Em um sábado eu estava fazendo compras com a minha mãe e Bree, não era exatamente o que eu planejaria para me divertir, mas eu passava tão pouco tempo com as duas que foi difícil recusar a oferta da minha mãe. Estávamos em uma loja de sapatos escolhendo alguns pares, Bree estava se divertindo com a moça que a atendia como se fosse uma adulta, a vendedora mostrava diversos modelos para a criança que queria experimentar todos.

Minha mãe me mostrava alguns modelos que gostava. O gosto dela havia mudado bastante depois que se casou com Jeremy, mamãe passou do estilo despojado para o clássico. Era uma mudança compreensível, as mulheres do ciclo de amizade do meu padrasto eram esposas de ricos empresários ou mulheres de negócios, ambas se vestiam muito bem. Minha mãe e Jeremy não iam a bailes de gala ou jantares, era raro, no entanto ás vezes os encontros eram inevitáveis.

Eu queria falar sobre a faculdade com a minha mãe, queria dizer que talvez existisse outros caminhos que eu gostaria de seguir. Depois da minha conversa com Darren percebi que só queria ir para a faculdade porque era o que todos queriam, nunca pensei que poderia fazer coisas diferentes depois que me formasse, eu poderia ir com Darren para outros países onde ninguém saberia do nosso passado ou quem eram nossos pais, seríamos apenas nós, vivendo uma aventura. Era romântico pensar em nós desbravando o mundo que nos cerca, nosso lar seria ao lado um do outro.

Fui para junto da minha mãe que escolhia alguns sapatos de salto alto.

— Mãe... Você faz muita questão que eu vá para a faculdade? – Falei tão rápido que temi que Kate não tivesse entendido.

— É claro! Que pergunta estranha querida.

— E se eu não fosse? Se eu quisesse viajar pelo mundo, por exemplo.

— Viajar pelo mundo? Não é exatamente o seu tipo de aventura. – Minha mãe riu da ideia, ela me conhecia bem.

— Talvez seja.

— Bom, em uma situação hipotética onde você não queira ir para a faculdade... – Mamãe estava desconfortável com o assunto, percebi pelo seu semblante. – Eu ficaria decepcionada, mas não é como se eu pudesse te obrigar a ir.

— Acho que sim.

— Ir para a faculdade não foi uma opção para mim, eu tinha uma família para cuidar. – Eu me sentia mal por ter tirado dela a chance de estudar. – Nunca me arrependi de ter tido você, o meu bebê, o que não significa que eu deseje de todo coração que minha filha possa ir para a faculdade e ter um futuro maravilhoso. Quero que você não perca nenhuma oportunidade na sua vida, foi o motivo pelo qual te transferi para a academia Buckston e também o porquê de eu querer que você vá para a faculdade.

Suspirei. Óbvio que minha mãe não daria saltos de alegria por eu desistir de continuar os estudos. Nenhum pai ou mãe nesse país seria capaz disso, era o sonho de todos.

— Summer, há algo que você queira me contar?

Meu coração parou de bater por alguns segundo, seria possível que ela soubesse? Impossível, se Kate soubesse de algo já teria falado comigo, minha mãe odeia mentiras.

— Querida, sei que a Buckston cobra demais de seus alunos, é normal ficar com medo. – Mamãe passou a mão pelos meus cabelos, antes de ela ficar loira tínhamos os mesmos cabelos castanhos, por isso me incomodava que ela tivesse mudado para o loiro. – Não quero que se preocupe com a faculdade agora.

— Não estou preocupada. – Não iria mudar de ideia sobre ir com Darren.

— Estou com fome. Podemos ir almoçar? – Bree veio atrás de nós. – Ah Summer, esses são para você. – Era um par de sapatilhas azuis, sempre tão amável, tinha certeza que quando eu fosse embora Bree seria uma ótima filha para Kate.

— É linda, Bree. Obrigada. – Agradeci.

— Vou pagar esses sapatos e depois vamos almoçar. – Avisou minha mãe.

Fomos almoçar em restaurante do outro lado da rua, um bistrô francês com pratos quase impronunciáveis. Coloquei a França como um dos países que eu gostaria de ir com Darren, não era nada pitoresco, mas era romântico, não se vive apenas de aventuras. Pensar na viagem me deixava com um sentimento de culpa enorme, sabia o quanto significava para mamãe que eu fosse para a faculdade, estava dividida entre as duas pessoas que eu mais amava no mundo.

Passamos o resto dia juntas, era legal ter uma irmã mais nova como Bree, ela não era uma criança mimada, na verdade era até adulta demais para a idade dela, isso me assustava um pouco, era fácil esquecer que Bree tinha apenas oito anos. Era estranho pensar em Bree como irmã, porque ela era também minha cunhada. Por algum motivo, que eu desconhecia, minhas relações não podiam ser normais, sempre tinha que ter algo fora do comum que tornava tudo um caos, ou meu namorado era um gigolô ou ele era filho do meu padrasto.