Gravado na Pele escrita por Claire


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Gente, por favor!! Vou parar de escrever se ninguém comentar; é tão fácil deixar um comentário!



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Acordei com Nix em meus braços no dia seguinte. A cama ainda permanecia um pouco úmida por causa do gelo, o que me obrigou a colocar dois lençóis por baixo, para que não ficasse fria. Ela ainda dormia quando me levantei para ir ao banheiro fazer minha higiene matinal. Era o meu quarto dia ali e fiquei surpreso com o magnetismo que Nix exercia sobre mim. Ela tinha algum tesouro dentro dela, algum imã na alma que me atraía. Não era paixão, eu não era um homem vulnerável. Mas eu a via diferente das outras pessoas. Em quatro dias ela conseguiu me mostrar que havia algo dentro de seus olhos que brilhava e ansiava por ser encontrado, mas que ela mantinha em segredo por algum motivo que eu desconhecia. Em poucos dias, conseguimos estabelecer uma conexão estranha e forte, e aquela noite que ela me pediu abrigo deixou isso bem claro: algo dentro daquele corpo clamava por abrigo, e eu, mesmo sem perceber, fui o único a ouvir essa súplica.

Assim que saí do banheiro, já limpo e trocado, observei-a sentada na cama, com as pernas cruzadas, observando atentamente meus movimentos quando indicou que me sentasse ao lado dela.

–Precisamos conversar, Eduardo.

Assenti e me sentei na cama.

–Não quero que você entenda mal quando pedi para dormir aqui com você ontem... Eu só... Estava com medo.

–Não interpretei mal, pode deixar. Mas também quero deixar claro que não aceitei por outro motivo além de querer te ajudar.

Ela assentiu, mas pareceu um pouco perturbada, ou com o que eu disse, ou com o que falaria a seguir.

–Eu não espero nada de você. Somos amigos, não somos? Eu pedi ajuda e você aceitou me ajudar, só isso. Nunca esperei algo mais.

Mais contente em saber que minhas ações não seriam mal interpretadas, peguei sua mão entre as minhas. Ela olhou com surpresa, sem levantar o olhar quando perguntei.

–O que te aflige tanto?

–Nada que eu não consiga contornar.

–Não tem vontade de botar pra fora, de vez em quando? De aliviar tudo isso? Eu estou aqui, e não pretendo te julgar.

Ela finalmente levantou o olhar de nossas mãos entrelaçadas e me guiou até seu quarto. Hesitou antes de entrar. Indicou que me sentasse na cama e atendi a seu pedido, enquanto ela se agachava e pegava algo em baixo de sua cama.

–Promete que não vai me abandonar?

Reconheci o surrado caderno de couro onde a vi desenhando outra noite, em suas mãos. Quando assenti, ela o esticou para mim.

Ansiei antes de começar a folheá-lo, e vi de relance que Nix se sentava da penteadeira branca, de costas para mim.

O caderno deveria ter por volta de trinta ou mais desenhos, desenhados com traços simplesmente perfeitos, sempre retratando diferentes rostos de pessoas. Homens. Reconheci no último, o homem que vi sair da casa noites atrás, xingando o mundo e com as roupas emaranhadas nos braços. Levantei os olhos para ela quando o reconheci, e percebi que me observava pelo espelho. Os desenhos pareciam fotos em preto e branco, de tão perfeitos que eram seus traços, e eram todos assinados por uma tal de Camila.

–Quem é Camila?

Ela desviou os olhos dos meus pelo espelho, e se concentrou em fazer uma trança em seus cabelos.

–Sou eu... Ou melhor, quem eu era.

–Como? –ela percebeu o espanto em minha voz, mas não se atreveu a me olhar nos olhos.

–“Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma”, Eduardo. E esse caderno faz parte do meu.

Depois de refletir um pouco sobre suas palavras e perceber que ela não me revelaria mais nada por hoje, me arrisquei em perguntar:

–Por que minha imagem não está retratada aqui?

Ela pegou algo em uma das gavetas da penteadeira, que deixou em meu colo, antes de responder e me deixar sozinho com minhas dúvidas.

–Acredite, você não iria gostar que estivesse.

Eu ainda tinha muitas perguntas a fazer que ela não se dispunha em responder. Percebi que, independente da curiosidade e do instinto de Sherlock Holmes que crescia dentro de mim, eu precisaria dar tempo ao tempo. Peguei o objeto que ela deixara em meu colo, e me dei conta de que encarava um livro. Na parte inferior da capa, liam-se as mesmas palavras que Nix dissera em algum momento, e bem acima, o título “Marina” chamava minha atenção, assim como o desenho de uma garota que andava de costas para mim, segurando algo parecido com uma mão de uma pessoa que não existia.

O livro não era grosso, e decidi me conter na leitura quando cheguei à página 80, para que demorasse mais para acabar. Eu nunca havia ouvido falar do autor antes, mas ele conseguiu me conquistar nas primeiras linhas. Algo naquele livro me consumia por dentro, me prendia a seu mundo imaginário, me fazendo acreditar por instantes que meu nome não era outro senão Óscar Drai. Pelas páginas gastas, dava para ver que tinha sido relido inúmeras vezes, e me peguei pensando na imagem de Nix, sendo consumida pelas mesmas palavras que eu agora devorava.

