O resto do tempo que fiquei em Charlote passou como um borrão, me recusei a falar com Darren, não queria saber o que diabos ele achava que estava fazendo, as coisas já estavam bem complicadas sem a ajuda daquele idiota.

Deixei um bilhete para Darren pedindo que levasse o meu carro, eu iria de ônibus para casa, eu não me sentia em condições de passar três horas no volante, seria uma coisa estúpida colocar a minha vida em perigo.

Arrumei a minha mala o mais rápido que consegui, não havia trazido muitas coisas por isso foi fácil. Comprei a passagem pela internet e deixei uma mensagem para Amélia agradecendo tudo que ela havia feito por mim, não fui muito sincera, preferia continuar achando que meu pai estava perdido no mundo do que saber que ele tinha outra família em um lugar não tão distante.

Dormir a maior parte da viagem, ainda estava exausta depois de tanta confusão, o problema era que toda vez que fechava os olhos a imagem de Darren me beijando invadia a minha mente, era perturbador a forma como ele conseguia mexer comigo, queria poder apagar aquela cena para sempre. No canto mais obscuro do meu ser eu sabia que havia gostado e esse era só uma das várias problemáticas que envolviam todo o caso.

Passei o resto da semana evitando o Darren, o que não era a tarefa mais simples do mundo levando em consideração que morávamos na mesma casa, de manhã eu corria para mesa onde era uma zona segura e durante a tarde me trancava no quarto, não era como se Darren estivesse me perseguindo, mas não iria dar a oportunidade de ele tentar algo novamente.

O meu plano deu certo até por alguns dias, mas como eu temia não foi possível fugir para sempre. Eu estava no entrando na casa quando Darren me alcançou na porta.

— Você pretende fugir para sempre? – Darren segurou a maçaneta impedindo que eu entrasse.

— N-não estou fugindo. – Eu realmente mentia muito mal, minha voz saiu falhada e com pouca confiança.

Tentei empurrar a porta, mas Darren a puxou de volta.

— Sim, você está. Faz uns quatro dias que não consigo falar com você. Todas as vezes que te vejo sempre tem alguém por perto.

— Não temos nada para conversar. – Cruzei os braços de forma meio atrapalhada.

Darren levantou uma sobrancelha de modo inquisitório.

— Podemos fingir que aquele beijo nunca aconteceu?

Era o que eu estava tentando fazer desde que voltamos, fingir que nunca fui beijada por Darren Ferris, até na minha cabeça essa frase soava estranha.

— Morrison, não consigo parar de pensar nesse beijo, não posso simplesmente fingir que não aconteceu. – Fiquei na dúvida se ele estava sendo sincero ou só zombava da minha cara como sempre.

— Somos irmãos. – Tentei o argumento mais furado de todos, porque passei os últimos meses dizendo para todos que não éramos irmãos e nunca seriamos.

— Não, não somos. – Darren deu um passo para frente diminuindo o espaço entre nós. – Mal nos conhecemos.

— Somos s... – Minha frase foi interrompida por um beijo, Darren colocou seus lábios sobre os meus com pouca pressão, foi rápido, mas o suficiente para me calar.

— Me dá uma chance. Quero levar você para um encontro de verdade. Se for o pior encontro da sua vida, nunca mais falo com você.

Fiquei com a boca aberta esperando o resto, não era possível que aquilo estivesse mesmo acontecendo. Provavelmente quando eu aceitasse Darren diria que era tudo uma brincadeira e iria rir da minha cara.

— Não estou brincando com você, não faria isso depois de tudo que aconteceu. – Darren se defendeu adivinhado o que eu estava pensando.

— Darren... – Um lado meu ficou extremamente tentado com aquele convite, qual era o meu problema afinal?

— Por favor, te espero aqui na porta ás oito.

Antes que eu pudesse dizer algo a respeito, Darren entrou me deixando parada na porta como uma idiota, aliás, era o papel que eu mais vinha fazendo ultimamente, o de trouxa. Entrei e bati a porta com um pouco de força demais, uma das empregadas que varria a sala para o que estava fazendo para prestar atenção em mim, pedi desculpas e subi para o meu quarto.

Tranquei a porta e liguei para Carly, não tinha contado sobre o beijo para minha amiga, só as partes sobre a péssima experiência em Charlotte, pensei que se não contasse não teria que lidar com a situação, aparentemente estava enganada, pra variar.

— Alô sumida! – Carly atendeu rindo.

— Você pode conversar agora? É importante.

Ouvi o barulho da porta do quarto de Carly se fechando.

— Conte-me tudo, não esconda nada.

— Darren me beijou em Charlotte e agora quer que tenhamos um encontro.

Nada de resposta, apenas silêncio.

— Alôôô...

— Estou tentando digerir todas essas informações. Porque não me contou antes? - Carly soou meio chateada.

— Não contei a ninguém, você tem ideia do quão absurdo isso parece?

— Como foi? – A risadinha nervosa dela entregou que já estava perdoada por não ter contado.

— Estranho.

— O enviado de satã é gostoso tenho que admitir, mas vocês são tipo irmãos.

Revirei os olhos, Carly sabia mais do que qualquer outra pessoa que eu não considerava Darren como meu irmão.

— Não somos irmãos. – Argumentei.

— Oh meu Deus! Você quer sair com ele? – Carly gargalhou alto. – Por favor, faça isso.

— Ficou louca?

— Saia, se você não for vai sempre se perguntar o que teria acontecido. É obvio que você quer, senão não teria me ligado na hora do meu seriado favorito.

— Não sei...

Carly bufou do outro lado.

— Vai logo e só volte a me ligar quando tiver novidades quentes.

— Éca. – Imitei o barulho de alguém vomitando.

— Summer?

— Sim.

— O Darren beija bem?

— Oh cale essa maldita boca.

Desliguei o telefone e fui me arrumar. Carly estava certa eu queria saber no que daria esse encontro, ou talvez fosse apenas aquele canto obscuro querendo dar outro beijo no Darren Ferris, eu realmente não estava no meu melhor juízo.