O Boneco escrita por J N Taylor


Capítulo 2
Capítulo 2




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–Christy? - ele tocou o ombro dela – Isso estava aqui?

–Não. Por que eu vim pra sua casa, A? - disse, com um leve tom de medo.

–Se você quiser voltar, pode.

–Não, não. Estou com você. O que vamos fazer?

–Temos que achar o boneco e prender em algum lugar.

–Você tem um porão, A?

–Tenho. Vem comigo pegar uma corda?

–Claro.

Eles passaram pela sala e por um corredor, paralelo a escada. De um lado estava o banheiro e do outro estavam dois quartos: um de hóspedes e um que servia de depósito. No fim do corredor estava uma porta pequena de madeira. Ele abriu e deu de frente com uma escada com nove degraus que descia para um enorme e vazio cômodo escuro. Ele apertou o botão do interruptor na parede interna, ao lado da escada, e desceu. Fez um sinal para ela entrar junto. Ela o seguiu.

–Onde está? - ela perguntou.

–Aqui! Achei! - ele apontou para uma mesa em um canto.

Correu até a corda em um canto, a pegou e se virou pra sair. A lâmpada soltou um brilho mais intenso e se apagou. Eles correram até a porta do porão, quando chegaram na escada, viram que estava aberta. Um intenso vento frio passou por eles. A porta fechou. Christy deu um grito.

–Calma. É só um vento. - ele subiu a escada até a porta e fez um gesto leve de abrir. Nada

Ele girou a maçaneta e forçou. Empurrou e tentou chutar a porta. A escada atrapalhava a dar impulso para uma tentativa de arrombamento.

–Aaron, abre a porta.

–Ela não abre! - ele desceu um degrau e tentou bater com o ombro nela.

–A tranca é por fora? - Christy disparou. Tentava manter a voz calma.

–Não tem tranca. Só os quartos têm tranca. Essa porta tem apenas a maçaneta pra fechar, sem chave.

–Abre essa porra dessa porta agora! - ela berrou.

–Calma, Chris! Vamos procurar algo para bater nela. Vamos usar as luzes dos nossos telefones para procurar um cano, ou até uma lanterna.

Ela desceu e iluminou o canto onde estava a corda. A luz era fraca, ela aumentou o brilho da tela, mas não funcionou muito. Ela deu um pulo quando ouviu a voz de Aaron do outro lado do cômodo a chamando. Ela se virou e foi até ele, iluminada pela fraca luz do celular.

–Que houve, A?

–Achei uma lanterna. - ele ligou, ela brilhou e apagou, dando duas piscadas. Ele deu um tapa na parte de trás. Nada. Iluminado pela luz do celular, abriu a parte traseira da lanterna, tirou duas pilhas e colocou novamente. Fechou e ligou novamente. Acendeu com uma luz intensa – Era a pilha.

Ambos guardaram o telefone e seguiram atrás de algo.

–Você viu aquilo, A? - disse ela ao ver algo se mover no outro canto.

–Deve ser um rato.

–Era grande demais.

–Era uma ratazana.

–E se for o boneco?

–Não é ele, Christy!

–Tem certeza, A? - ele olhou para ela com um olhar de “não, não tenho”.

Seguiram andando próximo da parede. O porão não parecia muito grande, não maior que um dos quartos. Passaram por uma mesa coberta de poeira e foram até a parede dos fundos. Aaron pegou um pedaço de cano e andou até a porta.

–Segura a lanterna e ilumina a porta. Fica ao pé da escada, por favor.

–Certo. - disse ela, pegando o objeto e seguindo a ordem.

–Me deseje sorte. - ele pegou e bateu com o cano na porta. O objeto quebrou – Fraco demais.

–Aaron! - ela gritou.

–O que? - ele tentou dar um soco na porta, depois um chute. Quase se desequilibrou.

–Tem alguma coisa aqui! - ele atacou com o ombro. Sentiu uma leve dor.

–Não se preocupe, vou descer.

Ele se virou ao ver a luz sumir. A lanterna estava no chão. Ele desceu a escada correndo. Ela não estava mais lá.

–Christy! - ele pegou a lanterna e olhou em volta. A viu deitada em um canto. Foi correr até ela, mas uma dor insuportável se espalhou pela sua cabeça e ele caiu. Sua visão ficou turva, se arrastou até a amiga e caiu. Ainda conseguiu sussurrar “Christy” antes de cair e tudo ficar escuro.

***

Aaron sentiu seu corpo ser sacudido. Abriu os olhos, ainda tonto.

