Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 24
Segunda avenida, número 223, upper east side


Notas iniciais do capítulo

Ciao ragazze ;D
Como foi o domingo de vocês? O meu foi sonolento, fui pra casa do meu namorado e dormi o dia todo kkk, por isso não postei antes, perdoem minha falta. A revelação sai no cap. 25, eu juuuuuro!



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Eu teria que arranjar um modo de Darren me livrar da minha prisão domiciliar. Tentei pedir desculpas, dar uns globos de neve novos, pedi para Bree interceder por mim, até comprei uma camisa do time favorito dele, nada adiantou, ele fazia questão de sempre dizer que não havia nada que eu pudesse fazer para mudar sua decisão.

Darren sabia que me deixar sem esperanças era a pior forma de tortura. Falei com a minha mãe para que ela desistisse dessa ideia maluca, ela me retrucou dizendo que eu deveria ser sincera ao invés de ficar bolando planos sem sentido, tentar algo que tínhamos em comum. Não compartilhávamos de muitos gostos em comum, além de desconfiarmos de Eric, seria essa a resposta para persuadi-lo? Contar o que descobri sobre Eric, dizer que ele precisa me ajudar para continuar em busca da verdade, poderia funcionar, era visível que Darren queria ferrar com aquele idiota, tanto quanto eu.

Gostaria de poder dizer que foi fácil, meu irmão postiço era uma pessoa inconstante, uma hora parecia sociável e na outra tinha aquele olhar que diz “afaste-se”, eu não conseguia ver através das péssimas atitudes que Darren tomava ou de seu ódio inexplicável por mim. Duvido que um dia eu descubra o que se passe naquela cabeça.

Encontrei Darren na garagem cuidando de sua moto, a única coisa que ele realmente ama. O garoto estava absorto no trabalho de encerar cada centímetro da Harlley, esfregava com afinco a estopa na lataria, concentrado ao ponto de não perceber a minha presença.

Parei do lado oposto da moto.

— Se esfregar mais forte é capaz de arrancar um pedaço da pintura. – Tentei fazer piada.

— O que você quer Morrison? – Bem recebida, pra variar.

Encostei-me ao Mustangue que minha mãe usava. Era um carro bonito, vermelho com detalhes preto era bem masculino, não entendo a paixão de mamãe por ele.

— Sei que nós temos muitas diferenças, na verdade você tem muitas diferenças comigo. – Darren parou de encerar a moto para me encarar, ótimo, tinha a atenção dele. – Olha, eu não tinha o direito de ter destruído as lembranças da sua mãe, foi imperdoável e...

— Morrison está perdendo seu tempo. – Jogou a estopa suja na minha direção. – Não há nada que possa me convencer a te livrar do castigo. Nova York está melhor sem você nas ruas.

— Quer me ouvir? – Estava começando a perder a paciência. – Eu descobri coisas bem suspeitas sobre Eric, e não estou falando de um caso ou um filho perdido. Ele tem dinheiro escondido em seu apartamento, eu e a Carly ouvimos um recado na secretária eletrônica dele que era bem perturbador. Preciso ir atrás dele no sábado e descobrir o que ele esconde. Você entende a gravidade disso?

Darren deu a volta na moto para sentar nela de frente para mim.

— Espera ai. Você burlou o castigo da sua mãe e invadiu o apartamento do Eric? – O garoto pareceu se divertir com a situação.

— Sério mesmo que tudo que você ouviu foi isso? – Disse exasperada.

— A garotinha da mamãe está virando uma rebelde. – Um sorriso debochado surgiu em seus lábios. Como ele era irritante!

— Meu Deus Darren, dá um tempo.

Ele levantou as mãos em defesa.

— Hey calma! Então você acha que seu namoradinho é envolvido com algo ilegal? - suas sobrancelhas grossas se ergueram.

— Ele não é mais meu namorado. – Corrigi. – Não tenho certeza, preciso investigar melhor. Libere-me e eu poderei fazer isso.

Estava correndo o risco de Darren contar para minha mãe sobre o que fiz, ele não era confiável, mas se não me arriscasse não poderia ir até o lugar onde o homem no telefone mandou Eric ir.

— Não tenho o dia todo. – Disse mostrando o meu pulso.

