Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 26
Nada É Verdade...


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

E aqui vamos nós, para mais um cap.
Gostaria de me desculpar por misturar outra vez as duas narrativas.
Para evitar que alguém se sinta confuso, saibam que esse cap tem narração em terceira pessoa apenas no início. Depois, temos o nosso jovem gafanhoto Connor narrando o restante, rs.

Boa leitura! Espero que gostem!



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Haytham descia pesarosamente de seu cavalo. Tinha optado por seguir a viagem no animal ao invés da diligência, para agilizar o percurso. Queria estar logo em casa, ainda mais depois das notícias que escutara em Nova York, nada animadoras.

Descobrir, dias atrás, que o tal Assassino – ninguém menos que seu antigo desafeto, Minowhaa – estava vivo fora surpreendente. Mas saber que a pessoa que lhe salvara da forca fora, certamente, um nativo dos Kanien'kehá:ka, tinha sido o prenúncio de más notícias. Ele sabia que durante sua estadia em Nova York, Ziio poderia ter levado as crianças para a Aldeia dos Kanien'kehá:ka, como costumava fazer. E ao ouvir alguns colegas templários comentarem sobre as possibilidades de se realizar um ataque contra os Mohawk, Haytham teve um mau pressentimento. Só o que sabia era que precisava estar em casa, e logo.

Caminhou até a Mansão de sua propriedade, e de imediato sentiu tudo silencioso. Silencioso demais.

–Ziio? Connor? Tessa? Jim? – chamava pela casa, não recebendo respostas. – Onde estão vocês?

Na sala de estar, Haytham acabou encontrando Tessa.

Vestida de negro dos pés à cabeça.

–Tessa... – ele chamou, e a menina, sentada cabisbaixa em uma poltrona, voltou seus olhos azuis tristes para seu pai. – O que houve? – ela ouviu sua pergunta.

–Pai... – disse a menina, em lágrimas. – Jim está morto.

Haytham pareceu em choque.

–Como isso aconteceu? – ele perguntou, mais revoltado do que triste. – Onde está Ziio, e Connor? – perguntou, temendo ouvir mais notícias ruins.

–Nos fundos. Ista ainda não parece acreditar. Oh, papai, foi horrível...

Haytham agachou-se a altura de sua filha, e deu-lhe um beijo e um forte abraço. Percebeu que a menina estava triste demais, e decidiu não insistir no assunto. Talvez Ziio, ou mesmo Connor, eram mais adequados a lhe explicar o que tinha acontecido.

Nos fundos da Mansão, à beira do precipício, para profunda tristeza de Haytham, havia uma lápide recém-colocada. Connor e Ziio, também vestidos de negro, estavam voltados para ela. Mãe e filho estavam de silêncio, contemplando a lápide. Haytham se pôs ao lado de Ziio, e tentou lhe afagar o ombro.

–Ziio... – ele tentou, mas sua esposa se esquivou, e sem olhar para trás, deixou-o sem resposta.

Agora, Haytham e Connor estavam completamente sozinhos, encarando apenas a lápide onde pairavam as sombrias letras “James Haytham Kenway, amado filho, querido irmão.”

–Foram os Templários. – disse Connor, após um longo silêncio. Haytham percebeu, então, a razão para a hostilidade de Ziio.

–Não, a responsabilidade disto é dos Assassinos. Está claro que o que aconteceu foi uma represália pela audácia deles.

Connor parecia horrorizado.

–Como pode acusar os Assassinos?

–Como?! Eles tiveram a ousadia de libertar um condenado durante sua execução!

–Um condenado que provou sua inocência no mesmo dia!

–Não importa! Os Assassinos seriam muito ingênuos em envolver os Mohawk e acreditar que não haveria retaliação.

–Parece concordar com eles... – disse Connor, horrorizado. – Na verdade, eu diria que teria feito semelhante, se ainda fosse o Grão-Mestre...

Furioso, Haytham tomou Connor pelo colarinho, ignorando seu tamanho, e o levou a encará-lo olho no olho.

