Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 13
Tempo de Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Olá!

E aqui vai mais um cap, com um pouquinho de fofura para adoçar nossas vidas e informações especiais também! ;)

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/580789/chapter/13

Kanatahséton, 1760.


Havia se passado cerca de duas semanas desde o incêndio. Todos da Aldeia já tinham cessado seu choro pelos mortos, e findado – ao menos oficialmente – o luto, voltaram ao trabalho pesado de reerguer tudo. Não havia um local do Vale que eu passasse sem avistar um homem ou uma mulher trabalhando arduamente, seja caçando ou cortando e serrando madeira para reconstruir a aldeia. Eu tinha visto aquela mesma situação na vida que deixei para trás, e lá estava eu, avistando-a outra vez, com a diferença de que, ao menos, eu não era um dos enlutados.

Minha mãe estava viva, o que representava uma vitória para mim, uma sensação de dever parcialmente cumprido. Parcialmente porque eu saiba que ainda era um menino de quatro anos, com pouco o que fazer para deter a Ameaça Templária advinda da Inglaterra. Eu ainda deveria esperar o tempo passar e crescer, para estar pronto para enfrenta-los? Se assim o fosse, eu aceitaria, mas pensar que ainda teria de enfrentar, pela frente, horas e horas de treinamento árduo outra vez...

Fora que desta vez, eu não seria treinado por Achilles, mas por meu pai.

Eu serei treinado por um Templário...

Algo me dizia que minha mãe acabaria se casando com ele, se ele realmente abandonasse a Ordem dos Templários. Os dois poderiam pertencer a mundos distintos, mas eu sabia que o único impedimento para a união de ambos era a Ordem. No entanto, havia algo de diferente nele – seria a recém-descoberta traição de seu mentor, Reginald Birch? Talvez o sangue do assassino de seu pai ainda estivesse fresco em suas mãos, e o deixou mais aberto a repensar seu próprio rumo. No que pude ler de seu Diário nesta época, notei que meu pai era um Templário desejoso em unir as duas Ordens, assim como eu fui um dia, mas jamais em alguém pronto a abandonar a grande obra de sua vida.

Seria isto motivado pelo amor que ele sentia por minha mãe?

Eram tantas as perguntas... E tão poucas as respostas...

–Ratonhnhaké:ton! – gritava um dos homens da aldeia, retirando-me da tempestade de dúvidas formadas em minha mente. – Mãe do Clã está te chamando! Venha logo!

Levantei-me do tronco, e logo corri, em meus passos curtos de criança.

Encontrei, para minha surpresa, a Mãe do Clã ao lado de meu pai, Haytham Kenway. Ele estava em sua conhecida pose austera, porém com uma das mãos ainda enfaixada devido às queimaduras. Eu estava prestes a perguntar sobre minha mãe, mas a Mãe do Clã imediatamente me antecipou.

–Sua mãe está bem, Ratonhnhaké:ton. Haytham acaba de me explicar como ela vem passado.

–Eu queria ver minha Ista... – disse, triste.

–Mas você vai ver. – consolou meu pai. – E mais rápido do que pensa.

Percebi que a Mãe do Clã parecia resignada, trocando um breve olhar com meu pai. A julgar pela animosidade entre ambos, eles tinham tido uma conversa complicada, mas tinham atingido algum consenso pacífico, ou do contrário ele não estaria ali de pé, diante de mim.

Por fim, a Mãe do Clã dirigiu-se para mim, em Mohawk, com o claro intuito de excluir meu pai do entendimento da conversa.

–Eu ainda acho que este homem não é o mais adequado para participar de sua criação. Tome cuidado, meu filho. Muito cuidado. E não se esqueça do lugar ao qual você verdadeiramente pertence. Não importa o que esse homem diga, lembre-se de seu povo, em todos os passos de sua vida. Nós sempre estaremos aqui, quando você precisar. – depois, ela suspirou, tornando a falar em Inglês. – Arrume suas coisas, Ratonhnhaké:ton. Tudo que puder levar, ou melhor, o que sobrou. Você irá morar com seus pais agora. E não será aqui, em Kanatahséton.

Meus olhos se arregalaram. Eu tinha sido expulso de meu povo, era isto? Ao ver minha apreensão, a Mãe do Clã sorriu para mim, tão breve quanto o bater de asas de uma abelha. Fiquei ainda mais atônito por isso. Eu jamais a vi sorrindo por qualquer coisa! Ao mesmo tempo, era natura que ela fosse mais carinhosa. Eu era seu único neto, sangue de seu sangue, apesar de não mais carregar a pureza de sua linhagem.

