Annabeth’s P.O.V

–Cor favorita?- perguntou Percy
–Verde- respondi
–Realmente há coisas que não mudam!- disse ele
–Sua cor favorita ainda é azul, então não fale nada de mim!
Logo depois de nosso “Grande Reencontro”, ela me chamou para a casa dele, casa essa, que era muito próxima à minha.
O quarto dele continuava o mesmo (a não ser pelos pôsteres) o que só aumenta a minha suspeita de que o tempo tenha congelado enquanto eu estava fora.
–Como é a vida em Nova York?
–É ótima. Estou sentindo muita falta de lá... Do barulho dos carros, daquele tanto de gente em um único lugar...
–Você nunca sentiu falta daqui?- questionou ele
–Algumas vezes. Só que na maioria delas, eu senti falta das pessoas e não da cidade.
–Sentiu minha falta sabidinha?- ele estava com aquele sorriso sarcástico que eu adorava
–Senti Cabeça de Alga!-eu apertei as bochechas dele- ainda tem dificuldades em Matemática amore?
–Isso faz parte de mim- ele riu- eu fiquei muito solitário depois que você foi embora. Sorte minha que tinha a Thalia, o Luke e a Rachel...
–Falando em Rachel, você e ela hein? Eu sempre soube que daria certo! Devo ser filha de alguma deusa do amor, porque tenho muito talento em saber quando duas pessoas combinam.
–É... A gente tem uma relação diferente- murmurou Percy
–Mas você gosta dela- olhei em seus olhos- não gosta?
–Claro que gosto...- ele olhou pra cima por um mísero momento e depois voltou seu olhar pra mim, dando novamente aquele sorriso sarcástico- O Will também reconheceu você.
Senti que todo o meu sangue ia para o meu rosto. Eu provavelmente estava da cor de um pimentão (Estava mesmo Annabeth... Toda vez que alguém fala no Will acontecia isso com você) (Com nós... Você tem parcela de culpa nisso) Tá. Eu devo ser louca.
–Ah qual é Annabeth! Não precisa ficar vermelha por causa disso. Pelo menos não comigo. Aliás, era eu que acompanhava o seu romance platônico com ele... Lembra daquele sonho que você teve? Aquele em que vocês apareciam em uma praia...
–Pelo amor de Deus, não faça com que eu relembre esse sonho! Você riu de mim durante dias por causa dele!
–Pode me esclarecer uma coisa? Por que você não manteve contato comigo, com a Thalia e... Com todo mundo?
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele ia me perguntar isso. O pior é que eu nem mesmo tinha a resposta. Por que eu me afastei dos meus amigos também? Por que nunca fui visitar o meu pai? A resposta da última pergunta, eu sempre soube: eu estava magoada. Agora para a primeira pergunta, eu não tinha ideia.
–Eu não sei Percy. De verdade. Acho que eu queria esquecer esse lugar. Eu lembro o quanto a minha mãe sofreu aqui. Acho que eu tomei um pouco das dores dela pra mim.
Ele arqueou a sobrancelha, e depois de respirar fundo disse:
–Liguei para Thalia, disse que tinha alguém que ela precisava conhecer.
–Por que eu não a vi na escola hoje?
–Porque ela não foi- respondeu- Estou louco pra ver o reencontro das duas. Vou filmar e colocar no YouTube.
Percy me levou até a minha casa e disse que voltaria as oito, para me pegar.
Meu pai estava sentado no banco da varanda.
–Tarde interessante Annabeth?
–Muito- eu dei um beijo na bochecha dele- vou entrar e me arrumar... Percy quer filmar o “Reencontro do Século”, que é como ele está chamando o momento em que eu rever a Thalia.
–Esse Percy sempre foi um menino meio doidinho...
E como.
Entrei em casa e subi direto para o meu quarto (Para de mentir, você antes deu aquela passadinha na cozinha pra comer... Vai ser gorda de espírito pra lá!). Okay. Antes eu fui à cozinha para comer. Satisfeita? (Aham!)
Tomei um banho demorado, e quando eu digo demorado, eu quero dizer demorado mesmo, com direito a turnês de shows pelo mundo inteiro.
–Annabeth! Filha! Você morreu aí dentro?!- gritou meu pai
–Já to saindo pai!
