Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo antes de eu me tornar escrava da faculdade T.T



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Dimitrius entrou no quarto de Gaia sem ao menos bater após retornar do seu encontro com seu irmão, por um momento se arrependeu do ato mal educado, pois sabia que ela iria trocar de roupa por estar suja de sangue, mas quando a viu sentada na beira da sua cama e vestida, ele se tranquilizou.

A imortal sempre o reprovava por invadir o seu quarto sem nenhum anúncio, mas naquele momento Gaia demonstrava em seus olhos a tensão que o assunto exigia dela.

O anjo a observou com cautela, pois não desejava levá-la até o limite e vê-la desmaiada por causa dos seus medos. Aparentemente, a imortal demonstrava estar bem para lidar com o assunto, mesmo que seus olhos estivessem sombrios.

— Obrigada pelos vestidos.— Gaia falou de forma calma ao mesmo tempo que olhava em direção do guarda-roupa que Liv havia enchido de roupas brancas quando ele a mandou para o centro da sua dimensão.
— Eu imaginei que você precisaria.—

Afinal, desde que Dimitrius conheceu Gaia, ele apenas a viu usando um mesmo vestido. E como ela não possuía nenhum lugar para chamar de casa, o anjo duvidava que ela tivesse algum pertence.


Quando o arcanjo mandou sua tenente comprar vestidos para a sua nova esposa, ele queria dizer para a outra mulher trazer diversas roupas coloridas, mas como sabia que Gaia não as usaria, preferiu não correr o risco. No entanto, a ideia de ver a imortal em sua frente usando roupas de cores vivas era algo que assombrava a sua mente desde que era uma criança e descobriu sobre a existência de uma mulher que era coberta pelo branco.

O vestido que Gaia estava usando não tinha mangas e o seu braço com linhas negras estavam a mostra para qualquer um ver. Por sorte, Maximus e Meridius não sabiam que Gaia ainda corria risco de morte. Eles acreditavam que ambos teriam o tempo que era preciso para terem uma criança, que já não estavam mais sofrendo ameaças de morte depois do casamento.

Se seus irmãos soubessem a verdade, era provavel que se intrometessem para encontrar uma solução impossivel de se realizar e o arcanjo já estava cansado de ver os anciões criando novas ameaças para acabar com toda a paz.

Ele não se importava em ter Gaia como sua esposa, muito menos em se deitar com ela. As únicas coisas que lhe importavam era a segurança da sua família e essa criança que seria o seu filho. Seu desejo era ter um melhor relacionamento com a filha dos elementos para que o filho deles não sofresse com a ideia de que foi apenas gerado por causa de uma ordem.

Com muito pouco Diane desejou destruír tudo o que ela conhecia por vingança e Dimitrius não desejava que essa historia se repetisse.

O arcanjo caminhou em direção de uma poltrona próxima da janela e se sentou com suas asas fechadas em suas costas para ocupar pouco espaço desde que o quarto era pequeno demais para acomodar um anjo. Gaia acompanhou os seus movimentos com os olhos e continuou em silêncio.

— Bem,— Dimitrius começou.— Acredito que já podemos começar a discutir nossa relação.—

Gaia continuou em silêncio, seus olhos azuis claros encontraram os dele em mil súplicas que pediam para não voltar ao passado que existia fechado em sua mente. O imperador desejou não obrigá-la a fazer isso, mas eles não possuíam nenhuma opção.

Ele precisava entender por que ela o temia tanto.

— Nós precisamos fazer isso, Gaia.— Dimitrius falou sem usar irônia ou sarcasmo em sua voz.— Para o nosso próprio bem e segurança dos demais.—
— Não conte para ninguém o que você ouvir aqui.—

O arcanjo movimentou sua cabeça para concordar com a imortal, mesmo que ele não tivesse a intenção de divulgar para todos seu passado antes do pedido, o anjo preferiu concordar para passar segurança.


