Deixe ir escrita por Thalia


Capítulo 8
Um acordo perigoso


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Novo capítulo u.u. (uau isso está óbvio, eu sei) Bem... novamente obrigado a todos que vem lendo, favoritando e comentando, e um incentivo e tanto ^_^ Obg mesmo leitores e por favor não parem de fazer isso rsrsrs Enfim, divirtam-se com o cap. Adorei escrevê-lo, principalmente a última parte(mistério) Nos vemos nas notas finais, Boa leitura!



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Raiva? Desespero? Incerteza? Não sei explicar o que sinto quando Jack revela a razão de tudo aquilo. A surpresa do quão séria é aquela fria verdade me acerta como uma flecha em seu alvo. Já não bastasse os meus inúmeros problemas, agora uma lunática está atrás de mim, querendo me matar para ter de volta sua “preciosa” imortalidade? Isso é totalmente injusto. Eu tenho vontade até de rir, tamanho é o meu azar.

–Elsa? Elsa, você está bem? –pergunta Jack, surpreso. Ele olha para mim com as sobrancelhas franzidas e North e Bunny também me encaram de longe, curiosos. Tudo porque, nesse exato momento, estou rindo como uma louca.

–É que... –começo, me recompondo- Eu não consigo acreditar que isso esteja acontecendo. É simplesmente... –dou de ombros, incrédula- Injusto, sem sentido.

Jack suspira, entendendo.

–Eu sei. –ele diz, solidário- Eu...

Ele hesita, incerto do que dizer.

–Não precisa dizer nada para fazer eu me sentir melhor. –falo, agora sem nenhum resquício de sorriso em meu rosto. Tento manter um falso controle quando falo. Estou tremendo agora. Uma mulher de sabe-se lá quantos anos quer me matar, perfeitamente normal e compreensível. -Apenas me fale mais sobre essa... Imogen. –O nome é como ácido em minha boca. Percebi agora o quanto o odeio.

Dessa vez, ele não hesita em responder. Apenas sua expressão se torna sombria e vejo ódio em suas palavras, como se estivesse lembrando de alguém que quisesse esquecer.

–Ela é calculista, louca e com um senso de humor um tanto perturbador. –percebo um pouco de ironia na voz com essa última característica. -Faria qualquer coisa para conseguir o que quer. Antes de se tornar uma mortal, queria poder. Conseguiu, e muito. Causou tanta destruição e caos que lhe foi tirado algo que é considerado mais precioso para qualquer um de nós.

–A imortalidade. –concluo.

Jack assente, mas há uma leve incerteza em sua voz. Faço uma pergunta silenciosa sobre isso.

–Quem a tirou? –Outra questão me incomoda.

Como se estivesse esperando por isso, Jack vira sua cabeça em direção ao céu visível através de uma grande janela a alguns metros de nós. Seu semblante é rígido, dotado de uma mágoa e ressentimento repentino.

–O chamam de “O homem da Lua”. –seu olhar se volta para mim- Isso porque se comunica através dela, não que ele já tenha dito mais de duas palavras para mim... nenhuma vez sequer. –Percebo que alguma má recordação passa pela sua mente, pois ele rapidamente desvia os olhos, distante. - Não sei absolutamente nada sobre ele, a não ser que ele é bem poderoso e escolhe os guardiões. Concede a imortalidade e pelo que eu soube da Imogen... também pode tirá-la.

–É como um líder? –pergunto, confusa- Achei que a Mãe-terra fosse a líder.

–Aqui na terra, ela é. Mas o Homem da Lua é bem solitário pelo que sei. Não conheço alguém que já tenha conversado com ele.

Tudo isso soa muito estranho, mas decido não fazer mais perguntas. O peso do que Jack me dissera antes volta a me assombrar. Ele parece perceber, pois muda de assunto.

–A intervalos indefinidos de tempo, mortais com poderes opostos nascem. Não necessariamente no mesmo ano ou década. Mas um dia o destino vai fazer com que eles se encontrem e em algum momento eles terão que lutar... até a morte, fazendo o vencedor se tornar imortal.

Ele para por um instante antes de continuar.

