O Boneco escrita por J N Taylor


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era uma noite fria de Inverno, não muito, mas frio o suficiente para sair de casa com um casaco e duas blusas finas. Aaron voltava do cinema com o irmão e os amigos, todo dia 15 eles faziam isso, não importava o que acontecesse. Só seria cancelado caso algum deles estivesse próximo de morrer, mas isso nunca havia acontecido, então era apenas uma ideia. Eles estavam no grupo de sempre, quatro garotos. Na frente estava Calvin Ward, tinha a pele clara, olhos castanhos e o cabelo preto em um corte militar, vestia uma calça jeans, como os outros, e uma camisa vermelha escrita "Long Live Rock n'roll", por cima vestia uma jaqueta jeans. Ao seu lado estava Jack Keith, tinha a pele morena, olhos negros e cabelos encaracolados da mesma cor, de calça, camisa toda branca com um desenho de um urso no peito, o símbolo da marca dela, e usava um grosso casaco azul escuro, quase preto. Mais atrás estava Aaron Wheeler, com uma camisa vermelha com um desenho de uma águia na frente e de casaco preto, pele clara, tinha olhos esverdeados e o cabelo alaranjado encaracolado. Ele conversava animadamente com seu irmão Liam Wheeler, que era muito parecido com ele, olhos esverdeados, ruivo e pele clara. A diferença de idade entre eles não era grande. Calvin tinha dezesseis, Jack e Liam tinham quinze e Aaron tinha catorze.

-Hey, olha issa, Aaron! - disse Calvin apontando para uma lata de lixo em um canto escuro.

-O que foi? O que tem o lixo?

-Wow! - disse Jack com um pulo, correndo para a lata.

-Isso é... - dizia Liam enquanto o amigo saía segurando um boneco – Um boneco de ventríloquo?

-Suma com isso! - Aaron deu de ombros e se virou para continuar a andar.

-O que houve? - questionou Jack.

-Nada, Jack. - Liam foi defender o irmão – O Aaron só não gosta muito desse tipo de boneco.

-Por que? Está com medo, A?

-Me deixa, Cal. Eu não estou com medo.

-Prove! - Calvin retrucou.

-Como?

-Leve ele pra casa. - Aaron olhou incrédulo para o amigo, tentando disfarçar a surpresa e o incômodo que aquela criatura o causava. Ele não olhou muito, sequer pensou. Pegou o boneco com cuidado e o jogou no ombro. Aquilo o perturbava tanto que ele não conseguiu virar a cabeça.

Pararam na casa de Calvin, ele morava duas ruas antes. Seguiram juntos. Algo dizia para Aaron que seu ombro estava ficando cada vez mais pesada e por um momento, ele poderia ter jurado que o boneco mexeu a cabeça. Ele não viu, mas sentiu. Ele riu da própria paranóia nervosamente. Aaron e o irmão eram vizinhos de Jack. Os três se despediram e foram para sua casa.

Os pais dos garotos riram do filho, logo ele, que sempre tivera um certo ressentimento contra bonecos de ventríloquo, trazia um para casa. Ele e o irmão jantaram, tomaram banho e foram para o quarto. O boneco foi trancado no armário. Aaron aceitou a aposta dos amigos: ficar com o boneco e aprender ventriloquismo.

Eles foram dormir. Aaron trancou o boneco no armário. O boneco tinha uma aparência comum. Era de madeira e o cabelo era pintado. A roupa era de pano e parecia ser antiga. Sua bochecha era exageradamente marcada e pintada de rosa claro. Mas algo nele o incomodava. Aaron era supersticioso, acreditava que nomes tinham poder, por isso se recusou a nomear. O chamava apenas de O Boneco, o que já seria um nome, de certa forma.

Era por volta de duas da madrugada quando Aaron acordou com um soco do irmão.

-Porra, Aaron! Qual seu problema? - Liam gritou.

-O que a mãe já disse sobre palavrões? O que aconteceu?

-Você colocou essa merda de boneco na minha cama! Isso que aconteceu!

-Cara, fala baixo. Você vai acordar nossos pais.