–Sabe o que me aconteceu em Nova York? Os Templários me mostraram pessoalmente o alforje de flechas que encontraram em um telhado, próximo a praça de enforcamento de Boston. E imagine qual foi minha surpresa em ver que aquele alforje era o mesmo que sua mãe te presenteara em seu aniversário no ano passado?

–Por que não me denunciou, então? – indagou Connor. – Já que está o tempo todo conversando com seus amigos templários...

–Não são mais os meus amigos. Rompi completamente todos os laços, há muito tempo, só não e depois da morte de seu irmão irei me distanciar por completo. Inclusive o pouco de amizade que havia. Charles Lee perdeu o controle. Estas ordens, de atear fogo à aldeia... Eu não o ensinei a ser assim. Ferir inocentes, nesta proporção. Não. A Ordem dos Templários não deveria agir desta forma.

Connor riu. – Talvez a Ordem dos Templários que existe em sua mente. Uma Ordem que jamais existiu na prática, apenas em sua teoria. Essa violência sem limites é do feitio deles!

–Jamais foi, enquanto eu estava no comando! – gritou Haytham, enfurecido. – Se eu ainda estivesse lá...

Um silêncio estranho pairou no ar. Haytham sentiu, claramente, arrependimento de ter dito isto, ao notar o pasmo de Connor.

–Você se arrepende, não é? Se arrepende de tê-los abandonado...

–Não foi isso que quis dizer...

–Não adianta se explicar, Haytham! – disse Connor, salientando seu nome. – Você sente falta, não é? De comandar, dar ordens, de ver seus planos maquinados e em ação... Essa vida de fazendeiro, casado e com filhos decerto é monótona, não é?

–Não ponha palavras em minha boca, Connor! Eu não me arrependo de ter escolhido a você e a sua mãe! Tudo que construí com vocês até aqui me é muito mais valioso que meus feitos na Ordem! Você está me julgando por meu passado, por minhas convicções!

–Não é nada disto. – disse Connor, aparentemente cansando da discussão. – Simplesmente, meu pai, o senhor precisa reconhecer que a Ordem que tanto construíra não corresponde às suas expectativas mais tenras. O senhor sempre esteve sozinho lá, com seu senso de ética e moralidade que simplesmente destoam do próprio modo de agir templário. E não falo da belíssima teoria templária, da qual tenho certeza de que és praticante. Melhor dizendo, o único praticante. Está na hora do senhor reconhecer: a sua Ordem dos Templários idealizada não existe.

Haytham parecia visivelmente perturbado.

–Fala como se me conhecesse. Como se tivesse minha experiência de vida. Mas aviso-te que não tens um terço dela. Você não sabe pelas coisas que passei, meu filho. Definitivamente, não sabes.

Com estas palavras, Haytham deixou Connor sozinho, de frente á lápide de seu irmão.



§§§§§§§§§§§§§


Meu corpo e minha mente estavam cansados, mas ainda assim os sonhos não me deixaram em paz. Eu me mexia, confuso na cama, enquanto minha mente era preenchida por aquelas lembranças distantes e dolorosas. Pouco podia fazer para impedi-las.

Tinha sido algo ocorrido há um ano atrás, se não for muito. Eu estava próximo ao estábulo, lavando uma das éguas naquela que era uma manhã fresca, quando vi meu irmãozinho Jim se aproximar de mim.

–Oi Connor.

–Oi. – disse, lançando mais um balde d´água no animal.

–Connor... – ele começou, hesitante, fazendo com que eu parasse de lavar a égua para dar atenção exclusiva a ele. – Se eu te contar uma coisa... Você jura que não vai contar a ninguém?

–Eu juro. – disse, seriamente, e isso lhe motivou.

–Há dois dias atrás, papai fez uma aposta comigo. Como eu estava sendo muito ruim em caminhar furtivamente, ele... Er, é melhor deixar para lá...

Ao ver o menino desistindo, eu insisti.

–Jim, não fique envergonhado. Eu não vou contar a ninguém, eu juro.

