de visão. Ele gritava frases absurdas, xingando algo ou alguém de todos os nomes imagináveis e inimagináveis. Segurava algo, vulgo suas roupas, nos braços, completamente amarrotadas. Assim que me viu, dirigiu-se até mim e disse com uma voz que eu achei que fosse me partir ao meio:

–Acho bom você sair daqui o quanto antes. Tem uma vadia –ele quase gritou a palavra- no andar de cima. Uma psicopata, se isso te assusta mais. Eu não esperaria mais nenhum minuto se fosse você.

Percebi uma marca de um vermelho gritante no lado externo de sua coxa, algo parecido com uma letra ou sei lá o que, antes de sair batendo a porta e cantando pneu.

Estranhei a situação, mas logo algo me veio à mente: Nix. Subi correndo as escadas e entrei em seu quarto sem permissão, esperando encontrá-la chorando ou algo do gênero. Mas o que vi foi uma garota apenas com as roupas íntimas, sentada no chão com um caderno surrado na mão. Percebi que o que ela desenhava era similar ao contorno de um rosto. Quando me viu, jogou o caderno com força embaixo da cama, desesperada.

–O que faz aqui? Eu já te avisei pra bater antes de entrar!

Eu continuava pasmo com a situação quando ela me empurrou para fora do quarto e trancava a porta. Não sei quanto tempo permaneci parado na frente de sua porta, tentando absorver a cena que tinha acabado de ver. Decidi comer alguma coisa e tomar um banho frio, para clarear as ideias. Não conseguia assimilar nada do que tinha visto, ou não queria assimilar.

Durante a tarde inteira, Nix não saiu do quarto. Tive a leve impressão de ouvir um choro fraco quando bati em sua porta para lhe entregar o almoço. Ela não me respondeu nem comeu nada durante o dia todo. Foi um dia um tanto quanto angustiante, e decidi ligar para Fabrício.

–Alô?

–Oi Fab, sou eu.

–Ah, e aí cara, vivo? –riu

–Aham. Meu apartamento também?

–Relaxa, não pretendo destruí-lo tão cedo. Não enquanto esse for o único lugar que tenho pra ficar. Mas e aí, conseguiu alguma coisa?

–Nada de estranho até agora. Tudo parece bem normal. –menti

–Instalou as câmeras, né?!

–Aham. –menti novamente

–Que ótimo. Por que essa voz? Caiu da cama?

–Nada, só não estou lá muito bem hoje.

–Cuidado amigo, pode ser veneno. –ele riu com a própria piada infame

–Cala essa boca. –grunhi

–Não era pra levar assim tão a sério cara, relaxa. Bom, qualquer coisa me liga. Acho que você precisa sair pra levantar os ânimos. Me chama se quiser. Tchau.

E desliguei. Paulina não foi trabalhar naquele dia e resolvi sair por conta própria para comprar algo. Quando voltei, acomodei o bolo de chocolate e a caixa de bombons na mesa e o pote de sorvete no freezer. Vasculhei em busca de um papel e uma caneta e, assim que terminei, passei o bilhete por debaixo da porta de Nix, acompanhado de uma batida leve na porta. Ele imitava um ingresso de cinema, anunciando o horário e o filme. Não era nada menos do que um convite para que ela viesse assistir ao filme que aluguei comigo.

Cinco minutos antes da hora marcada, coloquei o DVD no lugar e liguei a televisão. Já tinha devorado metade da caixa de bombons quando ela apareceu e se sentou do meu lado. Olhei de relance, mas sua aparência dava a entender que preferia ficar quieta. Nix comia os chocolates em silêncio, prestando máxima atenção ao filme e, quando este acabou, ela me pediu para ajudá-la a subir até o quarto. Não neguei. Subimos os primeiros degraus com seu braço apoiado em mim, mas quando vi que ela parava constantemente e escondia o rosto, decidi que seria melhor carregá-la até lá em cima. Nix não protestou, mas manteve as mãos cobrindo seu rosto o caminho inteiro. Quando deixei-a no chão e ia abrir a porta de seu quarto, ela implorou para que parasse e deixasse que ela mesma entraria. Já estava com raiva de sua falha tentativa de se esconder de mim e peguei seu rosto entre as mãos, para que finalmente me olhasse. Quando fiz isso, vi que seu rosto estava inchado e ela chorava compulsivamente. Sussurrei para mim mesmo.

–O que aconteceu com você?

Ela negou com a cabeça.

–Você não vai embora, vai? –disse com um fio de voz

Neguei e lhe dei um beijo na testa. Ela abaixou a cabeça e entrou, sem se despedir. Fui em silêncio até o meu quarto, onde a insônia me acompanhou, junto com a vontade de poder acalentá-la em meus braços durante a noite.

Por volta das três da manhã, batidas soaram no quarto. Levantei com um pulo da cama e, assim que abri a porta, Nix me abraçou de um jeito que imaginei o quanto um abraço poderia lhe fazer falta. Retribui, dando-lhe um outro beijo na testa, enquanto ela enroscava o rosto manchado de lágrimas entre meus cabelos, quase suplicando:

–Posso dormir aqui com você?

Não respondi, apenas a abracei mais forte, deitando-a na cama, enroscada em meus braços. E ali, desejei que aquele momento nunca mais acabasse, e que ela nunca mais escapasse de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NÃO DEIXEM DE COMENTAR!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Gravado na Pele" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.