Ellylan encontrou o arcanjo que governava o inferno no salão onde os tronos dos arcanjos ficavam. Maximus estava sentado naquele que lhe pertencia e não havia mais ninguém para lhe fazer companhia até o momento em que ela entrou no local.

Os olhos azuis do anjo loiro encontraram com os dela em questão de segundos e eles sorriram para Elly de forma tão única que era impossivel seu coração não acelerar de alegria por saber que ela era o motivo daqueles sentimentos em seus olhos.

Maximus não se moveu do seu assento e nem ao menos precisava, pois Ellylan não via problemas em caminhar em sua direção para ficar o mais próxima que pudesse dele.

Agora que sua pequena filha já havia adormecido, ela poderia aproveitar seu tempo com o arcanjo do inferno sem se preocupar com Luna aprontando alguma coisa enquanto desviava seus olhos para espiar o único homem que conseguia afetar todo o seu cérebro.

Elly andou em direção do seu arcanjo e apenas parou quando subiu em seu colo depois de passar seus braços ao redor do seu pescoço para abraçá-lo, o anjo também a segurou da mesma forma amorosa que ela o segurava. O aroma fresco que existia ao redor de Maximus era o que a lembrava que ali era a sua única casa e que não existiria nenhum outro lugar que encontraria a mesma felicidade que sentia naquele momento.

— Como está Luna?— O anjo loiro perguntou.
— Dormindo igual uma pedra como o pai dela costuma fazer.—
— Então ela não nega o sangue de arcanjo que existe em suas veias.— Maximus sorriu de forma sincera.

Ellylan sempre se surpreendia como o arcanjo do inferno tinha facilidade para dormir e isso ocorria o mesmo com Luna. Tanto ela quanto Maximus também odiavam acordar cedo e se tornavam muito mal humorados quando alguém atrapalhava o sono deles.

O anjo loiro lhe disse uma vez que seus irmãos também eram iguais a ele, só que Elly achava que todos os dias alguém acordava Meridius fora do seu horário por causa de estar sempre de mau humor.

— Você se comprtou corretamente enquanto estava com Niffie e Gaia?— Maximus perguntou desconfiado e foi impossivel não retribuir com uma careta.
— É claro que sim. Agora que sou uma imperatriz não posso deixar minha imagem ainda mais suja.— Ela falou.— Além do mais, Niffie e Gaia são certinhas demais para que eu cometa deslizes.—
— Então eu devo cortar o seu convivio com meus tenentes?—
— Ou com você, arcanjo.—
— Eu não sou uma má influência, humana, mas acredito que Patrick e Gate não sejam os melhores nesse quesito.—
— Você sempre os culpa por tudo.—
— E eu não estou errado em fazer isso.— Maximus resmungou baixinho e Ellylan não podia julgá-lo, pois os dois tenentes sempre se envolviam em confusões.

E por tudo o que Maximus lhe contava sobre o seu passado com seus irmãos, Dimitrius também aparentava ser tão insuportável quanto os demônios soldados, mas ela havia conhecido muito pouco desse Dimitrius desde que ele se tornou solitário depois de tudo o que ocorreu com Diane.

Todos acreditavam que o seu casamento com Gaia seria algo bom para deixá-lo longe da loucura, mas Elly tinha suas dúvidas. A imortal de cabelos brancos era cheia de segredos e demonstrava que conhecia o sofrimento muito bem.

Ao mesmo tempo que seu relacionamento com Dimitrius podia ajudar a ambos, eles podiam tornar tudo em um pesadelo real.

— Maximus,— Ellylan falou o nome do seu marido depois de pensar em Gaia e Dimitrius.— Uma coisa me intrigou hoje.—
— O quê?—
— Eu vi algumas linhas negras em volta mão de Gaia,— Ela lhe disse.— Quando perguntei o que era, ela não pareceu ter sido sincera com a resposta.—
— Por que você acha isso?— O arcanjo do inferno demonstrou curiosidade.
— Imortais costumam mentir melhor do que quando estão falando a verdade.— Ellylan refletiu por um momento.— E Gaia... Ela parecia estar mentindo.—
— Existem muitas coisas sobre Gaia que desconhecemos, Elly. Talvez ela tenha mentido, pois não pode revelar os seus segredos para ninguém além dos anciões.—
— Algo está estranho, Maximus.—

O imperador do inferno olhou para os seus olhos por alguns segundos em silêncio, Ellylan sabia que ele não estava em sua mente para verificar suas preocupações desde que era algo impossivel, mas o arcanjo não precisava invadir seus pensamentos para saber o que ela pensava.

— Eu irei conversar com Dimitrius para saber sobre isso, Elly.—
— Obrigada.— Ela o abraçou com força e deu um rápido beijo na bochecha quente do anjo loiro.

Ellylan não conhecia Gaia muito bem, tão pouco era próxima da outra imortal para ter suas próprias conclusões, mas ela sentia que algo estava muito errado. E tudo começava nesse casamento inesperado entre Dimitrius e a filha dos elementos que ocorreu apenas por que os anciões ameaçaram vidas. Dimitrius e Gaia não pareciam ser do tipo que iriam ceder tão facilmente. Por mais que se casassem para manter os arcanjos seguros, ambos poderiam estar procurando uma solução para deixar de serem um casal, mas nem isso estavam fazendo.

Se Ellylan fosse obrigada a se casar com alguém que não gostava, ela não estaria tão calma como o arcanjo da humanidade e a sua nova esposa.