Talvez eu tenha demorado um pouco demais no banheiro, pois quando eu entrei, ainda eram cinco da tarde, e quando saí, eram sete e meia... Talvez a turnê tenha demorado um pouquinho.
Arrumei-me correndo (literalmente), como eu não tinha ideia do lugar para o qual o Percy me levaria, vesti uma roupa casual: um vestido verde e florido e uma sapatilha dourada. Dessa vez não deixei a preguiça me dominar e penteei o meu cabelo, assim, o deixei solto, a gargantilha de ouro com uma coruja brilhava em meu pescoço. Nunca fui muito fã de maquiagem, então não passei nada mais do que uma base e rímel.
–Annabeth! O Percy chegou!
Desci as escadas e dei graças a Deus quando notei que tinha escolhido o estilo de roupa certo. Ele estava com uma bermuda cáqui azul e uma camisa branca. Nada demais. Em cidades praieiras, não se usa roupas muito extravagantes.
–Estou louco pra filmar o “Reencontro do Século”!
Percy realmente é uma pessoa muito estranha.
Quando éramos crianças, costumávamos inventar um mundo mágico só pra nós dois. Onde éramos os reis e as rainhas, e também aonde multidões iam à loucura quando passávamos. Nós matávamos dragões e Percy usava o boné de beisebol dele como uma coroa. Algumas pessoas da cidade achavam aquilo um absurdo: “Essas crianças delinquentes!” mas na minha opinião eles só estavam preocupados, pois por alguns momentos, um bando de crianças com jeans surrados podiam mudar o mundo (Essa foi profunda) Obrigada! (Você é sempre tão dramática!) Eu sei.
Percy me levou ao píer, um lugar que eu conhecia como a palma da minha mão.
–Anda logo Percy! Já ta tudo certo com essa sua câmera!
Ele já tinha conferido a bateria e a memória do celular umas quinze vezes e estava fazendo isso de novo (Então foram dezesseis vezes... Eu contei dezesseis) Eu disse quinze vezes e mais uma! (Dezesseis...) Tá.
Depois de Percy conferir a memória e a bateria mais uma vez (Dezessete...) Cala a boca. Enfim, depois de Percy conferir tudo de novo, finalmente saímos do carro e fomos até um bar onde um grupo de adolescentes estavam sentados numa mesa grande. Assim que entramos, todos os olhares foram direcionados à nós.
–Annabeth? Meu Deus! É você!!- a garota de cabelos pretos e olhos elétricos praticamente me agarrou! Logo percebi que era Thalia. Eu comecei a chorar e ela também. (Cara... Vocês são muito emotivas...) Um garoto loiro se aproximou.
–Você está tão idêntica! Esses olhos cinzentos continuam os mesmos!-o garoto me abraçou. Era Luke. Ele fingia chorar. Acho que Percy pediu isso à ele. Para dar mais emoção ao “Reencontro do Século”.
A ruiva me abraçou bem apertado. Rachel não estava tão surpresa em me ver, já tínhamos nos encontrado na escola. Logo depois do abraço, deu um beijo em Percy. Eu sempre soube que os dois ficariam juntos!
A pessoa que me abraçou em seguida foi a que fez o meu coração bater mais forte. Como pode uma paixão platônica dos doze anos de idade continuar tão... Tão o que? Interessante? (Nada a ver...) Cala a boca.
Will se levantou e me abraçou dizendo ao meu ouvido:
–Está muito linda Chase.
Ai meu coração.
–Cara!-gritou Percy- eu vou chorar!- Merda. Esqueci que ele estava gravando (Isso que dar gostar de um loiro gostoso... O cara ta filmando um vídeo seu e você nem se lembra disso...)- Esse vídeo vai bombar no YouTube!
No dia seguinte, recebi uma mensagem no WhatsApp, a mensagem era de Thalia.
Assista ao vídeo que o Percy colocou.
Já tem 900.000 visualizações. Sério. Que tipo de idiota assistiria um bando de adolescentes chorando quando reencontram uma amiga? Só o Percy mesmo pra fazer isso.
Respondi com:
Pior...
Assim que assisti ao vídeo fiquei com muita vergonha de mim mesma, pois o idiota tinha conseguido filmar direitinho o meu rosto todo vermelho enquanto o Will me abraçava. E mais envergonhada ainda, eu fiquei quando vi os comentários que marcavam o momento do meu abraço com o Deus Grego Loiro e diziam: muito amor.