Meu pai parecia contente, eu notei. Se soubesse o que ela tinha acabado de me dizer...

–Sua mãe escolheu seu destino. – decretou a Mãe do Clã, seriamente. – Agora, vocês devem cumpri-lo.



§§§§§§§§§§§§§


A noite começava a cair lentamente, à medida que a floresta mais densa começava a se afastar, dando lugar a pastos e aos primeiros e tímidos vestígios de civilização embrenhados por ali, como uma cabana de caça, ou uma choupana qualquer. Não tinha certeza de onde estava, pois tudo me parecia diferente. Eu estava já há algum tempo, montado no mesmo cavalo que meu pai. De fato, pouca coisa sobrara do incêndio, por isso o cavalo não ficou pesado. Aquela seria uma viagem longa. Entretanto, eu sabia que meu pai não estava correndo para não cansar ainda mais o pobre animal.

E eu me sentia sonolento rapidamente. Embora fosse uma criança com mentalidade de adulto, eu ainda me sentia obrigado a ceder aos caprichos de meu corpo frágil, inclusive dormir por mais tempo. Logo senti-me adormecido pelo trotar do cavalo, recostando-se sobre o peito de meu pai, que me envolveu em seus braços para evitar que eu deslizasse.

–Para onde estamos indo? – perguntei, tentando evitar cair no sono.

–Uma localidade chamada Massachussets. Não se preocupe, pois não é muito longe da Aldeia onde você mora. No entanto, creio que teremos de pernoitar pelo caminho, apesar disso. A conversa com a Mãe do Clã, melhor dizendo, sua avó, foi mais demorada do que pensei. Tencionava leva-lo ainda pela manhã, e não à tarde, mas não faz mal. Podemos parar e descansar, se quiser.

–Eu acho que posso aguentar a viagem.

Meu pai sorriu. – Eu não duvido disto, meu filho. O problema é que há muitos assaltantes pela estrada e eu não quero correr riscos.

Assenti, ainda descrente. Não foi bem isso que ele quis dizer. Ele estava preocupado comigo, e isso era estranho de se imaginar. Ele jamais pareceu assim, quando em nosso primeiro encontro, simplesmente me abandonou em meio a mercenários, ou quando me assistia correr entre as chamas, limitando-se a me apressar. Não sei se meu aparente estado infantil e indefeso contribuía para isto, mas ainda assim, era complicado vê-lo desta forma.

–E você está com sono, também. Não posso cavalgar direito com você cochilando.

–Desculpe-me.

–Sem problemas.

Sua preocupação estava evidente, em quase cada gesto. Era claro que ele queria me conquistar. Na verdade, diria que estava com medo. Medo de que eu não o aprovasse, ou mesmo de que eu o temesse, ou fosse desconfiado. No entanto, nada disto passava por minha mente. Tudo que eu queria era aproveitar a presença dele, e também de minha mãe, pouco me importando com o que tinha acontecido. Aquela era uma outra realidade, e ele merecia uma chance.

–Como está a minha Ista? – perguntei.

–Ela está bem, e não para de falar um só minuto de você. Acho que sei muito sobre você agora, Ráduga... Ráduna... Enfim, não importa.

Segurei um riso. Era sempre engraçado vê-lo errar meu nome – algo que minha mãe detestava que fizessem com ela.

–Você não sabe falar o meu nome, não é? – perguntei.

–Espero que não se sinta ofendido por isso.

–Não. Eu entendo.

–Precisamos encontrar um segundo nome para você. Um nome que eu possa dizer tranquilamente. Vou dizer alguns, vamos ver se você gosta: John?

–Não.

–Phillip? Phillip é distinto...

Fiz uma careta. Ele continuou.

–Hum... George? Gabriel? Albert? Charles? Hum, Charles... Eu tenho um grande amigo chamado Charles. Que tal?

Uma repugnância imensurável passou dentro de meu estômago, ao enxergar a mera oportunidade de receber o mesmo nome que Charles Lee.

–Não.

–Tudo bem, não vou insistir neste. Willian? Alfred? James? Eric?...

Céus, o repertório de nomes masculinos de meu pai era vasto. Não lembro de quanto tempo ele ficou a dizer nomes, mas lembro de ter pescado um, em especial.

–... Ernest? Connor? Lucas?

–Er, eu gostei daquele.

–Qual? Lucas?

–Não. Connor. Parece um nome legal.

Meu pai pareceu aliviado.

–Curioso. Charles adora cães, e tinha comentado a respeito do significado deste nome. “Amigo dos cães”. Ele chegou a me dizer que se tivesse tido um filho lhe daria este nome, mas o infortunado só teve meninas.