–O seu caso é diferente, Elsa. Imogen não nasceu mortal e tem séculos de experiência. Estava mais louca que nunca quando perdeu a imortalidade pouco antes de você nascer e eu não achava justo que você tivesse que lutar com ela e a Mãe-terra também não. Ela criou regras para protegê-la.

–As regras. –murmuro, me recordando das duas vezes Jack a citara, mas nunca tinha me explicado do que se tratava.

–Nenhum de nós poderia falar com você ou deixar você descobrir nosso mundo. Seria mais seguro que você não se envolvesse, vivesse escondida. –ele dá um sorriso malicioso- Imogen nunca a descobriu, na verdade, Eu e a Mãe-terra nos certificamos disso, pelo menos até o Inverno que você causou. Isso foi um sinal enorme da sua localização e de quem você era. Por isso, ela está atrás de você. E agora é inútil lhe manter isolada, apesar da Mãe-terra ainda discordar.

Mais uma consequência do Inverno "acidental" que criei. Lembranças ruins me tomam a mente.

–O que vai acontecer agora, Jack? Não estou preparada para isso, eu... –me exaspero, a ideia de manter o controle na voz se esvaindo enquanto falo- Nunca quis ser imortal, isso não é justo. Não pedi para ser escolhida!

–Não... –seu olhar é extremamente triste, não apenas dotado de pena ou solidariedade como é de se esperar- E eu sinto muito por tudo isso. Eu nunca quis...

–A culpa não é sua, Jack. Sei que está tentando me ajudar e obrigada por isso.

Ele hesita.

–É o mínimo que eu posso fazer. Você não vai carregar esse fardo sozinha. –Seu tom é determinado, como se nada no mundo pudesse fazê-lo mudar de ideia.

–Pela minha pança! –exaspera North, se aproximando novamente junto com Bunny. –Então você ainda não sabia?

Ele está olhando diretamente para mim, preocupado. Minha aparência deve estar denunciando tudo o que sinto por dentro.

Jack responde em meu lugar, acenando a cabeça.

–Não sobre tudo, não deu tempo.

North suspira pesadamente.

–E eu pensando que ela tinha lidado com a situação sem se preocupar muito, o que achei estranho, mas estava meio ocupado para perguntar.

O comentário só faz eu me sentir pior. North percebe e faz uma coisa que me pega totalmente de surpresa. Ele vai até mim e me abraça.

–Oh, minha criança... –ele sussurra, afagando minhas costas. Retribuo aquele abraço caloroso, quase paternal. Fazia tanto tempo que eu não recebia um desses... Apesar daquela brutalidade nas palavras e nos gestos, é compreensível que ele seja o Papai Noel.

Lentamente, me afasto dele e digo a única coisa que me vem à cabeça.

–Acho... que é melhor eu ir para casa agora. -Consigo manter o controle fingido em minha voz. Para quê demonstrar medo? Tenho que manter a calma, refazer minhas barreiras. Disciplina e força de vontade.

North assente.

–Nos veremos em breve, espero. –ele fala, esperançoso.

Concordo com a cabeça e viro para o garoto ao meu lado.

–Bem... então... até logo, Jack.

Ele está prestes a dizer algo, mas desiste, hesitante.

–Até logo, Elsa. –diz, por fim.

Sinto que devo dizer mais alguma coisa, qualquer coisa, mas as palavras não me vêm à mente. Bunny se mexe desconfortavelmente ao lado de North e lembro que tenho que ir.

Vou até ele.

–Pode me levar aquela casa onde nos encontrou? –pergunto.

Apenas com um olhar significante e nenhuma resposta, Bunny abre outro de seus túneis no chão. Olho uma última vez para North e para Jack, este não retribui meu olhar, o que não ligo muito. Já comecei a não me importar mais sobre as estranhas mudanças de estado dele. Uma hora ele diz que ia me ajudar apesar de tudo e na outra nem olha na minha cara? Vai entender.

Um pouco relutante, afinal nunca tinha entrado naquele buraco por vontade própria, entro na escuridão. Bunny me segue em seguida. Após alguns segundos deslizando pelas paredes do túnel, me vejo novamente na casa abandonada.

