Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 22
Quando Desagradável É O Mínimo


Notas iniciais do capítulo

Olá, estou de volta com mais um cap!

Gostaria de agradecer à todos que estão acompanhando a fic. Realmente, eu estou muito surpresa em ver que ela agradou a tanta gente assim, rs. Espero que este cap continue deixando vocês sedentos por mais.

Boa leitura!!!



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Ouvi som de pássaros quando voltei à consciência.

Pisquei, quando a luz do sol invadiu com violência os meus olhos. Aspirei levemente os velhos ares do campo. Não, eu estava em alto-mar. Provavelmente, tinha desmaiado, e só. Sem mais visões do futuro torto que estava construindo. Foi tudo apenas um pequeno susto.

Levantei-me, enquanto meus olhos se abriram definitivamente, revelando, para minha consternação, não meus pais, ou meus irmãos ao meu redor, mas o meu velho Mentor, Achilles Davenport. Minha visão era turva, e de imediato que me sentei, uma sensação desagradável atravessou o meu estômago. Sentia náuseas, não muito diferente de quando acordei pela primeira vez, no auge de meus quatro anos de idade.

Então, eu me enganei. A Maçã me transportou para o futuro outra vez... Teria sido isto uma consequência por ter evitado o Massacre de Boston?

Minha preocupação, no entanto, se dissipou quando voltei meus olhos a Achilles Davenport. Sim, lá estava o mesmo velho que me ajudou a me tornar o que eu era. O homem carrancudo e, no entanto, sábio, que sempre esteve ao meu lado, tentando me aconselhar e me mostrar os lados mais obscuros do mundo. Eu sentia falta dele. Encontrá-lo morto em sua sala foi, simplesmente, um dos piores dias da minha vida. Jamais me esquecerei de minha negligência, por tê-lo deixado sozinho por dias quando ele já se mostrava bastante doente. No fundo, ele me entendia. Tinha acabado de matar meu pai, o Grão-Mestre Templário Haytham Kenway. Desde que li seu diário, uma pontada de arrependimento por tê-lo matado fluía em meu coração, e eu sabia que tal coisa o desapontara, ou, melhor dizendo, o incomodara. Certa vez, quando lia o Diário de meu pai, eu senti que ele me observara fazê-lo. Desde tal dia, procurei me afastar para terminar a leitura. Passava mais tempo fora de casa, à procura de pistas de Charles Lee, e também na copa de alguma árvore, lendo as páginas escritas por meu pai, do que na Mansão. E foi em uma das raras vezes que voltava, que eu o encontrei morto. Era triste saber que o velho partira sem sequer receber uma despedida apropriada.

E agora, o velho estava diante de mim, olhando-me preocupado.

–A-A-Achilles?!

–Acalme-se, meu jovem. Quantos dedos têm aqui?

Concentrei-me, mas vi que era difícil contar. Aos poucos, as imagens deixavam de serem turvas, até o ponto em que pude ver três dedos disposto diante de meus olhos.

–Três. – respondi, após alguns segundos.

–Ótimo. – ele disse. – Eu lhe disse para tomar cuidado, quando manipulasse esse tipo de veneno...

–Espere... Veneno? – aturdi-me outra vez, confuso. Eu não estava no topo de uma árvore, afinal?

–Sim, Connor. Veneno. Você estava preparando alguns, para abastecer os seus dardos envenenados, mas acabou por não usar uma máscara para manipulá-lo, meu jovem. Ainda bem que cheguei a tempo de vê-lo desmaiado, pois mais uma hora aspirando este veneno e você teria morrido.

Olhei para minha direita. Perto dali, havia uma espécie de tigela ao fogo, com uma substância rosada. E ao meu lado, estavam alguns dardos que costumava usar para atirar e atordoar inimigos. O curioso é que jamais cometi erro tão grotesco, nem mesmo no início de minha formação.

Ao perceber seu olhar preocupado, procurei ignorar minha confusão.