Outra vez, menção a Charles Lee. E desta vez, para uma informação que eu realmente não esperava. Maldita coincidência.

–Então, será Connor.


§§§§§§§§§§§§§


Ele era péssimo acendendo uma fogueira, por isso tomei coragem e fiz o fogo. Aproveitamos uma clareira ali perto, certamente usada por algum pastor de ovelhas, para nos abrigar. Ele montou uma cabana, “para proteger-me do sereno”, no que notei ter sido uma recomendação de minha mãe. No entanto, eu queria passar a noite deitado na grama, observando as estrelas.

–Se você pegar um resfriado por causa do sereno, eu serei um homem morto.

Eu ri, enquanto ele retirava do cesto algumas maçãs.

–Se não fosse noite, eu poderia caçar. Mas acho que os animais já se retiraram.

–Você já sabe caçar? – perguntou, surpreso.

–Só de arco e flecha. Eu os trouxe comigo. Quer ver?

Ele pareceu animado, para meu pasmo. Parecia um tanto tlo de minha parte, ma seu queria mostrara a ele minhas capacidades, minhas habilidades. Queria que ele parasse de me ver como um menino fraco, para me ver como eu verdadeiramente era, ao menos por dentro: um homem.

–Você é muito bom, Connor. – concluiu, pasmado, quando eu acertei a terceira maçã consecutiva, colocada a alguns metros de minha distância. Caminhamos juntos até a árvore que tinha recebido todas as minhas flechadas, para retirá-las e guarda-las em minha aljava.

–Minha mãe me ensinou há alguns meses. Desde então, tenho treinado. E treinei ainda mais na ausência dela. – disse, me permitindo ficar mais triste.

–Não se preocupe, poderá mostrar a ela o seu progresso em breve. Aliás, o que é isto?

Notei que sua mão me agarrara gentilmente pelo braço, ferido pela bala disparada pelos templários, no dia do incêndio. Meu curativo já trazia uma cor vermelha escarlate de sangue, pois não o troquei desde ontem.

–Isso... Foi no incêndio. – disse, hesitante.

–Bom, você precisa trocar o curativo, do contrário poderá ficar infeccionado. Vamos, eu tenho um pouco de álcool e pano.

Eu me sentei ao seu lado, em uma pedra. Pondo-se de joelhos, tendo panos e álcool por perto, ele começou a desmanchar o curativo.

–Isso não me parece uma queimadura... – disse, com o ar grave. – Na verdade, poderia dizer ser este um ferimento à bala.

O que eu deveria fazer? Contar a ele a verdade? Seria complicado dizer “foram os templários”, afinal, eu não deveria saber o que é isso. Mas uma informação eu pude deter, ao menos.

–Um homem chamado Charles Lee.

–O quê?! – ele disse, indignado, mas descrente. – Tem certeza disso?

–Tenho. – confirmei. – Ele tentou me estrangular. Disse que eu vivia na lama, chamou a mim e ao meu povo de animais.

–Como ele era?

–Branco, cabelo desgrenhado, bigode... Tinha os olhos verdes, ou azuis, não tenho certeza... Perguntou-me sobre um homem branco em nossa Aldeia.

Meu pai pareceu entender. – Claro. Estavam atrás de mim.

–Você os conhece, não é? É amigo deles! – disse, não escondendo minha fúria.

–Não! Quero dizer... Não é bem assim, meu filho...

Ele estava temeroso por minha reação, notei isto em seus olhos desesperados. Eu precisava empurrá-lo para além de seus limites.

–Você também vai me bater?

–Não! – ele exclamou, veementemente. – Eu jamais faria isto com uma criança, muito menos com o meu filho! Por Deus, eu juro que não sou igual a eles. Connor!

Ele gritou, à medida que me afastei, correndo para a floresta. Sim, eu precisava fazer isto. Seria estranho se eu agisse com naturalidade depois de saber que meu pai conhecia os homens que me agrediram naquela floresta, antes do incêndio. Notei que fui facilmente alcançado por ele, e tentei me livrar de seus braços.

–Me solte! – esperneei.

–Irá chegar a floresta, se continuar avançando. Não sabemos que tipos de perigos há por lá. Você não tem escolha, garoto, senão ficar ao meu lado.

–Eu não quero ficar ao seu lado. Você é mau!

–Conhecê-los não me torna igual a eles, Connor. E saiba que irei averiguar isto. O método que eles usaram para obter esta informação de você foi deveras inadequado, e merece ser punido.

Acalmei-me, e ele logo tratou de me soltar, devolvendo-me ao chão.