–Você jura? – ele me perguntou, com seus olhos verdes coberto de sardas.

–Sim, eu juro. Não é para isso que servem os irmãos mais velhos?

O menino assentiu, continuando sua história.

–Papai disse que, se eu conseguisse surpreendê-lo furtivamente, pegando seu chapéu sem que ele percebesse, ele me daria um conjunto de soldadinhos de chumbo. Prometeu até que um deles seria a réplica de George Washington.

Ri com a lembrança. Imagine se ele soubesse quantas vezes eu já estive presente ao lado de Washington. Pena que não poderia dizer isto, pois quem estava em campo de batalha ajudando os Patriotas era Minowhaa, e não mais eu.

–Continue. – pedi.

–Eu tentei e tentei, várias vezes, até. Mas ele sempre me detectava. Me escondia em arbustos, atrás do sofá, em todos os lugares. Mas jamais conseguia pegá-lo. Então, eu...

Percebi que o rosto dele estava coradíssimo. O que ele tinha feito? Comecei a me perguntar, já preocupado.

–Eu decidi pegar quando ele estivesse dormindo. Fiz isto ontem à noite. Entrei pelo porão, que é meu local preferido para brincar de pique esconde, e me arrastei até o quarto de nosso pai. Como eu sabia que havia uma tábua solta, que dava acima da cama, eu segui até ela. Quando eu abri, pensei que nossos pais estariam dormindo, mas...

–Mas?

–Eles... Nossa Ista, nosso Raké:ni... Estavam se mexendo de um jeito estranho.

Não era preciso mais palavras para imaginar o que aconteceu. Decerto, meu rosto estava também corado, tamanho constrangimento que eu imaginava que meu irmão tinha passado. Muito embora ele não tivesse entendido uma vírgula do que estava acontecendo diante de seus olhos, naquela noite. Ainda assim, pobre criança.

–Oh. – me limitei a dizer, monossilábico. Isso pareceu encorajá-lo.

–Eu pensei que nosso pai estava machucando nossa Ista, mas... Não tenho certeza... O que foi isso que eu vi, meu irmão? Eu não sei o que pensar...

Ah, mas é claro que ele estava curioso. Céus, ele era só um menino de cinco anos! Como explicar esse tipo de coisa a ele? Não me parecia sensato, mas também não parecia correto dizer “um dia você saberá”.

–Jim... Isso é um tanto complicado de explicar. Mas de qualquer modo, você conseguiu pegar o chapéu? – desconversei.

Animado, o menino esqueceu o assunto e tirou de dentro do casaco o chapéu tricórnio de meu pai, e o colocou sobre a cabeça. Obviamente, o chapéu ficou folgado, praticamente tapando seus olhos. Mas ainda assim, aquela era uma visão bonita e engraçada de se ver, despertando nossas risadas.

–Ah, mas vejo que você conseguiu obter o meu chapéu! – uma voz interrompeu nossas risadas. Era meu pai, vindo de dentro da Mansão. – E conseguiu maravilhosamente bem. Só dei pela falta hoje cedo. Posso saber, rapazinho, como conseguiu pegá-lo?

O menino ficou com as bochechas repentinamente coradas. Decidi intervir.

–Ele me contou que pegou enquanto você se banhava, pai.

Ele pareceu surpreso, mas algo me dizia que não estava convencido plenamente.

–Sério? Mas eu me lembro de ter dado pela falta dele antes disso. De todo modo, promessa é promessa. Venha. Creio que irá precisar de ajuda para levar seu pequeno exército de Patriotas à vitória, não?

–Não. George Washington é um bom comandante e conseguirá líderá-los.

–George Washington é um líder fraco. Em três batalhas, seu exército de soldadinhos de chumbo estará pela metade sob o comando dele, tenha certeza...

Sorri abertamente, enquanto assistia meu pai e o pequeno Jim discutindo, em seu caminho de volta à Mansão. Jim tinha mesmo uma opinião forte, não se deixando abalar pelas convicções de meu pai. Aliás, sua admiração ao Comandante lembrava muito a mim mesmo, antes de saber quem verdadeiramente ele era.

