Darren cantou pneu ao chegar no hangar, tinha certeza que havia infringido meia dúzia de leis de trânsito no caminho, não que se importasse com as multas. O tempo era seu maior inimigo no momento, se Skyler ainda estivesse nos Estados Unidos era imprescindível que ela fosse embora, Alexander era esperto e logo acharia o paradeiro de sua esposa.

A primeira coisa que Darren reparou foi nos aviões dentro do hangar, estavam todos obstruindo a passagem, era impossível algum jatinho ter saído dali. As coisas estavam cada vez mais estranhas, sempre que Peter estava por perto tudo ficava suspeito. Darren procurou pelo amigo, ele tinha muitas perguntas sem respostas e faria Cotton dar todas elas.

Peter estava parado perto de um carro de golfe do lado de fora do prédio.

— Onde está Skyler? – Darren perguntou.

— Olá para você também. – Peter deu seu melhor sorriso.

Darren bufou sem paciência.

— Onde?

— No momento? Espero que esteja na casa do marido, caso contrário Alexander ficará furioso. – Peter fingiu analisar suas unhas.

— O que? – Darren agarrou a gola da blusa de Peter e o trouxe para perto.

— Qual é? Você me ouviu bem. – Peter deu um risinho sínico.

— O que fez com Petya? Como pôde? –O rosto de Darren ficou vermelho.

— Cuidado, acho que essa veia saltada na sua testa pode ser um AVC.

Peter tentou se soltar das mãos de Darren, porém o outro era maior e mais forte.

— Você achou mesmo que eu iria ajudar com seu plano maluco? Eu tenho amor a minha vida. Consegui que a ruivinha contasse os podres do marido, liguei para Alexander, o chantageei, se ele não desse o dinheiro de Gael, a polícia de Nova Yorke iria receber as imagens mais quentes da temporada, e adivinha? Ele caiu, deu tudo certo, agora Alex tem sua mulher amada e eu o dinheiro do meu chefe. Todos saíram ganhando.

Darren sentiu a raiva aumentar dentro de si, era tão impossível assim que as coisas dessem certo ao menos uma vez?

— E quanto a vida da Skyler? – Peter deu de ombros. – Seu maldito egoísta.

Darren o chacoalhou brutalmente.

— Eu salvei a sua vida também! Em que dimensão paralela ajudar na fuga mulher de um traficante perigoso é uma boa ideia? Você não vê? Alexander mataria todos nós se descobrisse a verdade e ele iria, acredite no que eu digo.

— Peter Cotton, você é um covarde.

— Covarde? Desculpa se tenho todos os parafusos na minha cabeça e funcionando.

— Skyler contava com a gente, ela arriscou muita coisa pra conseguir fugir!

— O que aquela mulher fez com você? Vudoo Ucraniano? Qual o seu problema? Uma garota bonita te beija e você já fica disposto a fazer qualquer coisa, sempre foi assim, desde a época da escola, com a Lisa, aquela era outra puta manipuladora. Darren, meu caro pare de pensar com a cabeça de baixo, Lisa foi apenas o inicio dessa...

— É por isso que você empurrou a Lisa, porque achava que ela estava me controlado por magia negra? – O rosto de Darren estava próximo do de Peter.

— NÃO, POR QUE AMO VOCÊ! – Peter deu um beijo em Darren, foi rápido, apenas encostou os lábios nos do amigo.

Darren jogou Peter em cima do carinho de golfe, seu cérebro não conseguia registrar o que havia acabado de acontecer, não conseguia acreditar que Peter havia mesmo dito que o amava, pior, havia o beijado.

— O que foi? Não gostou? Não sou vadia o suficiente para você? – Peter provocou, seu orgulho estava ferido, mas não deixaria transparecer.

Quando finalmente foi capaz de fazer algo, Darren partiu para cima do ex-amigo, o pegou pela blusa e o jogou no chão, em seguida lhe deu uma série de socos, Peter tentou inutilmente se defender, se Darren já era mais forte, com raiva ficava praticamente impossível impedir que ele atacasse. Após alguns socos, o rosto de Peter estava irreconhecível, seus olhos pareciam mais ameixas esmagadas, e um filete de sangue escorria por seu lábio. Darren parou de bater quando viu que seu oponente não tentava mais se defender, não era do tipo que chutava cachorro morto.

Peter não se mexeu, seu rosto doía o diabo, Darren tinha a mão pesada. Durante anos Peter retraiu seus sentimentos pelo antigo colega de escola, não era o primeiro cara por quem ele se interessou, porém foi o primeiro por quem nutriu algum sentimento além da atração física. Peter sempre soube que ele era diferente dos outros garotos, não queria beijar garotas, não queria ver as playboys roubadas sorrateiramente de algum esconderijo, não queria fazer coisas de meninas, mas também não queria se envolver com elas. No dia em que conheceu Darren ele soube, gostava de garotos, em especial o jovem Darren Ferris.

— Nunca mais chegue perto de mim. – Darren disse no ouvido de Peter.

Com a mãos cheias de sangue Darren foi embora do pequeno aeroporto, as veias de seu pescoço estavam saltadas, Darren exalava perigo, era possível sentir a raiva emanando de cada poro de seu corpo, ele estava decidido a não fazer mais nada bom, não era sua vocação, talvez fosse um mal de família que não atingiu Bree, passou somente para ele, os genes ruins da família. Talvez fosse como sua mãe, louco. Às vezes Darren se sentia como ela, doente, algo dentro dele não estava certo, estava quebrado, essa era uma sensação que estava instalada em seu peito a muito tempo, mais tempo do que ele era capaz de se lembrar.