–Sinto muito. – desculpei-me.

–Você tem um jeito muito perigoso de agir, rapaz. Precisa ser mais cauteloso. Agora, vamos. Você precisa voltar para casa, antes que seu pai desconfie.

Ao tentar me levantar, notei de imediato a diferença. Eu tinha crescido outra vez. Duvidava que ainda tivesse o mesmo corpo de adolescente. Percebi que estava alto, como em meus tempos de adulto. Minhas roupas, entretanto, ainda eram de civis. Eu não usava o Manto dos Assassinos. Analisei meus pulsos, e percebi que ainda não tinha Lâminas Ocultas.

Ou seja, ainda não era um Assassino. Mas algo me dizia que estava próximo de ser.

–Sente-se bom o bastante para voltar para casa à cavalo, rapaz? – perguntou meu Mentor, preocupado. Decerto temia que eu desmaiasse pelo meio do caminho.

–Sim, eu acho. – respondi, enquanto montava na cela do animal.

Despedi com um aceno de meu Mentor, e continuei a cavalgar, em direção à minha casa. Não tardou para que ela aparecesse, no horizonte. Já era fim de tarde, de modo que os primeiros rastros de fumaça vindos da lareira já começavam a aparecer.

Quando desmontei, senti-me meio tonto. Não apenas porque estava embriagado pelo veneno, mas pela confusão dos últimos acontecimentos. Por que a Maçã me fez avançar no tempo outra vez? Eu estava me sentindo tão feliz, vivendo aquela vida... E agora, eu temia o que estava prestes a encontrar. Este seria, outra vez, um novo mundo, desconhecido, se abrindo diante de mim. E eu precisava ser cauteloso.

Parei em frente à porta. Parecia tudo quieto demais. Uma série de pensamentos passou por minha cabeça. O que tinha acontecido, nestes anos de vida dos quais eu me encontrava em repleta ignorância? Meu pai poderia ter voltado à Ordem, e nos abandonado. Minha mãe poderia estar morta. Meus pais poderiam estar mortos. Ou até mesmo todos poderiam estar mortos.

Pare de ser pessimista, Connor.

Suspirei, e girei a maçaneta.

Não dá para descrever a sensação de alívio que passou sobre mim, quando vi minha mãe sentada em uma poltrona, fazendo uma trança no cabelo de Tessa – que parecia muito maior, sem dúvida já era uma moça. Usava um vestido, e para minha surpresa, inclusive já tinha seios. Não daria menos que quinze anos em sua idade. Um menino de cerca de sete anos, que só pude deduzir como sendo meu irmão Jim, estava sentado ao chão, com seu cabelo negro e liso amarrado para trás, entretido com soldadinhos – que pela cor, notei serem Patriotas.

Quanto tempo tinha se passado?

–Oi, Connor. – cumprimentou-me Jim. – Trouxe um guaxinim desta vez?

–Er, não. Infelizmente não.

–Ista estava esperando por você para jantarmos. – observou Tessa. – Não é, Ista?

Minha mãe direcionou seus olhos para mim. Notei que ela tinha envelhecido um pouco. Seu cabelo estava com mais fios brancos aparentes, e havia mais rugas em seu rosto. Seu semblante, no entanto, era o mesmo calmo de sempre.

–Dê um tempo ao seu irmão, Tessa. – ela disse. – Ele parece cansado. Sem dúvida, caçou o dia inteiro, não?

Notei que havia um quê de cumplicidade em seu olhar. Como se ela soubesse o que eu andei fazendo o dia inteiro. No entanto, preferi guardar essa impressão para mim mesmo. Ainda estava confuso demais, e poderia ser taxado de louco facilmente.

–Mas Ista... Ele não trouxe nenhum animal hoje... – questionou Jim, espertamente. Era hora de sair rapidamente.

–Er, eu vou subir.

–Bom. Tire essas roupas imundas, para jantar. – ela disse, autoritariamente, dando pouca margem para retrucar.

