Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 2
Capítulo 02




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581352/chapter/2

O arcanjo da humanidade voou por toda a sua dimensão procurando pelo ponto da natureza que estaria silenciosa por causa da presença de Gaia. Dimitrius tinha esperança de que a filha dos elementos estivesse em sua dimensão, pois ela tinha o costume de ficar mais nela no que nas outras dimensões, já que tinha medo do inferno e do paraíso por causa da raça pura não aceitá-la muito bem.

Bom, para ser sincero, ninguém aceitava Gaia. Nem mesmo Dimitrius.

Ela até poderia ser agradável por emitir tanta inocência, mesmo sendo a criatura mais velha e poderosa que já existiu, mas a função que Gaia possuía no mundo deles era realmente enojante.

A filha dos elementos era como uma espiã dos anciões. Tudo o que eles não viam, ela tinha o dever de contar como uma mensageira. Além do mais, Gaia podia ver tudo o que estava no futuro e os seus superiores ficavam ciente de cada coisa que aconteceria por causa dela.

Os arcanjos poderiam ser mortos antes mesmo de cometerem seus erros.

E tudo por culpa de Gaia.

Talvez ela não tivesse culpa por estar envolvida nesse papel e nem ao menos desejasse isso, mas Dimitrius não compreendia como Gaia era feita de fantoche tão fácilmente quando era a filha dos elementos.

Os criadores da vida haviam construído Gaia com todos os elementos que existiam no mundo e por ela ser tão poderosa, eles souberam que a vida seria exterminada em poucos meses se tantas pessoas como Gaia fossem criadas. Eles não a mataram por saberem que jamais praticaria o mal, mas também não a protegeram da maneira correta e permitiram que os seus superiores a transformassem em uma peça de jogo.

Os anciões eram apenas arcanjos que se elevaram para um nível muito maior do que possuíam antes. Provavelmente e obviamente receberam novos poderes, mas eles ainda estavam a baixo de Gaia.

Saber disso apenas fazia com que Dimitrius se tornasse ainda mais irritado pela imortal que se deixava ser feita de fantoche quando era ela quem deveria dar ordens.

O arcanjo percorreu toda a região que era constituida pela natureza e que era próximo ao centro da sua dimensão, mas em nenhum pedaço da floresta ele encontrou o silêncio que estava procurando. Dimitrius decidiu mudar o seu trajeto antes de ir para o paraíso procurá-la, pois na sua dimensão ainda existia um lugar abandonado pelos imortais e tomado pela floresta. E foi nesse mesmo lugar que o anjo encontrou Gaia na vez em que estava cheia de hematomas e lavando seus ferimentos na beira do rio.

Além de ser odiada, a filha dos elementos ainda se permitia apanhar de outras pessoas. E para ajudar em toda essa situação irritante, o arcanjo da humanidade ouviu boatos desagradáveis que falavam que ele foi o causador de tantos machucados na pele dela.

Dimitrius ficou furioso por pensarem que ele causaria danos a uma mulher tão infeliz como Gaia, mas nada o deixou mais incomodado do que saber que os imortais aprovavam o fato dela estar machucada.

Aparentemente, Gaia tinha um processo de cura mais lento do que os outros imortais e isso significava muitos problemas ao invés de coisas boas. E era exatamente por esse motivo que Dimitrius estava a procurando naquele momento.

Se Gaia tivesse sido ferida, ela precisaria de ajuda.

Obviamente, Gaia nunca admitiria tal coisa, como não admitiu que seu processo de cura era mais lento, mas o arcanjo da humanidade era bastante curioso em relação a ela para deixar que qualquer coisa passasse sem ser percebido.

Dimitrius estava voando sobre o mesmo rio em que havia a encontrado semanas atrás e se manteve atento enquanto procurava por qualquer coisa fora do normal. Ele voou até chegar na nascente do rio e foi então que encontrou o silêncio.

Nem mesmo as águas que se debatiam nas pedras com força causavam algum tipo de som, nada além das asas do arcanjo fazia barulho. Dimitrius desceu em direção do chão, tomando cuidado para que suas asas não ficassem presas em meio das enormes árvores.

Ele procurou pelo único ponto branco que estaria em meio da natureza, mas o anjo não pode encontrar nada. Tudo o que Dimitrius achou e que chamou sua atenção, foi a entrada de uma pequena gruta, mas grande o suficiente para que um anjo entrasse.

O anjo teve que fechar seus olhos e respirar fundo pelo menos duas vezes para encontrar a paz em seu interior, pois não podia acreditar que estaria entrando em um buraco por causa de Gaia. E por mais que odiasse ter que enfiar seus pés na agua e entrar naquela gruta, Dimitrius não tinha nenhuma opção, ainda mais quando o interior da gruta estava tão quieto.