–Co-como assim? Você irá mata-los, é isto? Por que eles me bateram?

Aliviado, meu pai observava meu estado atônito.

–Isto é algo a se considerar. Sempre detestei aqueles que agridem crianças e mulheres indefesas. Não posso tolerar este tipo de comportamento.

–Fala como se fosse líder deles... – sondei. Ele pigarreou.

–Bom, eu disse que vou puni-los, e você tem minha palavra. Agora, creio que é melhor comermos alguma coisa, antes de dormirmos.

Juro que pensei que iniciaria ali um extenso falatório a respeito da Ordem dos Templários, ou até mesmo uma mera menção. Mas não foi bem isto que aconteceu. Mais uma vez, ele me deixou pasmo.


§§§§§§§§§§§§§


–Você deveria estar dormindo, não?

Deveria ser madrugada alta. Meu pai estava de costas para mim, sentado sob um tronco, mexendo na fogueira com um graveto. Mesmo de costas, ele sabia que eu estava acordado, o observando. Como ele sabia?

–Você está se mexendo demais, eu consigo ouvir daqui. E sua respiração está irregular. – ele disse, como se adivinhasse meus pensamentos. – Claramente não está dormindo.

Sorri com sua explicação. Ele virou parcialmente meu rosto, me observando com o canto do olho.

–Eu mal te conheço e já sei reconhecer quando fica curioso. Vamos lá, faça sua pergunta, Connor. – disse, ressaltando meu novo nome.

–Você e a Ista estão juntos?

Ele riu, como se já esperasse por essa pergunta. – Sim. Nós iremos nos casar. Só não decidimos se faremos alguma cerimônia. Creio que não, mas ainda não é algo acertado.

–Por que?

–Bom... É que... Eu teria de me casar com sua mãe em uma Igreja e... Bem, sua mãe não é cristã. – depois de alguns segundos em silêncio, ele pareceu ponderar. – Acho que você nem deve saber o que é uma Igreja.

Fiquei quieto, pois eu sabia muito bem o que ele queria dizer, mas o menininho Connor não deveria saber.

–Bom, o que está certo é que iremos morar juntos, em uma mesma casa. Por isso estamos indo para Massachussets.

–E por que nesse lugar? Vocês não podem morar em Kanatahséton?

–Não. – ele disse, com o semblante sério. – Da mesma forma que sua mãe não pode viver comigo, em Boston. Iremos para um lugar diferente.

–Viveremos em cabanas de pedra?

Ele sorriu com minha infantilidade.

–Não. A casa que iremos viver é de madeira, mas é diferente da que você vive. Tenho certeza de que irá gostar. Ela fica em terras enormes, tem um local bem grande para você brincar. Não estamos longe, na verdade.

Eu estava suspeitando de quais terras ele estava se referindo. A julgar por nossa localização, estas eram terras que ficavam nos limites da Davenport Homestead, que jamais foram habitadas por conta de todas as histórias a respeito das atividades “ilegais” exercidas na porteira vizinha. Certamente, meu pai as adquiriu, o que me causava surpresa por vê-lo disposto a ser praticamente um vizinho de Achilles. Talvez o meu pai tenha mudado seu ponto de vista.

Ou simplesmente meu pai queria anonimato, indo viver perto de alguém temido o bastante para qualquer aproximação.


§§§§§§§§§§§§§


–Chegamos. – ele disse, quando avistamos uma casa pequenina no horizonte daquela manhã ensolarada. Estavámos a algumas horas cavalgando, um pouco mais rápido do que antes.

Depois que ele me ajudou a descer do animal, eu dei alguns passos, surpreso. Aquela era uma mansão que não me lembrava de ter visto nas terras vizinhas à de Achilles. Estava abandonada e precisava de uma reforma, mas eu sabia que isso era algo facilmente providenciável por um homem de posses como meu pai.

Meu pai subiu os primeiros degraus e abriu a porta ranheta, revelando um local escuro. Ao perceber minha hesitação em entrar, ele me fez o convite, do qual aceitei de pronto, adentrando atrás dele.

Havia poucos móveis, e quase todos estavam cobertos com lençóis. Sinal de que ele comprara a pouquíssimo tempo. Não era uma mansão muito diferente da de Achilles. Ouso dizer que tenha sido construída pela mesma pessoa.

–Venha comigo, sua mãe está lá em cima.

Estava tudo escuro, eu notei. Eu poderia, entretanto, facilmente distinguir os móveis, graças ao meu “sexto sentido”. Pensei em apontar ao meu pai a posição de fósforos e velas, mas para meu pasmo, ele conseguia se guiar perfeitamente na escuridão. Logo conseguiu iluminar o ambiente com um candelabro.

