Intoxicação alimentar, esse era o diagnóstico de Oliver, a mãe do meu par para o baile havia ligado para avisar que o filho passaria a noite no hospital por conta de um burrito de origem duvidosa. Sabia que um dia a obsessão de Oliver por comida mexicana renderia maus frutos para ele. Oliver também me mandou uma mensagem pedindo desculpas e dizendo que adiantaria o projeto de biologia para me recompensar, respondi dizendo para ele descansar e deixar o projeto para quando estivesse se sentindo melhor.

Era oficial, não iria para o baile de outono, não que isso me chateasse, pelo contrário, me deixava aliviada, lamentava apenas o fato de ter me produzido toda, estava usando o meu vestido azul com saia de tule e corpete brilhante, para combinar minha mãe havia me dado um colar e um par de brincos com pequenos diamantes reluzentes, meu cabelo estava preso em um coque elaborado e a maquiagem era simples e iluminada, não sou do tipo convencida, mas estava pronta para brilhar a toda potência.

Me joguei na cama, estava com preguiça de tirar todas aquelas coisas. Pensei em mandar uma mensagem para minhas amigas, mudei de ideia ao imaginar o bombardeio de perguntas que eu receberia assim que elas soubessem, deixaria que minhas amigas percebessem a minha ausência, não demoraria muito, logo Ivy ligaria gritando algo sobre eu estar sendo uma perdedora, ela realmente amava os bailes da Buckston.

– Querida? – Minha mãe pareceu na porta.

– Pode entrar.

Mamãe entrou no quarto com o cenho franzido o que significava que ela estava preocupada com algo, no caso com o fato de ser quase oito horas e Oliver não ter aparecido ainda para me buscar. Minha mãe é jovem com grande olhos gentis, mas quando franze o cenho daquela forma parece envelhecer alguns anos.

– Seu par está atrasado? – Ela sabia que sim, porém preferiu ir devagar, estava com medo de me magoar, pude sentir.

– Oliver está com intoxicação alimentar, a mãe dele acabou de me ligar. – Expliquei sem me estender muito.

Katie sentou na cadeira ao lado da minha cama.

– Oh não, pobrezinho. Como ele está?

– Melhor, terá alta logo, não é nada muito grave.

– E quanto ao seu baile? Esse vestido é lindo demais para ficar em casa. – Minha mãe deu um sorriso travesso.

– Não queria ir, estava apenas fazendo um favor para um amigo. – Dei de ombros. – O vestido terá outras oportunidades para sair por ai.

– Summer...

Sentei na beira da cama e peguei as mãos de minha mãe.

– Estou bem, sério, não se preocupe. Vou sobreviver sem o baile de outono da Academia Metidona.

– Tem certeza?

– Tenho sim, mãe, é só um ginásio decorado, não a premiação do Oscar.

– Ok. – Ela levantou as mãos como se rendesse.

Minha mãe aceitou minhas palavras e deixou o quarto depois de me dar um beijo na testa. Para Katie esses eventos escolares eram importantes, tanto quanto ter boas notas, ela dizia que eu entenderia quando me formasse. Sinceramente eu não via a hora de não ter mais que passar por isso, e então a Buckston seria parte do passado, nada mais de alunos metidos e adolescentes idiotas, eu teria a chance de seguir meu sonho de ser bióloga marinha, depois de formada moraria em uma praia qualquer e trabalharia para um renomado instituto de proteção ao ecossistema dos oceanos, era bom plano, era o meu plano.

Alguém bateu a porta do quarto.

– Mãe! Já disse que não irei ao baile. – Disse entediada,

– Não é a mamãe. – Darren respondeu divertido.

– O que você quer? – Levantei da minha cama para colocar Darren para fora.

– Fazer uma proposta.

– Você tem dez segundos.

– Morrison, eu vou levar você ao baile. – Um anão montando um avestruz seria menos estranho do que aquelas palavras saindo da boca de Darren.

– O que?

– Você me ouviu. – Respondeu mau humorado.

– E a sua vad... Digo namorada?

–Ela tem seu próprio par para o baile. – Respondeu dando de ombros.

Analisei a situação, provavelmente minha mãe havia dado um jeito de obrigar seu enteado me levar ao baile da escola, mesmo que isso fosse a última coisa que eu quisesse, nunca subestime a capacidade de ser chantagista de uma mãe, principalmente a de Katherine Ferris.

– O que minha mãe te ofereceu? – Pedi.

– Um carro novo, potente, caro e lindo. – Ele deu de ombros de novo, aquilo me irritava profundamente, era como se Darren não desse a mínima para nada.

– Suspeitei. Esqueça o carro, eu não vou a lugar nenhum. – Se eu já não queria ir, fazer Darren perder seu presentinho me deu um prazer sádico indescritível.

– Eu te dou meu Jeep. – Meu ponto fraco, maldito. Darren sabia o quanto eu adorava aquele carro e que nunca aceitaria um como presente de Jeremy.

– Vou me arrepender disso. – Estendi minha mão para Darren. – Feito.

– Feito. – O aperto de mão dele era gentil e quente, eu esperava algo mais frio e bruto, mais Ferris.

Seria uma noite no mínimo interessante.