O arcanjo fechou as asas em sua costas de maneira apertada para que não esbarrassem em nenhuma pedra cheia de limo e depois se moveu para entrar naquele lugar.

A gruta estava completamente escura e como ele via apenas a escuridão em sua frente, Dimitrius pode deduzir que o seu final estava distante. Mas ainda assim, quanto mais o anjo se movia para dentro, não existia o barulho da água corrente e muito menos o som de gotas que caiam do teto em direção do chão.

Gaia estava ali dentro.

E não demorou mais que alguns minutos para que Dimitrius a encontrasse.

Depois que o corredor de pedras se expandiu, o arcanjo viu o corpo de Gaia caído e encolhido no chão. Mesmo que ela estivesse deitada sobre a água e a lama, aquilo não pareceu incomodá-la, nem mesmo a presença de Dimitrius fez com que ela se movesse.

Seu vestido e cabelos brancos estavam completamente sujos de lama, mas não havia nenhuma mancha vermelha que indicasse algum ferimento grave. O arcanjo da humanidade se sentiu um pouco aliviado por não existir sangue a sujando, mesmo que em seu sonho isso também não tivesse ocorrido e a causa da sua morte fosse outra coisa.

Além do mais, Dimitrius podia ver que a mulher respirava com dificuldade e isso era a única prova que precisava para saber que ela ainda estava viva.

Seu braço esquerdo estava sendo escondido pelo pequeno corpo dela e mesmo que não estivesse, seu vestido possuía mangas longas e não permitiam que ele visse sua pele.

— Gaia.— O anjo falou ao mesmo tempo que caminhava e se ajoelhava diante do corpo dela, estendendo suas asas o máximo que podia para que suas penas não se molhassem naquela água que era uma mistura de lama e limo. E antes que ela tentasse se afastar ou fizesse qualquer tipo de atitude tola, o arcanjo a tocou em seu pescoço para procurar por sua pulsação.

Dimitrius ficou surpreso pela temperatura dela estar tão fria e ficou ainda mais perplexo pela pulsação estar fraca.

E não houve mais dúvidas, mesmo que não soubesse a causa, o anjo soube que a filha dos elementos estava morrendo.

— Vá embora.— As palavras da imortal não passaram de um sussurro fraco.
— É realmente cansativo ter que ouvir essa frase todas as vezes que nos encontramos, gatinha.—
— Então você já deveria ter entendido o significado delas.—

O arcanjo da humanidade tocou o ombro sujo da imortal para mover seu corpo até que suas costas tocassem o solo com a intenção de encontrar os olhos tão claros de Gaia, já que antes ela estava deitada de lado e encarava a parede da gruta.

— Você fere meus sentimentos, Gaia.— O arcanjo tentou não demonstrar surpresa pelo estado em que ela se encontrava. Sua pele e lábios estavam exatamente no mesmo tom do sonho que teve com ela antes de encontrá-la.— Não é assim que se trata alguém que quase morreu por ter sido alvo dos seus poderes.—

— Eu o avisei que não corria risco de morte.—

Dimitrius observou em silêncio os olhos de Gaia, os azuis gelo estavam praticamente quase sem cor também. Apesar dos olhos dela sempre terem sido quase brancos, naquele momento a única coisa com cor era a sua pupila.


Antes que aquele assunto se prolongasse mais, o arcanjo pegou o braço esquerdo da imortal e imediatamente viu que veias negras se realçavam em sua mão. Ele puxou a manga do vestido para cima logo em seguida para ver o restante daquelas linhas, mas diferente do seu sonho, elas não cobriam todo o braço da filha dos elementos.

As veias negras estavam serpenteando até um pouco a baixo do seu cotovelo e sem precisar de detalhes sobre aquilo, Dimitrius soube que aquelas linhas escuras eram o motivo da morte dela.

— Por que você está morrendo, Gaia?— Ele perguntou.

Gaia não o respondeu, na verdade, antes que o arcanjo concluísse a sua pergunta, a imortal fechou seus olhos de maneira lenta e perdeu a consciência.

— Estúpida.— Dimitrius murmúriou com certa raiva e se movimentou para carregar a filha dos elementos em seus braços, pois estava obvio que ele estava ligado a ela nessa morte tão estranha. Afinal, não foram seus irmãos que sonharam com ela, caso contrário já teriam tomado alguma atitude para ajudá-la desde que todos os arcanjos são responsáveis por Gaia.

Se a filha da natureza morrer, os arcanjos sofrerão as consequências dessa morte.

Isso era uma ordem, uma regra e uma promessa que todo imortal conhecia desde a infância.

Gaia, definitivamente, não podia morrer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maldição | Amor Imortal 03" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.