Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 23
Conhecendo o Terreno


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!


Aqui vai mais um cap!!
PS: Desculpe pelo uso, outra vez, da voz alternada. Desta vez está no meio. Simplesmente não pude evitar...

Boa leitura!!



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Kenway Homestead. 5 de Abril de 1776.


Na manhã seguinte, eu estava mais certo de como agir. Ao que tudo indicava, era um rapaz de vinte anos, prestes a entrar à Ordem dos Assassinos e me sentindo poderoso por isso, destratando meu pai devido ao seu recém-descoberto passado templário – e notei que sentindo ligeira raiva de minha mãe, por ter se casado com um “monstro”, termo usado algumas vezes por mim em meus escritos.

Ainda me sentia embasbacado por ver como tudo mudara. Por alguma motivo – que eu ainda desconhecia – a Maçã me fez avançar alguns anos no tempo, e me apresentou a uma vida que ainda estava longe de ser a ideal para mim. De fato, minhas crenças eram Assassinas, mas seguir o Credo acarretava em eliminar o meu pai, pelo simples fato de ele ter sido um templário? Não falo como um rapaz de vinte anos, mas como um adulto cuja vida fora forjada em dor e guerra. Por mais que eu sabia que a estrada que percorro em minha vida nem sempre me leva para onde eu quero ir, tal percepção não impede meu cansaço. Cansaço por tantas perdas, tanta dor e luto, coisas estas que eu não planejava repeti-las outra vez.

Por isso, algumas coisas precisavam mudar, pois este papel não cabia em mim.

Logo que me dirigi à sala de jantar, onde minha família – dizer isto é estranho, algo difícil de me acostumar – estava tomando café da manhã, encontrei meu pai, Haytham Kenway, sentado na cabeceira, como um verdadeiro líder.

Sua aparência não era muito diferente de quando o conheci pessoalmente. Seu cabelo estava completamente grisalho, mas seu semblante era mais relaxado, e suas feições visivelmente queimadas de sol, típicas de alguém que levava a vida ao ar livre, e não comandando uma Ordem de dentro de um forte. Ele não mais vestia sua capa azul-marinho bordada. Estava usando, ainda assim, a mesma casaca azul e colete vermelho. Creio que ele imaginava – e corretamente – que sua capa lhe dava um ar aristocrático demais, destoante da vida no campo. Para não mencionar os discretos símbolos templários que lhe adornavam, e que ao que pareciam, não mais cabiam na vida que ele escolhera.

–Connor. – ele disse, ao notar minha presença. – Que bom que já acordou, meu filho. Venha e tome seu café.

Notei que sua voz tinha mais cuidado e zelo do que deveria, e também o olhar suplicante de minha mãe, como se eu estivesse prestes a gritar com todos a qualquer momento. Sem dúvida, isto era reflexo de minha recente rebeldia devido às suas antigas convicções.

Mas então, perguntei-me: seriam antigas mesmo? Seria minha rebeldia baseada em algo deveras concreto? Ou seria mero exagero ou fantasia?

–Tudo bem. – disse, sentando-me, abstendo-me de qualquer movimento agressivo sem motivo aparente. Todos pareceram aliviados em perceberem que esta seria uma manhã sem discussões.

–Muito bem. – ele disse, parecendo descrente de meu comportamento.

–Como está Boston, papai? – perguntou Tessa, interessada.

–Ah, minha filha, uma bagunça só. Ainda bem que não a levei nesta viagem. Aliás, eu os aconselho a não estarem lá. A situação anda muito... Complicada. Como um barril de pólvora prestes a estourar, especialmente depois do Tea Party. De todo modo, Tessa, eu trouxe o vestido que me pediu. Ele ficou pronto.

–Obrigada, papai. – ela disse, parecendo feliz.

–E meus brinquedos? – perguntou meu irmão caçula Jim, curioso.

–Eu também trouxe, Jim. Você os receberá, mas só depois que terminar de arrumar o seu quarto, está bem?

–Está bem. – ele disse, um pouco desanimado depois disso. Percebi que meu pai levava um sorriso discreto nos lábios, escondidos pela xícara de café.

–Er, Connor... – outra vez ele se referiu a mim, cheio de cuidado na voz. – Eu... tomei a liberdade de comprar algumas roupas novas para você.

Veio um silêncio expectante. Como se todos esperassem uma resposta ríspida.

–Obrigado, pai. – disse, educadamente, e deixando todos imediatamente surpresos e relaxados. Notei meu pai trocar um olhar aliviado com minha mãe.

–Bom, elas estão lá em cima.

Depois que tomamos café, nós dois subimos até os meus aposentos. Perto da minha cama, estava uma mala grande, que notei ser dele. Decerto ele tinha deixado lá, enquanto eu dormia. Ele tirou de lá o que era um conjunto de calças e camisas.