–Como você...? – perguntei, hesitante. Depois, lembrei-me que minha visão tinha sido herdada dele, na verdade.

Ele virou-se para mim, segurando o candelabro. Pareceu momentaneamente envergonhado, como se tivesse sido surpreendido fazendo algo que não deveria.

–Um dia te explicarei com mais clareza, meu filho. – disse, caminhando até uma porta.

Então, ele realmente tinha o mesmo sentido que eu. Por alguns anos, eu acreditava que isto era um dom herdado de meu povo, mas percebi ao ler seu Diário que eu estava errado. Provinha dele. Confesso que fiquei surpreso quando soube pela primeira vez.

–Onde está minha Ista? – perguntei.

–Dormindo. – ele disse. – Optei por apagar as luzes para não atrair atenção, só isto. Sua mãe estava sozinha em casa, afinal.

–Compreendo. – disse, finalmente adentrando ao quarto, ao lado de meu pai.

Minha mãe estava deitada em uma suntuosa cama de carvalho, e logo estendeu seus braços para mim, com o semblante bom. Sem pensar duas vezes, dei meu melhor sorriso e corri para abraça-la. Mergulhei meu rosto em seu cabelo escuro e perfumado, enquanto ela me dizia palavras doces em nosso idioma.

–Quando você vai melhorar? – perguntei, à medida que o ambiente voltava a se iluminar, devido aos esforços de meu pai em acender todos os candelabros.

–Creio que em alguns dias, meu filho. – ela disse.

–Está doendo? – perguntei, olhando para aquelas queimaduras visíveis.

–Esteve pior, Ratonhnhaké:ton. – ela disse, com seu jeito firme. Meu pai pigarreou ao fundo, recostado na parede e de braços cruzados, nos observando.

–Ziio, nosso filho já possui outro nome.

Minha mãe pareceu desconfiada, logo erguendo uma sobrancelha expectante ao meu pai. – E qual seria?

–Connor. – eu disse. Percebi que ela se virou para mim.

–Não foi escolha minha, mas dele. – disse meu pai, fazendo gestos de redenção.

–Um bom nome, meu filho. Ao menos é algo que eu e seu pai saberemos pronunciar. Mas você nunca deve se esquecer de que você se chama Ratonhnhaké:ton. Ouviu, Haytham? Ele se chama Ratonhnhaké:ton.

–Jamais foi minha intenção que ele se esquecesse de seu nome verdadeiro. Aliás, eu não pretendo afastá-los do seu povo, Ziio, e espero que você também não queira afastá-lo do meu...

Minha mãe, sabiamente, o interrompeu.

–Esta é uma conversa para outra hora, Haytham. Agora, Connor, precisamos almoçar. Imagino que você deva estar com fome. Infelizmente, não posso me levantar da cama, por isso você terá de se contentar com o que seu pai irá cozinhar.

Meu pai pareceu ofendido.

–Ora Ziio, eu posso ser um homem, mas sei fazer algo decente para comermos.

–Ele está assim porque sabe que jamais me superará. – ela cochichou em meu ouvido, arrancando risos de mim. Meu pai pareceu resignado.

–Não desdenhe do que não conhece, Connor. Primeira lição de seu pai. Estou descendo, meu filho.

Meu filho. Ele já tinha me chamado assim algumas vezes antes, na realidade que abandonei, mas na maioria delas foi um afago de quem desejava um favor, ou claramente me manipular para acatar seus pedidos. Mas desta vez, soava muito diferente. Era claramente uma demonstração de afeto. E eu não poderia me sentir melhor por isto.

Tudo estava dando certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É Connor, não tenha muita certeza disso. Você só tem quatro aninhos! Ainda há muito o que acontecer! MUAHUAHUAHUIA

Eu sempre achei coincidência demais Connor significar "amigo dos cães/lobos" e Charles ser um apaixonado por cães. HAHAHAHA Roteiristas, vocês são uns malvados!

Eu pensei em colocar Haytham para viver em sua propriedade na Virgínia, mas depois pensei melhor.. Ele não iria desejar isto, pois os Templários poderiam localizá-lo facilmente. E ao lado de Achilles seria o último lugar que um Templário poderia imaginar. Sim, ele realmente quer privacidade e um pouco de sossego para viver com sua nova família. Mais tarde iremos entender porquê ele quer tanto abandonar os Templários.

Um grande bj a todos que estão acompanhando e comentando! Estou adorando escrever essa AU! Deixem seus reviews!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Aftermath" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.