Levanto com um pouco de esforço, me sentindo cansada. Aquela luta havia me desgastado muito, como eu só notara isso agora?

–Obrigada, Bunnymund. –agradeço. E como não sei mais o que dizer para alguém que evidentemente não gosta de mim, começo a ir em direção à porta.

–Espere, Elsa. –ele fala. O tom de voz incrivelmente calmo.

Surpresa por finalmente falar comigo sem gritar, me viro para ele. Pela primeira vez desde que o conheci, sobrancelhas cerradas e a habitual carranca no rosto não estão presentes. Apenas um semblante um tanto preocupado.

–Sim? –digo, a curiosidade óbvia em minha voz.

Ele demora alguns segundos antes de falar. Parece travar uma luta interna: devo ou não tratar bem a loirinha que detesto, assim como o amiguinho dela? Já posso até imaginar ele recuando, dizendo “Deixa para lá, tchau” e pulando no buraco.

Mas não foi isso que aconteceu.

–Eu queria que soubesse que... eu não odeio você, tudo bem? –ele fala, rapidamente, como se estivesse se livrando de um grande fardo.

Sem saber ao certo o que responder, digo a coisa mais óbvia.

–Hã... tudo bem. Não achei que odiasse.

Ele percebe meu sarcasmo e me lança um olhar.

–Talvez eu não tenha sido legal com você, mas... não sou assim sempre. Quero dizer... –ele dá de ombros- as crianças gostam de mim.

–Você é o coelho da Páscoa. É claro que elas gostam de você.

Ele abre a boca para argumentar, mas desiste. Começa a ficar impaciente, percebo. Ele fica nesse estado com muita facilidade.

–O que estou querendo dizer é que... não me julgue como...

–Mal educado? Egoísta? –começo, me descontrolando.

Ele levanta a sobrancelha, provavelmente não imaginava que eu fosse ofendê-lo. Mas, estranhamente, não se defende.

–Você só me ajudou porque o North pediu. Queria mandar o Jack para a Mãe-terra, mesmo sabendo que o matariam e que ele era o único que podia me ajudar com a Imogen. Não parece se importar com ninguém, além de si mesmo.–disparo, sem me importar com a aspereza das palavras.

Ele apenas me encara e respira fundo, parecendo derrotado.

–Você está certa, eu... fiz essas coisas, mas não sou geralmente assim. É só que... você parecia tão ligada aquele idiota que eu não percebi que era apenas uma garota que estava em má companhia. Supus, pelos poderes, que fosse o reflexo dele. Agi precipitadamente, eu sei. Des... –ele hesita. Percebo seu esforço para continuar. –Desculpe.

Seu pedido de desculpas e sua hesitação em discutir comigo me fazem imediatamente me sentir envergonhada do modo que eu o acusei. Ele não tinha me ajudado, apesar de tudo? O que eu tinha feito em troca fora apenas recriminá-lo e descontado nele meus problemas.

–É claro, eu... também não devia ter falado com você desse jeito. Foi cruel e ingrato... Também peço desculpas.

Ele dá de ombros.

–Eu mereci. –ele fala, o tom bem mais leve e brincalhão que eu nunca achei que ele fosse capaz.

Com um clima bem mais tranquilo entre nós, me despeço.

–Então... é melhor eu ir. Até logo, Bunnymund.

–Pode me chamar de Bunny. Você é legal, ao contrário dele. –ele para- Não adianta dizer que ele é uma péssima companhia e exemplo e que é bom você se afastar dele, não é?

Sorrio, imaginando a possibilidade. Surpreendo-me ao pensar que deixar Jack não está nos meus planos. E não é só por causa da Imogen. Aquele garoto... é divertido conversar com ele, apesar de seu sarcasmo irritante, bipolaridade e o fato de me ignorar sem motivo.

–Pense sobre isso. –ele fala, fingindo seriedade. –Até logo, Elsa.

Com isso, ele desaparece no túnel, que desaparece do chão logo em seguida.

Minutos depois, estou de volta a feira, procurando uma certa amiga próximo ao grande chafariz..

