Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 48
Confrontos


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o famigerado baile haha.



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Esqueça o que eu disse a minha mãe, a decoração do baile de outono era digna de uma premiação do Oscar. O teto e as paredes estavam cobertas por tecidos brancos e purpura, lustres enormes iluminavam o ambiente, uma pista de dança estava montada perto do palco onde um Dj de cabelo colorido tocava, arranjos de flores e cristais faziam parte da decoração, fiquei maravilhada com que a comissão conseguiu montar no salão de reuniões da Academia Buckston.

Darren ofereceu o braço para que eu segurasse, quando recusei ele pegou o pegou e me obrigou a passar meu braço pelo dele, então entramos lado a lado no salão. Ninguém pareceu muito preocupado com a nossa presença, alguns amigos de Darren o cumprimentaram e me deram acenos educados, as mesmas pessoas que riram de mim nos primeiros dias de aula e que me ignorava na maior parte do tempo, era um pouco rancoroso da minha parte lembrar daquilo, mas eu nunca me senti como parte daquela escola, daquele mundo, foi só eu segurar o braço do meu irmão postiço e todos passaram a gostar de mim, ou pelo menos serem educados, não era o tipo de lugar onde eu gostaria de me sentir a vontade.

Quem realmente ficou surpresa com o meu novo par foram minhas amigas, vi as caretas que fizeram ao me verem.

– Mas o que? – Ginger disse espantada.

O cabelo de Ginger estava laranja e preso em uma trança, seu vestido verde combinava perfeitamente com sua recente mudança.

– Oliver, burrito, intoxicação alimentar, hospital. – Resumi para todos.

– Coitado. – Ginger lamentou. – Porém, que bom que você veio, mesmo que seja com o...

Hilary interrompeu nossa amiga.

– Você está um arraso! – Hilary pegou minha mão e me fez girar.

– Você Também, todas vocês. – Hilary usava um tomara-que-cai preto drapeado e um batom escuro que só ficaria bonito em alguém como ela.

Ginger ficou confusa com a situação, não parava de olhar para mim e para Darren. Eu entendia sua confusão, quem iria poder imaginar que Darren Ferris me levaria ao baile de outono, eu sequer cogitava a hipótese de ir ao baile.

– Você está com febre ou bateu a cabeça? – Ivy conferiu a temperatura da minha testa.

– Minha mãe fez isso. - Apontei o dedão para Darren.

Ivy passou a mão por seu vestido sexy e cor-de-rosa, era realmente a cara dela, fazia os peitos de Ivy ter o dobro do tamanho que realmente tinham.

– Sortuda. – Ivy deixou uma pontada de ciúmes escapar em sua frase. Não era para menos, Darren estava lindo em seu traje social, minha mãe até conseguiu achar uma gravata quase da mesma cor do meu vestido, era uma injustiça ele conseguir ficar parecendo um modelo em menos de quinze minutos, enquanto eu levei um dia todo no salão.

Uma musica animada começou a tocar e todos na pista começaram a se remexer loucamente, pelo menos pareciam estarem se divertindo muito. Minhas amigas arrastaram seus pares para dançar. Parei ao lado de Darren e fiquei as vendo.

– Vamos. – Darren estendeu a mão para mim.

– Dançar? Nunca, não sei dançar. – Respondi na defensiva.

Darren segurou o riso.

– Eu prometi a sua mãe que dançaria com você.

Darren agarrou minha mão.

– Qual é Morrison? Não deve ser tão ruim.

– Acredite, eu tenho dois pés esquerdos. – recuei, não precisava de mais motivos para que fizessem piadas comigo, muitos ainda se lembram do episódio do sapo.

– Pelo Jeep. – Ele tentou.

– Ok, pelo Jeep. – Respirei fundo e segui Darren até a pista de dança.

As batidas da musica eram rápidas, como um coração batendo acelerado, tentei imitar os movimentos de quem estava por perto com um pouco de inibição. Coordenação motora nunca foi meu forte, tentei não acertar a mão em ninguém. Movi meus pés timidamente. Darren era melhor dançarino do que eu, mais autêntico pelo menos, a música guiava seus movimentos, os dois eram uma extensão um do outro.

