Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 12
Quando Um Inimigo Bate À Porta


Notas iniciais do capítulo

Hey, voltei!

E sim, Haytham topou o "desafio" da Mãe do Clã e da Ziio e foi até Achilles Davenport pedir ajuda, depois de tudo que aconteceu entre os dois. Será que ele vai encontrar uma porta na cara? Ou um tiro na testa?


Boa leitura!



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Haytham tinha colocado Ziio com cuidado sobre a sela. Embora a Propriedade de Achilles Davenport não fosse tão distante, ele sabia que as queimaduras de Ziio eram consideráveis e evitava a todo custo tocar nelas. Na verdade, ele evitava o mero olhar para aquelas marcas ensanguentadas. Sempre detestara queimaduras. Ziio era mesmo uma mulher muito forte, para carregar apenas um semblante cansado, e não gritar de dor, como muitos fariam em sua posição.

Conforme a galopada do cavalo, Haytham sentia Ziio cada vez mais amolecida em seus braços. Claramente, ela estava cansada e com dores, de modo que um descanso era mais que necessário. Porém, ele não desejava que ela estivesse dormindo quando chegassem à Propriedade dos Davenport. Acordada e consciente, ela ao menos seria um impedimento ao velho Achilles de atentar algum mal contra si, fosse enfiar de imediato uma bala em sua testa, ou mesmo apunhala-lo quando tivesse chance com suas Hideen Blades – se é que o velho ainda as usava, pensava Haytham. Por isso, ele tentava fazer com que a viagem não fosse feita em silêncio, pois tal coisa ao menos a manteria acordada.

–Eu não vou deixa-lo fazer algo contra você. – disse Ziio, assegurando-o. Haytham assentiu.

–Aquele homem não está em condições de fazer qualquer coisa contra mim, Ziio. Não é isto que me preocupa. Somos inimigos declarados, e eu prometi não me aproximar de Davenport em seu exílio. Claramente, eu estaria descumprindo o acordo e abrindo precedentes...

Haytham engoliu em seco. Estava com os olhos focados na estrada, conduzindo o cavalo, mas não precisava olhar diretamente nos olhos de Ziio para saber de seu olhar insatisfeito, beirando à irritação.

–Assim disse o Templário que habita dentro de si.

Haytham deixou escapar uma risada, mas foi logo se censurando, voltando ao silêncio.

–Eu vou abandoná-los, Ziio. Já disse.

–Por quê? – ela perguntou-lhe.

Haytham riu outra vez. – Por quê? Não acha que meus sentimentos por você sejam motivos o bastante para abandoná-los?

–Não foi o bastante quando ficamos juntos pela primeira vez... Por que seria agora? – ela questionou, espezinhando-o, mostrando-se ainda não convencida.

–Eu senti sua falta, por todos esses anos. Escute-me, eu estava hesitante em procurar-te, confesso. Se aquele maldito guerreiro tivesse me encontrado e me mandado embora, certamente eu teria ido.

Haytham sentiu unhas cravadas em seu braço. Seria dor ou irritação?

–Você não tem vergonha de admitir isto?

–Na minha idade e com a minha experiência, pouca coisa dá vergonha.

Haytham desviou seus olhos momentaneamente, focando-os na estrada. Mesmo sem olhá-la, ele percebeu que conseguiu deixa-la momentaneamente ruborizada e com um discreto sorriso de diversão.

–Você não vale nada, Haytham Kenway.

Haytham diminuiu o galope. O cavalo estava claramente cansado, e já era possível avistar, no horizonte, a velha mansão dos Davenport. Como era de se esperar, estava tudo escuro. Sem dúvida, o velho estava dormindo.

Já diante da porta da casa, Haytham ignorou o horário e deu fortes batidas, sendo ajudado por Ziio. Após bons minutos de espera, finalmente o velho Achilles apareceu na janela do andar de cima.

Haytham tinha certeza de que Achilles lhe diria palavras ríspidas, mas quando o velho notou que seu antigo desafeto carregava Ziio nos braços, o velho imediatamente se calou e fechou a janela. Um temor passou pelo corpo de Haytham: será que ele lhe negaria socorro?

O som da fechadura se abrindo lhe encheu de alívio.

–Leve-a para dentro. – ele ordenou, permitindo a entrada de Haytham e Ziio.