–Ah, graças a Deus, aí está você! –diz Alissa, de um jeito nada discreto, a uns três metros de mim. Ela anda em minha direção, se esgueirando pelas pessoas amontoadas. Faço o mesmo.

Quando estamos bem próximas, Alissa me dá um forte abraço de urso.

–Alissa... estou bem. –aviso, sorrindo.

Ela finalmente me solta e, o que eu menos esperava, me dá uma bronca.

–Você está péssima! –diz, observando meu cabelo desalinhado e o vestido todo sujo de terra e folhas. -Onde diabos, danem-se os modos, você estava? Está uma hora atrasada! Por que demorou tanto?

Não tive nem tempo de responder, pois Alissa já põe sua mente maliciosa em ação, se acalmando.

–Parece que vocês dois tiveram uma conversa bem “quente”, não? –ela cerra o olhar e dá aquele sorriso. -Me conte logo os detalhes. - ela pede, eufórica.

Reviro os olhos. Como eu não tinha adivinhado que isso iria acontecer?

–Afinal, onde está seu bravo e lindo cavaleiro de gelo? –ela lança seu olhar para atrás de mim, esperando Jack.

O termo é tão brega que tenho vontade de vomitar.

–Olha, Alissa... eu tive uma manhã cheia. Não tenho tempo para isso. Vamos embora? –sugiro, impaciente.

Ela parece decepcionada.

–Mas não vai me falar nada? –ela pergunta.

–Depois. Agora, tudo que quero é um bom banho, roupas limpas e comida porque lutar dá fome.

Percebo o que falei assim que saiu da minha boca. Alissa arregala os olhos.

–Lutar? Elsa.... O que aconteceu? -Seu tom agora é sério.

–Depois eu explico! Por favor, vamos embora. Estou exausta.

Ainda um pouco desconfiada, ela assente e andamos em direção ao palácio. Um guarda no portão me olha curiosamente, mas dou apenas um sorriso simpático. Devo estar parecendo que rolei cem vezes em algum chão de floresta e depois ainda peguei uma porção de terra e espalhei pelo vestido.

“E estou mesmo.”, penso, olhando para o espelho em meu quarto. Isso sem falar no meu cabelo, parecendo um ninho de pássaros. Com um suspiro cansado, chamo uma serviçal para preparar meu banho. Estranhamente, não é Sarah que aparece logo depois em minha porta. Uma pena porque só agora lembro de perguntar o motivo dela ter desobedecido uma ordem minha quando acordei depois do acidente no incêndio. Não que eu tivesse me importado muito com isso, mas estou curiosa.

–Ela saiu pouco depois da senhora, Majestade. Disse que foi ao ateliê consertar um vestido seu que estava faltando pedras. –responde a jovem serviçal de cabelos ruivos, quando pergunto sobre Sarah.

A olho um pouco desconfiada. A garoto apenas dá de ombros, o nervosismo estampado em sua expressão.

–Foi o que ela me disse, Majestade, eu juro! Saiu daqui apressada e com o vestido em um saco. Eu até achei estranho, mas...

–Tudo bem. –minto, também achando estranho. Quando ela voltasse, eu pediria para esclarecer as coisas. - Entre.

A serviçal começa a preparar meu banho enquanto me jogo na cama, exausta. Quando entro na banheira, encosto a cabeça na borda e me pego pensando em Olaf, Kristoff e.... Anna. Uma pontada invade meu peito. Estou com tanta saudade deles, principalmente de minha irmã. Um fino sorriso me invade os lábios quando imagino o que Anna diria se conhecesse Jack. Com certeza, faria que nem Alissa, mas daria uma ênfase no quesito “amor verdadeiro”, do jeito que só ela, ingênua e sonhadora que é, pensaria. E o Olaf... provavelmente pediria para que ele fizesse coisas divertidas com a neve, sem estragar o verão, é claro. Sorrio, lembrando de seu humor sempre alegre e seu nariz de cenoura, que Sven sempre está de olho. Kristoff olharia Jack com reprovação, pensando que mais um ser que controla o gelo surgiu para atrapalhar seus negócios de entregador de gelo oficial do reino. Que falta sinto deles.... Tem tanta coisa acontecendo e minha irmã não está aqui para falar comigo, para me dar seus divertidos conselhos adolescentes.

