Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 22
Intrusas


Notas iniciais do capítulo

Oi gatonas e gatinhas... Esse capítulo é pra preparar vocês para o que vem por ai.

Boa leitura.



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– Me sinto muito estranha usando esse cabelo. – Ginger ajeitou o coque colorido, seu cabelo roxo ganhara nuances azuis e rosa produzindo um efeito arco-íris em sua cabeça.

– Odeio usar tanto gel. – Taylor tinha os cachos domados por gel em um penteado clássico, mais uma das regras da diretora Sulivan. – Podemos fazer um protesto contra isso também? – Todos riram menos eu, não estava em clima de fazer gracinhas.

– Que diabos há de errado com você? – Ginger colocou a mão em minha testa como se fosse verificar minha temperatura.

Não pareceu uma boa opção contar a verdade sobre o que aconteceu, não queria ter que falar sobre o Eric, estava evitando tocar em seu nome, pensar nele. Além do coração partido, estava com raiva. Ele jogou fora a última chance de me fazer acreditar que ele realmente me amava, ou pelo menos gostava de mim. De repente ele parou de responder as minhas mensagens, não me ligava mais, como se tivesse esquecido que éramos namorados, como alguém pode um dia se declarar apaixonado e no outro te ignorar? Sim, meu orgulho estava ferido, sim, eu queria explicações, sim, eu iria invadir aquela porcaria de apartamento e fuçar nas coisas do garoto que se dizia meu amante.

Ivy estalou os dedos na minha frente para chamar minha atenção.

– Summer, tem algo te incomodando? Você parece distante. – Ivy se preocupou.

– Eu terminei com Eric. – Não era mentira, mas também não era toda a verdade.

Todos na mesa fizeram aquele som que fazemos quando estamos com pena. Não achava que meus amigos fossem espalhar se eu contasse o que estava realmente ocorrendo, porém primeiro eu teria que descobrir o que realmente estava acontecendo.

– Como você está? – Ginger questionou.

Dei de ombros.

– Esperava por isso, estamos a mais de duas horas de distância, era natural que nos afastássemos aos poucos, foi melhor assim.

– Se precisar de uma sessão de sorvete com os amigos estamos à disposição. – Hilary disse solidária. Os outros balançaram a cabeça concordando.

Fiquei bem por saber que poderia contar com eles, prometi a mim mesma que revelaria o que me preocupava tanto logo depois de resolver minhas diferenças com Eric.

...

O que você deve usar para invadir a cada do seu ex-namorado? Era o tipo de coisa que uma maluca se perguntaria tenho certeza. Minhas mãos soavam, eu não deveria fazer aquilo era contra a lei, seria levada para um reformatório juvenil, minha mãe me mataria. Ao contrário de mim, Carly mal via a hora de agir, ela falou algo sobre estar vivendo um sonho antigo, era a cara dela transforma um ato ilegal na coisa mais bacana do mundo inteiro.

Vesti uma calça jeans, uma camisa verde, e um tênis all star, era uma roupa simples que não levantava suspeitas e não me prejudicaria na hora de fugir. Amarei meus cabelos com um elástico, um rabo de cavalo simples, meu penteado favorito. Eu não me considerava uma garota atraente, na verdade era bem comum, nem gorda e nem magra, cabelos ondulados, branca demais e com um sorriso bobo. Minha mãe diz que eu não vejo meu potencial, mas é como dizem: Elogio de mãe não vale.

Desci as escadas praticamente saltando os degraus, Carly esperava na sala sentada preguiçosamente no grande sofá branco.

– Eu poderia morar nesse sofá, seriamos muito felizes juntos. – Minha amiga se afundou nas almofadas fofas.

– Temos que ir logo. Não posso mais esperar.

Carly pulou do sofá, agarrou meu braço e fomos em direção a porta.

– Estava te esperando.

– Como passaremos pelos seguranças? – O castigo que minha mãe me deu ainda estava de pé, Darren sequer pensava em me desculpar e fazia questão de dizer isso sempre a minha mãe, pelo menos o relacionamento dos dois melhorou um pouco.

– Nunca duvide da minha capacidade.

Era loucura o que estávamos fazendo, eu sabia, talvez nem desse certo. Invadir a casa de alguém não é tão simples, Eric morava em um prédio, teríamos que passar pelo porteiro e não despertar a atenção dos vizinhos. Não tínhamos sequer um bom plano de como faríamos isso e nem ideia de qual era o numero onde meu ex-namorado morava, não começamos bem.

