Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 58
As luzes da cidade


Notas iniciais do capítulo

Hey, mais um capítulo por que eu to demorando muito para postar e vocês merecem ♥



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Não me arrumei muito para o encontro, não queria que parecesse que me esforcei demais para ficar bonita, coloquei roupas simples e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Desci as escadas para encontrar o Darren, minha mãe e Bree estavam na sala jogando banco imobiliário, por alguns segundos fiquei sem reação, me senti culpada por esconder coisas da minha mãe.

— Querida, o Darren me disse que vocês vão sair juntos, fico feliz por finalmente estarem se dando bem. – Minha mãe sorriu feliz, argh eu era uma pessoa horrível.

— Estamos tentando. – Dei um sorriso forçado.

— De qualquer forma é bom ver essa família deixando de ser uma zona de guerra.

— Hey Bree, não acabe com a mamãe no jogo, ok? – Tentei mudar de assunto da forma mais desesperada possível.

— Eu sou uma magnata dos hotéis. – Bree riu e minha mãe fingiu estar chorando.

— Tchau mãe e Bree. – Sai rápido da sala antes que a minha cara me entregasse.

Darren era irritantemente pontual, assim que sai da casa lá estava ele encostado em sua moto me esperando e lindo, Darren usava uma jaqueta de couro preta, calças da mesma cor e uma dessas botas maneiras de motoqueiro.

— Você poderia ter se esforçado mais do que isso.

Não respondi, apenas o olhei com raiva.

— Ok, desculpa, são os velhos hábitos. – Darren jogou um capacete para mim. – Vamos senhorita.

— Nessa coisa? – A Harley era uma moto intimidante.

— Ela não quis te ofender querida. – Darren passou a mão carinhosamente pelo banco da moto. – Suba logo, covarde.

— Já me arrependi de ter vindo. – Coloquei o capacete e montei na moto.

— Se segurar desse jeito vai acabar caindo. – Darren tirou as minhas mãos de seus ombros e as colocou em volta da sua cintura, me senti totalmente desconfortável. – Assim é melhor.

Quando chegamos ao lugar que Darren queria me levar, meus braços estavam dormentes por eu ter me prendido com toda a força que tinha a cintura de Darren, ele correu como se estivesse competindo por um prêmio. O local do nosso encontro era uma hamburgueria, pensei que Darren fosse mais refinado do que isso, não era uma lanchonete feia, no entanto era simples e um pouco afastada do centro.

— Esse lugar tem os melhores hambúrgueres de Nova York. – Darren disse sorrindo.

— Não faz muito o seu tipo. – Comentei.

— O que faz o meu tipo? – Ele pareceu curioso.

— Um restaurante chique que é preciso ter contatos para conseguir uma mesa sem ter feito uma reserva.

— Faz sentido, mas não quero te impressionar.

Darren tirou o capacete e pegou o meu.

— Conheci essa lanchonete quando vinha participar de rachas naquela avenida. – Darren apontou para uma avenida que circundava a orla da praia.

— Isso sim faz o seu tipo. – Coisas perigosas são muito a cara de Darren Ferris.

— Você acha que sou algum tipo de delinquente? – Darren fingiu estar ofendido.

— Sim, você é. – Darren abriu a porta do restaurante. – Um delinquente riquinho e mimado.

— A senhorita fere meus sentimentos.

— É preciso que você tenha algum para que isso aconteça.

— Sempre tão arrisca. Gosto disso. – Revirei os olhos, até quando se esforçava para ser legal o Darren era irritante.

Sentamos em uma mesa afastada com vista para a mesma avenida que Darren havia me mostrado antes, a decoração era simples como o lado de fora, havia um balcão grande de madeira, as mesas era também de madeira com uma toalha branca, a iluminação era baixa dando um ar intimista para o ambiente. Atrás de Darren havia uma parede com diversos nomes. O garçom que nos atendeu era amigo de Darren, acho que ninguém ali sabia quem ele realmente era.   Fizemos nossos pedidos e o rapaz foi para cozinha providenciar.

— Seu nome está ali também? – Apontei para a parede atrás de Darren.

— Sim, Louis colocou lá. – Darren se levantou e indicou o seu nome e ao lado estava escrito “o cara mais louco que já conheci”.

— Esse Louis corria com você, sabe, nos rachas?

— Não, Louis é o garçom que nos atendeu. – Fiquei um pouco envergonhada por sequer ter prestado atenção no nome do rapaz que nos atendeu. – Ele é legal, trabalha aqui para juntar dinheiro para a faculdade.

— Ele sabe que você é um Ferris?

— Não, ninguém sabe. Essas pessoas não estão preocupadas com quem eu sou ou com o que eu tenho. – Darren deu de ombros. – Por isso gosto de vir aqui.

Aquele era um lado de Darren que nunca conheci, para mim ele era só um riquinho mimado que usava seu dinheiro para sentir superior, nunca pensei que talvez tivesse algo bom dentro daquele coração gelado. Eu estava o julgando sem o conhecer de verdade, sempre me orgulhei de ser melhor que Darren, mas a verdade era que talvez eu também não fosse uma pessoa tão boa assim.

