Gravado na Pele escrita por Claire


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Se não comentarem, não tenho como saber se estão gostando ou não, ou se algo precisa ser melhorado. Sem comentários, simplesmente não há sentido em continuar a escrevê-la. Fica a dica ;)



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Sonhei com algo parecido com um cavalo laranja caindo em uma armadilha, e logo eu estava tirando o seu couro e comendo a sua carne, que estranhamente, tinha gosto de pipoca de caramelo. Bom, meus sonhos nunca fizeram muito sentido, então, como sempre, eu desconsiderei.

–Acorda Eduardo.

Resmunguei algo parecido com “acabei de deitar, Fab”, quando me dei conta de que a voz que me acordava não era nada parecida com a de Fabrício. Mesmo assim, minha preguiça era maior do que qualquer curiosidade, e decidi permanecer na cama.

–Acorda, ou vou te acordar à força. Você tem cinco minutos.

Ouvi um estalido da porta se fechando com força, e caí no sono novamente. Algum tempo depois que não consegui contar, um balde de gelo era derramado na minha cabeça. Levantei com um pulo.

–Caralho! Que porra é essa?

Ela riu.

–Gelo.

–E por que isso agora?

–Se ainda não ficou óbvio, era pra você acordar. –um sorriso brotou de seus lábios- E também para você aprender que aqui quem dita as regras sou eu. Acho bom você se acostumar a acordar cedo se não quiser levar um desses da próxima vez. Aqui não tem mordomia e se não quiser passar fome, trate de repetir o que fez ontem, certo? Não traga ninguém para a minha casa, nunca. Entendido? E não me conteste. Já fiz mais por você do que deveria. Agora vai comer, bela adormecida, porque o café já esfriou.

Ela se virou e foi embora, me deixando sozinho com meu início de hipotermia. Tomei um banho rápido e, assim que vi o estado da minha cama, eu não sabia se aquilo tinha sido gelo ou se haviam mergulhado ela em uma piscina. Tentei levantá-la, mas o peso era descomunal. Bom, quem sabe alguns secadores de cabelo do tamanho de um tubarão não resolveriam o problema mais tarde. Desci.

O café parecia coisa de filme. Me sentei na mesa consciente de que não sentiria fome por um bom tempo depois daquilo. Nix estava no sofá e com um vestido da cor do bolo de laranja sobre a mesa. Ri com a comparação ridícula que fiz e pensei que, já que ela estava decidida em me deixar na seca, eu me contentaria com o bolo. Ainda com a boca cheia, disse:

–Pra quem estava com raiva de mim até ontem, eu não imaginava que seria recebido com um café desses.

Ela me olhou séria, e logo um sorriso falso ocupou o lugar da seriedade.

–Até parece que eu iria fazer isso. Ainda mais pra você! Agradeça à Paulina.

Quando me virei, a mesma senhora que me recepcionou na minha chegada à casa sorriu para mim da cozinha. Assenti, como um gesto de agradecimento breve, e voltei minha atenção para a comida que me aguardava.

O dia se passou melhor do que o esperado. Dei dinheiro à Paulina para que comprasse uma caixa de sorvete para a gente, que Nix não hesitou em aceitar. Resolvi tirar um cochilo depois e, quando acordei, fui explorar o jardim.

Definitivamente, nunca havia visto nada tão bonito quanto aquele jardim de cerejeiras. Senti uma respiração nas minhas costas.

–O que faz aqui?

Nix estava tão perto que era possível sentir sua respiração em minha pele. Dei de ombros, tentando parecer indiferente com aquela proximidade.

–Apenas observando. É lindo seu jardim... –disse, mas meus olhos se concentravam em seus lábios, e ela estava percebendo, pois logo se afastou e andou alguns passos à minha frente, até ficar de costas pra mim.