-Foda-se eles! Eu achei isso uma sacanagem, cara. Não faz mais isso. - e jogou o boneco sobre o irmão. Aaron pegou o boneco e olhou para ele. Ele tinha certeza que tinha o trancado no armário. Talvez seja brincadeira, pensou, querendo me colocar medo.

Ele se levantou e guardou o boneco no armário.

No dia seguinte, durante a tarde, estava treinando com o boneco. Procurou alguns vídeos na internet e os assistiu pela manhã, para treinar depois. Valeria a pena. Ganharia 20 dólares de cada um, ou seja, 60 dólares. E aquele seu medo era bobo e sem motivo. Mas seu treinamento foi atrapalhado por uma pessoa. A campainha tocou e ele se levantou para atender. Já estava quase de noite. A garota tinha os cabelos pretos, com as pontas roxas, vestia uma calça jeans rasgada na coxa e uma camisa preta, totalmente preta. Seus olhos negros cintilavam.

-Oi, Aaron. - disse ela entrando.

-Olá, Christy. - era Christy Austin. A garota pela qual ele era apaixonado desde os dez anos. Ela era um ano mais velha que ele.

-O que é isso? - ela apontou para o boneco.

-Nada demais, só uma aposta.

-Cadê seus pais?

-Meus pais estão trabalhando, vão chegar muito tarde. E o Liam foi cedo pra casa da namorada. Eu acho que ele só volta amanhã.

-A Katie?

-Sim, ela. Por que?

-Nada, nada. - ela disse sorridente. E então murmurou para si – Sorte nossa.

-O que? - ele perguntou.

-Não, nada, Aaron. Eu estava pensando alto. Então? - e se jogou no sofá.

-Então o que?

-Ora, não seja tímido, A! - ele adorava quando ela o chamava por algum apelido.

-Não estou sendo. Bom, quer beber algo?

-Quero.

-Vou buscar. - ele foi para a cozinha.

-Por que puxou meu cabelo? - ela gritou com ele. Quando se virou, ele estava na cozinha segurando a porta da geladeira. Ela ficou confusa.

-Mas eu não puxei! - ele olhou para a parte de trás do sofá – Chris?

-Que? - disse ela, arrumando o cabelo.

-O boneco não estava em cima da mesa?

-Ele está. - ela olhou – Eu não mexi nele! Por que?

-Ele está atrás do sofá.

-Foi você que colocou ele aí.

-Chris, eu juro que não fui eu.

-Então como ele foi parar atrás do sofá, A?

-Olha, eu não sei. Eu tenho que me livrar disso. Essa noite, o Liam acordou com muita raiva de mim, e disse que eu tinha colocado o boneco no quarto dele.

-E você colocou?

-Claro que não, Christy!

-Você quer dizer que o boneco é assombrado?

-Parece! Nunca gostei dessa droga desse boneco. Ele me incomoda.

-Por que está com ele?

-Vou ganhar 60 pratas.

-Vale a pena, A?

-Não, Chris. Mas, deixa isso pra lá. Depois me livro disso. - ele entregou um copo de refrigerante para ela, pegou o boneco e subiu para trancar ele no armário. Fechou a porta do quarto ao sair, desceu e sentou-se ao lado da amiga. Ele fechou os olhos e suspirou sentindo o perfume dela.

-Como vai sua vida amorosa? - ela perguntou quando ele deu uma golada no seu refrigerante. Ele se engasgou. Quando se recuperou, olhou para ela, surpreso.

-Que vida amorosa? - ele disse, mas grosseiramente do que esperava.

-Você é bonito, simpático, inteligente. - ele olhou para a janela. Já era noite.

-Você também, mas... O que você quer dizer com isso?

-Nada, A. Só acho que somos amigos por muito tempo. Devemos dar um passo a mais e...

-Que barulho foi esse? - ele deu um pulo do sofá quando ouviu o barulho de algo quebrando no andar de cima. Christy deu de ombros.

-Você disse que estava sozinho!

-Tirando você, eu estou sozinho! Fica aí, vou ver o que é.

-Eu vou com você.

-Não, você não vai. Você fica.

-Aaron Michael Wheeler, eu vou subir com você!

-Certo, se você insiste.