Quando este sonho terminou, a realidade sombriamente me invadiu. Desde que embarcara na Apple, jamais tinha me sentido tão triste. Pensei no quão pouco eu conhecia o meu irmão, e na maneira estúpida como ele foi tirado de todos nós.

Aquilo precisava de uma resposta adequada.



§§§§§§§§§§§§§


Finalmente, o dia de minha Cerimônia de Iniciação chegou.

Era difícil comemorar, diante do clima de velório em nossa casa. Tessa estava triste, e andava por nossa casa de um lado a outro. Minha mãe estava claramente se recuperando, pois era uma mulher forte, mas eu a encontrava vez ou outra deixando escapar uma lágrima, principalmente quando encontrava um brinquedo de Jim espalhado pela casa, como ele costumava deixar ou esquecer. Para aliviar seu sofrimento, ela me pediu que eu recolhesse tudo e trancasse no quarto dele, e assim o fiz. Também havia tristeza em mim, mas tenho certeza de que não era um terço da que ela estava enfrentando.

Quanto ao meu pai, não mais tivemos uma conversa apropriada desde aquele dia, em que ele soubera da morte estúpida de Jim. Eu o sentia, entretanto, em choque, ou melhor, revoltado. Decidi me afastar, não apenas para respeitar seu luto, mas também para dar-lhe tempo. Eu sabia que eu o estava empurrando contra os Templários, e que a morte de Jim era um fator a considerar. Mas sabia também que os Templários foram sua vida por muito tempo. Não era fácil reconhecer um engano de décadas.

Desde então, não fui ver Achilles, mas sabia da data da cerimônia. Apareci lá, desejando que ele não a tivesse adiado devido ao meu luto, e para meu alívio, ele não o fez. Sabia do envolvimento dos Templários e achava que aquele era o momento apropriado.

Na minha iniciação à Ordem, eu não tive uma cerimônia de iniciação, e nem fiz para meus discípulos porque era um homem que prezava pela prática. Na verdade, eu jamais assisti a uma. Estava ansioso para ver como seria.

Tudo aconteceu, como eu imaginava, no porão da mansão de Achilles, durante a madrugada. Eu desci, acompanhado de Minowhaa e de Achilles, e encontrei meu manto lá.

Pela primeira vez, vi minhas novas vestes. Na verdade, nem tão novas assim. Aquelas, eu sabia, eram as vestes que tinham pertencido ao primeiro Assassino das Colônias, e que foram de Achilles por um tempo. Segundo ele, um tempo “tenebroso”, do qual jamais me dera maiores detalhes. Senti-me ainda mais honrado por merecer aquelas vestes, que tinham sido dadas a mim pouco antes de sua morte.

Achilles, como era previsto, era o responsável pela cerimônia.

–Laa shay'a waqi'un moutlaq bale kouloun moumkine. – ele recitou. - A sabedoria do nosso credo é revelada por essas palavras.

Foi a vez de Minowhaa falar, solenemente.

–Onde outros homens seguem cegamente a verdade, lembre-se...

–Nada é verdade. – completei, pois estudei algumas vezes sobre o juramento. Satisfeito, Minowhaa continuou.

–Onde outros homens são limitados pela moralidade e pela lei, lembre-se...

–Tudo é permitido.

–Trabalhamos nas trevas para servir à Luz. Nós somos Assassinos.

–És um Assassino agora. Pode vestir o seu Manto, Connor. - disse Achilles, satisfeito.

–Não. – disse uma voz, sombria, enquanto eu me dirigia até o Manto.



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Notas finais do capítulo

Opa, opa!!! Mas de quem será essa voz misteriosa?? Palpites??
Ah, mas tá muito fácil!!! É até sem graça perguntar, rs.

No próximo cap, saberemos quem meteu o bedelho na cerimônia dos Assassinos, e porquê.

Gostou do cap? Ficou com dúvida? Deixe seu review, que eu terei o maior prazer de te responder!

Até o próximo!



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