Todos os alunos estavam comentando sobre a demissão do diretor. Minha mãe estava diretamente ligada ao ocorrido, a seu pedido Jeremy convidou o dono do colégio para um almoço. Meu padrasto contou os últimos acontecimentos na academia Buckston, mais tarde comentou conosco que nunca viu o senhor Norman Buckston tão perplexo, ele zelava com afinco o nome da instituição que seu avó construiu com tanto empenho.

Naquele dia vimos o diretor sair com seus pertences, nunca uma manhã de quarta feira foi tão movimentada, não só por causa da demissão do Mckellen, também pela nova politica da diretora que substituiu o tio de Amanda, a mulher mal havia chegado e mandou que os professores avisassem que seria proibido o uso de adereços nos uniformes, como os bótons que Ivy usava ou a touca de David. Genevive Sulivan não aceitaria mais desordem, sua meta era reestabelecer as regras rígidas da academia, voltar às origens que fizeram da Buckston uma das melhores escolas do país.

Ivy e Hilary pararam do meu lado, uma lista enorme de coisas que seriam proibidas estava pendurada na parede da entrada e em todas as outras do colégio.

– Ela não pode tomar nossos celulares! – Ivy reclamou.

– Ela pode e vai. – Hilary vasculhou a lista. – Teremos que usar cabelos presos, não poderemos usar telefones, não será permitido quaisquer alterações nos uniformes. – Eram alguns dos itens listados por Genevive Sulivan.

– Wow, ela não deixou escapar nada.

– Pode apostar Summer. – Ivy disse com desgosto. – Espero que ela não cancele o baile de outono, ninguém mexe com meu baile. – Ivy deu um soco no ar.

– Baile de outono? – Perguntei confusa, não tinha ouvido sobre ele no pouco tempo que estava na Buckston.

– Sim, baile de outono. Esse ano vai ser um baile de máscaras, eu mesma dei a ideia. – Hilary disse orgulhosa de si mesma.

Ivy bateu com o ombro no meu braço de leve.

– Você vai levar o bonitão do Eric Sheppard?

Não tive coragem de contar que estava evitando Eric desde a última vez que nos vimos, o que fazia mais de uma semana, não conseguia engolir os segredos dele, aquela altura nem sabia mais se ainda éramos namorados. Ele me ligou umas duas vezes e deixou algumas mensagens, como se não estivéssemos sem nos falar desde o dia que Carly o seguiu. Só iria acreditar nele assim que apertasse as mãos de seus pais no jantar que ele me prometera.

– Não gosto de bailes. – Tentei não prolongar o assunto.

– Cala a boca, todo mundo adora um baile de máscaras. Vou dançar com aquele gato do seu irmão e ele nem vai saber o que o atingiu. – Ivy jogou a cabeça para trás e gargalhou.

– Pare com isso Ivy. – Hilary repreendeu a amiga que agora fingia dançar uma valsa. – Oh Summer. Você deveria ir, é um grande evento, vai ser muito divertido.

– Vou pensar, prometo. Vou para minha sala antes que o sinal toque, não quero conhecer a nova decoração da sala da diretora. – Não esperei que elas respondessem.

Não estava em clima de baile, em outro momento eu adoraria exibir o meu lindo namorado que estava na faculdade, entretanto a situação havia mudado exibir Eric parecia meio idiota, estava confusa quanto ao que sentia a respeito do nosso relacionamento. O universo estava conspirando contra mim e estava fazendo um ótimo trabalho. Eric voltaria para Nova Yorke na sexta, eu teria tempo para pensar no que iria fazer, e para Carly completar sua missão, minha amiga seguiu Eric pela cidade toda, mas ele não foi para casa dele, depois que foi embora da mansão ele foi ao clube, a uma loja de roupas, a um restaurante, menos para sua casa, quando estava anoitecendo a mãe de Carly mandou que ela voltasse, resultado: nada de respostas. Foi frustrante, Eric sempre estava a nossa frente.

As aulas daquele dia passaram como um borrão. Não prestei atenção em nada, anotei palavras soltas no caderno que mais tarde seriam códigos secretos que eu não conseguiria ler. Minha mente estava longe, vagando entre os milhares de lances que Eric estava escondendo, talvez estivesse começando a ficar obsessiva. Em poucas semanas Eric Sheppard transformou minha vida em uma bagunça.

O sinal anunciando a fim das aulas foi minha redenção, não aguentava mais. Do lado de fora Cortez me esperava na BMW 320i, admito que procurei o coverte vermelho em meio aos outros carros, mas ele não estava lá, Eric já estava em Connecticut.

Meu celular vibrou em meu bolso e começou a tocar In Bloom do Nirvana, a música favorita de Carly.

– Alô. – Atendi.

– Quem é a melhor amiga de todas? – Revirei os olhos.

– Você?

– Quem mais descobriria onde Eric mora querida? Evidente que sou eu. – Ouvi sua risada.

– Como? Você me disse que o Eric não foi para casa.

– Elementar minha cara Watson, usei meus contatos. Descobri que Patrick tem um primo que deve uns favores a ele, e adivinha onde esse primo trabalha? Se respondeu no clube onde o Eric esteve, acertou. Sean, o primo, acessou o cadastro de sócios e conseguiu o endereço do seu namorado. – Carly era um gênio. – O Sean pode perder o emprego se alguém descobrir, bem, o importante é que temos o endereço de Eric.

– Achei que você desistiria. Não sei se quero ir até a casa dele. – A verdade era que tinha medo de descobrir que Eric é um psicopata ou maníaco.

– Não acredito. Você não sabe o que passei para conseguir esse maldito endereço. Tive que fazer o sacrifício de beijar o Patrick. – Ela deu um risinho nervoso.

– Imagino o quão difícil foi pra você. – Ouvi o suspiro de Carly.

– Você não está nem um pouco curiosa? Estou roendo minhas unhas, e nem é o meu namorado.

– Vou esperar até o fim de semana, tenho que dar uma chance para ele se explicar. – Era justo, não era?

– OK, se mudar de ideia tenho perucas que podem te servir como disfarce. – Torci o nariz para a ideia.

– Tudo bem, tchau. – Me despedi.

– Beijinhos minha cara Watson. – Desliguei.

O que estava fazendo? Seguindo Eric, fuçando a vida dele, a que ponto cheguei.