Suspiro, triste. Porque suas cartas sempre são tão vagas? Enquanto envio as minhas com no mínimo duas folhas falando das novidades no reino, nada sobre Jack pois quero falar isso pessoalmente, Anna manda cartas com caligrafia um pouco borrada, como se tivesse fazendo às pressas e apenas um parágrafo explicando que está tudo bem e que voltarão em breve.

Eu realmente cansei dessas cartas.

De repente, uma hipótese louca surge em meus pensamentos. É tão horrível que meu braço machucado começa a latejar de dor novamente, meu psicológico se desequilibrando. A água já não parecesse tão fria e minhas queimaduras voltam a arder. Minhas mãos tremem de ansiedade. Eu devo estar enganada, eu tenho que estar.

Não consigo ter mais paciência para o banho, então me lavo rapidamente e dispenso a serviçal. Coloco um vestido simples e faço um coque apressado em meu cabelo. Minhas mãos não param de tremer, estou suando.

Não pode ser verdade, não pode.

Mas quanto mais penso na possibilidade, mais ela me parece real. E se Anna, Kristoff e Olaf foram sequestrados? Eu não sei como, mas tenho a ideia do motivo e do autor do crime. Imogen é louca, Jack me garantira isso, ela não hesitaria em fazer tal coisa com pessoas inocentes, tentando me atingir. Ela me pediria em troca.... Não posso ficar parada esperando isso acontecer.

Saio apressada do quarto, os nervos à flor da pele. Não tenho nenhuma ideia de onde eles possam estar, a não ser que ainda estivessem em Sorayan como prisioneiros, o que me parece muito óbvio. O ideal seria encontrar Jack, mas como contatá-lo? Ele disse que ia passar um tempo no Polo Norte e depois iria voltar para Arendelle. Mas quando, com toda essa dificuldade causada pela Mãe-terra? Eu realmente a odeio. Não posso esperar que ele se disponha a aparecer. Frustrada com essa impossibilidade, vago pelos corredores até minha sala administrativa, pensando em todas as minhas chances. Chego à conclusão de que deveria primeiramente ter a certeza de que eles não estão de turistas em Sorayan, para não correr o risco de agir precipitadamente. Mesmo que isso parecesse perca de tempo, o que mais eu posso fazer? De qualquer forma, o rastro de minha irmã, Kristoff e Olaf partem dali, então é ali que eu devo começar minha busca, porque eu preciso ir a Sorayan, não ia aguentar minha ansiedade se enviasse alguém em meu lugar.

~Narrador

(Algumas horas depois)

–Você quer ou não quer sua vingança? -a pergunta ecoou pelas paredes cavernosas. A voz feminina era carregada de impaciência e autoridade.

–É claro que quero! –Hans deixou isso bem claro. É a coisa que mais quer na vida...

–Então por que hesita? –falou, entediada.

Hans mudou sua posição desconfortavelmente. Não era uma boa ideia confrontar um ser daqueles, mesmo que agora ela fosse mortal. Mas ele deveria apelar para outra opção. O que ela estava pedindo, ele tinha quase certeza de que não ia dar certo.

–Eu já lhe disse. Acho que esse plano falhará. –ele falou, cautelosamente.

Não foi a coisa certa a dizer.

Imogen, a senhora dos vulcões, agora atrelada aquela estúpida condição mortal, fez seus olhos faiscarem de raiva e labaredas percorrem seus braços bronzeados, como cobras brilhantes.

–Você ousa afirmar isso? –ela se aproximou dele, o calor agora envolvendo Hans. –Se quer sua vingança, não deve reclamar do que eu lhe mando fazer e sim, cumprir minhas ordens! –exasperou, mas logo sua raiva desaparece. As labaredas somem e seus olhos voltam a cor habitual, castanhos avermelhados.

Ela levantou as sobrancelhas, despreocupada.

–Ou sua preciosa vingança não vale o preço?

Hans não abriu a boca para responder, apenas a encarou, obstinado. Com que coragem ele não sabia responder.