–Eu sei... Obrigada. Faz tempo que cultivo, gosto das cerejeiras... –ela se virou e seus olhos encontraram os meus. Respirou fundo algumas vezes antes de continuar. –Desculpa por ser tão hostil, mas deve entender que ainda não confio em você. Apesar de tentar me mostrar que não vai me fazer mal, não é sempre que um desconhecido vem e pede pra morar com você, mesmo por um curto período de tempo. –abaixou o olhar- De qualquer modo... Obrigada por estar aqui. É bom dormir sabendo que não se está sozinha. –Seus lábios se abriram em um tímido sorriso. Eu forcei um. Não sabia como responder àquilo, mas não achava certo prendê-la em uma pedra de gelo num momento como aquele.

–Estou no quarto ao lado caso precise de mim.

Ficamos nos entreolhando por mais algum tempo indefinido, que pareceu longo demais. Algo me dizia que se eu não sustentasse seu olhar, ela desabaria. Nunca imaginara que ela se sentia tão solitária a ponto de sequer uma noite com um estranho no quarto ao lado fizesse tanta diferença. Senti-me grato e orgulhoso de mim mesmo por isso, mas algo gritava dentro de mim para correr e abraçá-la, dizendo que ela nunca mais se sentiria sozinha. Naquele momento eu a via como uma criança desolada que acabara de perder os pais, e clamava pela segurança que qualquer estranho se dispusesse a oferecer. Mas não fiz isso. Não gostaria que ela interpretasse mal o meu gesto, e não sabia o que esperar daquela Nix que deixara a máscara cair à seus pés em tão pouco tempo. E quando ela desviou o olhar do meu, senti que aquela criança como antes a via, crescia e virava alguém que se sustentava sozinha, sem espaço para alguém a mais do que ela mesma. Assim que ela saiu da minha vista, me perguntei em quanto tempo mais ela me revelaria o que a atormentava a ponto de deixá-la daquele jeito. Quanto tempo mais ela levaria para confiar em mim. A imagem de Fabrício logo ocupou a minha mente, me dizendo pra voltar pra casa, para a companhia de alguém que eu realmente conhecesse e soubesse do que é capaz. Mas tão sincronizado quanto, a imagem do que poderia estar acontecendo em meu apartamento naquele exato momento me causou um certo pavor, e decidi que não gostaria de saber tão cedo se Fab estava mesmo dando conta do recado.

Assim que ia atravessar a porta que dava entrada do jardim para a sala, um som de água vindo de algum canto desconhecido me atraiu. Segui o som, dando de cara com uma piscina gigante, de onde Nix me observava um pouco atenta demais.

–Você não vem?

Sorri aliviado ao perceber que aquele clima de antes tinha se desfeito. Eu não estava com roupa de banho, mas foda-se. Tirei a camiseta que usava e pulei na água. Ela riu, e vi que me observava com olhos um pouco maliciosos. Resolvi tirar proveito da situação.

–Ainda consegue resistir a mim? –disse, abrindo os braços para me exibir. Ela ria alto, como se eu tivesse contado uma piada que não entendi.

–Eu nunca quebro uma promessa, Eduardo.

E sumiu de vista. Resolvi segui-la pela água, e a encurralei em uma das bordas da piscina, deixando meu rosto bem perto do dela.

–Tem certeza?

Ela olhava constantemente para meus lábios, e por um curto espaço de tempo, tive certeza que ganharia aquele jogo, quando ela se segurou em meu pescoço e sussurrou em meu ouvido:

–Tenho. –senti um arrepio com aquilo, e quando me dei por mim, ela não estava mais ali.

Passamos a tarde lá, jogando água um no outro como se já não estivéssemos molhados, como se aquilo fosse nos afetar de algum modo. E quando ela sumiu para dentro da casa, me perguntei como alguém poderia julgá-la tão mal.


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Notas finais do capítulo

Se não comentarem, não tenho como saber se estão gostando ou não, ou se algo precisa ser melhorado. Sem comentários, simplesmente não há sentido em continuar a escrevê-la. Fica a dica ;)



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