— Não, não mesmo Darren Ferris. – Amanda colocou as mãos na cintura.

— Gata, preciso de você, o Glen não vai me ajudar se você não for com ele ao baile.

— Não existe a menor possibilidade de eu ir com o comedor de lagartas. Esqueça! – Mandy estremeceu ao recordar o motivo pelo qual Glen era chamado de comedor de lagartas. No quarto ano o inocente Glen fechou os olhos e abriu a boca para que Suzi Kinney colocasse um pedaço de seu bolinho para o garotinho provar, o que ele não sabia que tudo não passava de um plano de Norman Cohan que colocou uma lagarta em sua boca, foi a cena mais nojenta que aquele parquinho foi palco.

Darren passou o braço pelos ombros de Amanda, deu um beijo em seu pescoço, os outros garotos na quadra começaram a dar gritinhos afeminados para provocar o casal na arquibancada.

— Eu darei um jeito de você não ter que ir com ele, prometo. – Darren deu seu melhor sorriso.

— Não posso. – Amanda choramingou, odiava só a hipótese de ser vista com Glen Anderson.

— Confie em mim. – Darren segurou seu queixo e a beijou.

— Preciso parar de ceder aos seus encantos.

— Ninguém resiste aos meus encantos. – Darren fez uma cara sedutora.

— Nem mesmo Olivia Lambert? – Olivia era uma aluna de intercambio do Reino Unido que deu o maior fora da vida de Darren.

— Isso foi a muito tempo, antes mesmo de eu te conhecer.

O relacionamento de Darren e Amanda era aberto, eles eram namorados, andavam juntos e passavam todo tempo na escola lado a lado, porém podiam sair com outras pessoas, no começo Amanda achou estranha a condição de Darren para ser seu namorado, mas acabou se acostumando, até gostando, eram parecidos em muitos aspectos, inclusive na dificuldade de se ligar de verdade a alguém.

 Darren gostava da forma como Amanda agia, era voluntariosa, impulsiva e tinha personalidade, quando a conheceu o garoto achou que Page era só mais uma patricinha irritante, mas depois descobriu que ela não passava de uma garota incompreendida pelos pais, assim como ele. Eram feitos para ficarem juntos, quebrados, incompletos e incapazes de amar.

— Ferris! Tire a língua da boca da senhorita Page e venha para o treino, seu safado cretino. – Cater gritou do meio da quadra.

— Te vejo depois da aula? – Amanda perguntou melosa.

— Não vai dar, meu cão de guarda vem me buscar hoje.

— Cortez, o motorista?

— Pior do que isso. Kate, a madrasta. – Darren fez careta.

Deu um beijo rápido na namorada e saiu correndo.

— Talvez amanhã. – Gritou para ela.

— Temos um jogo importante na próxima semana, e preciso saber se posso contar com os meus dois melhores jogadores. – Carter olhou para Darren e Philip. – Vocês resolveram suas diferenças? Ou terei que lidar com outra briga de casal?

— Não causaremos mais problemas. – Philip tinha um esparadrapo preso ao nariz, um lembrete da surra que levou.

— Vamos voltar para o time titular? – Darren ficou ansioso.

Carter bateu com a prancheta de leve na cabeça de Darren.

— Se treinarem muito, andarem na linha e mostrarem garra. Não vejo motivos para que não voltem.

Os garotos trocaram cumprimentos com os colegas, todos sabiam que sem Darren e Philip seria mais difícil ganhar.

— Calem a boca e voltem para quadra. Quero que treinem a jogada surpresa, e dessa vez senhor Ferris, passe a maldita bola. Fui claro?

Darren bateu continência para o treinador.

— Sim senhor.

Durante o treino era possível ver as faísca saindo quando Darren e Philip se trombavam sem querer, uma guerra fria estava acontecendo na quadra. Carter percebeu o clima entre seus jogadores e torceu para que a vontade de jogar no time fosse maior do que a tendência para arranjar encrenca de Darren.

O treinador observou o jogo fazendo anotações, teria que dar um jeito no entrosamento entre seus jogadores brigões, o mínimo toque era o suficiente para que eles ficassem com cara fechada e prejudicar as jogadas, em um time que há discórdia, não vence nada, era em que Carter acreditava.

Mesmo com o clima tenso os garotos conseguiram se sair bem, era um time disciplinado e com um ótimo rendimento, não surpreenderia o treinador se a maioria de seus jogadores conseguisse entrar para times de faculdades renomadas.

Carter soou o apito, era o fim do treino.

— Muito bem, muito bem. Foi um bom treino, continuem praticando, quero os búfalos de Nevada assados com batata e bastante molho. – Os garotos começaram a gritar e assoviar. – Parem com isso, deixem para comemorar depois de ganharmos aquele jogo.

— Se o Darren se manter civilizado durante o jogo, será fácil vencer. – Philip provocou.

— Acho que o soco que te dei deixou você um pouco confuso, talvez precise de outro para voltar a pensar com clareza.

Michael segurou o braço do colega.

— Meu Deus! Terei que expulsar os dois de novo? Não aprenderam nada da outra vez?

— Não senhor, quer dizer, sim se... Isso não se repetirá. – Respondeu Philip.

— Melhor assim. Agora movam esses traseiros gordos para o chuveiro. – Carter acenou em direção ao vestiário.

Ao passar por Philip Darren esbarrou no ombro do loiro.

— Cuidado Ferris, o treinador não pode te proteger para sempre.

— Não sou quem está usando o curativo no nariz, quem deve ter cuidado é você, camarada. – Darren deu um sorriso sombrio, era mais forte do que Philip e lhe daria outra surra se fosse necessário.

— Não preciso dos punhos para te derrotar. – Philip deu um sorriso parecido com o do rival.

— Do que você está falando?

— Logo saberá. – Philip jogou sua toalha sobre o ombro e foi para o chuveiro.

Darren não costumava se intimidar por ameaças, entretanto Philip não era do tipo que blefava, se ele tinha algo contra Darren e com certeza iria usar, o rapaz de olhos azuis era traiçoeiro como uma cobra. Darren repassou mentalmente o que Philip poderia saber, mas não conseguiu pensar em nada que pudesse colocá-lo em maus lençóis. Seja lá o que fosse o que Philip tinha na manga, Darren iria ficar de olho.