O quinto copo foi o necessário para deixar Darren corajoso o suficiente para dançar na pista, Peter apenas observava do bar, era preciso mais do que cinco doses de vodca para fazê-lo ir se remexer ao som da musica eletrônica. O Dj era um veterano na Ciano, suas remixagens eram famosas nas boates de Nova York, Django, como gostava de ser chamado, era um homem com feições latinas e lentes de contato lilases, as roupas de estampas de animais que compunham seu visual eram suas marcas registradas, Django podia ter um visual estranho, mas era talentoso.

Uma moça de cabelos vermelhos curtos dançava com Darren, ela usava um top jeans e uma saia rosada preta com brilho, seu sotaque estrangeiro entregava que ela era russa. A moça dançava provocativa, seu olhar não desprendia do de seu parceiro de dança. As duas garotas que antes dançavam com Darren observavam com desdém o entrosamento dos dois, os cabelos de fogo eram hipnotizantes.

Darren se aproximou da orelha da moça.

– Qual seu nome? – Praticamente gritava contra a musica alta.

Dessa vez foi a ruiva quem se aproximou.

– Skyler . – Disse com um leve sotaque. – E você é Darren Ferris.

– Você me conhece? – Estava confuso, se recordaria daquele rosto tão bonito.

– Eu sei de tudo. – Ela gargalhou.

– Existe algo que você não saiba? – Darren tinha um sorriso sacana nos lábios.

– Se você beija bem. – Skyler falou em seu ouvido.

– Gostaria de saber?

A moça jogou a cabeça para trás e gargalhou.

– Em outro momento mais apropriado eu adoraria.

Sykyler deixou Darren sozinho na pista, tinha que voltar para o camarote onde Alex a esperava. Alexander não era uma pessoa paciente, se ela não voltasse logo, o homem iria atrás dela.

Darren voltou para junto do amigo, sem a ruiva a pista de dança não tinha mais graça.

– Me admira sua coragem. – Peter bebericou a bebida em seu copo.

– Do que você está falando cara?

Peter agarrou os ombros do amigo e o virou na direção do camarote.

– Está vendo aquele com o braço em volta da bonitona ruiva. – Darren estreitou os olhos para enxergar o homem de camisa preta apontado por Peter. – Aquele é Alexander Strauss, dono dessa boate, negociante de drogas e marido de Skyler.

– E como você sabe disso? – Darren se voltou curioso para Peter.

– Ele é a pendência que vim resolver aqui em Nova York.

– Por favor, me diga que você vende uísque falsificado. – Darren não gostava da ideia de ser amigo de um traficante.

– Quase. Trabalho para um agiota, ele empresta dinheiro para caras como Alexander Strauss, e quando eles não pagam, eu entro em ação. Cobro eles, é uma forma de Gael mandar seu recado antes de ter que tomar medidas mais drásticas.

– E o que acontece com quem não paga?

Peter bebeu o resto do conteúdo em seu copo em um único gole.

– Membros quebrados, amputações, morte, não sei, essa parte não é comigo, sou apenas o cobrador dos empréstimos.

Peter adorava seu emprego, se sentia poderoso ao confrontar os piores tipos de homens e mesmo assim sair ileso, o salário não era nada mal, seu pai teria um infarto caso descobrisse a profissão do filho, o velho Antony acreditava que seu único filho era um agente em Las Vegas, o que já não o agrada muito. O Cotton se divertia a ideia de um dia contar a verdade para o pai, esfregar na cara do velho todas suas baboseiras sobre família de sangue azul com passado imaculado.

Um homem vestido um terno escuro e gravata vermelha veio ao encontro de Peter, apertou seu ombro com força e cochichou algo em seu ouvido. Peter acenou positivamente, Alexander queria vê-lo, era hora de ir fazer seu trabalho. Quando se formou no ensino médio Peter não queria ir para faculdade, muito menos trabalhar com seu pai, resolveu então que Las Vegas era seu destino, uma série de eventos fez com que ele conhecesse Gael e se tornar o cobrador do agiota, era um dos homens de confiança do colombiano de rabo de cavalo.

– Foi um prazer revê-lo, mas tenho que ir arrancar algum dinheiro daquele filho da mãe bonitão. – Peter arrumou sua gravata. – Como estou?

– Bêbado. – Darren respondeu.

– é como me sinto.

Darren levantou da cadeira no mesmo momento que Peter.

– Quero ir com você.

A ruiva não tirava os olhos de Darren, ele conseguia sentir o olhar dela, era um desejo reciproco, o fato de ela ser casada com um bandido perigoso só fazia Darren ficar ainda mais interessado. Precisava ver Skyler de novo.

– Qual parte de traficante perigoso você não entendeu? – A expressão de Peter era de espanto.

– Sei me cuidar. – Prometeu.

O suspiro do cobrador soou cansado, conhecia Darren Ferris, nada o faria desistir da ideia de conhecer Skyler, ela realmente era linda, só não valia o risco de ter a garganta cortada.