–Presumi que você estaria precisando. – ele disse. – Sua mãe tem reclamado que suas roupas andam aparecendo sujas demais... Com marcas de terras no joelho.

Assenti. Eu sabia o que causava aquelas sujeiras. Decerto meu treinamento furtivo, como Assassino. Só isto explicava estar agachado.

–Creio que servirá. – eu disse.

–Mas experimente o casaco. Não tenho certeza se o alfaiate acertou suas medidas. Você sabe, o seu tamanho nada comum... Costuma sempre ser um problema, mesmo quando levo suas medidas, pois a cada dia que se passa, você fica mais agigantado.

Retirei a peça. Era azul-marinho, parecido com o próprio casaco dele. E para minha infelicidade, havia também um chapéu tricórnio. Algo que eu odiava.

–Pai, este chapéu, eu...

Ao perceber que eu não estava nada feliz com a idéia de usar aquilo, ele riu.

–Preguei uma peça em você, Connor! Eu comprei esse chapéu para mim, meu filho. Só queria saber se finalmente tinha chegado o dia em que você vestiria um destes. Mas vejo que não chegou. Não se preocupe, já estou convencido.

Ufa.

Ele riu, e deu-me um tapa leve no ombro. Era estranho vê-lo de bom humor.

–O que é aquilo? Não me diga que voltou a escrever?

Empalideci. O Diário estava sobre a mesa, quando eu o mantinha guardado. E lá estava a minha confissão de assassino, de que eu deveria mata-lo.

Aquilo não poderia parar em suas mãos.

–Pensei que tivesse abandonado o Diário desde os treze...

–Er... Estes são diários antigos. É que decidi relê-los esta noite.

–Ah sim. Sempre presumi que você não era dado a escrever. Estaria surpreso se soubesse que mantém o mesmo hábito que eu.

O mesmo hábito que eu. Então, ele também tinha um diário, tal como na época que o conheci. Claro que sim, pensei. Ele, na verdade, é a mesma pessoa, com os mesmos hábitos. Por que não teria? Mas afinal, faria mal se eu o lesse? Quem sabe isso tiraria minhas dúvidas de que ele ainda servia à Causa Templária...


§§§§§§§§§§§§§


–Parece que Connor está me tratando melhor.

Haytham estava na varanda de seu quarto, que dava para a lateral da Mansão, apoiado sobre a sacada. Ziio estava sentada em uma cadeira, também na varanda, aproveitando a brisa da manhã.

–Eu senti a mesma coisa.

–Está vendo, Ziio? Era só dar tempo ao tempo. Eu sabia que ele iria entender que não sou mais um Templário, e que toda essa bobagem de Assassinos e Templários é só lenda para velhos cansados.

–Não gosto quando você se refere a Achilles desta forma. – disse Ziio, desgostosa. Haytham se virou, e lhe afagou gentilmente o ombro.

–Desculpe-me. Eu me esqueço de que ele tem sua estima. De todo modo, eu não gosto dele. Acredite em mim, Ziio. Este sentimento é mútuo. Eu sei que ele poderia me matar, se pudesse.

–Você o deixou manco pelo resto da vida. O que queria que ele sentisse por você?

–Poderia ter sido pior. Eu poderia tê-lo matado. Mas eu o poupei, não poupei?

–Bela forma de poupar.

Haytham bufou, descrente. – Aquilo era uma Guerra, Ziio. Não se pensa em cordialidades em guerras. Mas não é isto o que me preocupa.

–Connor. – concluiu Ziio.

–Estou com um mau pressentimento. Todo esse interesse repentino de nosso filho em Assassinos e Templários... Como isso poderia ter surgido? Será que ele andou conversando com Achilles? Não, impossível. Eu não o vejo andando por aquelas terras.

–Eu não quero nosso filho envolvido em toda esta confusão. – disse Ziio. – Nenhum de nossos filhos.

–Eu também não, por isso escolhi você e as crianças, e não me arrependo de minhas escolhas. Aliás, Ziio, as notícias que escutei em Boston dão conta de alguma retaliação aos Templários. Willian Johnson e John Pitticarn estão mortos. Eles foram recrutados por mim, e ambos tinham papéis importantes no Rito Colonial. Dizem que um homem vestindo o Manto está por trás dos ataques.

–Haytham... Você não está sugerindo que...

–Não, Ziio. Não creio que seja Connor. A morte de Pitticarn ocorreu na batalha de Bunker Hill, quando Connor estava comigo em Nova York. Mas ainda assim, eu temo que nosso filho esteja prestes a participar de algo semelhante, ou até mesmo do próximo assassinato? Entende agora a minha preocupação?


