Encontrei Darren parado na portaria do meu prédio me esperando, não fazia ideia de como descobriu o meu endereço, talvez Bree ou Jeremy tenham passado, eles não sabiam sobre nós, não hesitariam em contar onde eu morava. Quis saber a quanto tempo Darren estava me esperando, mas o rapaz só deu de ombros e disse que há tempo suficiente, o carreguei para dentro do elevador porque o porteiro estava muito interessado na nossa conversa, apesar de fingir estar vigiando o monitor das câmeras de segurança.

A presença de uma moradora no elevador impediu que eu brigasse Darren ali mesmo, ele não poderia aparecer de surpresa na minha casa, nem no meu escritório, estava virando um habito irritante. Os cinco minutos que passamos presos ali foram o suficiente para as palavras de minha mãe na noite do jantar voltarem à tona, Darren havia sido coagido a ir embora e agora que eu sabia da verdade talvez ele quisesse se explicar, até pedir desculpas, não que eu estivesse muito inclinada a perdoar tudo e fingir que ele não foi um completo idiota.

A porta do elevador se abriu e eu puxei Darren para o meu apartamento enquanto ele se despedia da senhora que nos acompanhava. Fechei a porta e indiquei o sofá para que o meu visitante se sentasse enquanto eu buscava uma água para ele e algo um pouco mais forte para mim, não estava disposta a passar por essa situação sóbria.

— Ao que devo a ilustre visita? – Perguntei sarcástica.

— Sua mãe contou?

Não era preciso dar mais detalhes do que se tratava a pergunta, sabíamos o que Kate havia feito e o que deveria ser contado.

— Sim, na noite em que jantamos na mansão. – Entreguei o copo de água para Darren, o meu era uma taça de vinho.

— Meio cedo para beber, você não acha?

— Meio cedo para aparecer de surpresa na portaria do meu prédio, você não acha?

Darren deixou seu copo na mesa e pegou a minha mão livre entre as suas, a puxei como se tivesse lavado um choque, ainda sentia aquela eletricidade que corria dele para o meu corpo, se espalhava feito fogo em mato seco consumindo tudo o que via pela frente sem medir as consequências.

— Morrison, eu tive que dizer aquelas coisas, tive que ir embora, não era uma alternativa ficar do seu lado enquanto sua mãe estivesse disposta a me manter afastado de você. – Quase parecia sincero.

— Foi preciso ferir o meus sentimentos? – Ri com escárnio. – Darren Ferris, você é um cretino.

Dava pra acreditar naquele cara? Argumentar que não havia outra opção além de me magoar profundamente, dizer palavras duras, sair como se estivesse fugindo, aquela cena fez mais estragos do que eu posso mencionar, levei muito tempo para me convencer de que todas aquelas coisas que aconteceram comigo não eram minha culpa.

— Me deixe explicar pelo menos.

Acenei com a mão para que ele falasse logo.

— Quando Kate veio até mim para falar sobre nós eu tentei argumentar, queria dizer para sua mãe que eu poderia cuidar de você e até mesmo te fazer feliz, mas Kate estava obstinada a mandar você para a faculdade e você queria partir comigo. Meu plano sempre foi te levar comigo.

— O que mudou seus planos?

— Como eu disse Kate queria que você fosse para a faculdade, pediu para que eu me afastasse, enquanto Kate falava sobre o que eu faria você perder o meu coração murchou, eu te afastaria de um futuro de verdade, o que sempre desejou, fora que te faria brigar com a única pessoa que te amava tanto quanto eu.

Darren ficou cabisbaixo, falar sobre o passado devia doer nele, lembrar do quanto foi idiota. Meu visitante respirou fundo e continuou.

— Eu sabia que só terminar com você não seria o suficiente. Como eu poderia fingir que não te amava? Cada dia naquela casa seria uma tortura e logo todos perceberiam que havia algo errado.

— E aquela briga na piscina? Minha mãe mandou também?

— Não, aquilo foi ideia minha. Eu precisava te afastar definitivamente, aproveitei do meu passado não muito honrado, sabia que no primeiro sinal da volta do velho Darren sua confiança em mim ruiria. Precisei ir embora logo, ou você descobriria a minha farsa.

Tomei o conteúdo da minha taça em um gole, era muita informação para processar, estava na dúvida sobre acreditar ou não em Darren, tudo que ele disse se fazia sentido, não havia motivo para ele mentir porque tudo entre nós estava acabado, eu estava noiva de outro homem e Darren partiria para o Camboja no fim da semana.

— Quero muito acreditar em tudo isso, apesar de achar absurdo alguém armar tantas mentiras.

— Não espero que me perdoe tão rápido, sei que não é fácil para você. – Darren se aproximou. – Não há um dia que eu não me arrependa de ter ido embora daquela forma, você foi a única pessoa que me fez feliz de verdade, nós erámos apenas adolescentes na época, mas ainda me sinto da mesma forma em relação a você.

— Darren. Ouça, eu não posso voltar no passado. Não há possibilidade de eu ficar com você agora, estou noiva, eu amo o Ryan, é a melhor coisa que me aconteceu desde... Bem, desde Darren Ferris.

— Entendo, mas não acredito. Eu sinto toda essa energia que emana de você.

Darren se aproximou mais.

— Acha que não vejo a forma como me olha.

Mais perto.

— Que não sei que toda essa raiva vem do amor que você ainda sente por mim.

Ainda mais perto, eu podia sentir sua respiração próxima do meu rosto. Eu estava hipnotizada pelos seus olhos verdes.

— Nós dois queremos a mesma coisa.

Acordei do transe em que Darren me colocou, sua testa estava encostada na minha, próxima demais para ser um toque inocente. Eu não iria trair Ryan daquela forma, era covarde, sujo e errado. Levantei do sofá o mais rápido que pude, Darren fez o mesmo.

— Saia daqui! AGORA! – Falei com raiva.

— Eu vou, mas saiba que eu irei embora ao final da semana, estarei te esperando.

— Ficará me esperando até apodrecer porque eu não vou.

— Morrison, não perca sua última chance de viver o que foi interrompido, eu posso nunca mais voltar.

— Presunçoso.  

Darren pegou seu casaco do gancho.

— Eu ainda te amo, Morrison, mais do que jamais amei alguém. – Ele disse ao fechar a porta atrás de si.

— E eu te odeio Darren Ferris! - Joguei uma almofada na porta já fechada.