Carly pediu que eu me abaixasse no banco de trás do focus, por sorte os vidros do carro da senhora Hongki eram escuros o suficiente para impedir que eu fosse vista. Passamos sem problemas pelos seguranças no portão, Carly até buzinou quando um deles liberou a sua passagem. Minha amiga dirigiu por duas quadras antes que eu fosse para o banco do passageiro ao lado dela. Nunca fugi de um castigo daquela forma, fiquei preocupada com o que me aconteceria se minha mãe descobrisse.

...

O apartamento de Eric ficava em Manhattan, o prédio era simples, cinza com grandes sacadas, havia sete andares mais o térreo, ao lado do prédio um portão que devia ser da garagem exibia o aviso “somente moradores”. O edifício era uma construção de tijolos, bem rustica. Na entrada havia uma escada com três degraus que terminavam em uma porta de vidro dava para a portaria.

Carly enfiou o carro entre uma SUV e uma van.

– Como entraremos? – Perguntei apreensiva.

– Nem olhe para mim, só vim mexer nas coisas do Eric.

Eu precisava pensar em algo bem rápido, era dia de semana, a mãe de Carly logo ligaria pergunta onde ela estava. Sai do carro para ver melhor o porteiro, era jovem, trinta anos no máximo, ele usava um topete engraçado. Minha primeira ideia foi dizer que eu era a namorada de Eric e precisava ir até o apartamento dele, mas eu nunca havia ido a casa dele e o porteiro dificilmente acreditaria em mim. Fiquei frustrada com a minha falta de criatividade, tinha chegado até ali, não iria ser impedida pelo cara magrelo na portaria.

– Esta fumaça está vindo dos seus neurônios? – Carly gargalhou alto.

– Estou me esforçando, mas não consigo pensar em nada. Não podemos simplesmente entrar. – Joguei as mãos para o alto teatralmente.

Carly puxou a barra da minha camisa para fora da calça e amarrou de uma forma que minha barriga ficasse a mostra.

– Hey, o que você está fazendo?

– Sabe qual o mal de todos os homens? Eles são todos uns idiotas tarados. Vamos usar essa sua sensualidade para distrair o garotão ali, e eu vou conferir o número do apartamento do Eric nas caixas de correio. – Não gostava da ideia de ser a isca, eu era tão sensual quanto uma minhoca albina.

– E como vamos subir? – Carly pegou uma garrafa de suco de uva de uma caixa no banco de trás. – Pra que isso? Você vai jogar suco nos olhos dele e passaremos correndo?

– Apenas observe um gênio em ação.

Soltei meu cabelo e o joguei de lado, tentei minha cara mais sedutora. Rezei para que Carly soubesse o que estava fazendo, a última coisa que eu queria era ser expulsa do prédio sem respostas. Carly puxou sua regata para que seu decote ficasse mais amostra, sua saia já era curta não precisou de ajuste.

Percebi que o plano de Carly daria certo assim que o porteiro nos cumprimentou com o seu melhor sorriso.

– Bom dia senhoritas. – O rapaz nos despiu com os olhos.

Carly fez sinal para que eu a acompanhasse.

– Oi querido. – Minha amiga deu uma risadinha afetada.

Ela cutucou as minhas costelas com o cotovelo para que eu dissesse algo.

– Ai... Er, olá... – Li o nome em seu crachá. – Ralph, belo nome.

– Em que posso ajudá-las meninas?

– Hora do show. – Carly sussurrou para mim, ela foi em direção as caixas de correio.

Fiz o que combinamos, flertei com o porteiro, seria mais fácil se ele não fosse alto demais e desengonçado.

– Nossa, como você é alto. – Fingi estar impressionada. – Quanto você tem de altura?

– Um metro e noventa e cinco. – Ralph arrumou a postura para parecer mais alto.

Debrucei-me sobre o balcão.

– Wow, toda garota sonha com um cara que alcance as prateleiras altas. Você malha também? – Corri meu dedo por seu braço como as mulheres fazem nos filmes.

– Sim, todos os dias. – Não parecia.

– Dá pra perceber. – Sorri preguiçosamente.

Suspeitava que Carly estava demorando de propósito, ela estava adorando me ver tentando conquistar o porteiro. Minha amiga chutou sem querer uma lixeira que estava próxima das caixas de correio, Ralph tentou virar para ver o que era, mas eu segurei seu rosto e o fiz olhar para meus olhos, o homem sorriu para mim, havia uma alface presa no seu aparelho.

Minha amiga voltou para o meu lado.

– Queridinho temos uma festinha surpresa preparada para o Eric Sheppard, o garoto do 7b. – Ela puxou parte da garrafa de suco de dentro de sua bolsa, sua embalagem se assemelhava a uma garrafa de vinho. – Podemos subir?

Ralph coçou o queixo avaliando o pedido.

– Por favor, grandão. – Tentei.

– Você vai nos decepcionar?

Carly roçou o nariz no meu pescoço fazendo cocegas.

