Dimitrius estava observando a escuridão do seu quarto enquanto se mantinha em sua cama, já preparado para dormir.

Seus pensamentos eram focados em Gaia e em tudo o que Gate havia falado horas antes em relação a ela.

Por algum motivo, naquele momento, o anjo se sentia agradecido pela filha dos elementos estar tão arisca ao seu redor, pois tudo o que sentia era raiva por culpa das decisões que Gaia havia tomado sem ao menos perguntar a sua opinião.

Antes de qualquer sentimento ou vontade, a imortal era a sua esposa e imperatriz de toda uma dimensão. Gaia não podia agir como bem entendia quando estava ao lado de um arcanjo, seja a criatura mais poderosa que existia ou não.

Dimitrius fechou seus olhos e permitiu que toda frustração do seu corpo fosse embora enquanto tentava adormecer para descansar a sua mente. E foi nesse exato momento que o arcanjo pode escutar o barulho silencioso do trincar de vidros para em seguida uma explosão quase ensurdecedora acontecer em toda a sua mansão quando todos os vidros foram quebrados pela enorme onda de poder que varreu todo o lugar.

O imperador da humanidade se levantou segundos depois, mesmo que estivesse com alguns machucados por causa dos vidros que atingiram seu corpo, Dimitrius começou a caminhar em direção do quarto de Gaia, pois era de lá que ele podia sentir a vibração de tamanha força que jamais havia sentido antes.

O que aconteceu? A voz de Ryan surgiu em sua mente quase que imediatamente.

Não fui eu. Dimitrius tratou de se defender desde que ele era o único capaz de explodir todos os vidros naquela mansão. Contudo, agora também existia Gaia. Procure por feridos e os ajude com o resto dos tenentes, eu estou indo procurar a fonte disso.

Dimitrius sabia que seus tenentes estavam bem, provavelmente apenas com alguns cortes como ele, mas sua mansão era cheia de empregados que não eram tão forte como eles e que poderiam até mesmo sofrer feridas mortais, apesar de todos serem aliquis.

O anjo desceu até o quarto de Gaia o mais rápido que pode, considerando que toda a sua casa estava cheia de cacos de vidros, ele se arrependeu por não vestir suas botas, mas sua pressa de chegar até a outra imortal era tão grande que não se importou em receber outros cortes.

O imperador da humanidade abriu a porta do quarto da filha dos elementos sem ao menos se preocupar em bater, sabendo que ela poderia se irritar completamente pelo ato mal educado. Contudo, ao invés de receber algum sermão quando entrou naquele quarto sem ser convidado, Dimitrius se deparou com algo que nunca havia presenciado antes, mas que já era esperado.

Gaia estava próxima da abertura da janela, agora sem nenhum vidro, com sua pele pálida com um leve brilho branco que se destacava por causa da escuridão logo atrás dela. E seus olhos eram completamente brancos, sem nenhum vestígio dos azuis que eram tão belos.

A imortal estava paralisada, nem mesmo o leve movimento de respiração existia em seu corpo e se não fosse pelos seus cabelos que eram levemente balançados pelo vento, o arcanjo podia dizer que ela havia se tornado uma estátua.

Durante sua infância Dimitrius havia ouvido diversas história sobre Gaia e a principal delas era de que os anciões invadiam a sua mente para roubar todo o conhecimento do futuro que ela possuía. E quando isso ocorria, tudo o que diziam desde que ninguém havia presenciado isso antes, era que os olhos da filha dos elementos ficava completamente branco.

O arcanjo não sabia ao certo o que fazer, mas era ciente de que não podia interromper. Agora que sabia o que estava acontecendo, a explosão do vidro só podia significar duas coisas: que Gaia havia perdido o controle dos seus poderes ou que os anciões haviam feito aquilo ao entrarem na mente da imortal.

Mas considerando o poder que existia naquele ambiente, o anjo tinha certeza que era ambas sugestões.

Dimitrius esperou em silêncio até que algo acontecesse e tão rápido quanto a explosão dos vidros, a onda que preenchia aquele quarto desapareceu, com ela o brilho que havia surgido ao redor de Gaia também sumiu e os olhos da imortal voltaram a ser os mesmos.

Gaia encarou Dimitrius apenas por alguns segundos quando voltou ao normal antes que seu pequeno corpo caísse em direção do chão para ser machucado por diversos cacos de vidros que estavam ali.