Gaia estava sendo observada por diversas pessoas.

E esse pequeno fato estava a deixando apavorada.

Ela estava acostumada com que os imortais ignorassem sua presença como se simplesmente não existisse no local. E de certa forma, isso até era bom, pois ninguém a ofenderia.

Contudo, agora que estava em um baile de Maximus como a imperatriz da quarta dimensão, todos a encaravam como se fosse algo extremamente raro. E ela nem conseguia comentar sobre as expressões de desgosto das imortais que esperaram ter uma chance com Dimitrius.

Aquele salão de festa estava lotado e a maioria parecia estar mais interessado nela e em seu vestido negro do que com Luna, a dona da festa.

Ela se manteve afastada da mente dos imortais, como Dimitrius havia pedido, e considerando o modo como a olhavam, era até melhor não ouvir os pensamentos deles. Ainda mais agora que havia sido deixada sozinha.

O arcanjo da humanidade havia pedido licença para conversar com Gate, o tenente que não estava presente na festa por causa de estar a serviço enquanto Maximus se distraía com a festa de Luna. Gaia havia se colocado de lado, procurando o canto mais escuro para ficar e deixar de ser observada pelas pessoas, mas seu pequeno plano parecia não ter dado muito certo.

Eles continuavam a olhando.

A filha dos elementos desejou muito poder sair daquele salão para algum lugar em que não seria o foco de atenção de todos que passavam por ela, mas sabia que seria muito mal educado deixar a festa da sobrinha de Dimitrius.

Ainda mais quando o arcanjo da humanidade já havia sumido para encontrar o seu antigo amigo. Se Gaia simplesmente sumisse da festa, seria muito mal educado.

Mas ela já estava se sentindo sufocada demais por estar ali sozinha. E seu humor não melhorou em nada quando viu de longe Argent e a sua esposa caminhando pelo salão como se fossem grandes imperadores da dimensão.

A filha dos elementos decidiu não pensar nas coisas que estava a incomodando e virou seu rosto em direção de Maximus e Ellylan.

Ambos estavam tão felizes que era impossível que o imperador do inferno conseguisse esconder os seus sentimentos naquele momento em que estava ao lado de sua esposa e filha. Os arcanjos eram conhecidos por serem bons em esconder suas emoções, mas Maximus havia falhado naquela noite. Mesmo que não estivesse sorrindo, seus olhos claros eram como estrelas de tão brilhantes que estavam.

Gaia suspirou e se odiou por pensar negativamente quando estava vendo uma cena tão linda. Contudo, ela sabia que jamais faria com que Dimitrius se sentisse da mesma forma que o seu irmão mais velho.

Enquanto os outros arcanjos haviam se casado por amor, o imperador da humanidade tinha sido obrigado a estar com ela. E como a imortal havia se apaixonado primeiro, Dimitrius não conheceria o amor desde que o futuro disse que apenas um se apaixonaria naquela relação.

Gaia tinha tirado tudo dele.

A imortal suspirou novamente para afastar os pensamentos da sua mente, admitindo para si mesma que era terrível em não pensar negativamente.

— Uma imortal tão bela não devia estar oculta pelas sombras.— A voz de Patrick invadiu o pequeno espaço privado de Gaia e ela se virou para encontrar os olhos tão anormais do demônio. Seu coração não disparou como acontecia antes quando o encontrava, mas ela se sentia feliz por ver o tenente que sempre o considerou como um amigo.

O único amigo que já tinha tido desde que foi criada.

— Eu não pertenço a esse lugar.—
— Pelo contrário, Gaia.— Patrick discordou.— Quem não pertence a esse lugar são os imortais ao seu redor. Você nasceu para estar no poder e agora apenas está tomando o seu lugar.—

A imortal desejou sorrir ao ouvir as palavras sinceras do tenente ruivo, mas sabia que existiam diversos boatos sobre eles e sorrir diante de tantos olhos apenas pioraria a situação. Ela não desejava prejudicar Dimitrius com as diversas fofocas que nasceriam pelo o seu ato, pois o anjo não merecia isso.

— Essa é a primeira vez que a vejo usando outra cor que não seja o branco.— Patrick voltou a falar enquanto a observava com seus olhos serenos.— Dimitrius está a transformando no final das contas.—
— Isso é algo ruim?—
— Essa não é a pergunta correta, Gaia.— Ele desviou seus olhos para as pessoas que estavam ao redor deles.— Você deve se perguntar se está gostando dessa transformação.—

Gaia não precisava se perguntar para saber que estava gostando da sua vida ao lado de Dimitrius. Ela podia estar assustada, mas não infeliz pelo o seu destino com o arcanjo.

A imortal até mesmo ter pensou, no começo, que os anciões desejavam a sua destruição quando a obrigaram se casar com o anjo que mais temia por lembrá-la do seu passado. No entanto, agora ela desejava não ter que se separar dele.

Isso soava egoísta, pois sabia que ele jamais se apaixonaria por ela.

Gaia olhou para Patrick que ainda estava esperando por uma resposta sobre o seu relacionamento com Dimitrius. Por um momento ela se sentiu desesperada para ouvir os pensamentos do demônio para saber o que ele pensava, só que Gaia não tinha esquecido da sua promessa que tinha feito para o anjo da humanidade.

— Eu acho que é melhor não ficarmos tão próximos.— Ela falou para Patrick de modo delicado para não soar arrogante. Mas o tenente sabia que aquilo era algo que eles deviam evitar, considerando o tanto que os imortais gostavam de inventar histórias.

O demônio ruivo movimentou sua cabeça em um sinal para concordar com as palavras de Gaia, mas antes que se afastasse, ele a alertou:

— Eu me aproximei para afastar Argent,— Patrick disse de modo sério.— Ele está tentando se aproximar já faz algum tempo.—

Gaia procurou Argent com os seus olhos ao redor do salão e logo o encontrou no centro dançando com Nahia.

Sem muitas palavras, a imortal agradeceu Patrick pelo aviso, pois não desejava deixá-lo ciente dos seus problemas com o outro anjo. Afinal, o demônio apenas sabia que ela o odiava a ponto de não querer estar no mesmo ambiente que o outro homem.

Depois que Patrick se afastou, a filha dos elementos não esperou nem mais um único minuto sozinha naquele salão. Ela foi atrás de Dimitrius para que Argent não tivesse a chance de se aproximar dela para torturá-la com suas palavras.

A filha dos elementos apenas desejava chegar ao local que o arcanjo da humanidade estava antes que Argent a seguisse para abordá-la em um local ainda mais vazio.