— Eu me apaixonei por um arcanjo no passado.— Gaia falou suas primeiras palavras e capturou completamente a atenção dele.— Pelo imperador do inferno da segunda geração de arcanjos, para ser mais exata.—

A filha dos elementos olhou em direção do chão e manteve seus olhos fixos em um ponto do tapete em sua frente, enquanto ela se preparava para dizer suas próximas palavras, Dimitrius tentava compreender como o amor por seu antepassado acabou se transformando em medo por ele.

— Eu não entendo, Gaia.— O anjo falou quando o silêncio se prolongou demais.— O que seu amor por alguém tem haver comigo?—

A imortal em sua frente fechou suas mãos em punhos e só então Dimitrius percebeu que ela estava tremendo. Gaia estava caminhando em direção do seu limite e quando estivesse próxima, ele a deixaria em paz para que pudesse se recuperar, pois não desejava denificá-la de modo algum.

— Phillip sabia que eu o amava e se aproveitou disso para fazer as pazes com o imperador do paraíso.— Ela olhou para o anjo e seus olhos estavam cheios de sombras.— Você já viu as antigas pinturas, Dimitrius? As imagens dos segundos arcanjos?—
— Sim.—

Naquele momento, algumas coisas começaram a fazer sentido em sua mente sobre o assunto.

O segundo imperador do paraíso, irmão de Phillip, se chamava Gregory e durante muito tempo ambos viveram em uma constante guerra que discutia quem tinha mais poder. No entanto, isso não parecia ser o mais importante na história de Gaia, o que tinha um verdadeiro valor sobre Gregory era o fato de Dimitrius ser exatamente igual a ele quando se tratava de aparência.

O anjo já havia ouvido por muitas vezes que ele era o irmão gêmeo de Gregory em um século diferente, pois suas semelhanças eram muitas.

— Gregory tinha um interesse particular em mim e Phillip me deu como um presente para selar a paz entre o paraíso e o inferno. Tudo o que ele desejava era uma noite e seu irmão me enganou para que isso acontecesse.—

Dimitrius sentiu todo o seu interior se agitar com a raiva que cresceu ao ouvir as palavras vazias da mulher em sua frente. Ele agarrou os braços da poltrona com suas mãos e as apertou para controlar a fervente raiva que existia nele.

Ele conhecia todas as histórias dos antigos arcanjos e sabia muito bem que eles eram capazes de fazer qualquer coisa para acabarem com as guerras que eles criavam.

— O que Gregory fez?— Ele perguntou, mesmo sabendo a resposta de Gaia, Dimitrius queria ouví-la.
— Ele me estuprou.— A imortal sussurrou com as lágrimas crescendo em seus olhos claros.— Phillip pediu para encontrá-lo na floresta durante a noite e quando cheguei no local que sempre nos encontravamos, quem estava lá era Gregory. Ele...—
— É o suficiente.— O arcanjo da humanidade a cortou quando as lágrimas de Gaia começaram a escorrer por seu rosto.

Ele não queria que a filha dos elementos voltasse para o passado e sofresse mais ainda por causa dele. Gaia já devia se considerar amaldiçoada por ter que se casar com alguém parecido com a pessoa que fez um mal enorme a ela, tudo o que menos precisava era voltar para o momento sombrio que Gregory a feriu de diversas formas.

No entanto, Dimitrius precisava saber mais.

— Por que não se defendeu, Gaia?— Ele perguntou.— Por que você permitiu que isso acontecesse quando pode parar qualquer imortal?—
— Eu estou ligada a natureza e quando uso os meus poderes, coisas ruins podem acontecer por causa de mexer com o equilibrio.—
— Você foi ferida e...—
— Por que tiraria a vida de tantas pessoas?— Gaia limpou suas lágrimas para que outras voltassem a sujar o seu rosto pálido.— Quem sou eu para fazer e decidir isso?—

Naquele momento o arcanjo da humanidade se levantou da poltrona e se virou em direção da janela para poder se acalmar. Ele não podia dizer que se odiava por ser identico a Gregory, mas odiava que Gaia estivesse naquela situação.