Tendo Ziio nos braços, Haytham lhe observou de soslaio, e um estranho sentimento de humilhação golpeou seu estômago. Pela primeira vez, Haytham pôde ver o que restara do homem que ele baleou, há alguns anos atrás. O homem que ele destruiu por completo. Achilles não mais vestia o Manto dos Assassinos, e agora usava uma bengala, e muito embora seu ferimento fosse recente, a bengala seria companheira eterna, sem dúvida. De fato, o Mentor da Ordem dos Assassinos estava agora reduzido a um homem velho e manco, incapacitado de erguer uma Ordem. Ele poderia ter se sentido orgulhoso por seus feitos, mas aquela situação lhe colocava em papel inverso: o de humilhado. Afinal, era ele quem estava ali, pedindo um favor a um inimigo, em situação até mais desfavorecida.

Tal como pedira o idoso, Haytham colocou Ziio sobre o sofá, na sala de estar. Estava tudo escuro, mas logo Achilles tratou de iluminar o ambiente, acendendo um candelabro. Ziio estava segurou-se como pôde, mas logo que se viu segura, acabou sucumbindo ao desmaio. Preocupado, Haytham segurou sua mão.

–Essa mulher é mesmo uma guerreira. Que não está à sua altura.

Claro. O velho Achilles não perderia a oportunidade de alfinetá-lo. Ainda resignado, Haytham buscou ignorá-lo pensando no bem de Ziio, mas não sabia se teria estômago para a chuva de críticas e agressões verbais e psicológicas que viriam a seguir.

–Eu vou buscar remédios. – disse Achilles, lançando um olhar mortal a Haytham, deixando bem claro que sua presença ali não era bem-vinda.

Quando Achilles retornou com os remédios, notou que as mãos de Haytham também estavam feridas. Algumas bolhas já começavam a se formar nas palmas de suas mãos. Como eu gostaria de estourar essas bolhas e provocar um pouco de dor neste bastardo...

No entanto, Haytham logo tratou de providenciar, ele mesmo, curativos para sua mão. Saíra um tanto desajeitado, ele constatou, mas estava melhor que deixar tal tarefa dolorosa a cargo de um inimigo. Se ele ainda viesse a aceita-la, é claro.


§§§§§§§§§§§§§


Ziio acordou, sentindo imediatamente a dor das queimaduras a tirar o brio. Bastou um ligeiro movimento para que elas voltassem com força, fazendo-a não mais cometer a ousadia de tentar se sentar, voltando a deitar-se naquela cama. Olhou ao redor. Sua última tinha sido Haytham colocando-a sobre o sofá, e depois a escuridão de um sono sem sonhos e bastante dor. Decerto, ela estava no quarto que tinha pertecendio a Connor Davenport, falecido filho de Achilles, quando notou alguns brinquedos de menino a adornar sutilmente o quarto. Tudo parecia antigo e triste. Não havia dúvidas de que o quarto do menino estava intocável desde sua morte.

Ela virou para os lados, e imediatamente notou Haytham olhando para si. Ela não sabia por quanto tempo estava dormindo, mas percebeu que fora muito, pois o sol já estava alto. Haytham trazia profundas olheiras e estava com o cabelo levemente despenteado. Decerto, não dormira a noite toda, tanto por temor de seu estado tanto por precaução. Afinal, ele ainda era um inimigo de Achilles Davenport e dormir sob o mesmo teto ainda era algo imprudente.

–Que bom que acordou. – ele disse.

–Dormi por muito tempo? – perguntou Ziio, segurando uma careta de dor.

–Não tanto quanto está pensando, tenha certeza. Como se sente?

–Minhas pernas doem.

Haytham assentiu, examinando-as. – Eu já imaginava. Pelo que vi, Achilles tivera boas lições com um nativo que pertencia à... Ordem dele. Parece que o velhote fez um bom trabalho. Ele foi buscar algumas ervas na floresta, para fazer um chá para aliviar a sua dor.

Haytham voltou a se sentar, com os olhos tontos de sono.

–Obrigada por me ajudar.

–Não há o que me agradecer. Ao menos eu sei que você está bem. – de repente, Haytham pigarreou. – Er, Ziio... Acho que devemos conversar a respeito de nossa situação, não acha?

Sentindo que não havia como fugir daquela conversa inevitável, Ziio assentiu.

–Você quer uma união. A união entre dois mundos distintos.

–Eu não vejo por este modo. – disse Haytham, desviando rapidamente o olhar. Ziio o conhecia o bastante para saber que ele agia assim quando estava prestes a dizer algo sentimental. Seu filho, Ratonhnhaké:ton, também era assim. – Eu vejo não como uma união de dois mundos, mas como a criação de outro.

Hayham pegou ternamente em sua mão, enquanto a outra buscava algo no fundo de seu casaco, até retirar uma caixa. Ao abrir, Haytham revelou um anel, com uma tímida pedra a adorná-lo, que Ziio jamais vira semelhante na vida, mas que julgava ser preciosa.