Eles subiram a escada silenciosamente. Aaron foi na frente. Ele foi direto na direção de seu quarto. A porta estava totalmente aberta. Ele entrou, estava tudo normal. Ele se virou para o armário e a porta estava fechada. Ele abriu, e estava vazio. O boneco não estava mais lá. Christy soltou um gritinho. Ele deu um pulo e se virou para olhar na direção que ela apontava. O boneco estava na cama, encostado no travesseiro.

-Chris? - ele murmurou.

-Que?

-Temos que nos livrar disso agora.

-Não, temos que descobrir a origem disso.

-Eu não quero saber a origem disso.

-Não me chamem assim. - disse o boneco, com uma voz rouca.

-Isso falou? - Christy gritou.

-Christy, corre. - ele disse quando o boneco pulou da cama. Depois gritou – Corre!

Ela se virou e correu. Aaron bateu a porta e correu atrás dela. Eles desceram a escada e ela tropeçou no último degrau. Ele a levantou e continuaram correndo. Quando abriram a porta, deram de frente com Liam e Katie. Ela era loira, baixa e magra, vestia uma mini saia e o casaco do namorado, que era muito maior que ela.

-Que porra está acontecendo aqui? - Liam gritou.

-O boneco! - Christy gaguejou – O boneco!

-O Aaron colocou isso na sua cabeça? - ele empurrou o irmão pro lado e andou na frente.

-No meu quarto. - disse Aaron, seguindo ao lado da amiga. Katie ia logo atrás. Christy segurou a mão dele. Liam empurrou a porta e estava tudo normal. Ele olhou, seguindo o que o irmão disse. Foi até o armário e o boneco estava lá, jogado no fundo.

-Cara, que merda de droga você está usando?

-Liam, ele estava na minha cama.

-Ah, claro. O boneco está possuído por um demônio assassino que quer sua alma?

-Liam, você não pode falar assim com ele! - Christy disse.

-Está defendendo o namorado? Isso não me convence. Acho que esse medo de vocês é sem sentido.

-Mas, Liam...

-Sem mas! Quieto. - e se virou para a namorada – Vem, Katie. Não devia ter voltado. Só vim dizer que nossos pais não vão voltar hoje, só amanhã. A tia Mary está doente e eles vão passar a noite lá.

-E você? Volta que horas?

-Eu não volto, vou dormir na casa da Katie. - Liam e a namorada desceram a escada, se despediram dos dois e saíram.

-Christy? - ele murmurou para ela quando teve certeza que já haviam ido.

-Sim. - sua voz tremia.

-Seus pais deixariam você dormir aqui?

-Bom, moro do outro lado da rua. Creio que sim. Vou perguntar.

-Posso ir com você?

-Claro. - atravessaram a rua e entraram na casa dela. Ela foi direto falar com o pai, que assistia um jogo de basquete na televisão.

-Olá, Aaron! - ele disse.

-Olá, senhor Austin.

-Pai, posso dormir na casa do Aaron hoje?

-Claro. Por que não? Só me deixe falar com os pais dele.

-Eles não estão. Mas pode ligar pro Liam. Ele vai estar em casa. Só não chegou ainda.

-Certo. - ele pegou o telefone – Qual o número? - Aaron disse e ele digitou.

-Liam? Sim, é o pai da Christy.

-Espero que ele concorde. - Aaron sussurrou para a amiga.

-Também espero.

-Certo, se você for tomar conta deles, eu agradeço. Sim, claro. Mas vai chegar tarde? Certo, obrigado. - e desligou – Ele concordou. Disse que daqui a pouco está aí.

-Obrigado, pai. - ela subiu e pegou uma roupa para passar a noite. Logo saíram desejando boa noite aos pais dela e prometendo que não fariam nada demais.

-Alô? Liam? - disse Aaron atendendo o telefone enquanto atravessavam a rua.

-Eu não vou voltar pra casa, certo? - disse a voz do outro lado - Dei cobertura para vocês, divirtam-se. - e desligou. Os dois se entreolharam e entraram, respirando fundo.

-Como vamos lidar com ele? - disse Christy após um tempo de silêncio.

-Vamos improvisar. - outro barulho, de vidro quebrando, os assustou – Veio da cozinha.

Eles andaram até lá. Um copo de vidro estava estilhaçado no chão.


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