A imortal o temia por se parecer com alguém que a machucou... E agora estava casada com ele por causa de um capricho dos anciões. Talvez a única coisa que o tranquilizava naquele momento era saber que o antigo arcanjo não era um parente tão próximo. Afinal, seu avô foi o imperador da humanidade.

Mas Dimitrius trazia lembranças desagradáveis para Gaia apenas com a sua aparência e agora o seu medo por ele fazia completamente sentido. E ele nem ao menos tinha o direito de julgá-la ou chamá-la de fraca.

Na verdade, a imortal era forte sem ao menos ter a intenção de demonstrar para todos do que tinha capacidade.

Quando os soluços de Gaia se tornaram abafados, Dimitrius se virou para olhá-la. A filha dos elementos ainda estava sentada na cama, mas agora havia levantado seus joelhos para abraçá-los e esconder o seu rosto enquanto chorava.

O arcanjo da humanidade deu um passo em direção dela, mas imediatamente parou. Todas as vezes que viu Diane e Niffie chorarem, ele sempre as abraçava para se sentirem confortadas e essa demonstração de carinho sempre parecia funcionar. No entanto, ele não sabia se isso faria o bem para Gaia.

Era um fato que ele tinha que demonstrar que não era igual a Gregory, os antigos arcanjos eram cruéis demais e Dimitrius nunca chegaria ao mesmo nível deles, nem mesmo quando existiam tantas sombras em sua alma.

Com Gaia o arcanjo teria que ter paciência, pois a imagem de Gregory sempre estaria na mente dela primeiro.

Mas como ele poderia lidar com essa situação?

Talvez o mais fácil fosse procurar alguma solução que acabasse com os planos dos anciões para que Gaia não fosse mais obrigada a ser sua esposa e gerar um herdeiro, mas isso seria simplesmente desistir de ajudá-la.

A imortal ainda o temeria por alguém que não era e isso não parecia ser certo.

Dimitrius não se importava de ter tantos inimigos e pessoas que o odiavam, mas isso acorria pelo simples fato de ser um arcanjo, já Gaia não gostava de estar próxima dele por causa de traumas causadas por seu tio-avô.

Ele mostraria a ela que suas semelhanças com Gregory acabavam apenas na aparência, o anjo mostraria a Gaia tudo o que realmente era.

Sem pensar uma terceira vez sobre o assunto, o arcanjo da humanidade se aproximou de Gaia e a abraçou. O pequeno corpo da filha dos elementos imediatamente congelou e ela tentou se afastar, mas Dimitrius usou um pouco da sua força para mantê-la imóvel.

— Me desculpe por parecer com alguém que lhe feriu, Gaia,— Dimitrius murmuriou contra os cabelos brancos da imortal e foi impossivel não se deliciar com o cheiro de flores e natureza que compunham o aroma dela.— Mas eu nunca irei machucá-la.—

O anjo continuou a abraçando mesmo que os braços dela estivessem presos entre seu corpo e os joelhos. O fato dela ter se tornado rigida também não incomodou Dimitrius, antes quando a imortal o ollhava como um animal por estar proximo, ele sentia raiva, mas agora tudo o que se passava em sua mente era compreensão.

Para ser sincero, sua visão sobre Gaia havia mudado completamente agora que sabia um pouco sobre o seu passado. Dimitrius sempre a considerou como fraca e estranha por sempre demonstrar que era inferior aos demais quando na verdade estava no topo do poder.

Tudo na imortal estava danificado por causa de uma única pessoa.

Mas o arcanjo mudaria isso, pois não permitiria que Gaia o comparasse com alguém que não existia mais nas dimensões.

Ele não era como Gregory, nem nunca seria.


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