§§§§§§§§§§§§§


Decidi aproveitar aquela manhã para fazer uma caminhada pela fazenda. Andei pelos colonos – todos me chamavam de Master Kenway, ou Connor mesmo – e ouvi seus pedidos. Ajudei a alguns, inclusive e prometi ajudar a outros com pedidos mais complexos mais tarde.

Era tudo muito parecido com o que construí na fazenda de Achilles. O moinho, o pasto, a Igreja. Kenway Homestead, como aquele lugar era chamado, era uma cópia idêntica, fidelíssima, a Davenport Homestead. Algumas crianças corriam para lá e para cá, enquanto seus pais trabalhavam em prol da comunidade.

Quanto à residência de Achilles, esta permanecia sendo o mesmo fantasma de quando eu a encontrei pela primeira vez. Parecia parada no tempo, apesar de meus esforços surtirem efeito e a casa estar ainda habitável. Mas o entorno daquela propriedade ainda era vazio e improdutivo. Talvez esse novo Assassino, associado de Achillles, ou não era a mais cordial das pessoas, a ponto de recrutar colonos, ou era ocupado demais para se importar com a fazenda.

Bebi um pouco na Taverna de nossa propriedade e sondei, indiretamente, como tudo aquilo foi parar de pé. Para meu pasmo, toda aquela gente estava ali graças a meu pai, Haytham.

–Seu pai é um homem impressionante. Quando me defendeu, na ocasião em que nos conhecemos, ele derrotou sozinho mais de uma dúzia de Casacas-Vermelhas com aquelas facas que saltam dos punhos... Sou ferreiro e pedi para examiná-lo, e ele foi um tanto... Er, desgostoso com a possibilidade.

–Ele foi agressivo? – perguntei, curioso. O ferreiro negativou.

–Não exatamente, mas não me pareceu amistoso com a idéia de me mostrar o mecanismo daquilo. Mas garanto-te que foi a única vez que me tratara assim. Tanto que sou eu quem faz as espadas de sua família, inclusive a sua.

Depois de dar um gole em sua bebida, o ferreiro riu.

–Ele diz que você prefere usar a machadinha, entretanto.

–Acho-me mais pró-eficiente nela. Além de quê, ela é mais prática.

–Entendo. Mas até hoje sou curioso em entender como aquilo funcionava. De todo modo, eu só tenho a agradecer a vocês, pela estadia e hospitalidade. Não é em qualquer lugar que podemos trabalhar e viver tranquilamente, sem nos sentirmos explorados. Seu pai é deveras um homem honrado.

E assim, ouvi suas histórias, uma atrás da outra. Como Haytham tirara aquelas pessoas de certos problemas, e de seu convite a assim viverem em nossa fazenda. Histórias estas que tinham sido protagonizadas por mim, e não por meu pai.

Aliás, estava começando a me sentir triste por isso. Um tanto deslocado e sem rumo, para dizer a verdade. Era este o local que me era reservado na História? Um mero ouvinte ou expectador de boas ações alheias? Até então, meu pai e o tal assassino misterioso estavam fazendo todo o trabalho por mim, de modo que não havia volta. Mas e quanto a mim? Qual era o meu lugar?

Decidido a escrever minhas páginas, montei meu cavalo e me dirigi até a Davenport Homestead. Achilles deveria me aceitar na Irmandade, custe o que custar.


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Notas finais do capítulo

Coitado do Connor, estão preenchendo seu lugar na História. Ele precisa agir e rápido, ou senão será mesmo um "mero expectador".

Aliás, esse é o problema da Maçã. Connor construiu uma realidade onde ele tem uma vida muito confortável, por isso ainda não é Assassino e nem ajudou as pessoas. Um playboy do século XVIII, rs. Tadinho, ele quer ser mais ativo, quer participar mais!!!

E até agora, não sabemos de que lado está o Haytham... É esperar e ver.

Pessoal, espero que estejam gostando. Fico feliz com todas as demonstrações de carinho por essa história, e também por compartilharem sua opinião comigo.

OFF: Terminei de jogar Unity e, bem... Não gostei muito da história! Putz, ela tinha tanto potencial!! Foi tudo tão superficial - fora que forçaram a amizade, colocando o Arno lembrando muito o Ezio nas primeiras sequências, isso foi bem desnecessário - sinto que não trabalharam bem os personagens. Deveriam ter mostrado mais da personalidade do Arno, que se tornou um a incógnita para mim. Ele simplesmente faz tudo que um mocinho deveria fazer. Ou seja, um Ezio da vida, mas sem o charme. Ele não tem defeito! Tipo, o Connor era ingênuo, o Edward era ganancioso, o Altair era arrogante (no início) e o Shay também tem um quê irônico e arrogante, mas e o Arno? Muito fraco para um protagonista. Até a Elise dava uma história melhor. Espero que melhorem isso no Syndicate (que estou esperando com grande ansiedade)


Enfim, até o próximo cap! E deixem seus reviews!!!



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