Os dois rapazes passaram pelos seguranças do camarote para entrar na saleta onde ficava a escada que dava acesso a área vip. Desenhos de cenas de Romeu e Julieta adornavam as paredes da escada. O camarote era uma pequena sacada com visão privilegiada, dali era possível ver o lugar todo, Darren se perguntava se Alexander hvia visto sua esposa e ele dançando juntos.

O dono da boate e Skyler estavam sentados em um sofá de ouro no canto, seus rostos tinham uma aparência fantasmagórica por causa da luz azul. O sorriso de Skyler aumentou ao ver Darren junto do jovem que viera cobrar seu marido, ela achava sexy a coragem dele.

– Não se acanhem rapazes, podem sentar. – Alexander indicou duas poltronas azuis.

Peter sentou próximo ao seu cliente, enquanto Darren permaneceu de pé.

– Alex, meu patrão está cansado de esperar pelo dinheiro, seu prazo expirou há dois meses e Gael não viu uma nota sequer vinda dessa sua carteira de couro italiano. – O tom de Peter era descontraído.

– Já disse ao seu patrão que preciso de mais algum tempo, estou esperando um carregamento precioso vindo da Holanda. Logo poderei pagar toda a minha divida, e só uma questão de tempo.

O que poderia ter de tão precioso em um carregamento vindo da Holanda? Pensou Darren, podia imaginar o que Alexander estava trazendo de um país onde quase tudo é liberado.

– Não posso esperar. Gael não pode esperar. Vou ficar na cidade até o fim do mês, espero voltar para Las Vegas com a grana toda.

Alexander tinha olhos azuis frios, nem as ameaças de Peter o fizeram perder o ar de superioridade.

– Aproveite que meu chefe está se sentindo especialmente paciente com você e pague logo o que deve. Gael não costuma esperar tanto.

– Já terminou as ameaças? –Alexander tinha um sorriso extremamente branco. – Porque não toma uma taça de espumante por conta da casa?

O copo estendido na direção de Peter ficou intocado.

– Talvez seu amigo aprecie uma boa bebida, sei que tem bom gosto para garotas. – A boca de Darren se abriu involuntariamente. – Skyler parece ter gostado de você.

– Alex, estávamos apenas dançando. – Defendeu a esposa do traficante.

– Então dancem agora, vamos, quero ver seus melhores passos. – O homem de camisa preta jogou as mãos para o ar.

Darren puxou Skyler pela mão, estava desafiando descaradamente o marido de sua parceira. Peter ficou abismado com a coragem do amigo, Alexander tinha fama de ciumento e controlador, se suspeitasse que houvesse algo entre aqueles dois, mataria Darren sem pestanejar, não era do tipo que brincava em serviço. Para piorar a situação já ruim de Darren, o traficante mandou que o Dj tocasse algo mais lento, Django colocou Love me Harder da Ariana Grande para tocar, era um desafio direto a ousadia do Ferris.

Skyler movia os lábios acompanhando a letra da musica, sentia a mão de Darren em sua cintura a segurando de forma possessiva, gostava da sensação de ser disputada em silêncio, seu ego foi alimentado, sabia que era bonita e usava isso como uma arma, seu aspecto meigo ajudava a conquistar corações, os homens pareciam apreciar uma moça bonita e desamparada.

As testas dos dois dançarinos estavam coladas, poucos centímetros separavam seus olhos e bocas.

– Quero te ver de novo. – Darren segredou.

– Estou aqui na maioria das noites. – Skyler sabia ao que ele se referia, preferiu se fazer de inocente, queria ouvir dos lábios de Darren que gostaria de vê-la longe de Alex.

– Acho que seu marido não aprovaria que eu lhe desse um beijo na frente de todas essas pessoas.

– Entendo, ele iria mandar arrancarem seu fígado. – Suspeitava que o fizesse de qualquer maneira se Alexander se sentisse desafiado. – Me encontre no Bouley, quinta-feira, ás quatro da tarde.

– Estarei lá. – Darren quase a beijou bem ali.

A música acabou.

– Belos movimentos. – Alexander bateu palmas. – Deveria ser dançarino profissional senhor Ferris.

A hostilidade no ambiente estava aumentado, estava quase explodindo uma terceira guerra mundial.

– O show foi ótimo, mas temos que ir. – Peter se adiantou antes que o nível de testosterona chegasse ao limite. – Vamos Darren, você me dá carona.

– Até mais amigos. – Alex tomou lugar ao lado da mulher, agarrou a cintura dela com força. – O que pensa que está fazendo? – Falou baixo de maneira seca.

– O senhor queria uma dança e foi o que teve. – Skyler era uma das poucas pessoas que ousava retrucar o marido, os dois dividiam segredos demais.

– Cuidado Petya. – Usou o verdadeiro nome da ruiva.

– Meu nome é Skyler, não sei quem é Petya.

Alex agarrou com força bruta o queixo da mulher.

– Talvez seja hora de te lembrar quem é Petya.