–Foi o que pensei. –Imogen passou por Hans, indo até à beira de um rio de lava corrente dentro da caverna.

Ela não desviava os olhos do rio quando continuou:

–Se estamos entendidos, gostaria que se retirasse. –O pedido soou mais para uma ordem.

Hans insistiu, quase desesperado.

–Minha Lady, por favor, eu imploro. –ele disse, sem ousar se aproximar da mulher que irradiava tanto poder -Elsa nunca vai confiar em mim. Ela me congelaria antes que eu pudesse dizer qualquer coisa!

Hans não pôde vê-la sorrindo, pois ela estava de costas, ainda observando o rio. Mas pôde ouvir a curta risada. Era aterrorizante, como se ela estivesse prestes a incinerar alguém. O príncipe se afastou um pouco mais só por precaução.

–Ah, meu querido príncipe, é isso que lhe preocupa? –Sua voz soou entretida, desafiadora, como se não pudesse acreditar que fosse apenas aquilo.

–Você até parece que não conhece a garota- Imogen se virou para encará-lo. Seus olhos tão intimidadores fariam qualquer homem corajoso recear quando os visse pela primeira vez. Mas Hans já estava acostumado, sendo que agora só se sentia um pouco desconfortável na presença dela.

–Ela sente ódio de mim. –Hans deu de ombros, tentando parecer despreocupado, o que não deu certo- Não posso fazer nada quanto a isso.

–Pode, pode sim. –ela se aproximou novamente- A menina é uma tola. Ela vai estar tão desesperada com o sumiço da irmã que vai aceitar qualquer ajuda.

–É mais fácil ela pensar que estou trabalhando com você. O que, olha só, é verdade. –ironizou.

A expressão de Imogen endureceu, e Hans por um momento achou que tinha ido longe demais.

–É claro que é mais fácil e ela vai pensar. Mas... –um fino sorriso invadiu seus lábios- Você vai ganhar a confiança dela, aos poucos.

Hans a olhou, incrédulo. Imogen apenas leva a mão ao seu pescoço, acariciando-o. Ele não entende o gesto, pois tudo o que aquela mulher faz aparentemente ingênuo tem segundas intenções.

–Você vai dizer a ela que trabalhava para mim, mas que fugiu, arrependido, indo alertá-la de que estou atrás dela e etc. –ela revirou os olhos.

–Ela nunca acreditaria nisso.

–Não se você apenas falasse. –ela disse, ainda olhando para a mão em seu pescoço.

Hans logo entendeu o que ela queria dizer.

–Quando você mostrar... –ela murmurou.

O lugar onde a mão dela o está tocando explodiu em dor. Queimando... aquele monstro estava queimando sua pele.

Hans se afastou rapidamente com um arquejo doloroso. Levou a mão, tremendo, ao lugar queimado. Sentiu a carne viva, e com um suspiro surpreso, percebeu que a queimadura forma um estranho desenho. O estrago estava feito.

–O que você fez? –exasperou, não tendo certeza do que aquilo significa.

Ela sorriu, calmamente.

–Apenas uma marca de sua nova maldição. Elsa precisa acreditar que eu o odeio, não? Pois bem, isso vai fazê-lo ter certas... crises de vez em quando. Logo você compreenderá. E ela vai tomá-lo como “coitadinho” e passar a acreditar em você. E essa não é a melhor parte! –ela acenou com a mão, eufórica- A marca serve para lembrá-lo de seu dever comigo. Se falhar ou me trair... –a queimadura ardeu mais intensamente, fazendo Hans soltar um grito agoniante. –Vou adorar matar você com ela. –ela completou. Seus olhos estão mais ameaçadores que nunca.

–Estamos entendidos, príncipe? –ela perguntou, em tom ameaçador.

Hans sabia o que lhe esperava se recuasse agora. Fez a única coisa que um homem com medo da morte e sedento de vingança faria.

–Sim, minha Lady.


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Notas finais do capítulo

Quem ai sentiu falta de Hans? uhehehehe Gostaram do capítulo? O que acharam? Se puderem, comentem e me deixem feliz u.u até o próximo bjss :*



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