Ela não apareceu antes das seis da tarde, e passei o dia sendo tentado a retomar a leitura, mas não o fiz. Eu não queria que aquele mundo que o autor me tinha permitido entrar, acabasse assim tão rápido. Quando Nix finalmente saiu do quarto, fiquei aliviado por ter outra coisa em que me concentrar. Ela estava maquiada, com o cabelo caindo em ondas pelas costas, mas vestia um roupão de banho, e me perguntei se não sentia vergonha de aparecer assim perto de mim. Ela notou que eu a consumia com os olhos, mas não disse nada.

–Vai sair?

–Vou. –ela disse, preparando uma xícara de café, mas sem olhar para mim.

–Vai para onde?

–Para um bar aqui perto.

Não pensei muito antes de responder.

–Vou com você.

Ela se virou para protestar, mas eu já havia subido as escadas e entrado no meu quarto, com um sorriso maroto nos lábios. Vesti uma camisa preta que deixei aberta até demais, propositalmente, é claro, uma jeans escura e meu All Star branco nos pés. Escovei os dentes mas não me preocupei em arrumar os cachos enormes loiros que caíam nos ombros. Afinal, eu não era o Fabrício, e me preocupava mais com meu hálito do que com a minha aparência. Sorri com a ideia.

Esperei alguns minutos lá embaixo, antes de Nix descer para me acompanhar. Ela usava um vestido vermelho de uma manga só, que deixava as pernas totalmente descobertas. Fez cara feia para mim enquanto eu a observava, fascinado.

–Não achei que estava falando sério.

Ri.

–Nunca duvide de minhas palavras. E aliás, -disse enquanto pegava a chave de seu carro- o livro é fantástico!

–Sabia que iria gostar. Tentei ler outros, mas não chegaram nem aos pés deste. –Ela disse, arrancando as chaves da minha mão. –Eu dirijo.

–Você está de salto!

–E você de tênis. Ótima observação. –Ela riu irônica, enquanto eu a seguia para a garagem nos fundos da casa.

Assim que a garagem se abriu, a imagem de um Porsche prateado tomou meu campo de visão. Caralho, onde ela arruma tanta grana assim? Pensei. Eu estava paralisado, e olhava fascinado cada canto daquele carro. Quando me dei conta, ela já estava dentro dele, no banco do motorista, e buzinava para que eu acordasse de meu transe.

O caminho inteiro eu passei em silêncio, absorvendo cada segundo dentro daquela maravilha de automóvel, enquanto Nix ria de minha reação.

Estacionamos dez ou quinze minutos depois. Não era porcaria de bar nenhum, aquilo era uma balada. Olhei para ela, que recolocava os sapatos com calma.

–Você me disse que ia num bar!

–Não queria que se preocupasse. –ela deu de ombros antes de prosseguir- Duas e meia aqui no carro, está bem?

Assenti, mas sem prestar muita atenção, fascinado pela imensidão do local. Entramos. O lugar tinha cheiro de álcool e colônia e logo perdi Nix no meio da multidão. Depois de procurá-la por todos os lugares, sem êxito, resolvi ir tomar algo no bar, ignorando aquela pequena parte de mim que ansiava por encontrá-la. Logo esses pensamentos foram dissolvidos, quando uma mulher alta, com um vestido minúsculo que me parecia preto, pela fraca iluminação do local, e deixava seus fartos peitos quase inteiramente à mostra, se acomodou no banco ao meu lado. Conversamos por alguns minutos, mas aquela parte de mim, que eu jurava ser um instinto de superproteção, gritava por encontrar Nix. Pedi licença à mulher que agora estava quase no meu colo, e pedi que me esperasse enquanto eu ia ao banheiro. Ao invés disso, percorri o espaço todo atrás dela. Toda vez que via alguma mulher de uma roupa que parecia ser da cor vermelha, eu me sentia mais calmo, achando que era ela. Quando me dava conta de que observava uma mulher qualquer, meu corpo gritava de novo e eu retornava à sua procura. Eu me dirigi até algumas luzes, no outro extremo da boate, onde alguns sofás estavam dispostos e um outro bar se erguia. Eu já estava ofegante a esse ponto e parei para comprar uma água, quando esbarrei em um casal se estava praticamente se comendo ali dentro. Dei um gole e me virei para pedir desculpas, quando me dei conta de que olhava para Nix. Ela beijava um homem de camisa azul de uma maneira pouco reservada, enquanto ele percorria seu corpo com as mãos, como se ela fosse uma boneca qualquer, pronta para satisfazer seus prazeres. Um fogo que eu não sabia que tinha me consumiu, e fiquei com um certo medo do que ele poderia significar. Deixando esses pensamentos de lado e consumido pela raiva, separei os dois num gesto brusco, empurrando o idiota que antes se agarrava a ela com a clara intenção de machucá-lo, e disse:

–Acho que eu e ela precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

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