Darren parou de dançar e me encarrou risonho.

– Morrison, se solta, sente o ritmo da musica. – Darren agarrou meus ombros e os movimentou de um lado para o outro. – Não tenha medo, apenas siga o som, não tem regras, apenas dança.

– Vou tentar.

Segui o conselho, foi mais fácil do que imaginei, me soltei e dancei da forma mais descontraída que consegui. Era uma sensação boa, não ter medo do que iriam pensar sobre mim, apenas seguir o fluxo da música. Darren sorriu para mim e fez uns movimentos engraçado como o do robô e preso numa caixa, sorri de volta, quando ele não estava sendo um completo idiota, até que era um cara legal.

A música animada foi substituída por uma balada lenta, aos poucos os casais se juntaram, Darren deu de ombros, irritante, e colocou minhas mãos sobre seus ombros, então segurou minha cintura, foi um momento muito constrangedor. Contei meus passos para não pisar no pé de Darren, depois de algum tempo não dançávamos mais, apenas nos balançávamos de um lado para o outro, como uma mãe que nina seu bebê,

– Você até que não está se saindo tão mal. – Darren comentou.

– Mal estamos dançando. – Observei.

– Por que você faz isso? – Darren perguntou intrigado e levemente irritado.

– Faço o que? – Fiquei desnorteado, não me recordava de ter dito algo ofensivo.

– Se coloca para baixo dizendo coisas depreciativas sobre si.

Não sabia que ele prestava atenção o suficiente no que eu dizia para perceber algo como aquilo. Tinha noção da minha mania de me depreciar, era algo que não podia evitar, parte do que eu era, sempre achava que não estava sendo boa o suficiente, que nunca seria.

– Não sei. – Menti, não iria me abrir para Darren.

– Garotas legais não fazem isso, elas apenas sabem que são legais demais para fazerem comentários maldosos sobre elas mesmas. – Tentei processar onde Darren estava tentando chegar.

– O príncipe e a rã brejeira, que bela cena. – Amanda puxou Darren pelo braço nos afastando. – Achei que você não viria ao baile.

– Não com você. – Darren respondeu calmo.

Juro que vi uma faísca maligna se ascender nos olhos de Amanda, sua raiva era perceptível.

– Somos um casal, Darren, deveríamos ter vindo juntos!

– Mandy, eu terminei com você semana passada.

– Não, você não terminou. – A voz de Amanda soou embargada.

– Me esqueci, de qualquer forma, estou terminando com você. Adeus Amanda. – Darren a empurrou para o lado e pegou minha mão.

Amanda bufou como um animal raivoso.

– Você não pode fazer isso comigo Darren!

– Posso sim. Amanda, acorda para vida, você é apenas a gostosa que todos querem dar uns amassos no banco de trás, só que uma hora isso não é mais tão legal, veja o que todos vemos, Amanda Page não passa de uma garota fácil e vazia.

Todos que estavam em volta pararam para assistir a cena, os dois não pareciam preocupados com a plateia curiosa que acompanhava a discussão.

– Vazia?

– Vadia, é a palavra certa.

Algo inédito aconteceu, os olhos de Amanda se encheram de lágrimas, achei por muito tempo que ela era seca por dentro, porque só alguém desprovido de emoções seria capaz de ser tão detestável quanto ela. A garota saiu correndo em direção ao banheiro.

– Isso foi muito cruel. – Repreendi a atitude de Darren. – Amanda pode ser a criatura mais vil que já conheci, mas nada justifica uma humilhação como essa.

– Mandy mereceu.

Uma luz se acendeu em minha cabeça, quase me deixei enganar sobre a natureza de Darren, ele era feito da mesma matéria do que Amanda, maldade. Talvez seu desejo pelo carro novo fosse tão grande que Darren seria capaz até de parecer um bom moço, grande erro, foi preciso que a Amanda o confrontasse para que a verdadeira face dele se revelasse e era podre.

