Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 50
O passado obscuro dos Morrison


Notas iniciais do capítulo

oooooi, alguém ai? Finalmente tive uma luz para esse capítulo!



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Deixei o papel com o número da misteriosa Amélia ao lado do celular, assim que fosse um horário oportuno para ligar para um desconhecido, eu iria entrar em contato. Tentei lembrar se conheci alguma Amélia, não consegui recordar de ninguém. Pensei que se tratasse de uma amiga de minha mãe, porém a senhora Rosenberg disse que Amélia procurava por mim. Eram tantas especulações, me forcei a dormir, não ajudaria nada passar a noite em claro.

Acordei antes de o despertador tocar, minha ansiedade era tanta que duvidava que tivesse dormindo de verdade. Eram oito horas de um domingo, não era um horário nobre para ligar a desconhecido, mas se Amélia deixou seu número era por que tinha pressa.

Peguei meu telefone e disquei os numero que estavam escritos com capricho, foram três toques até que alguém atendesse.

— Alô. – Uma voz feminina falou.

— Oi, Amélia? – Perguntei.

— Sim. Quem está falando?

— Summer, Summer Morrison. Você deixou seu número com minha antiga vizinha, senhora Rosenberg, ela me contou que você procurava por mim.

O silencio foi esmagador, Amélia soltou um soluço baixo.

— Amélia? – Chamei. – Ainda está ai?

— Sim, estou... Achei que sua mãe não permitiria que você ligasse, ela foi muito clara quando disse para que eu não a procurasse mais e...

— Espere! Minha mãe? – Fiquei confusa com as palavras da mulher no telefone, por qual motivo minha mãe não me deixaria falar com aquela estranha?

— Sim, falei com ela na semana passada e foi um tanto quanto intenso, mas entendi o recado, por isso não dei mais noticias. – Amélia falava como se eu soubesse quem era ela, o que me deixou ainda mais confusa.

— Amélia, quem é você? O que minha mãe disse para te afastar? Nada do que você está me dizendo faz sentido.

Fez-se silêncio, fiquei imaginando se ela estava repassando o que eu disse ou apenas ponderando se deveria me contar seja lá o que havia para me contar. Milhares de hipóteses se passaram pela minha cabeça, até a que eu era adotada e Amélia minha verdadeira mãe, o que eu achei pouco provável, já que sou extremamente parecida com minha mãe.

— Summer... É melhor você conversar com sua mãe antes, depois eu responderei todas suas perguntas.

Ótimo, mais perguntas e nenhuma resposta concreta.

— Preciso saber agora!

— Então pergunte agora para sua mãe. – Ela desligou na minha cara, na minha cara!

Sai correndo do meu quarto até onde toda a família tomava café, quase rolei as escadas tentando descer o mais rápido que meus pés permitiam. Qual era o segredo que minha mãe escondia de mim? Quem era Amélia? Porque esconder a existência dessa mulher? Qual era a ligação entre elas? Listei mentalmente tudo que perguntaria, não queria nenhum detalhe sujo de fora.

— MÃE! – gritei da porta da sala de jantar.

— Você se esqueceu de dar o remédio da louca ali? – Darren apontou o dedão na minha direção.

— CALA A BOCA! – Gritei meio descontrolada.

— Darren, se você não quer perder esse dedão, sugiro que coma seus cereais em silêncio. – Minha mãe disse rindo. – E você, Summer, se acalme.

Espalmei minhas mãos no vidro da mesa e inclinei meu corpo na direção de minha mãe.

— Quem é Amélia?

O sorriso de mamãe se desfez, no lugar apareceu uma carranca.

— Eu é que pergunto quem é Amélia.

— Não se faça de sonsa. – Sabia que era perigoso chamar minha mãe de sonsa, mas ela precisava saber que eu não estava jogando no escuro, ok, talvez estivesse. – Ontem fui ao nosso antigo apartamento, a nossa simpática vizinha, senhora Rosenberg, me entregou um papel como o numero dessa Amélia, que queria muito falar comigo. Hoje liguei para essa mulher e ela começou a falar um monte de coisas sem sentido e pediu para que eu perguntasse a você.