Dentro de meu quarto, notei que nada mudara. Havia, é claro, mais objetos de caçada adornando as paredes, e também uma pele de urso. Sem dúvida, eu estava me tornando um exímio caçador, tal como minha mãe. Eu também tinha uma roupa, que a Mãe do Clã costumava entregar a quem colhesse muitas penas de águia. Procurei por armários e gavetas, e nada encontrei que me relacionasse a Assassinos ou Templários.

Não havia jeito, senão recorrer mais uma vez ao meu Diário. Mas eu sabia que não haveria tempo para isto. Eu ainda tinha um jantar a enfrentar, com aquela família, tão familiar e tão desconhecida. Se eu quisesse passar despercebido, deveria agir com silêncio, falando de maneira limitada.

Quando me sentei à mesa, notei que meu pai realmente não estava.

–Espero que ele compre mais soldados para o meu exército. – comentava Jim, entre uma garfada e outra. – Os melhores são de Nova York, mas eu me contento com Boston.

Sim, ele estava em Boston. Natural que estivesse.

–Ista, é verdade o que estão dizendo sobre uma revolta?

Notei minha mãe hesitante, até vê-la trocar um leve sorriso, bastante cúmplice.

–Não sei dizer, pois pouco entendo de tal assunto. Mas não fique preocupada, Tessa. Tais coisas não chegarão aqui. Além disso, não temos envolvimento algum com este movimento.

–Mas Raké:ni sabe lutar, não sabe? E se o chamarem para lutar?

Notei Jim entrar em desespero.

–Ista, é verdade que Raké:ni pode ir para a batalha? Eu não quero que ele vire um soldadinho! – protestou o menino, num tom lacrimoso.

–Ouvi dizer que o pai de Caroline irá para a trincheira. Ista, e se chamarem o papai para a guerra? E Connor?

Os dois irmãos lamentavam ao mesmo tempo. Era engraçado, mas ao mesmo tempo trágico. Aqueles eram tempos difíceis. Imaginava em quantas famílias tal cena poderia estar acontecendo.

–Parem, crianças. Nada disso irá acontecer. Não vai haver guerra alguma, e se houver, seu pai e seu irmão não irão participar, entenderam?

Neste ponto, eu concordava com Ista. Meu pai era esperto e tinha influência o bastante para evitar qualquer recrutamento. Isso pareceu acalmar os nervos dos dois, mas temporariamente, decerto.



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Após passar toda a madrugada a ler o Diário, tomei a decisão de perpetuar o hábito. Notei que as entradas estavam cada vez mais frequentes, que o Connor Kenway de 1777 era um escritor hábil, que recorria às canetas e papéis para registrar sua vida quase todo dia, bem diferente do Connor Kenway, adolescente e imaturo que fugia das palavras tal qual um cervo foge de praticamente qualquer coisa que se movimente.

Naquela madrugada, decidi reler o Diário, começando pelo dia do acidente. Descobri que, tal como eu imaginava, eu sofri uma grave queda da árvore quando tentei pegar o chapéu de meu pai de um galho, e que nesta queda eu fraturei minha perna, obrigando-me a ficar de cama por meses, mas que nenhuma sequela sobrara disto.

Não havia nenhuma observação a respeito do casamento de meus pais, o que me fez entender que ambos estavam vivendo bem, sem as brigas que eu testemunhava no início. Não havia menções a Assassinos e Templários também, o que provava que eu era um completo ignorante do assunto.

Bem, até o ano de 1774, quando uma anotação me surpreendera.


15 de Agosto de 1774.



