Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 55
A hora do Adeus


Notas iniciais do capítulo

o clima ficou pesado nesse capítulo.



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 Chegamos a Charlote no horário previsto, o dia estava nublado, pouco convidativo, eu também não sentia uma pessoa calorosa, quanto mais nos aproximávamos do hospital onde meu pai estava mais meu ânimo diminuía. Darren permanecia no seu silêncio sepulcral, não o faria falar por não ter o que dizer a ele.

Darren parou meu carro no estacionamento do hospital, Amélia havia mandado uma mensagem dizendo que estaria na portaria principal do prédio que era um enorme bloco azul sem vida, o que esperar de um hospital? Para minha surpresa Darren colocou a mão no meu ombro e acenou com a cabeça como se dissesse “estou aqui”. Passei pelas portas de vidro da entrada e logo avistei Amélia me aguardando ao lado do balcão da recepção, ela se parecia tanto com meu pai que era quase desconcertante. Perguntava-me quantas pessoas da minha própria família não conhecia.

— Como foi a viagem? – Amélia perguntou me dando um abraço surpresa que eu quase não retribuí por ser no mínimo inesperado.

— Tranquila. – Darren respondeu por mim.

Amélia se soltou de mim para olhar para Darren parado ao meu lado.

— E esse jovem deve ser o irmão ao qual sua mãe se referiu. – Amélia estendeu a mão para que Darren a cumprimentasse. Minha mãe estava agindo pelas minhas costas mais uma vez.

— Minha mãe falou com você sobre Darren?

— Ah sim, me ligou para falar sobre sua visita, não se aborreça, ela queria apenas garantir que não seria uma experiência traumática demais. Kate se preocupa muito com a filha amada, nada que nenhuma outra mãe maravilhosa não fizesse. – Amélia deu um sorriso cansado.

— Entendo. – Tentei não julgar Kate, devia ser difícil para mamãe também. – Quando poderei ver meu pai?

— O quanto antes. – Amélia secou uma lágrima fujona. – Seu pai piorou hoje, de manhã ele quase... – sua frase foi interrompida por um soluço, mas eu sabia como terminava.

 Minha tia começou a chorar, fiquei sem saber como agir, então a abracei o mais forte que consegui o que pareceu funcionar. Amélia me pegou pela mão para que a seguisse até o quarto do meu pai, Darren disse que iria até o restaurante do outro lado da rua comer algo, aquele garoto vivia com fome ou era só uma desculpa para não ficar ali, não o culpava o clima não era dos melhores.

O elevador nos levou até o terceiro andar, as portas se abriram revelando um enorme corredor com uma série de portas, pessoas e a equipe do hospital circulavam de um lado para o outro. Segui minha tia sem perceber, estava entrando em um estado de torpor, as palavras sumiram da minha mente ao abrir a porta do quarto 225, lá estava o homem que eu conhecia como meu pai, um pouco mais velho, alguns quilos a menos e muitas marcas de expressão a mais. Os aparelhos ao qual meu pai estava ligado emitiam bipes suaves, seu peito subia e descia tão suavemente que lutei contra o impulso de verificar se ele estava realmente respirando.

— Summer? – Uma moça ruiva me chamou, até então não tinha percebido sua presença no quarto.

— Sou eu. – Respondi.

A mulher levantou da cadeira onde estava e veio até mim, devia ser alguém da família.

— Sou Helen, esposa do seu pai.

Amélia apertou a minha mão como se soubesse que aquela noticia me abalaria. Cumprimentei Helen sem muita emoção, nem poderia, era o pior momento do mundo para se conhecer alguém.

— Fiquei surpresa ao saber que viria.

— Fiquei ainda mais ao saber onde meu pai estava.

Amélia foi para o lado da cunhada.

— Helen, meu bem, vamos deixar Summer a sós com o pai.

Minha madrasta deu um longo suspiro.

— Preciso de um café, estou sem dormir a quase um dia inteiro.

Amélia deu um beijo rápido nas costas da minha mão que ela segurava.

— Infelizmente Gregory não teve um momento lúcido desde ontem, mas o médico disse que podemos falar com ele e tenho certeza que seu pai adoraria te ouvir.

— Obrigada. – Foi tudo o que eu consegui dizer.

As duas mulheres saíram juntas fechando a porta atrás de si. Puxei a cadeira onde antes estava Helen, sentei do lado da cama e peguei a mão do meu pai, estava fria e sem movimentos. Não sabia o que dizer a ele naquele momento, todo o discurso que montei nos últimos dias se foi. Achei que chegaria a Charlote, diria todas as coisas que guardei por anos, talvez tivesse feito em outro momento, vendo Gregory na cama respirando por aparelhos só me fez sentir pena, não compaixão, somente pena, não conseguia nutrir um sentimento verdadeiro de amor por aquele homem, a doença não o fazia menos culpado de seus pecados do passado.

— Pai... Sei que não está me ouvindo... – Tentei começar. – O médico disse que podemos conversar com você, mas acho que é só para fazer nos sentirmos um pouco melhor.

Peguei sua mão novamente, era estranho, ainda era como se ele estivesse longe, eu estava novamente falando com o fantasma de papai que habitava a minha mente, ele não tinha respostas satisfatórias para explicar o que eu precisava saber.

— Pai, porque você foi embora? – Deixei que a ferida de tantos anos se abrisse novamente, chorei. – Por quê?

Os equipamentos começaram a fazer um barulho estranho, o bipe suave foi substituído por um apito agudo, ele estava morrendo, esperou que eu viesse para finalmente partir. Uma equipe entrou no quarto às pressas e pediu para que eu saísse, uma das enfermeiras me acompanhou para fora, sentei no bando ao lado da porta e sucumbi às lágrimas.

Logo Amélia e Helen aparecerem na novamente, assim que me viu do lado de fora chorando ela soube, o copo de café que estava em sua mão foi parar no chão. Minha madrasta chorou alto, o som se assemelhava com o guincho de um animal ferido, ela devia realmente amar meu pai. Me senti mal por estar ali, por não sentir realmente sua morte, não como aquelas duas mulheres.

— Hellen, por favor, se acalme. – Amélia pediu a abraçando. – Os médicos ainda estão lá e ... - Helen chorou ainda mais.

Os médicos ainda não haviam anunciado a morte, nem precisava, vimos a equipe deixar o quarto aos poucos. O doutor anunciou o que já lamentávamos, Gregory Morrison estava morto e mais uma vez o meu pai me deixou, agora era para sempre.

— Eu não estava lá... Eu deveria estar... – Seus olhos se encontraram com os meus, por um instante pensei ter visto raiva passar por eles. – Oh Gregory!

Adeus Gregory, Adeus papai.


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Notas finais do capítulo

Acho que vou postar o outro ainda hoje.


Beijos,
S.W.



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