Atração Implacável escrita por Lia Pallomare


Capítulo 9
Todos temos segredos




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A semelhança entre aquele homem e seu filho era impressionante. Zack era a versão mais nova de seu pai; com exceção dos olhos. Os olhos do homem eram de um tom de verde formidável.

— Preciso falar com meu filho — o homem anunciou em um tom de voz formal. Peguei a mão de Jordan e comecei a conduzi-lo até o quarto, mas o homem deu uma tossida e eu parei — Meus dois filhos, senhorita.

— Claro — encarei Jordan, esperando que falasse algo, mas ele apenas deu de ombros.

Esse era um jeito maravilhoso de acabar a noite.

Arrastei-me até o quarto e sentei na cama até a porta ser aberta. Estava surpresa pelo fato de Zack e Jordan serem irmãos e nunca terem demonstrado isso. Eu só conseguia pensar no estilo de vida que ambos levavam: um esbanjava dinheiro e o outro ignorava os prazeres da vida, contando o dinheiro que precisaria usar. Além disso, não existia semelhança alguma entre os dois, nenhum detalhe em que se assemelhassem.

Quando Jordan entrou no quarto, sua expressão séria me deixou um pouco constrangida e isso só piorou quando ele veio na minha direção, tentando me beijar.

— Não estou mais no clima — resmunguei empurrando seu corpo de cima do meu.

— Mas você estava até alguns minutos atrás. O que aconteceu? — ele perguntou enquanto jogava uma camiseta em mim.

— Não sei Jordan. Acabei de descobrir que seu pai é um milionário e que o Zack é seu irmão.

— E daí? — ele se jogou na cama e arrancou a camiseta — Você nunca perguntou sobre a minha família.

— Você teria contado? — questionei-o meio irritada.

— Não.

— Você é um idiota — resmunguei enquanto tirava minha regata e meus jeans — Nem sei o que estou fazendo aqui.

— Eu também não sei. — sua voz saiu entrecortada — Você podia se trocar no banheiro, por que eu vou ficar louco vendo você assim.

Sorri quando virei de costas, abri o feche do sutiã e o joguei no chão. Eu queria provocá-lo, só não esperava que fosse tão fácil assim. A cama rangeu quando ele se levantou e em seguida senti sua respiração aquecer minha nuca. Um arrepio percorreu meu corpo quando Jordan traçou uma linha imaginária pelas minhas costas. A sensação de seu toque era como um calmante para mim.

Ele me girou pela cintura e grudou seu corpo ao meu. Sua respiração estava ofegante e notei que ele estava se controlando para não me beijar, mas eu não tinha tal autocontrole quando estava tão perto dele. Beijei-o com tal voracidade que por um momento não me reconheci. Sua boca desceu até o meu pescoço e então para a minha clavícula, no lugar exato onde minha tatuagem estava, e um gemido involuntário saiu da minha boca.

Quando nossos lábios se tocaram novamente, parecia que o desejo nos consumiria e, aos tropeços, Jordan foi andando e me beijando até a cama. Ele deitou sobre mim e voltou a beijar meu pescoço e mordiscar o lóbulo da minha orelha. Minhas pernas estavam presas em sua cintura, como se eu quisesse diminuir ainda mais a distância entre nós.

Minhas mãos desceram de suas costas até o cós da calça que ele usava e então ele se afastou de mim. Simples assim. Jordan jogou-se ao meu lado na cama e suspirou frustrado.

— Não vou transar com você — seus olhos procuravam os meus e parecia haver certo receio neles.

— Certo. — suspirei frustrada — Boa noite, Jordan.

— Ei — ele segurou meu queixo, obrigando-me a encará-lo. —Eu não disse que não quero isso. O problema é que existe muito que precisamos esclarecer.

— Estávamos quase fazendo sexo e, pelo jeito como você está falando, parece que você está me pedindo em casamento — meu sorriso era uma mistura de vergonha, dúvida e confusão.

— Dorme um pouco — seu halito quente fez cócegas no meu rosto — Amanhã ainda é terça-feira.

Eu estava coberta de sangue seco e minhas mãos tremiam tanto que mal consegui segurar o telefone para ligar para a polícia, que não me deu a menor atenção. Provavelmente acharam que era um trote, afinal, que criança de onze anos se esconde atrás de uma lixeira e assiste ao assassinado do irmão?

Quando desligaram o telefone, eu não sabia o que fazer. O pavor tomava conta de cada milímetro do meu corpo e, naquele momento, eu soube que nunca mais seria a mesma.

A campainha tocou alguns minutos mais tarde e, com relutância, abri a porta. Um homem de cabelos grisalhos e sorriso solidário entrou em casa e em seguida uma mulher loira. Ambos usavam ternos e me olhavam com cautela. Eu ainda estava cheia de sangue e meus olhos estavam inchados de tanto chorar.

— Seu nome é Alexia, certo? — o homem perguntou —Sou o agente Malcom e essa é a agente Rhonda. Nós estamos aqui para te ajudar, está bem? Você precisa vir com a gente.

— Mas... — minha voz saiu tão baixa que até eu tive dificuldade de escutá-la.

— Nós sabemos o que aconteceu — Rhonda disse com toda a cautela que podia — É por isso que estamos aqui, princesa. Você não está segura aqui.

— Minha mãe — tentei explicar que ela ficaria preocupada mas os soluços me proibiram. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo.

— Olha — Malcom falou — Seu irmão, Enzo, trabalhava com a gente. Sabemos sobre o que Caleb fazia com você e as coisas vão ficar piores agora.

Eles precisaram de alguns minutos para me convencer de que era melhor ir embora e, por estar muito atordoada, concordei com eles. Não pude pegar uma peça de roupa, ou qualquer outra coisa de casa. Saí do único lugar que já havia morado, sem nada nas mãos.

Vinte e quatro horas depois de estar longe de casa, minhas crises de choro se tornaram constantes e as coisas só pioraram quando contaram-me que eu nunca voltaria para casa. Aparentemente eu não estaria segura enquanto Caleb pensasse que eu estava viva, então o FBI achou uma solução simples: mataram-me.

Alexia e Enzo Hill haviam morrido em um trágico acidente de carro e o enterro aconteceria naquela tarde, no cemitério do centro da cidade, mas eu continuava viva. Junto com a noticia da minha morte, veio outra: eu teria outro nome e moraria com outra família.

— Meu nome é Jennifer Smith — repeti a informação que haviam me dado naquela manhã — Fui deixada em um orfanato com três anos e a Lilian e o Shane me adotaram.

— Mais alguma coisa? — Rhonda perguntou.

— Eu sinto saudades de casa — choraminguei.

Sentei na cama e vi o sol começar a nascer pela janela. Jordan ainda dormia e seu rosto tinha uma expressão de paz que normalmente não seria ligada a ele. Em algum momento da noite, eu havia colocado um dos moletons de Jordan, mas continuava somente de calcinha. Levantei da cama e tomei um banho.

Quando saí, Jordan já estava acordado e sorria para mim. Não havia sinal de constrangimento sobre a noite passada, então pensei em agir como se não houvesse acontecido nada. Era assim que essa história acabaria: sem nunca ter nem ao menos começado.

Eu tinha que aceitar isso.


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Notas finais do capítulo

O próximo capitulo muito provavelmente irá sair na semana que vem. A partir de então todos os capitulos novos serão postados semanalmente. Espero que estejam gostando da história



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