Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 53
Companheiro de viagem


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pronto :)



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Arrumei minhas malas pela manhã, não ficaria mais que um dia em charlote então consegui colocar tudo em uma única mochila. Com muito custo consegui convencer a minha mãe de que o motorista não precisava me levar, não era tão longe e eu chegaria antes do almoço no local marcado com a Amélia. Foi bom ver como a mamãe se esforçou para me deixar ir, finalmente estava crescendo e andando com as minhas próprias pernas, não precisaria mais de seu colo protetor.

Coloquei minhas coisas no carro, partiria em menos de uma hora. Já tinha todo o trajeto e paradas programados, conseguiria descansar e chegar na hora, e se tratando da situação do meu pai o tempo era um fator importante.

— Buenos días , Morrison! – Darren passou por mim e jogou sua mochila no banco de trás do meu carro.

Fiquei alguns segundo o encarando tentando entender o que ele estava aprontando, era algum tipo de provocação, sempre era.

— O que você está fazendo? – Fechei a porta traseira com força, não precisava das brincadeiras de Darren, não com tanta coisa na minha cabeça.

— Despejando o lixo... Oh não é o seu carro, quase não consigo diferenciar essa lata velha de um caminhão de lixo. – O meu carro era novo, mas Darren fazia questão de o desprezar por ser muito mais barato do que qualquer carro na garagem dos Ferris.

— Não tenho tempo para as suas gracinhas hoje. Tire essas tralhas do meu carro.

— Não mesmo! Vou para Charlote também.

— O que? Acho que ouvi mal. Você disse que vai para Charlote comigo?

— Sua mãe pediu para eu te acompanhar. – Ele deu de ombros, maldita mania irritante.

— Ela não faria isso. – Por um momento vacilei quando me lembrei do acordo para o baile. – MÃE!

Corri para dentro da mansão, queria que fosse mais uma brincadeira sem graça de Darren.  Fui até a sala de jantar onde minha mãe e Bree tomavam o café da manhã. Minha expressão devia ser de pura raiva, porque Kate largou sua torrada e veio imediatamente para o meu lado, era verdade soube no momento em que olhei em seus olhos.

— Como pode? Darren é a última pessoa que quero passar três horas dentro de um carro e você sabe disso!

— Se acalme, por favor! Eu pedi que Darren te acompanhe por ele ser melhor motorista e não estar tão nervoso com toda essa bagunça.

— Mãe, ele não está nervoso porque não se importa! Ele me odeia, só concordou em ir pra ver o show de horrores que é a minha vida.

Podia listar cento e oitenta motivos para Darren não ir comigo, em um momento tão difícil é preciso um amigo de verdade do seu lado e não um egoísta mesquinho que só quer ver o seu sofrimento. Como me sentir forte diante da situação com Darren puxando o meu astral para baixo?

— Pedi a ele que se comporte e não comente nada. Darren tem sido muito rude com você querida, mas entende como é perder alguém tão próximo. Tenho certeza que seu irmão irá se esforçar para não ser desagradável.

Tentei ignorar a palavra irmão no meio da frase absurda dita por minha mãe.

— Você acha mesmo que ele vai te obedecer? Sério mãe?

Mamãe segurou minha mão com força, isso queria dizer que ela estava brava, mas não o suficiente para brigar comigo.

— Você pode se surpreender com Darren e se ele não for junto, você não irá.

— É sua palavra final? – Perguntei temendo a resposta.

— Definitiva. – Ou seja, ele teria que ir de qualquer jeito.

— Você é tão injusta! – Reclamei.

— Não haja como uma adolescente mimada. – O tom acusador na voz de Kate me irritou mais do que suas palavras.

Sequer respondi ao comentário de minha mãe, como não se revoltar com a situação? Eu passaria infinitas três horas dentro de um carro com um garoto que me odeia, o melhor de tudo é que estamos indo ver meu pai debilitado e uma tia que eu sequer conhecia pessoalmente, as coisas estavam ficando cada vez mais malucas.

Peguei algo para comer no caminho e fui até o meu carro, presente de Jeremy que hesitei muito em aceitar. Ao abrir a porta do motorista me deparei com Darren mexendo nos botões do console como uma criança curiosa. Mal havíamos saído de casa e eu já queria estrangular o Darren, seria uma viagem muito, muito, muito longa.

— Saia do meu lugar. – Mandei com raiva.

— Não. Eu dirijo muito melhor do que você e não quero voltar para casa em uma cadeira de rodas.

— Se não sair voltará em um carro funerário.

Darren colocou o cinto de segurança em uma lentidão provocativa, só podia ser castigo de outras vidas.

— Adoro quando você retruca. – Ele deu dois tapinhas rápidos no banco ao lado. - Agora para o banco do passageiro senhorita.

— Eu te odeio. – Dei a volta e sentei no banco do passageiro, não estava no clima para discussões.

— Te garanto que é reciproco. – Darren deu seu sorriso de desdém usual.

Darren arrancou com o carro e saímos pelos portões da mansão Ferris. Como minha mãe prometeu Darren se calou imediatamente, sequer reclamou da estação de radio que escolhi, se a paz continuasse talvez chegássemos vivos até a o destino final.

Nos filmes momentos difíceis definem quem serão os vilões ou os heróis. Na vida real não é tão definido os nossos papeis, passamos a vida toda divididos entre momentos que somos vilões ou heróis, e no fundo só queremos ser salvos, somos apenas humanos, fracos e perdidos.

Pode parecer só um grande drama adolescente, mas saber que seu pai preferiu viver sem você não é algo que pode ser ignorado. Eu queria respostas mesmo sabendo que elas iriam me ferir mais do que mil flechas lançadas contra mim. As feridas causadas pelos alunos da Buckston, pela Amanda, pela Eric e até mesma as causadas por Darren já haviam se fechado, menos a causa pelo meu pai, essa ainda latejava e cada quilômetro que nos aproximávamos, mais doía.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, o próximo terá mais emoções.


Beijos.

S.W.