“Não vou poder ir para Nova York esse domingo, tenho que resolver assuntos da faculdade, me perdoe docinho.”

Li a mensagem que recebi de Eric pela quinta vez, não sei o que me irritou mais, desmarcar o jantar ou me chamar de docinho. Havia se passado uma hora do combinado para que ele viesse me buscar quando a mensagem chegou, era a primeira vez que Eric furava comigo e foi da pior forma possível. Ele não atendeu aos meus telefonemas e nem as mensagens. Chutei o monte de roupas que experimentei para longe, elas se espalharam pelo chão. Observei meu reflexo no espelho, cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, saia plissada preta, camisa branca com detalhes pretos, olhos pintados com rímel, estava usando o colar que ganhei de Bree no meu aniversário, um pequeno pássaro com assas abertas.

– Achou mesmo que ele viria? Tolinha. – falei com sarcasmo para o meu reflexo.

Era claro que Eric não tinha a mínima intenção de me apresentar aos seus pais, ele queria apenas se divertir com a garotinha deslumbrada de Dawnton Brooklyn, me deixei levar pelo cara bonito e rico, iludida, isso era o que eu havia sido. Eu fui casinho de verão de Eric Sheppard, usada e enganada, devia ter percebido que alguém como ele não sairia comigo, nem mesmo por interesse, por que o dinheiro era dos Ferris.

Troquei a roupa que usava por um pijama, passaria o resto do domingo estudando, recuperando o tempo perdido. Separei alguns livros para começar a tarefa de espanhol, consegui fazer só isso, era impossível se concentrar com os pensamentos sobre Eric golpeando meu cérebro, lutando por atenção. Tentei ignorar o fato de ser dispensada ter realmente me machucado, mesmo que ele tivesse sido meu namorado por pouco tempo era difícil aceitar que havia acabado, e muito mal por sinal.

Abri meu notebook e procurei pelo nome de Eric no Google, eu já havia feito aquilo antes, apareceu o de sempre, nenhuma rede social, noticias sobre as exposições de seu pai, nenhuma foto deles juntos, pelo menos eram parecidos, Jonathan Sheppard tinha cabelos longos, olhos chocolate, boca fina e dura, se vestia muito bem também, ternos italianos, sapatos de couro, apesar da idade era forte, um homem muito bonito, suspeitava que a mãe era a mulher loira de olhos azuis que aparecia na maioria das fotos abraçada a Jonathan. Não havia muito sobre meu namorado, melhor ex-namorado, somente algumas notícias sobre o time de basquete da Yale, e noticias antigas na página da Buckston. O cara sabia como cobrir seus rastros, eu namorava um fantasma, sem registro algum na rede mundial de computadores.

Parei de me torturar por causa do ocorrido, fui até a cozinha para pegar algo para comer, Edwiges sempre estava a postos para cozinhar, mas era domingo de tarde, preferi não incomodar pegando um pacote de bolachas e um copo de suco de laranja. Subi as escadas concentrada no copo, o enchi até a borda e ele ameaçava cair a qualquer momento. Darren saiu de um dos quartos no exato momento que avancei pelo ultimo degrau da escada, trombei com o garoto de frente.

– Cuidado imbecil. - Ele limpou com a mão o suco que caiu em seu peito, só então percebi que ele estava de toalha. Seus músculos eram esguios, porém definidos, se Eric fazia o tipo fortão, Darren era mais magro, seu abdômen tinha mais cominhos que o suco que eu segurava. Seu torso ainda estava molhado com gotas escorrendo por seu tórax e barriga, fiquei perturbada por me pegar pensando que até que ele era gostoso, mesmo que eu negasse, éramos tipo irmãos. Desviei os olhos, não queria que ele falasse que eu estava o desejando ou coisa do gênero. Tarde demais. – Morrison, pare de ficar me olhando com cara de fome.

– Não gosto de osso. – Mostrei a língua para ele.

– Nem tente me lamber, sai daqui sua pervertida. – Fiquei desconcertada com o comentário, Darren era absurdo.

– Como se você não fosse gostar muito disso. – Retruquei.

– Morrison... – Soou como um aviso.

– O que você faz seminu no corredor? – Todos os quartos da casa tinham banheiros, não era preciso sair enrolado em uma toalha, era exibicionismo desnecessário.

– O meu chuveiro queimou. – Darren passou por mim em direção ao seu quarto. – Não que eu lhe deva explicações, só estou dizendo.

Deixei sua provocação sem resposta, não estava com animo para calorosas discussões, só queria tomar o resto do meu suco e me empanturrar de bolachas, e quem sabe mais tarde comesse sorvete de flocos, a comida é um excelente conforto para corações partidos.

O amor por Eric podia ter morrido um pouco, a curiosidade não. Todo aquele mistério o envolvendo, como alguém conseguia ser praticamente inexistente na internet? Ele não era do tipo avesso à tecnologia, pelo contrário, a adorava. O que Eric queria tanto esconder, eu precisava descobrir. Definitivamente eu estava obcecada em desvendar o enigma Eric Sheppard.