Estive hoje em Boston, junto de meu pai, acompanhando-o na venda do tabaco colhido em nossa fazenda. Como costumeiro, ele foi até a Taverna Green Dragon, mas não permitiu minha ida desta vez – o que não me deixa triste, pois ele permitia que eu andasse pela cidade, “sem arranjar encrencas a si”, alertava. Estava ansioso para ir ao cais, observar os navios que estavam atracados lá, oriundos de várias partes do mundo. Ainda almejo, um dia, navegar pelo oceano, conhecer outros lugares, mas sei que este é um sonho impossível. A fazenda vai muito bem, e deixa-me ocupado por quase todo o tempo. Nos últimos tempos, meu pai também tem me deixado a par sobre seus outros negócios, deixando-me surpreendendo. Não fazia idéia de que meu pai era um homem tão rico, com investimentos em Boston e Nova York, e também em Londres. Sei que meu destino é tomar a frente dos negócios do meu pai, e por isso, este meu sonho de velejar ao redor do mundo parece infantil e tolo, a ponto de eu jamais revela-lo. Temo o que ele vá pensar de mim, quando eu lhe contar de minhas fantasias.

Aquela era mais uma manhã, a observar tolamente, à distância, minha vitrine de ilusões e nada fazê-la para torna-la real, e assim pensei que faria.

Faltavam apenas algumas quadras para o porto, de modo que já sentia o cheiro da maresia, quando alguém tropeçou em mim. Estava prestes a reclamar, mas me contive ao perceber que era um Casaca-Vermelha. Tinha consciência de que minha cor era sempre um fator complicador neste tipo de situação, por isso deixei o homem sair impune, pois não queria confusão – apesar de saber que poderia mata-lo sem esforço graças ao treinamento que recebi de meu pai, desde criança.

Ele tinha um motivo para estar apressado. Uma diligência, elegante, estava parada em frente a uma mercearia. Percebi sair de lá um homem negro, já idoso, que usava uma bengala. Ele tinha um quê de cansado, sofrido diria. O Casaca-Vermelha fez o mesmo com ele, fazendo-o cair na calçada. Creio, entretanto, que o tal idoso não passou despercebido como eu.

–Não olha por onde anda, velhote? – reclamou o Casaca-Vermelha, injustamente. Com um olhar de puro ódio, notei que o velho tentava se levantar, mas logo recebeu um chute do soldado ousado, que o fez cair no chão outra vez.

Aquilo encheu-me de verdadeira ira. O que aquele homem pensava? Que uma farda lhe tornava soberano, melhor do que todos? Imediatamente, andei até ele.

–Posso saber o que está acontecendo? – perguntei, com raiva na voz. Ao ver meu tamanho, creio eu, o Casaca-Vermelha se inquietou.

–Er... Só estava... – disse, gesticulando que estava indo embora, e assim o fez, intimidado.

Ajudei o pobre homem a se levantar, e ele me agradeceu.

–Creio que já vi você antes. – ele observou. – És da Virgínia?

–Sim. Minha familia tem uma fazenda por lá, senhor...?

–Achilles Davenport.

–Connor Kenway. – apresentei-me, causando certo incômodo nele, pelo que pude notar.

–De todo modo, cavalheiro, é sempre bom ver bons homens se levantando para defender os demais. Fico feliz com sua hombridade em me ajudar neste inconveniente.

–Estes homens são abusados, porque são preservados pelo governo.

–Na verdade, não são preservados apenas por um governo, meu jovem. Há algo muito maior por trás disso... Mas fico feliz em conhece-lo, Connor.

–O prazer é todo meu, senhor.

–Caso deseje me ver, eu moro na Davenport Homestead. Creio que deves viver perto de minhas terras.

Fiquei surpreso. – Sim, é bem verdade.

–Bom, pague-me uma visita, quando puder. Vejo que és um jovem de valor. Muito obrigado. – ele disse, apertando minha mão e adentrando à sua diligência.

Desde então, minha vida nunca mais foi a mesma.

Dois dias depois, peguei meu cavalo e fui à Davenport Homestead para vê-lo, saber se estava tudo bem. Conversamos e tomamos chá. Notei que sua casa estava caindo aos pedaços e que não havia qualquer produção naquele lugar. Havia um quê de abandonado ali, mas não fiz mais perguntas.