– Maldito bastardo sortudo esse Sheppard. – Ralph invejou. – Tudo bem, podem subir meninas.

Fácil assim? Como aquele cara não tinha perdido o emprego, deixar estranhas entrar no prédio só por que mostraram um pouco mais do decote era muito estupido.

Ralph passou apressado por nós e abriu a porta do elevador.

– Obrigada. – Carly agradeceu, eu apenas sorri.

A porta do elevador se fechou e eu pude respirar aliviada, coloquei minha camisa de volta dentro da minha calça, ficar com a barriga de fora era muito desconfortável. Estava tão perto que nem podia acreditar que em fim teria uma luz sobre Eric, e se possível usaria o que eu descobrisse contra ele, aquele cafajeste estava merecendo um castigo bem dado e dessa vez seria muito mais requintado do que um discurso ou destruição das coisas dele.

Eric morava no terceiro andar, o elevador deu um solavanco antes de se abrir. No corredor a nossa frente havia três portas numeradas de sete a nove, a de Eric era a primeira. Paramos na frente da porta de madeira escura, bati para conferir se havia alguém, prendi o ar enquanto esperávamos.

Da porta ao lado saiu uma mulher de cabelos loiros com dois cachorrinhos.

– Não tem ninguém. O rapaz está fora desde a semana passada. – Ela avisou.

– Caramba, que azar. – Menti.

A moça deu um sorriso e entrou no elevador com os cães. Sabíamos que Eric não estava e que a vizinha estaria fora por um tempo, era perfeito. Esperamos o elevador se fechar.

– Ela me deu um baita susto.

Minha amiga se curvou e olhou de perto a fechadura.

– Você tem a chave? – Carly disse rindo.

– Não. Tenho algo melhor. – tirei um grampo do bolso. – Sair com o Brad teve alguma utilidade, ele podia abrir qualquer coisa que estivesse trancada. Ele me ensinou a abrir portas, agora vejo que foi uma aula muito proveitosa. - Brad nunca roubou nada em sua vida, mas destrancar fechaduras era seu talento especial.

– E só fica melhor.

Usei a técnica que Brad havia me ensinado, por sorte a fechadura era um modelo simples, girei o grampo atenta para ouvir o clique. Carly vigiava a porta do outro vizinho, demorei pouco tempo para conseguir me livrar das trancas. Tomei ar em meus pulmões, queria estar preparada para o que encontraria do outro lado da porta, não estava mais brincando. Abri a passagem, o apartamento era um loft espaçoso, a decoração era bem masculina, as paredes eram de tijolos como a fachada o preto e o cinza dominavam o ambiente, de um lado um balcão separava a sala da cozinha, do outro uma escada para um mezanino onde ficava o quarto. Na sala havia um sofá de couro preto, uma mesa de centro de vidro com livros sobre ela, a tv estava apoiada sobre um aparador também preto. Um quadro retratando a time Square era a única decoração na sala, nada de fotos dele ou da família.

– Nenhum corpo na cozinha. – Carly abriu a geladeira. – Temos comida, quer um lanche de queijo e tomate?

– Não viemos assaltar a geladeira. – ralhei com ela. – Procure algo útil.

Vasculhei a mesa de centro em busca de pistas, encontrei apenas livros de teoria administrativa, uma revista sobre economia e tíquete de lavanderia. Peguei uma caixa que estava no aparador e me sentei no sofá. A decoração poderia ser sucinta, mas os móveis e eletrodomésticos eram carros, eu não esperava menos, Eric tinha um custo de vida alto, sabia apreciar coisas finas, como o seu corvete.

Remexi na caixa, achei apenas botões, algumas pilhas e metade de uma fita crepe. Se Eric escondia algo devia estar bem guardado. O rapaz era inteligente não deixaria provas para trás. Carly saiu da cozinha e foi procurar no quarto. A garota subia as escadas, lá em cima havia uma cama king saize com uma colcha branca, as roupas estavam penduradas em uma arara, do lado da cama estava um criado mudo com uma caixa de som para ipod e um abajur.

Continuamos vasculhando, era como se ninguém morasse ali, tudo estava tão organizado, era possível que Eric tivesse arrumado antes de ir para YALE.

– Summer! – Carly chamou no banheiro.

– O que você achou? – perguntei da porta.

Carly se virou com uma bolsa de couro marrom em suas mãos.

– Olhe. – Ela abriu a bolsa e a virou em minha direção.

– Mas que merda é essa?


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Notas finais do capítulo

- OMG kkk o que será que tem na bolsa?
— Vamos fazer um joguinho, quem chegar mais perto da resposta pode escolher o nome para um futuro personagem, o que vocês acham? Só pra descontrair hehehe.
— Carly