Jeremy trocou um olhar pesaroso com minha mãe, ele sabia, vi em seus olhos a compreensão sobre o que eu estava falando.

— Até o Jeremy sabe? Quem mais sabe?

— Se acalme! – Minha mãe gritou de volta.

— Agora não é uma boa hora... – Jeremy tentou.

Puxei umas das cadeiras e me sentei.

— É uma ótima hora.

— Aqui? Na frente de todos? – Mamãe perguntou preocupada.

— Não posso esperar mais. – A curiosidade estava me matando por dentro.

Jeremy estendeu a mão para a esposa.

— Amélia é irmã de seu pai. Eu deveria ter contado isso a tanto tempo, mas quando percebi a mentira estava maior do que eu podia imaginar e não queria que você sofresse. Ele está no país, também se casou novamente.

Preparei meu coração para o pior, quando tinha a ver com meu pai nunca era boa coisa. Não sabia que ele havia se casado novamente, ele deveria ter outra família, não poderia esperar nada diferente. Meu Deus eu tinha até uma tia.

— Seu pai nunca foi para a África, um amigo meu de escola é que foi, pedi a ele que de vez em quando mandasse cartas em nome de Gregory.

— Você mentiu para mim todos esses anos? Se meu pai não estava na África, onde diabos ele está? – Comecei a chorar, não percebi quando, só que lagrimas lavava meu rosto. Meu coração estava em pedaços.

Darren soltou um assovio baixo, por um momento havia esquecido a presença dos outros na sala.

— Não é um bom momento Darren. – Jeremy avisou. – Vamos deixar as duas a sós.

— Nem terminei o meu cereal! – Darren fingiu estar chateado.

— Ao menos uma vez não seja um egoísta. – Jeremy forçou o filho mais velho sair da sala.

Coloquei meus pés sobre a cadeira e abracei minhas pernas, queria poder me fundir na cadeira, ser um objeto sem sentimentos, sem dor.

— Continue.

— Querida, seu pai foi embora com Amélia logo depois que nos separamos, não deixou sequer seu endereço, nunca deu noticias. Pensei que ele voltaria para ver você, não achei que o coração dele pudesse ser tão vazio. Gregory nunca foi exatamente a melhor pessoa do mundo, mas você o amava tanto e por um tempo achei que ele também a amasse.

Só percebi que mordia meu lábio quando senti o gosto metálico do sangue, estava em estado de choque, cada partícula do meu corpo estava destruída, é possível alguém morrer de tristeza profunda?

— Summer. Eu fiz de tudo para que você se sentisse amada, para que a ausência do seu pai nunca fosse um problema.

— Você fez um bom trabalho mãe. – Murmurei.

— Quando a Amélia veio me procurar fiquei furiosa, todos os sentimentos ruins vieram à tona como um soco no estômago. Aquela mulher veio me dizer que seu pai está doente e que queria te ver, ela ficou falando um monte de besteiras sobre como ele precisava do seu perdão antes que o pior acontecesse.

— Ele está morrendo?

— Sim, ele está. Amélia queria que você fosse ver o Gregory, é cruel que seu pai só tenha voltado para se despedir, era muito melhor que nunca tivesse dado noticias.

Era muita informação para conciliar, passei tanto tempo ignorando a existência do meu pai que era difícil aceitar que ele estava de volta e queria me ver. Todas as cartas que li eram palavras de mentira de um homem que nem sei quem é, ou sequer seu verdadeiro nome. Parte da minha vida era uma mentira, e a verdade era ainda pior.

—Summer?

— Eu quero ir ver meu pai, quero falar com ele. Há tanto ser dito!

— Não sei se é uma boa ideia.

— Não vou permitir que você faça essa atrocidade consigo mesma! – Minha mãe queria tomar uma decisão que não era dela.

— Eu vou mesmo que você me proíba. – estava decidida a ir, Gregory precisava ouvir umas verdades.

— Aquele verme não é seu pai, não merece nada de você.

— Mas eu mereço que ele ouça o que eu tenho a dizer.


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Notas finais do capítulo

Não sei quando volto, mas prometo terminar essa história.


beijos.
S.W.