Achilles era uma boa pessoa. Fez perguntas, para minha surpresa, sobre meu pai. Disse que o conhecia de negócios antigos. Contei um pouco de minha família, com certa desconfiança agora, mas depois notei que não havia motivo para tal. Ele era, claramente, um homem indefeso e que não acarretava em perigo a ninguém.

Fiz-lhe outras visitas, sempre fazendo conforme ele me pedia, para não contar aos meus pais. Com o passar do tempo, quando dei por mim, eu estava visitando sua fazenda pelo menos uma vez por semana. Ajudei a arrumar sua casa, fazendo reparos pequenos. Trocando alguma tábua quebrada, ou o vidro de uma janela, enquanto conversávamos. Ele contou-me sobre a Ordem dos Assassinos, grupo a qual pertencia. No início, achei a história uma grande bobagem, mas devo confessar que havia um quê de fascinante. Contou-me também da Ordem dos Templários, de suas maléficas pretensões. Confesso que toda aquela vida de caça aos Templários era convidativa, atraente. Mas logo ele começou a me mostrar que pouco havia de lenda nessas histórias.

Ontem, percebi que ele estava sério. Pediu-me para conversar.

Fiquei horrorizado com o conteúdo de sua conversa, ou melhor, com sua revelação. Ele contou que meu pai, Haytham Kenway, era o Grão-Mestre Templário das Colônias. No fundo, não acreditei, mas à medida que ele me narrou como meu pai destruiu todos os Assassinos, eu percebi que isso era possível. Meu pai era um homem forte, e teria sido capaz disto. Mostrou-me seu porão, repleto de armas, e também um Manto, bege com detalhes vermelhos e azuis, um tanto envelhecido e com um quê antiquado. Havia, na parede, um conjunto de retratos. No topo, um homem chamado Charles Lee, e destacado, para meu horror, o retrato de meu pai.

–Espere, mas isto aqui é Mohawk! – eu disse, ao notar algumas palavras como “Massacre de Boston: porquê?” escrita em minha língua. Achiles pareceu inquieto.

–Eu vou te explicar sobre isto com calma, se você for de confiança.

–Todos estes homens... Estão marcados para morrer, é isto?

–Sim. – ele assentiu.

–Inclusive meu pai?

O idoso parecia temeroso com algo.

–Não. Seu pai não é mais um Templário, ao menos não oficialmente. Mas estamos desconfiados que ele ainda tenha alguma relação com o grupo. Já sabemos que ele frequenta a taverna Green Dragon, um conhecido reduto templário.

E isso era verdade. Tentei defende-lo, ainda assim.

–Talvez ele ainda tenha amigos por lá.

–E talvez ele ainda seja um Templário.

–E se for?

Ele suspirou. – Então, ele terá de morrer.

–Não...

–Connor, eu sei que é difícil, mas eu já te contei minha história. Ou melhor, a história da Humanidade. Os Templários se organizam desejando que a Humanidade esteja submissa às suas vontades. Homens como o seu pai...

–Meu pai não é assim! – esbravejei.

–Acalme-se, meu jovem. Eu não disse que vou mata-lo. Não tenho provas de que ele esteja mancomunado com os Templários. Talvez você esteja certo, rapaz. Talvez. Mas se soubesse que seu pai tinha algum grau de envolvimento em atos como a morte de inocentes?

Aquela pergunta era difícil.

–Do que está falando?

–Eu sei que você esteve presente em um tumulto em Boston, há alguns anos atrás. Sei também que foi você o responsável por roubar a pistola de um guarda no meio do tumulto. Você não faz ideia, meu jovem, do bem que causara. Seu pequeno ato impedira uma catástrofe. Quanto ao seu pai...

–O que tem meu pai?

–O que ele estava fazendo, naquele momento?

Com hesitação, respondi com sinceridade.

–Eu não sei. Estávamos em uma taberna quando ele saiu. Pediu que eu subisse para o meu quarto, e não me deu explicações.