Corri até o banheiro para procurar por Amanda, algo me dizia que ela precisava de ajuda, não tinha sido um balde de sangue de porco, entretanto era tão ruim quanto. Eu estaria destruída se tivesse acontecido comigo. Assim que entrei no banheiro ouvi os soluços de Amanda, ela estava na ultima cabine, trancada. O banheiro da escola é totalmente branco, quase faz os olhos doerem, de um lado ficam as cabines com os vasos e do outro estavam as pias com espelhos, uma brisa entrava pela janela acima da ultima pia, cruzei os braços para me proteger do arrepio provocado pelo vento.

– Amanda? – Chamei. – Por favor, abra essa porta. O Darren só veio ao baile comigo porque minha mãe pediu, meu par teve uma intoxicação alimentar. – Não sabia como aquilo poderia ajudar, mas era minha única chance.

– Dá um tempo. – Mandy disse rouca.

– Darren não merece suas lágrimas, ele é um idiota. – encostei a testa na porta. – Eu sei como você está se sentindo, foi o mesmo que senti quando você e seus amigos me tornaram uma piada por causa do sapo, achei que nunca superaria. Toda vez que entro no refeitório a cena se repete na minha mente, como um castigo constante.

Esperei por uma resposta, algum sinal de que o choro havia cessado, tudo que ouvi foram mais soluços.

– Hoje eu enfrento isso, aos poucos sei que vai se tornar só uma lembrança ruim. Eu quero tanto perdoar você e seus amigos, me livrar desse sentimento. Amanda faça o mesmo, se livre disso que te faz tão mal, pra que chorar por um babaca como Darren?

Ouvi o trinco da porta, desencostei dela e esperei Amanda sair.

– Você deve estar brincando – Não era o que eu esperava ouvir dela. – O que você ganha vindo aqui?

– Nada, só fiquei preocupada. – Era a verdade.

Amanda secou suas lágrimas, ajeitou seu vestido vermelho justo ao corpo, ela estava linda com ele.

– Tão altruísta, tão boa, tão gentil, não me admira que Darren queira proteger você como se fosse um filhotinho indefeso. – Amanda riu com desdém. – Eu não vou me deixar enganar por suas palavras doces, sei que no fundo não somos tão diferentes assim.

– Somos sim.

– Nha, somos duas garotas querendo sempre algo mais, só temos maneiras diferentes de conseguir. Eu uso meu charme; você essa sua cara de sonsa.

Duas vezes enganada, primeiro por Darren e depois por Amanda, eles nunca seriam boas pessoas, não sei por que estava surpresa, não poderia esperar nada diferente de nenhum deles. Só não entendia o que Amanda dizer quando insinuou que Darren me protegia.

– Dá onde você tirou essa ideia maluca de que Darren me protege?

– O seu anjinho da guarda me fez prometer que ficaria longe de você, foi depois do nosso pequeno incidente com o sapo. – O tom da voz dela era amargurado.

– Não entendo.

– Somos duas. Quem se interessaria por uma tonta que se faz de coitadinha? – Amanda arrumou o rabo de cavalo. – Querida aprenda, Amanda Page não precisa do perdão de ninguém, fique com todo o seu altruísmo, porque no fim quem sempre vence são as garotas más.

Revirei os olhos, mesmo depois de ter sido dispensada em público, Amanda não abandonava o seu discurso ridículo. Acho que ela falava essas coisas mais para si mesma do que para os outros, como um mantra das cretinas.

– As garotas más só se machucam e aos outros também. – Retruquei.

– Essa escola é minha, todos estão do meu lado, você é apenas a pobre garotinha que deu sorte, não se esqueça da onde veio e talvez saia ilesa.

– Isso foi uma ameaça?

Amanda ajustou seu vestido deixando seu decote ainda maior.

– Encare como quiser.


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Notas finais do capítulo

- Como eu havia dito não irei fazer promessas, não sei quando poderei postar novamente, só tenho certeza que irei.
— Estamos na reta final lindezas!

Beijos.
S.W.