Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 10
Clube dos perdedores


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem.



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O refeitório é um salão com paredes de vidro no térreo do prédio novo, ao invés do típico refeitório havia redes famosas de restaurantes para escolhermos. O refeitório não estava cheio ainda, muitos lugares estavam desocupados, o problema era arranjar algum que não estivesse “reservado”. Rodei quase o salão inteiro a procura de uma mesa livre. Vi David em uma mesa distante, mas estava cheia demais. Era uma droga ser aluna nova. Minha ultima tentativa foi na mesa onde estava uma garota de cabelo roxo, uma baixinha com sardas no nariz, um garoto que parecia muito tímido e uma garota loira com cara de nerd. Eles não pareciam hostis, na verdade pareciam excluídos como eu, não por serem diferentes e sim por estarem sentados quase atrás da porta que dava para o pátio.

Rezei para que me aceitassem, senão teria que almoçar no banheiro. A que ponto cheguei.

— Posso sentar aqui? – Pedi para garota loira com grampos na franja.

A garota de cabelo roxo se virou para me analisar com seus olhos cheios de maquiagem preta.

— Não conseguiu lugar e veio se juntar aos excluídos? Acho que vamos te receber de braços abertos e te chamar de amiga? – A gótica era mal humorada.

— Eu só quero almoçar. – Disse na defensiva. Não queria amigos, só sentar em um canto e comer meu purê de batatas.

— Pode sentar. – A garota baixinha empurrou a cadeira para que eu me sentasse. – A Ginger está em um dia ruim.

— Eu sei, meu nome é uma droga. – Ginger disse sem que eu sequer tivesse tempo de registrar seu nome direito.

— O meu é Summer, ouço piadas com isso desde sempre. – Disse solidária.

— Legal. Os outros perdedores são Hilary, Ivy e Taylor. – Ginger apontou para a garota loira, a baixinha e o único garoto.

Todos acenaram quando Ginger disse seus nomes, acompanhei para gravá-los. A Ivy estava na minha aula de espanhol, me lembrava dela, os outros eu nunca tinha visto.

— Nosso clube é muito seleto, só deixamos fracassado entrarem. Você acha que pode fazer parte? – Ginger continuou.

— Sou filha de uma administradora de classe média que se casou com um milionário, deixei tudo para trás para ser humilhada na escola e perseguida pelo filho do meu padrasto que vocês conhecem por Darren Ferris. Acho que eu deveria ser a presidente do clube dos perdedores.

Assim que terminei todos bateram palmas e me abraçaram. Foi bom finalmente ver uma atitude positiva e não um pé para me fazer cair no corredor.

— Você foi aceita. Pode comer aqui até o fim do ensino médio. – Hilary pegou um copo propondo um brinde, nós repetimos o seu gesto.

— Vocês são legais, por que estão no clube dos perdedores?

Taylor se encolheu na cadeira como se estivesse se protegendo de algo que iria acertar sua cabeça.

— Meus colegas não sabem apreciar uma mulher que almeja o poder. Me acham convencida e competitiva. – Hilary contou.

—  Só me visto de modo diferente da maioria. – Ginger deu de ombros.

— Sou alto demais e filho de uma das professoras. – Taylor falava de um jeito que me dava medo.

— Tay é esquisito, por isso. – Ginger disse o que eu pensei.

Só faltava Ivy, a baixinha cruzou as mãos sobre o colo e baixou a cabeça. Tentei dizer que se não se sentisse a vontade não precisaria falar, antes que eu abrisse a boca Ivy falou.

— Sou fã. – Foi tudo que Ivy disse. Fiquei esperando a explicação. – Ok, sou obcecada, tenho mais de dez fãs clubes de tudo que você possa imaginar. Tenho problemas com a forma de demonstrar meu amor. Alguns dizem que sou doida, eu digo que sou fervorosa.

Não sabia como processar o que minha nova amiga disse. Não creio que excessos façam bem, obsessões fazem as pessoas perderem a noção. E Ivy era o tipo de pessoa que pecava pelo excesso, percebi pelos botóns de bandas e séries em sua roupa.

— Não se preocupe. Estou fazendo tratamento, se eu tomar meus remédios tudo fica bem. Então você mora com o Darren? – Ivy mudou de assunto.

— Ela é obcecada por ele também. – Taylor me assustou.

— Não perca seu tempo, Darren é um idiota.

— Darren Ferris é lindo. Sinto que posso mudá-lo com a força do meu amor verdadeiro. – Ivy suspirou profundamente. – Ele só precisa me ver fora da escola. Aqui tem muitas distrações, muitas Amandas Page.

Todos na mesa riram do que Ivy falou. Gostei deles, era o grupo de perdedores mais legal que eu já tinha visto. Na minha antiga escola eu era apenas mais uma aluna, na Buckston eu era uma excluída, despenquei na pirâmide social, porém tinha amigos divertidos que não se importavam se meu berço foi de ouro ou de segunda mão.

Passamos o resto do almoço nos conhecendo, eles pareciam mais curiosos a respeito da minha vida no Downton Brooklyn do qualquer outra coisa, me senti uma experiência sendo estudada. O intervalo passou voando, o sinal para próxima aula tocou e saímos juntos. Ivy me puxou pelo braço deixando os outros mais a frente.