— Porque você não contratou um detetive?

— Qual a graça de contratar um detetive, quando eu posso invadir o apartamento do meu ex-namorado e seguir ele por Nova York? – Dei de ombros.

— Você é maluca. – Darren balançou a cabeça. – Tudo bem Morrison, vou falar com a sua mãe, com uma condição.

Eu previa que ele não deixaria barato.

— Eu vou junto com você.

— De jeito nenhum! – Gritei. Não iria permitir que Darren estragasse tudo que eu e Carly planejamos.

— Então nada feito. – O idiota deu as costas para mim.

Peguei em seu braço para que olhasse para mim, Darren puxou seu pulso como se tivesse levado um choque. Ponderei o que teria a perder se concordasse com a proposta, Darren não iria querer defender Eric e nem me atrapalhar, acho que poderia até ajudar em algo. Contra a minha vontade concordei.

— Você pode vir. – Disse derrotada.

...

Darren fez sua parte no acordo, pediu para minha que me deixasse sair, mamãe ficou orgulhosa por eu ter superado o meu orgulho e pedido desculpas e até sairia com Darren no sábado, essa última parte não fazia parte do combinado.

Não pensava em outra coisa, estava tão perto de descobrir o que Eric escondia de todos. O cara era esperto sabia como ser discreto, perguntei a alguns poucos alunos que eu conhecia no colégio sobre Eric, ninguém na Buckston lembrava muito dele, foi apenas mais um aluno, um jogador do time de basquete, nada que levantasse suspeitas, Eric era praticamente invisível, vivendo nas sombras para não ser descoberto.

Aquele telefonema foi o que me intrigou mais, o que Eric fazia para que lhe rendia tanto dinheiro? Teria algo a ver com o fato de não existir rastro na internet ou de seus pais nunca aparecerem? Muitas perguntas e poucas respostas. Talvez meu ex-namorado fosse um assassino, e matava por dinheiro, se fosse precisava denunciá-lo para polícia, se Eric descobrisse que eu e Carly estivemos em seu apartamento poderia querer saber o que o desvendamos, e até onde sei criminosos não têm receio de apagar os seus inimigos.

...

Carly parou o carro na entrada, sai com Darren no meu encalço. Pensei que ele iria acabar desistindo de ir conosco, subestimei a curiosidade dele sobre o que Eric fazia. Peguei minha bolsa com as coisas que havia separado, dentro dela havia uma lanterna, um binóculos, uma corda e uma silver tape, nunca se sabe quando vai precisar amarar alguém. Carly saiu do Focus para me esperar, estava toda vestida de preto, desde de suas botas até a toca que ela usava.

— Xing-ling você pretende roubar um banco? – Darren falou irônico.

— É sempre um desprazer te ver enviado do satã. – Carly deu um sorriso falso.

Seria complicado trabalhar com aqueles dois, se eu odiava Darren, Carly tinha asco dele, e era reciproco. Minha amiga abriu a porta do Focus amarelo e mandou que eu entrasse.

—Vocês vão nessa lata velha? – Darren desdenhou do carro de Carly.

— Isso não é da sua conta! – Carly retrucou.

— É sim, porque vou junto. – Carly abriu a boca sem dizer nada, preferiu me encarar de forma interrogatória.

— Ele me chantageou, não tenho culpa. – Me defendi. Levar Darren era a ultima coisa que eu gostaria de fazer. – Darren prometeu que vai se comportar.

— Prometi? – O garoto não estava cooperando.

Virei na direção de Darren com a minha cara de poucos amigos.

— Sim, você prometeu. – Disse entre dentes.

Carly bateu a porta de seu carro.

— Qual o plano brilhante senhor insuportável? – Minha amiga colocou as mãos na cintura.

Darren sacou um molho de chaves e desativou o alarme de uma picape que estava estacionada mais a frente, era um Ranger preta com vidros totalmente escuros, era bem bonita. Carly meneou a cabeça, eu sabia que ela tinha gostado do carro, só não queria admitir. Entramos todos na picape, Darren deu partida e saímos pelos portões da mansão. O rádio dele tocava músicas de uma banda que eu não conhecia chamada Theory of a deadman. Sentei na frente com ele, Carly ficou no banco de trás. Eram mais ou menos dez minutos até a casa que Eric teria que ir, chegamos por volta das sete, a rua tinha pouco movimento.

