Vergo escrita por Tris, Panda girl


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e espero que gostem!



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Seus olhos verdes me observavam com um sorriso malicioso.
—Verde! Você tem que assumir!
Interrompi batendo na mesa, antes que ela começasse com seu blábláblá enfadonho:
—Estamos num restaurante! Dá pra falar mais baixo? E não vamos começar com isso agora não, porque sei como vai acabar.
—Eu também sei muito bem como isso vai acabar. -disse ela sem tirar o sorriso malicioso da cara.
Kate era impossível desde pequena. Sempre foi atrevida e achava que podia resolver o problema de todo mundo num passe de mágica. Nossos pais costumavam dizer que éramos melhores amigos, mas na verdade, éramos apenas primos, ou melhor, vizinhos.
Com isso passamos nossa infância toda juntos, o que fez com que ela pensasse que podia se intrometer na minha vida quando bem entendesse.
Para quebrar o tedioso silêncio que surgiu entre nós, um casal se aproximou da nossa mesa.
—Ah, eles chegaram!- ela disse se levantando.
—Eles quem?!
Kate me ligou mais cedo dizendo que precisava falar comigo sobre ela, e que precisávamos ir para um local descontraído, onde ninguém fosse nos escutar. Mas até agora não tínhamos falado de nada,além da minha vida.
O casal chegou mais perto e a garota, de cabelos longos e estrutura baixa, abraçou minha prima, soltando alguns gritinhos de emoção. O garoto,meio tímido, acenou para nós e antes que ele pudesse se apresentar sua irmã/amiga/namorada foi logo falando:
—Oi, prazer! Eu sou a Leslie e esse é o filho do meu padrasto, o Gordo.
—Quê?- eu perguntei confuso
—Leslie!- ele a repreendeu
—Ah, desculpa. Estou tão acostumada de te chamar assim. Esse é o Gordon- ela disse para mim, e virando-se para ele- Satisfeito?
—Olá, Gordon, a Less fala muito de você. Eu sou a Kate, e esse é meu primo Verne, ou Verde, como preferir.
—Eu prefiro só Verne mesmo- disse, olhando feio para ela.
Não conseguia entender o que os dois faziam ali. Por isso, quando sentamos à mesa mandei mensagens para Kate, apesar de ela estar sentada ao meu lado.
Qual o seu plano dessa vez?
Precisamos conversar.
Agora!
—Bom, não tem nenhum garçom passando aqui! Que absurdo! Acho melhor ir chamar um. Já volto- disse Kate, e ao sair da mesa me olhou de cara feia.
—E eu vou ao banheiro.
O restaurante mexicano estava cheio, por isso fomos conversar perto de uma ridícula estátua de uma mula, que ainda por cima usava um sombrero.
—Por que você chamou esse povo aqui? Você não queria falar comigo? Sobre você?
—Eles se mudaram agora para a cidade. Por isso eu os trouxe aqui hoje! Porque eu costumo sair com a Less, e o Gordon sempre fica sozinho. Aí eu pensei em trazê-los para você fazer amizade com ele. E todo mundo fica feliz!
Olhei para ela sem acreditar em tamanha cara de pau. Custava ela ter falado a verdade para mim no telefone?
—Então, por que você mentiu, falando que era algo sobre você?
—Tecnicamente, esse assunto é sobre mim. Eles são meus amigos. E eu também não quero ter que sair e ficar carregando ele para os lugares. O que ele ia fazer andando com a gente?
Continuei com uma pulga atrás da orelha. Sabia que vindo dela, tinha mais coisa. Mas não havia tempo para pensar nisso.
Então, voltamos à mesa. Tentei puxar assunto com o tal Gordo (não lembrava o nome dele, só sabia que era alguma coisa com Go), só que ele era muito tímido, e o assunto sempre morria.
Garoto chato, essa seria a melhor descrição para ele.
Depois de um tempo, Kate recebeu uma ligação dos seus pais (duvido muito, mas tudo bem) e teve que ir embora.
—Eu te levo. - ofereceu Leslie.
—Mas quem vai me levar? - perguntou o Gordo, entrando pela primeira vez na conversa.
—Eu a levo, depois venho buscar você. - disse, e foi saindo com Kate.
Mas ela não voltou, e ficamos esperando-a.
Depois de assisti-lo destruir a terceira rodada de nachos, ele recebeu uma mensagem:
—Ah, que beleza! Ela não vai poder voltar para me buscar! Vou ter que ir agora. Talvez ainda consiga pegar um ônibus para casa.
Eu queria mesmo que ele fosse embora, mas como a boa educação manda, pedi para ele ficar mais um pouco.
—Não posso, se não, não tenho como voltar para casa.
—Qualquer coisa, eu te levo.
Me arrependi na mesma hora! O que eu estava fazendo? O que eu estava pensando? Qual era meu problema?
—Mas eu vou incomodar. Melhor não.
E então, com a minha boca grande, disse a sentença que me amaldiçoaria pelo resto de minha vida:
—Pode deixar, não deve ser muito longe.
Gordo sorriu. Eu tive que sorrir também, só por educação.


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Notas finais do capítulo

Os travessões foram substituídos por hifens devido à impossibilidade de escrevê-los (deu um bug aqui D: )



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