— Eu tenho um grupo de leitura chamado: livros que viraram filmes. Nós lemos os livros e depois vemos os filmes para discutirmos as diferenças. Você quer fazer parte? – Ivy tinha grandes olhos castanhos que piscavam bem rápido. – Na verdade, eu queria saber se a próxima reunião poderia ser na sua casa, no sábado.

Entendi na hora onde aquela danadinha queria chegar: Darren. Era cristalino como água que a Ivy queria ir a minha casa para ficar perto de Darren. Seria no mínimo divertido se Ivy fosse tão obcecada por ele quanto parecia pelos artistas dos botóns em seu tailleur.

— Claro, qual o livro da semana?

— Orgulho e preconceito.

— Não sei se consigo ler tudo até o fim da semana. – Lamentei. Eu teria que estudar o dobro até o fim das aulas, eu estava atrasada em relação aos alunos da Buckston.

— Você já viu o filme? Podemos te aceitar como uma visitante, não precisa discutir sobre o livro. – Dava pra sentir o desespero na voz de Ivy.

— Adorei a ideia. Na casa dos Ferris tem uma sala de tv que parece um cinema, vocês vão adorar. – Ivy me abraçou.

— Gosto de você Summer.

Saímos de braços dados para o pátio as nossas próximas aulas eram no prédio antigo. A minha era astronomia, a de Ivy economia doméstica. O resto do dia correu sem perturbações. Consegui pegar rápido as matérias e estava feliz por ter novos amigos.

...

Eric me mandou uma mensagem dizendo que estaria me esperando na saída do colégio. Contei os segundos da ultima aula para ir encontra-lo. O sinal mal tocou e eu já estava a caminho da saída. Passei entre os alunos sem esbarrar em ninguém dessa vez, estava pegando o jeito. Não encontrei nenhum dos meus amigos entre os alunos, não pude me despedir.

Do lado de fora Eric me esperava em seu corvete vermelho. Ele estava usando óculos de sol e os cabelos bagunçados, lindo como sempre. Joguei minha mochila no banco de traseiro e me sentei do lado dele. O cheiro de Eric estava impregnado naquele caro, uma mistura de sabonete de hortelão com perfume caro, eu gostava.

Eric colou o braço por cima dos meus ombros.

— Como foi o primeiro dia?

— Não muito bom, tive problemas com a namorada de Darren e com uma professora, pelo menos fiz amigos novos. - Contei.

— Amigos novos é uma boa coisa.

— É sim.

Eric me deu um beijo rápido, o suficiente pra fazer meu coração bater mais rápido.

— Quero te levar a um lugar.

— Estou de uniforme. – Indiquei minhas roupas.

— Eu acho que colegiais são bem sexy. – Corei com o comentário.

— Mais uma surpresa? – Perguntei.

— Sou um homem de mistérios. – Ele deu partida no carro.

O motor do carro de Eric era bem barulhento, mas não de um jeito ruim. Lembrava um gato ronronando, um som potente. O Corvete cortou a cidade de Nova York lançando vento nos meus cabelos, desfiz o coque e os deixei voar. Era bom ficar com o Eric, uma sensação de estar completa me invadia quando o via ou pensava nele. O que me incomodava era o nosso relacionamento indefinido.

Paramos na frente do Monkey bar, o lugar onde fomos com Carly no dia em que nos conhecemos. Não fazia muito tempo, mas era como se tivesse se passado anos desde aquele dia. A mesma moça da recepção ficou me observando por causa do uniforme, eles não devem receber muitos estudantes no Monkey. Sentamos na mesma mesa que da outra vez, esperei Eric me dizer a causa de termos vindo até ali.

— Foi aqui que nos conhecemos. – Disso eu sabia.

— Eric, seja direto, por favor. – Soei um pouco grossa, mas eu estava cansada de mistérios.

Ele limpou a garganta antes de falar.

— Foi aqui que eu encontrei o verão* depois de um longo inverno...

— O verão vem antes do inverno. – Interrompi.

— Summer. Estou tentando ser romântico aqui, me ajude. – ele riu. Me calei para que ele prosseguisse. – O que quero dizer é que eu gosto muito de você e quero saber se você quer ser minha namorada. Quer namorar comigo Summer Morrison?

Dei um gritinho de alegria.

— Achei que nunca fosse perguntar. Quero. – Abracei Eric.

Ele me beijou, seus lábios eram macios, era bom a forma como ele movia boca. Ele agarrou minha cintura me trazendo para mais perto, passei minha mão pela nuca dele que se arrepiou na hora. Nos separamos antes que fossemos expulsos do bar.

— Eu acho que amo você. – Ele disse me olhando nos olhos.

Senti meu coração parar por alguns segundos, não esperava por aquela declaração. No momento sequer reparei na palavra acho no meio.

— Eu também acho que te amo. – Admiti mais para mim do que para meu namorado.


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Notas finais do capítulo

Novos amigos é sempre bom.

Eric, até eu to começando a achar ele meio chato. Adams pare com isso! kkkk


Beijos.
S.W.



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