–Acorda, A. Acorda. - Christy sussurrou no ouvido dele.

–Chris? O que houve? - ele olhou em volta. Estava deitado de um lado de sua cama de casal. Sua amiga estava ao seu lado. Ele estava confuso.

–Não sei. Algo me acertou e eu apaguei. Achei que você tivesse conseguido sair.

–Não, não consegui. Apaguei também. Como chegamos aqui?

–É aquele boneco! - ela rosnou enquanto olhava ao redor.

–O armário, Chris! - ele pulou da cama, um pouco tonto e abriu a porta do armário com força. O boneco estava lá, na mesma posição na qual estivera antes.

–O copo! Vá ver se o copo está na cozinha ainda.

–Que copo? - ele fez um leve esforço para se lembrar.

–O que estava quebrado.

–Ah sim! - ele saiu do quarto, desceu a escada correndo, passou pela sala e foi para a cozinha – O copo não está mais aqui.

–Aaron? - ela passou o braço pelo ombro dele, abraçando-o. Ele era pouco mais alto do que ela, dois ou três dedos. Ele desviou, andou até o sofá e se jogou. Ela sentou ao lado dele e apoiou a cabeça em seu ombro. Ele deu um sorriso.

–Temos que pegar a corda, mas alguém fica tomando conta da porta. Pode ser?

–Claro! Vamos. - fizeram o mesmo caminho e abriram a porta do porão.

Uma sensação ruim se espalhou por Aaron ao entrar. Foi até a corda correndo e a pegou. Ele não aguentou e deu um grito ao tocar nela. Sentiu uma pontada.

–O que houve, Aaron?

–Eu não sei. - ele pegou o celular com a mão limpa e colocou a luz sobre a outra mão. Um líquido vermelho escorria suavemente. Ele pegou a corda e correu para a porta, quase se jogando para o lado de fora. Christy fechou a porta e olhou para o amigo. A mão dele estava limpa. Ele gritou com ela, dizendo que se cortou.

–Eu senti o corte! - ele gritou.

–Deve ter sido a luz. Ou você viu errado, não sei.

–Porra, Christy! Que merda que você está pensando? Acha que eu to mentindo?

–Claro que não! - ela tinha uma expressão de surpresa no rosto. Nunca tinha ouvido o amigo xingar.

–Então, acha que sou maluco?

–Também não!

–Porra, só tem três opções! Ou estou mentindo, ou maluco, ou falando a verdade. - ele ficou pálido e apontou para o início do corredor, na direção da sala. Christy se virou e não viu nada.

–Certo, eu acredito, Aaron. Agora, se acalme. Vamos cuidar do boneco.

–Chris. Me desculpa. - ele disse, triste.

–Tudo certo.

–Me desculpa por falar assim com você.

–Não se preocupe.

–Tenho que te perguntar uma coisa.

–Pergunte, A.

–Quando fomos no meu quarto e o boneco estava na cama, você realmente ouviu ele falar?

–Não, A.

–Por que, então, disse que ele havia falado?

–Você disse. Eu perguntei pois achei que você tivesse ouvido.

–Como, Chris?

–Você disse que o boneco falou e eu perguntei “essa coisa fala?” ou algo assim.

–Então quer dizer que você não ouviu?

–Não. E depois você me mandou correr. Achei melhor fazer isso.

–Ele pulou da cama. Ele se mexeu! Ele andou!

–Aaron, isso não aconteceu.

–Christy, não estou louco.

–Calma, eu não disse isso. Eu posso não ter visto, apenas.

–Não. É só um boneco. - ele entrou na sala e virou para a escada, subiu até o quarto. Abriu o armário e pegou o boneco. Apenas sabia que ele estava lá.

–Certo, amarre ele. - disse ela – Enfrente o medo.

Ele amarrou o boneco e desceu a escada correndo, virou no corredor e foi até o porão. Abriu a porta e o jogou lá. O sono falou mais alto. Ambos tomaram banho e foram dormir. Ela sugeriu dividir a cama com ele. Ele concordou, mesmo com uma certa dúvida. Se deitaram, um de costas para o outro. Desejaram boa noite e foram dormir. Na manhã seguinte, Aaron acordou primeiro. Ao se virar, encontrou o rosto de Christy próximo ao seu. Resistiu ao impulso de beijá-la. Se levantou e pegou algo para comer na cozinha. Comeu uma tigela de cereais e preparou uma torrada para a amiga, com um pouco de leite. Era o que tinha. Levou para ela no quarto. Ao abrir a porta, ela estava terminando de colocar a roupa. Ela agradeceu e sentou-se para comer.


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