Atração Implacável escrita por Lia Pallomare


Capítulo 13
O efeito das mentiras


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo sob o ponto de vista de Jordan!



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Quando voltei para o hospital, avisaram-me que Jennifer já estava acordada. Eu deveria ficar feliz com isso, mas na verdade, senti meu estômago revirar. O acidente ainda era um mistério e as coisas só melhorariam quando Daphne aparecesse, mas eu não me sentia disposto a olhar para Jennifer, sabendo o que sabia. O jogo mudou e agora quem estava perdendo era eu.

Existem segredos insignificantes e existem segredos com o mesmo efeito que uma bomba nuclear e os meus segredos estavam no mesmo nível que a bomba de Hiroshima. É comum que pessoas omitam parte de sua vida, mas quando noventa por cento do que sabem de você é mentira... A verdade pode causar grandes danos. Meus segredos eram justificáveis, mas isso não significava que alguém iria me perdoar por isso. O perdão tinha mais haver com compaixão dos outros, do que com as coisas que eu fiz.

Jennifer passou metade da vida se escondendo em segredos, até que eles se tornaram reais, mas isso não era possível comigo. Meus segredos eram a única coisa que me mantinham no mesmo lugar. Era por causa do meu segredo que eu estava naquela cidade; era por causa dele que eu havia me apaixonado por ela. Infelizmente, o amor não segue regras, ou ouve conselhos; ele possui suas próprias regras e não aceita a opinião alheia. É por essa razão que as coisas acabam dando errado.

Se a mente e o coração trabalhassem em união, seriam raros os corações partidos, mas eu sou a prova viva de que um não funciona em função do outro. Quando a mente diz não, o coração diz sim e, consecutivamente, você estará ferrado.

Ando pelo corredor, sem de fato olhar para onde estou indo. Sei o que tenho que fazer, por mais difícil que seja, foi para isso que foi morar com meu irmão. Foi por isso que entrei na vida de Jennifer. Não importa o quanto eu a deseje, nada disso deveria ter acontecido. As coisas fugiram do controle e, por mais que eu goste delas como estão, se algo acontecer com ela, eu jamais me perdoaria.

Novamente eu entro no quarto de Jennifer, mas dessa vez ela está de olhos abertos, tentando absorver cada centímetro de tudo o que pode colocar os olhos. Ela sorri para mim e tento fazer o mesmo. Ainda é difícil olhá-la com todas essas marcas no rosto e por todo o corpo. Marcas que poderiam ter sido evitadas se eu não a tivesse deixado pegar aquele maldito avião. A culpa vai acabar me consumindo.

— Como você está se sentindo? — Perguntei da forma mais sutil que consigui.

— Cansada. — Retrucou e fez uma careta. — Sabe quantas vezes eu tive que responder a essa pergunta? Muitas. O que vocês esperam que eu responda? Acho que ninguém além de mim consegue reparar que eu estou deitada em uma cama de hospital, cheia de cortes no rosto, um braço quebrado e a porra de um tiro na barriga!

Semicerro os olhos e dou um sorriso para ela. Mesmo com todas as dores e a confusão do acidente, ela não perdeu seu jeito mal humorado de sempre. Isso me alegrou um pouco.

— Sinto muito pelo surto. — Ela diz depois de vários minutos em silêncio. — É só que... Isso é muito confuso.

Mais ou menos.

Pensei em como as peças pareciam se encaixar na minha mente, mas não podia falar nada. Por que, até onde todos imaginavam, eu não sabia de absolutamente nada. Segredos são uma merda!

Precisei sair do quarto de Jennifer um pouco depois de ter entrado, por que seus pais queriam ficar com ela. Eu os entendia, mas meu instinto me dizia para não ficar muito longe do quarto. Se as coisas estivessem acontecendo como eu imaginava, um metro de distância, já era um risco.

Passos ecoaram pelo corredor e eu olhei para o começo dele. Uma mulher loira, alta, vestida com uma saia e um blazer andou vagarosamente pelo corredor. Seus lábios vermelhos eram um contraste com a pele branca como neve. Ela sorriu para mim ao parar. Não era um sorriso bonito.

— Olá Jordan. — ela diz tão casualmente que quase não noto a irritação sutil no seu tom de voz.

— Daphne. — Forço-me a sorrir por uma fração de segundos.

— Como ela está indo? — Daphne pergunta e olha para a porta do quarto.

— Exatamente como uma pessoa que não faz ideia do que está acontecendo deveria reagir. — Arrumei minha postura e a encarei. — O que vamos fazer?

— Você não fará nada. Está suspenso. — pisquei algumas vezes, mas não tive tempo de falar nada. — A única coisa que você não podia fazer era se apaixonar por essa garota e foi exatamente o que você fez. Seu trabalho era protegê-la, mas você ficou cego. Quero você fora.

— E como você vai explicar as coisas para ela? — retruquei, irritado. — Eu não vou deixá-la sozinha. Você está me suspendendo, ótimo, mas eu vou ficar na casa do meu irmão, de férias. Próximo dela.

— Não me desafie, garoto. — ela sorriu. — Você é carne nova no trabalho. Não pense que eu não tenho poderes sobre você.

— Jogue suas cartas, que eu jogarei as minhas.

Daphne pareceu surpresa por eu não ter recuado e até mesmo ofendida, mas recuperou sua postura dura de sempre e entrou no quarto. Eu a segui.

Sentia raiva, por ela estar me tratando como uma criança. Nada do que havia acontecido tinha sido planejado e, mesmo assim, aconteceu. A culpa não era minha, ou de Jennifer. Ninguém seria capaz de evitar aquilo, por mais que tentasse e como tentei.

Minha chefe sentou-se no pequeno sofá e encarou-me por alguns segundos antes de focar sua atenção em Jennifer. Ela iria me ferrar. Era possível sentir o cheiro da raiva e decepção exalarem de seu corpo. Eu estava acabo; essa era minha ruína.

Ela começou a explicar onde trabalhava e o corpo de Jennifer rapidamente ficou tenso. Aquela garota que sempre aparentava ser indestrutível, era, naquele momento uma criança apavorada. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Ainda não sabemos como ele te achou. — Daphne diz e me encara. — Sinto muito que isso tenha acontecido.

— Eu sei como ele me achou. — Jennifer disse ao enxugar algumas lágrimas do rosto. — Meu irmão procurou Trevor alguns dias atrás e, quando nos falamos...

— Você nos desobedeceu?! — Daphne ergueu a sobrancelha e mordeu o lábio. Ela estava se segurando para não ter uma crise nervosa. — O que aconteceu, querida?

— O Trevor veio atrás de mim. Ele ficou em um hotel por um dia e meio. Não achei que teria problema.

— Pelo jeito, seu achismo destruiu sua identidade. — a rispidez na voz dela, faz a pouca força que Jennifer tinha se esvair.

— Ele vai me matar! — ela chora e sinto-me péssimo.

— Não se pudermos impedir. — Daphne disse com os olhos cravados em mim. — Você disse que não se afastaria dela, não é mesmo? Então, vocês vão desaparecer por alguns meses. Ninguém vai saber nada sobre o paradeiro de vocês e, para o bem dela, eu espero que você faça seu trabalho.

Aquela mulher extremamente inescrupulosa sorriu para mim e saiu da sala. Me deixando ali, sozinho, pronto para ver meu mundo ruir.


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