Darren parou a picape três casas antes do nosso alvo, desceu do carro e foi para a caçamba da Ranger. Coloquei a cabeça para fora tentando ver o que ele estava aprontando.

— O que você está fazendo? – Perguntei saindo do carro.

— Pegando umas coisas. – Tirou uma mochila azul e a colocou uma das alças nos ombros.

Carly também veio ver o que acontecia.

— Comprei escutas na internet, colocaremos na casa.

— Ficou doido e se tiver alguém lá dentro? – Carly arregalou os olhos.

Darren saiu andando e nós fomos atrás. Paramos em frente o portão baixo de metal. A casa era antiga, janelas e porta de madeira, detalhes em gesso nos alpendres, uma construção de três andares entre duas outras casas do mesmo estilo. As luzes estavam apagadas, a casa estava fazia, ou alguém não queria ser visto.

— Olhem! Uma placa de vende-se. – Carly indicou o anuncio de uma imobiliária, uma moça loira e um homem de cabelos grisalhos indicavam com os dedos o nome da empresa que cuidava da venda e seu slogan: Imobiliária Newman, vendendo lares para as famílias americanas.

— Está vazia, passei aqui hoje de manhã e dei uma olhada. – Darren disse.

— E você quer colocar as escutas lá dentro? – Perguntei espantada. A ideia era vigiar a casa até o Eric aparecer e ver com quem ele iria se encontrar, não invadir outra casa arriscando sermos pegos.

Darren arrumou a mochila nas costas, com a graciosidade de um felino pulo o gradil aterrissando na grama do pequeno jardim.

— Se vamos investigar, vamos fazer direito. – Disse estendo a mão para mim e Carly.

Minha amiga ignorou sua gentileza, pulou para o outro lado caindo de sem jeito no quintal. Eles estavam decididos a invadir a casa.

— Precisamos de você para abrir a porta. – Carly disse.

Aceitei a mão de Darren para pular para o outro lado, ele me segurou antes que eu caísse de joelhos na terra. A casa podia estar vazia, porém o jardim continuava impecável, grama aparada, plantas saudáveis, a imobiliária devia fazer a manutenção com frequência. Passamos pelo jardim sob as sombras das árvores, se algum vizinho nos visse seria o fim da nossa “missão”, fora que seriamos presos por invasão. Subimos os degraus de pedra da entrada em direção à porta, Darren segurou a lanterna para que eu a abrisse. A fechadura da casa era mais complexa do que a do apartamento de Eric, quase não consegui. Suspirei aliviada quando ouvi o clique baixo da fechadura se destrancando.

— Com quem você aprendeu isso Morrison? – Darren estava perplexo.

— Um cara com quem saí me ensinou. – Abri a porta, Carly entrou na frente seguida por mim e Darren.

— Estou começando a achar que você tem uma queda por bandidos. – Darren cochichou.

Estávamos dentro da casa, os móveis foram todos cobertos com panos brancos, os tapetes estavam enrolados em canto ao lado da escada, dos dois extremos do hall havia portas de correr de madeira que davam para outras salas. Darren foi na frente para verificar se estava mesmo vazia, em poucos minutos voltou dizendo que estávamos sós.

Pegamos os microfones de escuta, pequenas caixinhas pretas de plástico com metade do tamanho da minha mão. Nos separamos e distribuímos todos os dez microfones pela casa. Coloquei um em baixo de uma mesa na entrada, tirei a proteção da fita dupla face e o colei na madeira. Procurei por mais lugares, em uma das salas encontrei um sobretudo preto, um dos seus bolsos tinha um cartão da imobiliária Newman, o coloquei de volta sobre a cadeira onde o achei, era melhor não tirar nada do lugar. Colei uma escuta em cima de uma das estantes da sala e a escondi a outra no hall de entrada. Conseguimos cobrir alguns cômodos da casa, quando todos já haviam terminado voltamos para a porta da entrada, teríamos um pouco mais de uma hora até Eric chegar.


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Notas finais do capítulo

- Todas curiosas? Espero que sim, estou empolgada com essa história kkk



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