–Eu aproveitei que você fui até Lexington esta manhã. Devo ter acordado o joalheiro, de tão cedo que cheguei... Mas o fato é que... Realmente, não era esta a jóia que eu gostaria de te presentear. Nestas ocasiões, é mais aceitável utilizar uma jóia de família. Eu as tenho, de herança de minha mãe inclusive, mas estão na Inglaterra, creio que porque eu jamais considerei a hipótese de me casar aqui, nas Colônias...

Oh, mas é claro. Seu irritante lado britânico estava falando mais alto, tratando das formalidades e justificativas para o que era um pedido de casamento improvisado. Mas o que mais era necessário, afinal? Ambos não se amavam, não estavam decididos a ficar juntos?

–... Mas eu juro que vou compreender se você não o aceitar agora. Afinal, sua mãe também deveria estar presente aqui, talvez fazendo alguma cerimônia de sua própria cultura...

–Haytham, eu aceito.

–... Embora eu não saiba o que exatamente vocês fazem e... O que você disse?!

–Eu aceito.

Haytham arqueou a boca, surpreso. Talvez não esperasse que ela aceitasse prontamente. Logo, ele deixou á mostra um de seus mais belos sorrisos, mas Ziio logo lhe interrompeu.

–Contanto que você me diga onde iremos morar. Porque eu não vou para Boston, e muito menos você irá para Kanatahséton. Portanto...

Haytham tratou em se apressar.

–Estive pensando em comprarmos uma propriedade aqui perto, na Fronteira, próximo o bastante de sua aldeia, e próximo o bastante de Boston para pelo menos um dia de cavalgada. O que acha?

–Não me parece ser uma má idéia... Contanto que você não me obrigue a me tornar uma mulher igual a do seu povo...

Haytham riu. – Tudo bem. Eu vou respeitar seus costumes e hábitos. Afinal, foi assim que eu te conheci. Iremos viver de modo intermediário, bem diferente das semanas que passamos juntos na floresta, desta vez nossas vidas não estarão mais suspensas. Eu posso cuidar da fazenda e cuidar de meus negócios em Boston, e você pode rever seu povo sempre que quiser. E quanto ao... Nosso filho...

–Ratonhnhaké:ton. – corrigiu Ziio.

–Sim, isso que você acabou de dizer. Enfim, Ziio, este é um ponto que precisamos tratar. Eu não posso chama-lo de “menino” a vida inteira. Precisa arranjar um apelido para ele que eu possa pronunciar.

–Não há apelido para Ratonhnhaké:ton. É um nome simples.

–Simples?! – Haytham ficou indignado. – Você só pode estar brincando... De todo modo, eu gostaria de chamar meu filho por qualquer coisa que não fosse “menino”. Já que não há apelidos, eu vou dar a ele um nome de meu povo. Que tal Edward?

Ziio empalideceu-se.

–Este nome?

–Sim. Pensei em fazer uma homenagem a meu pai. Por quê? Não gosta dele?

Ziio pareceu momentaneamente envergonhada. Haytham esperou por sua explicação, até que ela veio, em uma voz quase inaudível.

–Não consigo pronunciá-lo...

–O quê? – perguntou Haytham, sem entender. – Pode repetir?

–Não consigo pronunciá-lo, está satisfeito?

Ziio cruzou os braços, um tanto furiosa com o olhar divertido de Haytham, que finalmente cedeu e soltou uma risada.

–Como você o diz?

Ziio estava relutante, mas por fim, acabou por pronunciar.

–Ediárdi.

–Edward. – insistiu Haytham, segurando um riso por vê-la, praticamente, em uma situação tão ridícula quanto a que ele esteve, quando ambos se conheceram.

–Eudiuárdia?

–Edward.

–Chega, Haytham. – rendeu-se Ziio. – Eu realmente não consigo pronunciá-lo corretamente. É muito... Difícil.

Haytham riu.

–Uma pena, pois gostaria de prestar uma homenagem a meu pai. Mas ainda vamos pensar em um nome que eu e você consigamos falar sem massacrá-lo.


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Notas finais do capítulo

Uma singela homenagem a uma criança que eu conheci e que chamava o Edward Kenway de "Éuduárdiu"... Fora que eu já vi muita dublagem tropeçando no nome e quase dizendo Eduardo... KKK

Bom, agradeço a leitura de todos vocês, e também aos reviews. Semana que vem tem mais!

E no próximo cap: Ziio e Haytham estão juntos, e dessa vez é pra valer. Como será que nosso Connor do futuro irá lidar com isso?



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