Achilles sorriu, satisfeito.

–Um “conhecido” meu foi mandado para neutralizar um dos agentes templários que iria atear fogo aquele barril de pólvora. Pois adivinhe: seu pai o deteve.

–Não...

–Seu pai, rapaz, não é o homem que pensa. Eu tenho poucas provas de que ele esteja envolvido em atividades templárias neste momento, mas tenho muitas a respeito de seus crimes monstruosos e horrendos, e não faz muito tempo. Há, apesar de pouco haver de concreto, uma grande possibilidade de que ele ainda seja um templário. No entanto, creio que é hora de... “Reformular” minha pergunta. Se você soubesse que seu pai poderia matar inocentes, seja homens, mulheres ou crianças, apenas para alcançar seus objetivos templários, o que você faria?

Aquela pergunta era difícil. Eu amava meu pai, não amava? Sim.No entanto, eu sempre o sentia distante de mim, sempre que eu perguntava qual a real finalidade de meu treinamento. Era verdade que muitos jovens de minha idade treinavam esgrima, mas tenho certeza de que nenhum deles passara por um terço do treinamento que passei ao lado de meu pai. E ele sempre me dava respostas genéricas sobre isto. E havia algo de secreto em seu olhar, e no de Ista também. Ela sabia, isso estava claro. E ela não queria me contar, o que significava que só poderia ser algo muito ruim. E que coisa mais ruim seria senão ser um Templário? Alguém que deseja escravizar os demais, que manipula tudo que está ao seu redor para atender caprichos de poder? Alguém capaz de matar qualquer um, inocente ou não, que esteja em seu caminho?

Meu pai e minha mãe me ensinaram princípios. E foram tais princípios que me fizeram dar a resposta que mudaria a relação com meu pai para sempre.

–Eu o mataria.

E assim, juntei-me a Ordem dos Assassinos.



Aquela revelação, de dois anos atrás, tinha me deixado um tanto abismado. Chocado, talvez. Não tinha sido essa a melhor maneira de adentrar à Ordem. Motivado para matar o meu próprio pai outra vez? Pobre Connor, ele não sabia o que era isto.

As demais anotações não me aliviaram. Eu tinha claramente uma motivação enorme em derrotar os templários. Devido a todo o treinamento que tive com meu pai, Achilles me dispensou da rotina de treinos, apenas me ensinando a ser mais furtivo, algo que demandou seis meses de noites mal-dormidas. Minha cerimônia de iniciação também estava com data marcada, e pelos meus cálculos, seria em pouco tempo.

Havia também um Assassino, além de Achilles, mas seu nome jamais foi revelado. Ele era muito reticente em contar-me, talvez porque temesse que meu pai soubesse a existência de mais um assassino na Colônia. Limitava-se a dizer que este assassino estava em ação, procurando maneiras de eliminar seus alvos.

O primeiro a sucumbir foi Willian Johnson, segundo minhas anotações. No meu diário, estava minha revolta em saber que meu povo estava prestes a perder suas terras. Mas para minha surpresa, não foi eu quem matou Johnson. Foi o tal assassino misterioso, e isso havia poucas semanas.

Percebi também naquelas anotações que meu tom com meu pai tinha se tornado mais agressivo desde aquela conversa com Achilles. Eu claramente o desprezava, agora que sabia de seu passado Templário. Desprezar... Não parecia certo. Todos tinham direito a uma segunda chance, por quê ele não tinha esse direito? Que tipo de pessoa eu estava me transformando?

Ou melhor, que tipo de pessoa Achilles estava me transformando?


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Notas finais do capítulo

É, Connor, tá difícil acertar!!! Agora você virou um filho rebelde e furioso, doidinho para cravar uma espada em seu próprio pai!!! É melhor você reverter isso, e com cuidado...

Gostaram do cap?? Então deixem um review!!! São sempre bem-vindos!!! Um bj!!!



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