— Darren. Eu preciso saber. – Sequei as minhas mãos soadas em minha calça, estava nervosa. – Porque você me beijou em Charlotte? E esse encontro? Sempre foi tão nítido que você não nutria bons sentimentos por mim.

— Quando conheci você meu pai sempre fazia questão de dizer o quanto o eu deveria me espelhar no seu comportamento. Jeremy pode ser um cara legal para os outros, mas para mim ele sempre vai ser o pai que cobra demais, eu não queria você na minha casa lembrando o meu pai o quanto eu não era o que ele esperava de mim.  Com o tempo vi que ele estava certo, você era sempre tão boa com todos, até com a Mandy na noite do baile, a forma como você trata a Bree...

Meu coração começou a bater de uma forma estranha.

— Summer, você é tudo que eu não sou.

— Não é verdade. – Me senti mal por Darren, nunca me coloquei no lugar dele.

— Naquele dia no enterro do seu pai. Quando vi você tão fora de si, tão destruída, eu só pensei em juntar todos os seus pedaços, curar seu coração. – Darren passou a mão pelo seu cabelo que estava meio rebelde por causa do capacete. – Eu sei como é ter seu coração quebrado e não por causa de um amor de adolescência, mas sim pela pessoa que deveria ser sua fortaleza.

Ele estava falando da mãe dele, Darren nunca falava dela, ninguém na família Ferris citava esse assunto, imaginava o quão difícil foi para todos.

— Deve ter sido duro para você e a Bree.

— Minha mãe se matou, ela não morreu por causa de uma doença. Meu pai quer que todos acreditem que ela adoeceu e não aguentou o tratamento, mas não é a verdade.

Por instinto peguei a mão de Darren, ficamos ali nos olhando por alguns segundos, não sabia o que dizer. Meu pai havia morrido por causa de um câncer, já a mãe de Darren e Bree preferiu tirar a própria vida a ficar com os filhos, eu não fazia ideia do quanto aquilo deveria doer. Naquele momento era eu quem queria colar os pedaços de Darren.

— Seus hambúrgueres! – Louis colocou os nossos lanches na mesa. – O chefe caprichou, é a primeira vez que nosso amigão aqui traz uma garota. – Louis deu uma piscadela para Darren.

— Ele te pediu para dizer isso a todas as garotas? – Perguntei divertida pra Louis.

— Não, não mesmo. Nunca vi esse rapaz com uma garota, até suspeitei que ele não gostasse da fruta. – Loius apontou para Darren. – Olha bem para esse arrumadinho.

— Ok, Louis, aquela mesa está te chamando. – Darren indicou a mesa onde estava um grupo de rapazes.

— Já estou indo. – Louis saiu de cena.

— Vamos comer. Quero te levar em outro lugar. – O humor de Darren mudava muito rápido.

Assim que terminamos de comer Darren se despediu dos amigos e me deu o capacete para que eu o colocasse. Dessa vez foi um pouco menos desconfortável colocar as mãos em volta da cintura dele. Cruzamos a cidade em direção ao mirante que ficava na praia, dali era possível ver as luzes da outra ilha de Nova York. Era um lugar movimentado, havia alguns casais e famílias por ali. Eu e Darren nos sentamos em um banco com visão para a ponte que saía de Manhattan.

— Parece que foi em outra vida que eu morei do outro lado dessa ponte. – Sentia tanta falta da minha vida antiga.

— Você ainda quer voltar? – Darren encarava seus sapatos.

— Quero, mas não seria a mesma coisa. – O lugar ainda era o mesmo, mas eu havia mudado em tantos aspectos que não seria como retomar a minha vida da onde ela parou.

— O rio nunca é o mesmo. – Darren divagou.

— Não, não é. – Olhei para as luzes atrás de mim. – De qualquer forma a minha vida é desse lado agora, tenho que aceitar isso. Voltar para lá significaria minha mãe e Jeremy separados, e se tem algo que eu não quero ver é minha mãe infeliz.

— Isso é bem altruísta. Abrir mão da vida que você queria ter para que sua mãe pudesse ficar com o meu pai. – Darren levantou o rosto e me encarou, seus olhos estavam claros como uma esmeralda.

— Não é tão difícil assim ter um motorista e viver em uma mansão. – Ri da minha própria piada.

— Morrison, você é até que é legal. – Darren afastou uma mecha rebelde do meu cabelo.

— Você também não é tão ruim. – Respondi rindo.

— Posso te beijar? – E lá estava o usual sorriso sacana.

—Achei que nunca fosse perguntar.

Darren se aproximou de mim, antes de me beijar fitou meus olhos como se conseguisse ver através deles, aquele foi um beijo de verdade, ele colocou seus lábios sobre os meus com cuidado, aos poucos foi aumentando a intensidade com que nos tocávamos, minhas mãos foram em direção ao seu cabelo, ele era tão cheiroso. Darren me abraçou forte, não me incomodei, era bom sentir o calor que seu corpo emanava.

Continuamos ali o resto do tempo, nos beijando e conversando sobre coisas sem importância, eu estava totalmente presa pelo charme de Darren Ferris e já não achava mais que isso fosse tão absurdo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Beijos.

S.W.