Os romanos!

Annie foi correndo para dentro da muvuca e me deixou sozinha lá, olhando melhor a carruagem que havia acabado de pousar. A garota que dirigia tinha a expressão dura, cabelos escuros e olhos alertas; atrás dela, um garoto loiro estava de mãos dadas com uma menina de cabelos cor de âmbar e uma pena, depois tinha um garoto latino que parecia tomar muita cafeína; do lado deles tinha um casal: um garoto grande, asiático, com cabelo preto rente e uma menina com cabelos cor de canela e incríveis olhos dourados.

A garota de olhos alertas desceu da carruagem e vi um borrão loiro a abraçando, prestei mais atenção e percebi que era Annabeth. A garota da pena logo se juntou a elas. Vi o Jackson cumprimentando o garoto loiro e o asiático. Mais carruagens pousaram e mais romanos desceram e começaram a cumprimentar os gregos. Todos pareciam se conhecer e eu me senti do mesmo jeito que eu sentia antes de ir para a Good: excluída. Virei às costas e comecei a descer a colina, mas tropecei. Eu já estava esperando o baque do chão contra minha cara, mas o que eu senti foi totalmente diferente. Mãos. Mãos na minha cintura, me segurando. Abri os olhos e dei de cara com uma imensidão negra. Eu já tinha visto aquela imensidão.

– Nico!- disse, surpresa e corada

– Moore!- ficamos nos encarando, até que uma voz o chamou

– Nico!- a voz era doce e o di Angelo pareceu reconhece-la. Como eu soube disso? O idiota me largou e eu acabei caindo com tudo no chão

– Nico!- disse a mesma voz, mas agora o repreendendo. Ouvi passos na minha direção e uma mão na minha frente. Eu a segurei e ela me ajudou a levantar.

Olhei para a dona da voz doce vi que era a menina de olhos dourados. O cabelo encaracolado canelado estava solto e emoldurava muito bem o rosto cor de chocolate dela. Parecia ter uns 14 anos e usava uma blusa roxa com as letras SPQR. Ela estendeu a mão.

– Prazer, Hazel Levesque

– Maria Alice, prazer

Ela deu um sorriso amigável. Eu devolvi e olhei para o di Angelo, e percebi- com total espanto- que o All Star dele era exatamente igual ao meu. Preto, cano médio... Nem percebi que ele viu que eu estava encarando-o, até ele me chamar

– Moore, essa é minha irmã- disse ele, e eu fiquei totalmente surpresa

– Irmã? Mas você não é o único filho de Hades do mundo?- logo depois de ter perguntado, me arrependi. Hazel pareceu ficar desconfortável e Nico cerrou os punhos

– Hã... eu sou a irmã por parte romana dele- explicou Hazel

– Oh!- disse meio sem graça- Romano... Pluto, não é?- perguntei e ela riu

– Plutão

– Isso! Plutão!- eu disse feliz, mas depois pensei numa coisa que me deu certa ansiedade- Hã, Hazel, todos os deuses gregos tem versões romanas?

– Bem, sim- respondeu ela- Por quê?

Comecei a ficar muito ansiosa, sem saber por que

– Você conhece algum filho romano de Hécate?- perguntei rápido demais

– Hécate?- perguntou ela, sem entender nada e meio espantada

– A Moore é filha de Hécate- esclareceu Nico

– Oh!- o sorriso no rosto de Hazel sumiu e no lugar dele veio uma expressão já conhecida: irritação. Desde aquela noite na fogueira, muitas pessoas me olhavam assim, ou com medo ou até com raiva. E eu sabia o motivo. Minha mãe ajudou Cronos na guerra de Manhattan, é uma deusa ctônica, nas vezes em que aparece para semideuses, sempre oferece escolhas- a maioria nada agradáveis- e eu não diria que é a deusa mais amável da mitologia

– Você não gosta dela, não é?- perguntei cautelosamente

– Eu não diria que é a minha deusa preferida- disse, dando um sorrisinho

– Olha- abri um sorriso ainda maior- também não é a minha!- ela riu. O que eu disse era verdade, mesmo sendo a minha mãe, eu ainda não a idolatrava ou dizia que era a melhor em tudo. Eu não tinha certeza do que eu sentia por ela.

Hazel me olhou com os olhos de 24k e depois para Nico. Percebi que ela era bem madura para a idade. Ela e Nico conversaram um pouco até que o garoto asiático veio correndo em nossa direção. Ele parecia ter uns 16 anos e tinha um rosto de um panda com um corpo de dragão, por assim dizer. Quando ele chegou, me deu um leve aceno de cabeça e começou a conversar com Hazel. Ele nem percebeu a presença do di Angelo, até o mesmo o chamar.

– Frank- disse o garoto de Hades de modo sombrio

– Aiiiiiiii!- Frank deu um pulo e quando eu olhei, no lugar dele havia um gatinho listrado

– Hã?- o gatinho se transformou em Frank e ele apertou a mão do di Angelo

– Olá, Nico e olá....- ele se voltou para mim e me olhou de modo confuso- Maria- esclareci

– Oi Maria- ele voltou a conversar com Hazel e eu olhei para Nico. Ele percebeu que eu o estava encarando e me encarou também, mas por algum motivo ele corou fortemente, se virou e foi embora, sem dar tchau para ninguém. Olhei para Frank e Hazel, que eram claramente um casal, e dei tchau. Desci a colina e fui para o chalé.

Não tinha ninguém lá, então fui para a enfermaria, visitar a Bea. Depois da conversa com a Thaís, sempre ia ver a Bea, mas ela continuava lá, deitada sem abrir os olhos.

Saí de lá e fui para a área comum dos chalés. Todos estavam no topo da colina, com os romanos. Fiquei meio ansiosa com os romanos. Se a Hécate romana tivesse algum filho, eu teria mais uma irmã ou irmão e seria ótimo conhecer um irmão novo. Não que eu não gostasse dos meus irmãos, tirando Robert, é claro, mas seria tão legal ter algum parente romano.

Fiquei sentada na grama, quietinha e sozinha, até que alguma coisa caiu, ou melhor, foi jogada na minha cabeça. Peguei a coisa do chão e vi que era uma latinha da Coca cheia. Abria a latinha e bebi o conteúdo doce e delicioso. Depois de uns cinco minutos apreciando a deliciosidade do refrigerante, duas figuras se sentaram a minha direita e a minha esquerda.

– Faz tempo que não nos vemos, não é pequena?- disse Connor

– É, ontem- disse, observando a Lua, que se apresentava

– Exato, aquela pegadinha com o chalé de Ares foi épica- disse Travis

– Foi mesmo- concordei, dando de ombros- Mas, o que vocês querem?

– Hã?- perguntaram os dois

– Vocês não jogariam essa latinha de Coca em perfeito estado para alguém se não quisessem algo

– Cacete, pequena, você nos conhece bem- disse Travis

– Mas, já que você perguntou, queremos algo sim- Connor

– É, um plano. Uma pegadinha

– E o que euzinha tenho a ver com isso?

– Ué, você não é nossa parceira de pegadinhas?

– Sou!

– Então, o que mais poderíamos querer?- dei ombros- Ótimo, e você aceita?

– Antes, quem será o alvo?

– Simples, pequena, nossas clientes de carteirinha....

– O chalé da Afrodite!