Gaia estava ajoelhada no chão observando os pequenos lobos brincarem freneticamente depois que ela segurou cada um para amarrar as fitas coloridas no pescoços deles. Durante alguns segundos eles pareceram ficar muito incomodados com os laços de cetim ao redor da sua pelagem cinza, mas assim que se distrairam com suas brincadeiras de filhotes, as fitas foram completamente esquecidas.

A imortal ainda se sentia frustrada por ter se encontrado com Nahia, mas ao ver a felicidade dos lobos, ela se esqueceu da raiva que sentia pela angelical. Pelo menos um poquinho, pois não era fácil esquecer o fato de que a mulher sabia tudo sobre o que Argente fazia e pensava em fazer com ela.

E o que a deixava com mais raiva era que parecia que Nahia aprovava as ações do seu marido.

Isso não era algo que a admirava, pois dentro do coração dessa angelical e de Argent apenas existia a maldade que era tão comum encontrar em imortais.

Horus, o filhote que era o maior dos três, correu em direção do colo de Gaia e a distraiu dos seus pensamentos odiosos sobre Nahia. O filhote pulou em suas pernas dobradas e tentou alcançar o rosto da imortal para que pudesse lambê-la.

A filha dos elementos abaixou seu rosto e permitiu que o pequeno lobo lambesse sua bochecha para ajudá-lo a completar sua felicidade em tocá-la de forma tão carinhosa.

— Você deve agir carinhosamente com Dimitrius também para que ele pare de pensar em vocês como pulguentos.— Ela falou para Horus.

O lobo apenas abanou seu rabo enquanto encarava Gaia com sua língua pendurada para o lado de fora, provavelmente pensando em diversas coisas que não tinham nada haver com o arcanjo da humanidade.

A imortal levantou uma das suas mãos para acariciar Horus, mas antes que tivesse chance de tocá-lo, uma dor aguda em seu braço fez com que ela ficasse paralisada. Gaia gemeu logo em seguida e levou o seu braço com as linhas negras em direção do seu peito para apoiá-lo ali como se o movimento fosse apaziguar seu sofrimento.

A dor era como se algo estivesse a queimando enquanto cortava a sua carne e era tão grande que a filha dos elementos começou a ver de forma embaçado tudo o que estava diante dos seus olhos.

Horus desceu de seu colo imediatamente e seus irmãos se aproximaram enquanto choramigavam por ela. Os filhotes permaneceram ao seu lado mesmo quando Gaia os ignorou por causa da dor que estava a matando.

Ela não pediu por ajuda, muito menos fez algum barulho para expressar sua dor, pois estava acostumada a lidar com seus próprios problemas sozinha e também sabia muito bem o que significava aquilo.

Aquela dor que estava quase a levando a inconciência era o veneno que estava progredindo em seu corpo para chegar até o seu coração.

E isso apenas dizia o quanto os anciões estavam se tornando impacientes pela demora que ela e Dimitrius estavam tendo em realizar o pedido deles.

Gaia deitou no chão e se encolheu para amenizar a dor que sentia em seu braço. Tudo o que ela podia fazer naquele momento era esperar até que o veneno parasse de progredir em seu corpo e que a aquela agonia queimante sumisse tão rápido quanto surgiu.